quarta-feira, novembro 27

Sempre tive uma boa relação com as bebidas alcoólicas.
Quando era miúdo só me deixavam beber um Triple Seco no Natal. Ao contrário de alguns primos meus, inclusive dois criados nos arredores de Lisboa, nunca bebi sopas de cavalo cansado.
Experimentei o vinho apenas na aldeia de meus pais, sem conhecimento de minha mãe, mas foi o tinto que nunca gostei.
Aos 18 anos, quando foi corrido de casa dos meus pais, comecei a beber vinho branco, na altura misturado com gasosa, ou seja dava cabo do vinho.
Comecei com os alentejanos, mais frutados e doces, depois comecei a gostar de outras regiões, hoje pouco vinho alentejano bebo.
Aprendi a apreciar uma boa bebida alcoólica e até passei á uns anos a gostar de cerveja, que não bebia.
Como nunca me embebedo, tenho uma relação de qualidade/quantidade que me permite desfrutar de uma boa bebida, sem depois passar pelo efeito da ressaca.
Não gosto de excessos…

A relação com o tabaco foi sol de pouca dura, foi mais uma influência dos meus colegas de liceu, fumei uns meses, e depois tomei juízo, percebi os malefícios que fazia e o dinheiro mal gasto, e sempre tive medo de adições.

Quanto a drogas, dei uma vez uma passa num charro, por insistência de um gajo com quem tive um flirt, mas ficou por ai, as drogas sempre me assustaram e sou contra.
Acho que gosto de ter controlo sobre a minha mente e os meus actos.

Por isso coisas que me prendam não, prender-me só as emoções. 

terça-feira, novembro 26

Porque raio certas pessoas insistem em dar-nos detalhes das suas actividades menos apelativas aos sentidos?
Porque raio tenho de saber quantas vezes vão á retrete por dia e a má qualidade do ar que provocam no meio ambiente?
Porque tenho de ter visões das pessoas a meter o dedo no segundo canal para provocar o mesmo efeito que a Sónia Brazão provocou na sua cozinha?
Eu não liberto gases á frente das pessoas, nem me ponho a arrotar ou a tirar símios das fossas nasais!

Desculpem lá meus amigos, mas o facto de gostar muito de vocês, isso não se estende aos vossos odores menos agradáveis ao meu olfacto, nem vos dá direito a me brindarem com o vosso rio Trancão.
Ah e quem disse que é romântico ver uma pessoa a cagar de porta aberta? Ou pior a limpar o rabo? Foi a Tia Bobone, foi?
Pensam que a vossa merda cheira a rosas? Ou ao novo perfume da Gucci?
E espremerem borbulhas e pontos negros é romântico? Não querem antes espremer os vossos tomatinhos (alguns cerejas). Aposto que se vão divertir mais…

E já agora para não fugir do assunto.

Acham que o cheiro do vosso sovaquinho é Chanel Nº 5? Eu sei que há gente que sua que nem a barragem do Alqueva, mas existem roll-ons muito baratinhos e eficazes; ou pensam que quando nasceram forma mergulhados numa essência de baunilha aromatizada, e não precisam de tomar banhinho?

segunda-feira, novembro 25

O provincianismo.
Nada pior do que o provincianismo.

Um labrego a armar-se em citadino é um triste espectáculo.
Mas qual é o complexo de inferioridade em se ter nascido fora da capital?
É algum estigma?
E os provincianos de Lisboa? Acham que Portugal é Lisboa e o resto paisagem? Que só são cultos os que vivem na capital?

Lisboa é apenas a capital deste belo país, o que já de si é muito, mas o que seria Lisboa sem o resto do país!
E depois que raio de mania esta de fazerem comparações? As entre Lisboa e o Porto são clássicas e disparatadas, e sempre infelizes. Como se pode comparar As Valquírias do Wagner com o Mosteiro de Alcobaça? Não se pode, são coisas diferentes e igualmente belas.
Depois as comparações com o “lá de fora”… Lá de fora de onde? Do Cérbero atrofiado deles? E nisto de provincianismo há para todos os gostos. È como ir á secção de iogurtes de um hipermercado.

Cada um é do lugar onde nasceu, e onde cresceu, os lugares influenciam as pessoas, como a sua cultura.
Eu adoro chanfana, queijo de cabra, enchidos e castanhas porque passei os meus verões de infância na serra do Açor e da Lousã, adoro montanhas e rios pela mesma razão. Sou cosmopolita, gosto de sardinhas assadas, do santo António, de fado, de ginjinha, de pastéis de Belém, de eléctricos porque nasci e fui criado em Lisboa.
Mas também gosto de francesinhas e rojões com tripa enfarinhada, e da torre dos Clérigos, dumas boas migas alentejanas, dum queijo da serra e do rabaçal, duma posta á mirandesa, da sé de Coimbra, do porco perto alentejano, e muito mais…

Renegar a nossa cultura, tanto a portuguesa como a da nossa localidade, é renegar-nos a nós mesmos. Se se têm sotaque que se o fale, e se assuma com orgulho.
Eu amo a minha cidade, mas também o meu pais, o meu povo, a minha cultura, a minha língua.

Isto não é o Vaticano.

sexta-feira, novembro 22

Uma das más recordações que tenho da minha infância, é a de assistir a uma matança do porco.
Devia ter uns 5 anos, lembra-me que ainda não andava na escola.

O ritual era feito em frente á capela da aldeia, por baixo dum telheiro onde o porco foi pendurado.
Eles sentem o perigo, por isso o bicho começou a guinchar (percebi a expressão guinchar que nem um porco), já isso era aflitivo. Depois espetaram-lhe a faca no pescoço e ao ver o sangue a jorrar em golfadas, foi demais para mim, corri para longe, e miúdo, fui chorar em cima da Ponte Nova.

Não condeno o acto, mas nunca convivi bem com o ritual. Menino da cidade.
Nas minhas férias de verão na aldeia de meu pai, sempre tive contacto directo com os animais, e com a sua morte para servir de alimento.
Ajudava no campo como os meus primos, que nunca fui de ficar quieto a ver os outros a trabalhar, e convivi com galinhas, porcos, cabras (essas ainda continuo a conviver), coelhos, bem como os selvagens, sapos (que apanhava á noite, ás vezes apanho com cada um…), lobos, javalis, cobras, águias, enguias, peixes de rio, e toda a fauna das Serras do Açor e Lousã.
Hoje muitos destes animais já são difíceis de encontrar.

Um dos episódios que me marcou foi numa altura de festa na aldeia, penso que no verão, pela quantidade de família presente. Estávamos a jogar cartas numas das escadas que davam acesso á casa de uma tia-avó, quando uma galinha sem cabeça passa por cima do jogo, e se estatela no meio da rua, depois de saltar os degraus e correr pelo longo corredor, que atravessava a casa, vinda de um pátio do lado oposto.

Outra das cenas deliciosas que assisti várias vezes foi a de ver os cabritos aos saltos, aquando da chegada dos rebanhos ao curral, pois eles não iam pastar á serra junto com os adultos. Saltavam com as quatro patas ao mesmo tempo, parecendo ter molas, numa histeria colectiva por cima de muros e telhados.
Eu ia com o meu tio Armando guardar as cabras para a serra da Lousã.
Cabras são bichos danados que comem tudo o que apanham (eu avisei), e por isso o leite de cabra, que bebi aos litros, e adoro é muito saudável e rico em proteínas.
Os queijos que as minhas tias faziam, uns frescos, outros semi duros, eram deliciosos. Os da minha Tia Jesus, que a minha mãe e meu irmão diziam ser porca (uma mulher que sempre vi a cada limpa, ao contrario de minha mãe, e que trabalhava no campo), mas que os comiam, inclusive os que a minha tia dava para me entregarem, eram os de pasta mole. Os da minha tia Irene eram os frescos, enormes, e que não davam a comer aos meninos de Lisboa, um dia eu, o meu irmão e duas minhas primas atacamos um inteiro e foi um ver-se-te-avias. A minha tia ficou satisfeita e acabou-se o queijinho flamengo para os sobrinhos.


Cumpre-me como cidadão votante e patriota falar sobre os “incidentes” da manifestação das polícias, ontem na assembleia da república.

Lembro que estes mesmos polícias são os que evacuam as galerias da assembleia da república quando o povo, aquele que os alimenta com os seus impostos, se manifesta. Que são os mesmos que batem no povo quando este se manifesta nas mesmas escadarias, e na mesma situação que eles. São os mesmos que defendem e protegem os políticos e os ricos contra nós, os pobres.

Isto só prova de que lado estão os policias e os militares, cada vez mais desacreditados, apenas se importando em manter os seus privilégios e mordomias, também esta gente se está cagando para o povo, e só se lembra que é igual a nós quando sofre as mesmas agruras, mas que se esquece rapidamente quando leva um chupa-chupa dos poderosos, e se vira logo contra o povo.
E só prova que uns têm o direito a tomar conta das escadarias de um edifício que é pago, principescamente, pelo povo, e outros, os que pagam, a maioria, não.
Quero ver se hoje o povo fosse invadir as escadarias do parlamento, se a policia tinha a mesma atitude que teve ontem…

Eu fui militar, e sei o tipo de mentalidade que reina nas hostes.
Os políticos, a começar pelo presidente e acabando no ministro da administração interna não dizem nada, cobardemente como sempre, agora vão satisfazer as exigências das policias, eles vão ficar fora dos sacrifícios que nos obrigam a ter, e vão ter outra vez as “forças da ordem” a bater-nos e a prender-nos por querermos a liberdade e a dignidade que temos direito.

Agora não me peçam para respeitar as “forças da ordem” por esta desordem a que chegamos.

quinta-feira, novembro 21

Pedir desculpa.
Porque será tão difícil fazê-lo?

Já o fiz várias vezes na vida, algumas até sem ter culpa, e não o faço mais porque não é meu hábito magoar as pessoas, nem sou indiferente aos sentimentos alheios.
Parece que pedir desculpa por causa de um erro, é algo censurável, que demonstra fraqueza por parte de quem o faz.
Pedir desculpa é ter coragem. Desde quando coragem é fraqueza?

Se errar é humano, pedir e aceitar desculpas também.
E não pensem que basta aceitar umas desculpas para ser perdoado. Digo-vos que enquanto alguém não esquecer uma ofensa, não desculpou.
Portanto aceitar as desculpas e perdoar são duas coisas diferentes, não confundam.
Há coisas na vida que eu não perdoou, não tenho forças para o fazer. Se algo ainda me magoa, ou nos danificou permanentemente, como podemos perdoar?

Eu sou humano, e digo que mais depressa perdoei o meu cão por me ter rasgado uma mão (e que me deixou uma cicatriz), do que certas palavras e actos de algumas pessoas.
Também em mim não perdoou certas coisas

quarta-feira, novembro 20

Quem me conhece sabe que não gosto de levar porrada.
Sadismo e masoquismo não são a minha praia.

Respeito quem gosta, mas darem-me umas nalgadas, chapadas ou torcerem-me os mamilos, é uma candidatura certa a um murro no focinho, ou uma via verde para as minhas manápulas no pescoço alheio.
Porrada levei eu muita em miúdo nas mãos de minha mãe, e fiquei de barriguinha cheia. E os meus mamilos não são botões para sintonizar ondas radiofónicas, lá uns beijinhos e chupadelas meiguinhas, vá!
Já dei nalgadas, apertei e mordi, mas a pedido. Também já fiz outras coisas que não quero que me façam a mim, mas que deu prazer aos meus parceiros. Isto numa relação sexual deve estabelecer-se regras, e principalmente deve-se dizer quando não se está confortável, o que se quer e o que não se quer experimentar.
Não digo que façam uma lista antes, mas durante se algo não é do agrado de um dos parceiros deve-se dizer, educadamente, não.

Também o bondage está longe das minhas preferências, não me excitam couros, fardas, nem apetrechos, coirões já me bastam os que tenho de aturar.
Vejo tanta gente de aspecto tão saudável com cada tara que até dá dó.

Para mim o melhor cheiro, e o melhor objecto de prazer sexual, é outro homem lavadinho, não me enojam os fluidos próprios, nem do corpo alheio, mas higiene é bom e faz bem á saúde, e para os sujar tou cá eu.

terça-feira, novembro 19

Loiros ou morenas?
A pergunta fatal numa conversa entre dois machões.
E os gays?
Serão os gays mais permissivos neste aspecto? Tudo o que vem á rede é peixe (como imaginam os heteros que nós pensamos?).

No meu caso até gosto mais de morenos, a minha primeira vez até foi com um loiro de olho azul, e o meu ex é outro loiro de olho azul, e durou 17 anos.
Mas eu pessoalmente gosto mais de morenos, e robustos, gente magra não me atrai muito.
Mas nem nos gays tudo serve, existem gostos e preferências para tudo, como nos heteros
Claro que existem aqueles que como os heteros, que não podem ver um bom par de mamas que serve logo, aqueles que o tamanho é que conta.
Claro que micros pénis nunca fizeram bem a ninguém, nem defuntos. O tamanho nunca valeu uma boa foda. È como um homem musculado e/ou com pénis de meio metro, se depois não funciona?

Depois gosto de homem masculino, respeito quem goste do contrário, quem sou eu para dizer o que os outros devem gostar. E falando nisso, nunca pensei que pelo facto de ser homem, de ser um gay masculino, fosse ser alvo de preconceito na comunidade gay.
Ah pois é verdade!
Sou vitima de preconceitos e assusto os heteros porque sou muito (ou mais) masculino do que eles, e os gays mais femininos acham que sou assim porque ando num armário, eu que nem gosto de ir ao IKEA.
Meus amigos eu com 10 anos sabia que não gostava de miúdas, aos 12 soube que era gay, aos 14 começei a fazer sexo como se não houvesse amanhã, e ainda não parei, e aos 18 assumi-me. E isto em 1986, há 27 anos, e nunca tive namorada para disfarçar, nem para contrariar a minha orientação sexual, que sempre foi assumida e praticada.
Sou masculino porque sou assim, é assim que sou feliz e me sinto confortável e realizado.

Se eu tenho de aceitar as paneleiriçes e mariquisses dos outros não admito autoridade moral para me criticarem por eu me sentir bem na minha masculinidade.
Adoro mulheres mas não quero ser uma.

Até a maioria delas são mais homens que muita bicha.

sexta-feira, novembro 15

Orgias, um fetiche recorrente na cabeça de muitos.
Há quem só se sinta confortável num sexo a dois, outros admitem a três, outros troca de casais, o chamado swing(?). Mas as orgias são vistas mesmo por muitas almas liberais como uma depravação sexual.
Confesso que não sou virgem nestas coisas, não que tenha sido muitas as vezes em que participei em tais, e mais não foram por escolha pessoal. Nem tudo ou todos me servem.
Mas uma orgia assusta muitos. Eu nem vos digo o numero mais gordo…

A poligamia é outro assunto tabu. Na comunidade gay existem vários casos, mas não é tão comum como se diz, nem tão incomum na comunidade hetero como hipocritamente se quer fazer crer.
Nunca tive uma relação poligâmica mas não vejo que seja algo de condenável. Apenas penso que se tem de ter a cabeça bem feita para se aceitar tal, e gerir. E mesmo dentro da poligamia existem várias realidades.

Já o sexo com desconhecidos é mais usual e tolerado, especialmente se não forem casados. É excitante, uma fantasia recorrente tanto em homens como em mulheres.
Esta ideia de promiscuidade nos gays é uma treta que alguns heteros tentam fazer passar, por causa dos conceitos morais a que estão presos, por causas diversas, que agora não me apetece estar a montar, todos sabemos quais são.
Os homens heteros, na sua maioria, e as mulheres numa boa parte, desejam sexo fora do casamento, mas como vivem em relações estereotipadas e conceitos de moral castradora, que segundo muitos protege os “valores sagrados da família”, os inibe de praticar o sexo fora do casamento, e a maioria fá-lo em segredo.

E agora com a internet, o sexo virtual substitui o carnal, o táctil, pois o maior órgão sexual do ser humano não se vê pelo menos a olho nu, é o cérebro.

quarta-feira, novembro 13

Masturbação, antes só que mal acompanhado?

Engraçado (ou talvez não), se pensarmos que a masturbação era um acto condenado pelas sociedades no princípio e até meio do século passado. Algumas religiões ainda a condenam.
O mesmo se passa com a sodomia (se não sabem o que é aproveitem estes segundos e vão ver no Google).
Ainda é por muitos visto como actos relacionados com a sexualidade (ou depravação segundo os homofobos) dos gays, portanto contra-natura, mal eles sabem que há gays que não gostam de fazer sexo oral, nem anal.

A igreja e certa direita defensora dos valores morais superiores patriarcais da família tradicional, continuam a considerar o sexo só para procriação, ou seja desprovido de prazer, como os animais, ou seja pénis com vagina.
Como o sexo entre dois homens não tem vagina envolvida, ou duas mulheres não têm pénis no meio, somos pecadores e imorais.
Para mim privar alguém do prazer do sexo é que é imoral.
Na catequese, e nos discursos que o padre das aulas de religião e moral, era ensinado que era um pecado ter prazer no sexo. Uns deixam-se vencer pelo medo, eu não.
Também foi na escola que aprendi o prazer da ejaculação, o anal e o oral vieram depois. Ambos foram descobertos com um amigo do meu irmão (descansem alminhas que a criatura tinha a mesma idade que eu, o meu irmão só tem mais 368 dias).
Como ele sabia pouco mais que eu da coisa, foi tudo atabalhoado, infeliz e doloroso. Mas também não durou muito, ele era um hetero á descoberta, e eu um gay sem armário.


O problema é que muitos preferem a masturbação, e o sexo virtual, ao contacto físico e intimidade sexual com os outros.

segunda-feira, novembro 11

É verdade que desde miúdo sempre me atraíram os homens maduros, mas nunca gostei de paizinhos.
Sou muito independente e gosto de ser eu a controlar a minha vida. Nunca gostei de ser sustentado, comecei a trabalhar aos 14 anos, idade legal nessa altura, num armazém de móveis, a levar com pesos nas costas. Comecei no duro, Era preciso ganhar dinheiro em casa, e aqui o paneleiro era inferior, mas o dinheiro que ganhava já servia, era entregue todo, sem eu sequer ter dinheiro para compra um bolo se tivesse fome.

Ainda hoje não gosto que me ofereçam coisas caras.
Também não gosto de adições, por gostar d éter o controle sobre os meus actos e a cabeça bem desperta. A mim não me vêm bêbado, gosto de sabre o que faço, onde e com quem. E depois não nasci para ser sustentado, vivi sempre do meu trabalho, e a ideia de ser controlado por alguém faz-me urticária. Nunca me envolveria com ninguém por dinheiro, conforto ou segurança.
Estar numa relação a não ser por amor e respeito é para mim algo contra-natura.
Nem no sexo gosto de ser dominado, nem de dominar. Para mim o sexo é algo que ambos devem desfrutar, sem jogos de poder ou submissão.
Vencido talvez, submisso nunca.


domingo, novembro 10

Adoro mulheres
Três delas formaram-me como homem.
Mas nunca as vi como objectos sexuais, nem nunca tive desejo por elas.
A única miúda que beijei na vida foi por causa de uma aposta de colegas de escola, e ela tinha mais bigode que o Freedie Mercury.

Quando os hetero sabem da minha homossexualidade, muitos me perguntam, ingenuamente, se experimentei com mulheres e não gostei, e depois “virei-me” para os homens.
Como se ser gay fosse uma escolha…
Nunca fui sexo com uma mulher, nem nunca o fantasiei, nem com um casal hetero, o que acontece com alguns gays. Se houvesse uma mulher no meio da cama, eu sairia logo de cena.
Por isso nunca seduzi homens hetero, nem quero converter nenhum em gay, como também não quero que me convertam.

As mulheres para mim são companheiras espirituosas, sejam hetero ou lésbicas.
Ao contrário do que muitos hetero e os homofobos pensam, um gay não é necessariamente um gajo que quer ser mulher. Não me sinto atraído por um bom par de mamas, nem quero umas para mim, nem no meu corpo, nem no alheio.
Segundo os gays sou um puro. Nunca senti que devia esconder a minha orientação sexual numa relação de obrigação camuflada com uma mulher.
O mais engraçado que agora, mais maduro, sou assediado por mulheres e por vezes demasiado jovens.
Mas para elas serei sempre, apenas um companheiro, uma amigo e confidente. E nunca lhes roubarei os homens, como o não faria a amigos gays, por mais giros que sejam.


Outra coisa que baralha as pessoas é a minha frontalidade como falo de mim como homossexual, conscientemente, para desmitificar preconceitos, o que só acontece conhecendo-se a verdade.  

quinta-feira, novembro 7

O que eu já aprendi ao longo destes 32 anos. Descobri que era diferente aos 10 anos, aos 12 anos soube que era gay, e aos 14 tive a certeza.
A primeira vez é sempre um pouco desastrada.
A minha foi com o melhor amigo do meu irmão. Eu nunca fiz qualquer investida á criatura, era demasiado tímido, e ele tinha um comportamento típico de jovem hetero, até tinha andado a namoriscar uma prima minha.
Digamos que foi inesperado e doloroso, coisas de miúdos de 14 anos.

A primeira vez pode ser assustadora, e a dor não agrada á maioria, e como eu muitos não gostam de associar a dor ao sexo.
Não tenho medo da dor, mas não a associo a prazer. Já treinei rugby com uma cólica renal (verdade que não sabia que o era, associei a alguma pancada que tivesse levado), por isso suporto a dor física.

Mas tive bons “professores” que me ensinaram como tirar prazer do sexo sem magoar.
Compreendo quem goste de umas boas palmadas mas eu dispenso, e querem bater? Vão bater na vossa família.
Aprendi que o sexo é para meu prazer, e que o meu prazer é também dos meus parceiros terem igual prazer, aliás perco o entusiasmo se o meu parceiro não tiver prazer também.

Coisas…

quarta-feira, novembro 6

Era novo quando vi o meu primeiro espectáculo de travestis.
Só mais tarde descobri a prostituição de travestis e transexuais, e os que vivem entre os dois mundos.

Há quem lhe chame o terceiro sexo, ou o sexo indefinido.
Pouco me importa o que lhe chamem, para mim são seres humanos.
Recordo-me a primeira vez que fui a um bar de travestis/transexuais, o extinto RockandBall, por baixo do Trumps (entrava-se pela porta ao lado). Ambiente pesado “faca na liga”, fiquei com uma má impressão.
Mais tarde, quando comecei a fazer voluntariado na ILGA. Fui fazer brigada do preservativo na zona do Conde Redondo, onde a população transgénera se prostitui.
Confesso que a primeira vez não ia confortável, mas pensei que se os outros o faziam, eu também era capaz.
Fez-me abrir os olhos para um universo quase desconhecido para mim, ouvir e falar com ela(e)s fez-me entender o percurso, a vivência, os problemas, a realidade, as relações entre a comunidade, muitas vidas sofridas, mas também muito amor e humanidade.
E foi uma aprendizagem, porque a ignorância é a base de todos os preconceitos, fiquei mais sábio, um melhor ser humano.

Não sinto qualquer atracão pelo feminino, mas isso não quer dizer que não respeite.

Como sempre o exageros são despropositados, em tudo, e em todo o lado há gente boa e má, tonta e ajuizada.

terça-feira, novembro 5

Há pessoas que acham certas profissões atraentes, ou pelas indumentárias ou pelo que representam.
Eu nunca tive fetiche por fardas, e muito menos, depois de ter sido militar.
Acho que um homem ou é bonito ou não o é, o que veste e como se veste pode melhorar (ou piorar) a aparência tal como o sabão.

Os militares e os polícias estão no topo dos fetiches por fardas/profissões, são sinónimo de poder, força e coragem. Claro que aquelas calças elásticas dos GNR fazem maravilhas á vista, mas se não houver nada que “encha” a farda, pouco importa.
Os bombeiros também são alvo de libido sexual de muitos. Se aos policias querem que os prendam, aos bombeiros querem segurar-lhes na mangueira, de preferência com um jacto potente e com um grande canhão de água.

Os médicos também são alvo-fetiche, eles querem levar com a seringa do doutor no rabiosque, ou que eles lhe enfiem o termómetro pela goela abaixo, ou então que lhes faça um exame de próstata.
Já aos personal-trainers querem que eles os deixem brincar coma s bolas e os pesos, que lhes estiquem e alonguem, pegar nas barras, e que os façam suar muito.

Aos já citados policias querem que os prensam, que lhes ponham as algemas, que lhes façam torturas, e que lhes obriguem a confessar tudo, com o cassetete incluído.
Quanto aos militares exigem-lhes  que tragam o arsenal pesado todo, que os bombardeiem  com o pesado canhão, com artilharia grande e potente bazuca, e que lhes rebentem a porta traseira toda.

Já os professores querem que lhes dêem reguadas (e não nas mãos), que os obriguem a ficar a fazer trabalhos de casa depois das aulas, que lhes dêem com o ponteiro, e os obriguem a beber o leitinho escolar que faz bem aos ossos, gostas de ir ao castigo, e adoram fazer orais.
Já aos nadadores-salvadores, querem ser afogados e depois que lhes façam respiração boca-a-boca.
Aos marinheiros querem que lhes dêem com o contra-torpedeiro, ou com o submarino pelas costas, mesmo com o risco de ficar encalhado em alguma fossa, e aos pescadores que lhes dêem com o arpão nos costados até ficarem sem ar, e que venham para terra com boas sardas.
Já quando vão ao talho pedem sempre ao homem um bom naco de carne, ou um bom enchido ou morcela.


E a lista continua…

sábado, novembro 2

O incesto é uma coisa que me perturba. Até posso compreender que dois seres da mesma família possam estar atraídos um pelo outro, ou mesmo sentir amor.
Nunca o senti por isso não sei dizer o que faria em tal situação.
Sei que não escolhemos quem amamos, por mais que queiramos contrair, o coração e a mente prega-nos tantas partidas.
Penso que será um fetiche para muitos, e realmente não sou moralista ao ponto de os querer atirar para uma fogueira.

Já a pedofilia repugna-me, acho uma doença do foro psiquiátrico, sei que para muitos é uma luta entre o desejo sexual e a moral, e que não é fácil procurar ajuda, pela carga moralista negativa que acarreta tal comportamento. É um assunto difícil e complicado de ser falado e tratado, mas deve ser visto por este prisma.
Eu como não sinto atracção por menores de 30 anos (contam-se as excepções que passaram pelo meu carnet)

Já a atracção por avozinhos depende do idoso (lol), um bem conservado e charmoso até que é bem-vindo, desde que não adormeça a meio, ou lhe caia a dentadura na bebida (já nem falo de incontinências).

Nunca tive qualquer envolvimento com um familiar (por mais primo afastado que fosse), com colegas de trabalho, no serviço militar ou na escola. Gosto de separar águas.
O sexo deve ser sempre consentido, nunca obrigado, por isso acho qualquer perafilia contra-natura. E se já fui assediado por miúdos, mas sempre rechacei as tentativas, nem nunca vi filmes do Bel-Ami. Há quem goste deles tenrinhos, eu só os bifes de vaca.

Embora tenha boas mamas (a avaliar por uma que me disse que eu não devia usar t-shirts com o peito que tenho, e não, não estão descaídas e não são de silicone, LOL), mas não dou mama a miúdos, nem desmamo adolescentes!

quarta-feira, outubro 30

Nunca senti a necessidade de usar adereços no sexo, aliás só alguns meses atrás comecei a usar fios ao pescoço.
Não vejo necessidade, mas compreendo que haja pessoas que necessitam e tem fetiche por objectos. O meu objecto de prazer é outro corpo masculino, de preferência inteligente e com sentido de humor.

Já fazer sexo fora da cama, acho excitante. Já fiz em locais inusitados, uns públicos outros não.
Quando não havia internet, nem telemóveis, os wc’s e locais com mais recato, eram locais de engate para os gays, e para homens que gostavam de fazer sexo com homens.
O Parque Eduardo VII era o mais famoso, mas havia inúmeros locais, uns mais frequentados que outros, a necessidade ajudava a isso, e ser gay nessa altura não era tão assumido como hoje.
Só mais tarde, já com o meu ex, descobri as saunas, os bares as discotecas gays. Aliás conheci o meu no Parque Eduardo VII, e estivemos juntos 17 anos.

Havia uma certa excitação pelo perigo que havia em sermos “apanhados” em flagrante em certos locais. Chegou-me a acontecer algumas vezes, uns com bons finais, outros nem tanto. Nessa altura a policia ainda era mais homófoba que hoje, e éramos identificados e pior, denunciavam as pessoas ás famílias e nos empregos, numa altura em que era muito doloroso, e muitos eram casados e com filhos. Ser gay não era um caminho de vida para muitos, pelo menos sê-lo abertamente, sem mentiras.
Mas nos anos 80 e 90, tudo servia, se vos contasse os locais e as situações em que já fiz sexo, vocês lapidavam-me, LOL.

Mas nunca precisei de ignição, o simples cheiro e toque da pele já me provoca desejo.
Sempre fui a sex-shops para comprar ou acompanhar amigo(a)s mais envergonhados, ou para o engate, e só comprava filmes ou revistas gays (não havia internet), agora com a net, tem-se isso gratuitamente.

No entanto o sítio mais comum para se ter sexo ainda continua a ser uma cama.

terça-feira, outubro 29

Uma das recordações que tenho é a de Natália Correia subir para cima de um capot de um carro, e recitar poesia para as prostitutas.
Pensei que se tal vulto fazia isto quem era eu para alguma vez destratá-las.
Engraçado que muitos anos depois estava eu na mesma zona a distribuir preservativos ás prostitutas, como voluntário da ILGA.

Nunca paguei sexo, mas já ajudei pessoas que se dedicavam á prostituição.
As morais distraídas estigmatizam a(o)s prostituta(o)s. Eu por mim prefiro as prostitutas ás putas.
Uma prostituta(o) são profissionais do sexo, vendem o seu corpo, uma puta aproveita-se do sexo para os seus objectivos, e essas não têm moral, são ignóbeis.

Fui criado no Intendente em Lisboa, zona bem conhecida por ter sido um dos locais de prostituição de rua.
Os meus pais mudaram-se para esta zona tinha eu 2 meses de idade. Em 1968 estávamos ainda em tempo de ditadura, e não havia prostituição de rua.
Nunca fui importunado, nem maltratado pelas trabalhadoras do sexo, talvez porque também sempre as tratei com respeito. Já não tive a mesma sorte com o sexo masculino.

A prostituição, tal como a pornografia, existem desde tempos imemoriais, e fazem parte da história do homem, tal a importância do sexo na vida da humanidade.
Quando fui trabalhar para as lojas de conveniência, voltei a encontrá-las, iam ás lojas comer e beber algo quente quando estavam a trabalhar, algumas acompanhadas pelos chulos ou pelos clientes. Sempre as tratei como tratava qualquer cliente, se me respeitavam devolvia-lhes a mesma receita. Tenho feito assim toda a minha vida.
Lembro-me de um episódio de uma “criatura bondosa” que um conhecido meu andava na prostituição (que eu já sabia, mas fingi que não). Tal atitude fez com que o visado tivesse de me confessar que era verdade, ao que lhe respondi “ai é! Promete-me só que tens cuidado contigo” e a conversa morreu por ai, e a minha atitude para com ele continuou na mesma.
O mais bizarro disto tudo, é que o visado teve o mesmo comportamento com outro que fazia o mesmo que ele, nunca lhe contei a maldade, nem a um nem a outro, mas perdeu o meu respeito, no fim não mereceu a bondade alheia.

O que mais me irrita são aqueles que depois do sexo exigem compensação monetária, isso é nojento e reprovável, se fazem sexo por dinheiro que o digam antes, não depois, ainda tenho opção de escolha. O dia em que quiser pagar por sexo, fá-lo-ei sem rodeios, culpas ou medos, sem hipocrisias, e sem faltar ao respeito a ninguém.

E há prostitutas e prostitutos mais honrados que muitos chefes de família e donas de casa prendadas. 

quarta-feira, outubro 23

Posso prometer ser sincero, mas nunca imparcial.
Acho que vou morrer de realidade.

Há pessoas que têm nojo de fluidos.
Não, não estou a falar de água, embora a raiva a este liquido é muita a avaliar pela quantidade de bêbados, e pela falta de banho de muitos.
Eu adoro beijar. A troca de saliva é excitante, adoro um gajo que me saiba beijar bem, beijo com língua marota claro! Tenho tido umas boas línguas, atrevidas e flexíveis LOL.

Já o sémen é mais repulsivo para muitos. Não me encontro neste grupo. Tirando o sabor de alguns, não me mete nojo.
Já estou a imaginar a cara de muitos a pensar: “este gajo é maluco” ou “está a esticar-se”. Já vos avisei de que não sou o certinho que muitos pensam que sou. Lá por não me comportar como um teenager com o cio, não quer dizer que seja assexuado, e digo-vos que não tenho tido reclamações.

Todos somos estimulados por cheiros e sabores. EU gosto de gente que cheire bem, e gosto de “saborear” bem um gajo. Sou muito oral, ou seja falo muito, LOL.
E como devem saber, ou deviam saber, o sémen não tem todo o mesmo sabor, aliás depende muito da alimentação é até do estilo de vida que cada um adopta.
Gosto de ver um homem ejacular por minha causa, para mim é sinal de gratificação, dar prazer a outro é das maiores dádivas que podemos, e o sexo é maravilhoso e bonito.
O sexo não é higiénico, mas deve ser limpinho.

Não gosto de gente porca, nem de corpo, nem de mente. Gosto sim de gente com imaginação, atraente e atractiva. E descomplexada.

Há pouco estive com um homem que tinha um dos mais belos corpos, e do mais belo sexo que já vi. Era perfeito e sabia o que fazia. Tinha classe, foi correcto e muito físico. São pessoas destas que fazem o nosso mundo ser mais perfeito.

terça-feira, outubro 22

Exibicionismo e vouyerismo.
Sou como eu me vejo, ou como os outros me vêm.
Não sou exibicionista, mas não me choca quem o é. Desde que isso não seja feito de uma maneira gratuita e estúpida.
E como em tudo na vida, o excesso acaba mal (tal como os Excesso…)

Já fui mais descuidado com a minha imagem, por falta de orgulho em mim, sei que não sou um fórmula um, mas sou um bom utilitário.
A sedução faz parte do jogo, e feita com classe é excitante. Já o voyeurismo não me agrada, nunca o fui e incomoda-me quem o faz.
Nunca fui adepto do “sexo ao vivo” (nem de ao morto), pois gosto de participar, nunca tive vocação nem para feira, pau-de-cabeleira, e muito menos para espião.
Os locais de cruising estão cheios dessas criaturas, uns empata-fodas, irritantes. Para voyeurismo basta-me uns filmes porno no computador, e mesmo assim não podem ser compridos que me cansam logo (os filmes claro, não os dotes dos actores!).

Outra coisa que me irrita são aqueles que adoram andar a medir os sexos dos outros, têm alma de costureiras? Apertam e depois se não lhes agrada seguem em frente, e passam a noite nisto! Pachorra.
No meu tempo de jovem o sexo era mais fácil e directo, porque era mais proibido. Existiam um sem número de locais de engate e crusing, que hoje com a internet deixaram de existir. Hoje vive-se na época do sexo virtual, onde o exibicionismo e o voyeurismo têm um palco privilegiado. Não tenho, nem nunca tive webcam.
Depois são todos tão desvairados e põe fotos sem cara, ou de outros nos sites de engate. Os que têm corpos danone exibem-se, e têm muitos admiradores, os outros babam-se em directo, ao vivo e a cores.

E mentem… 

segunda-feira, outubro 21

É o amor uma escravidão consentida? E o sexo?
Pode ser…
Tanto no amor como no sexo ficamos mais expostos, mais fragilizados, porque é de sentimentos que se trata, as emoções ficam á flor da pele.
Somos dependentes do amor, o ser humano nasceu para ser amado.
Mas até que ponto se torna uma adição?

Ter medo de estar só não é um defeito, somos animais sociais, por isso adoramos os cães e eles nos adoram, mas estar com alguém só para não estar só, será viável a médio prazo?
Eu próprio necessito de amar, mas sei que há limites no meu amor, como no dos outros.
Quero ser amado sem reservas, e por isso me apresento cru e sem barreiras.

Já a dependência do sexo não me parece tão natural.
Gosto de sexo, alias gosto MUITO de sexo, não é segredo, nem faço de conta que não.
Mas o sexo não é um fim, nem sinónimo de felicidade, é um meio de amarmos os outros e a nós próprios.
O sexo é um prazer, tal como o amor, mas tudo o que nos “aprisiona” não é bom, torna-se uma droga, um vício, tolda-nos a razão, e se há uma coisa que gosto é de ser dono da minha.
Aviso desde já que não trocava uma amizade por uma boa queca, ou um amor idílico.
Amo mais os meus amigos que outra coisa na vida, incluindo eu próprio. Nunca fumei, nunca me embebedo, nem nunca experimentei drogas, exactamente porque gosto de estar em controlo das minhas faculdades. Gosto de saber o que faço e lembrar-me das coisas boas que fiz e que me fizeram.
Para quem já perdeu lembranças por causa de uma doença dá mais valor a elas, aliás mais valor á vida.

Sei que é preciso coragem para resistir a tantas tentações. Já resisti a tanto.

Não é um corpinho danone e uma carinha laroca que me fazem ficar tonto, quanto mais fazer tolices. Tenho consciência das minhas limitações, tanto físicas como intelectuais, e por isso sei lidar, mais ou menos, com elas.

quarta-feira, outubro 16

Parente as religiões, desde a católica á islâmica, passando pela judaica e testemunhas de Jeová, a minha orientação e comportamento sexual é pecado, e dos grandes.
A hipocrisia das igrejas rebenta várias escalas, segue o que prego não o que faço.

Esta nova postura de “aceitação” dos homossexuais na igreja católica, é então do mais ignóbil que existe. Podes ser gay desde que não tenhas sexo, ou seja sê gay mas casto, que é a mesma moral retrógrada que exigem ás mulheres e aos padres.
Lembra-me bem de ser obrigado pela minha mãe a ir confessar-me ao padre João, padre que também me baptizou, na Igreja dos Anjos.
Não sei se já sabia que eu era gay, nunca fui “efeminado”, mas se tinha como propósito uma tentativa de cura enganaram-se, nunca disse ao padre que sentia atracão sexual por homens (pois nunca me interessaram os meninos). Além disso o padre era um homem desinteressante, e nunca me interessou o que tinha debaixo da batina.

Também eu condeno algumas práticas sexuais, perafilias como a pedofilia, mas porque são contra-natura, ou seja agridem e aproveitam-se da fragilidade e atentam contra a integridade física e mental de outras pessoas.
Também já me tentaram violar em miúdo, mas como nunca fui pequeno (com 14 anos já tinha 1,70m), sempre me defendi dos que queriam forçar-me a fazer algo que não estava disposto a fazer.
Como nunca tive defesa por parte da minha família, bem pelo contrario, quando assumi a minha homossexualidade fui logo expulso de casa, e trataram logo de comunicar ao resto da família que tinham extirpado o cancro, cedo aprendi a defender-me, bem ou mal, sempre fui dono do meu corpo, e não tenho receio nenhum em parar algo que não me agrade.

E não me agradava ir á igreja e ouvir que os homossexuais, como eu, era o diabo em pessoa e que não pertencia ao “rebanho do senhor”. Nunca fui ovelha, nem fui muito de seguir as manadas.

E libertei-me.

terça-feira, outubro 15

Há gente que não gosta de sexo oral, outras de anal.
Isto é transversal ao género sexual.
Nos gays nem todos gostam de “levar no cu” ou de fazer um “bom broche”.
E infelizmente há gente tão desastrada no sexo!

Como em tudo na vida no sexo também temos de ter atenção aos parceiros. E geralmente quanto mais lindo, mais descuidado. Pensa, que lhes basta a musculatura e o palminho de cara…
E para manter o aspecto deitam mão a tudo o que lhes faça efeito, pondo em risco a saúde, mesmo sexual. A maioria acaba por ter problemas a nível sexual, hormonal e sobretudo mental.
Prefiro um gajo normal que funcione e me satisfaça, do que um musculado que me deixe frustrado.

E depois o tamanho do sexo não é sinónimo de qualidade.
Todos sabemos que os maiores não são sinónimo de satisfação, e que por vezes os mais pequenos são bastante trabalhadores. E nisto de tamanhos há para todos os gostos.
E tirem da cabeça a ideia de que quanto maior for o pénis, mais magoa na penetração, porque é uma ideia errada. Não é o tamanho mas saber como o usar o tamanho. Não gosto de magoar ninguém, como não gosto que me magoem.
E voltamos á pescadinha-de-rabo-na-boca. Preocuparmo-nos com o prazer que vamos dar aos outros.

Fazer sexo com alguém é das maiores dádivas que damos. Deve ser uma coisa maravilhosa, em que todos se sintam satisfeitos e felizes. Não tem nada de pecaminoso, nem de anormal.
Pecado é magoar os outros, anormal é não nos preocuparmos com eles.

Um dos prazeres da minha vida é dar prazer aos outros.

sábado, outubro 12

16 de Março de 1993 , 15 de Abril de 1996, 6 de Outubro de 1999

Três datas tristes para mim.
Nestes dias perdi 3 amigas e 3 ídolos. 3 Mulheres que fizeram de mim um homem.
Natália, Beatriz, Amália.

Entrei nas suas vidas como por acaso, e como as coisas que são por acaso, são naturais, ou porque têm de acontecer. “É o destino” dizia-me Amália.
Foi o destino que na minha vida essas 3 mulheres me viessem salvar de ser uma desgraça de ser humano.
Forma essas 3 mulheres que me resgataram para a humanidade, me ensinaram o que é o amor, o respeito, a amizade, a coragem, o orgulho em ser português. Mas também a humildade, a ternura, a honra, o carácter.

Na altura, eu um miúdo de 18 anos, pensei que nada tinha a acrescentar ás suas vidas já de si tão preenchidas. Mais tarde percebi o que pretenderam de mim, e aquilo que lhes dei foi o ser eu, em pleno, sem vícios nem barreiras. A minha simplicidade era aquilo que nelas cativava em mim. O falar com elas com a franqueza que falo com os que amo, sem bajulações, mas com o carinho e a atenção que me merecem.

Já repeti isto mil vezes, mas sou o que sou por homenagem a elas, a tudo o que com elas partilhei, com tudo o que me ensinaram.
O meu agradecimento é seguir os valores com que me guiaram.
Tenho saudades vossas, mas para mim continuam a viver no meu coração, nos meus gestos, nas minhas lágrimas escondidas e furtivas que me correm quando me lembro dos momentos que partilhámos
Obrigado Natália, Beatriz e Amália. Sou o homem que vocês criaram, e depois de vos ter como professoras, poucos me conseguem arrebatar. Só os meus amigos me enchem o coração!


sexta-feira, outubro 11

Todos nós somos dados a fetiches, embora a maioria não o confesse. Eu tenho os meus, todos confessáveis.

Não, ao contrário do que muitos pensam, nem todos os gays gostam de roupa de mulher, nem de lingerie feminina, nem de fardas.
Para farda já me bastou o serviço militar, durante longos 13 meses e 9 dias, quanto ao resto nunca me vesti de mulher, nem no Carnaval.

Já tenho ouvido as mais bizarras e estranhas, pelo menos para mim. Até já houve quem quisesse que eu me descalça-se num quarto escuro…
Não me importo de satisfazer fetiches alheios, desde que isso não me seja desconfortável, mas claro que não faço nada no sexo que me deixe incomodado.
Na última vez que fui ao Porto, numa sauna, estava eu com um ursão numa troca de fluidos e a ler Braille, quando ele me prega um estalo. Aviso que ele era espanhol, já devia saber que de Espanha nem bom vento, nem bom casamento, e como ele não tinha deitado odores do baixo-ventre, e decididamente o que estávamos a fazer não era casar, mas sim acasalar, que algo iria correr mal. Avisei logo que não gosto de tal, porradinha levei eu da minha mãe, muita, quando era miúdo, e por isso não sou dado a “tau-taus”, nem nos glúteos. Passados uns minutos repete a proeza. Passei-me dos carretos e o idílico namoro acabou logo ali. Se queria bater fosse bater na mãezinha dele!

Gosto de homens inteligentes, com sentido de humor, que estejam bem vestidos (para despi-los bem estou cá eu), bem cuidados e limpinhos. Não sou fã de musculosos em exagero, nem de paus-de-virar-tripas. Gente estúpida, descuidada, sem sentido de humor e sacana, esqueçam.
Não me excitam corpinhos danone, se não forem masculinos.
Gosto de gente segura e decidida, mas também não gosto de fazer nada que eu não esteja na disposição de fazer. Não gosto de gente mal-educada, nem convencida de que é a oitava maravilha do mundo.


Sei que não sou nenhum deus grego, mas vejo gente muito mais desinteressante do que eu (então intelectualmente), e olham-me com nojo. Paciência, não penso que possa agradar a todos, como também muitos que não me agradam. Não faço fretes, nem quero que os façam comigo.

sábado, outubro 5

Detesto alcoviteiros.
Tal como não gosto de me meter na vida alheia.

Lembro-me de um episódio quando andava no liceu e tinha uma grande amiga na minha turma. Soube que o namorado dela andava-lhe a por os palitos e avisei-a, depois de ter a certeza.
Resultado, todos de viraram contra mim, inclusive a cornuda!
Ficou-me de lição.

Posso ver o que veja que eu não conto, nem digo, seja o(a) namorado(a), amante ou seja lá o que for, a foder a torto e a direito que a minha boca não se abre.
Há pessoas que vivem obcecadas com a vida alheia, incluindo a sexual. São uma espécie de vouyers, encontro-os muito nos locais de crusing e não só. Os chamados empata-fodas.
O que as pessoas gostam de contar sobre os outros, e o que mais inventam…
Apontam as “peversidades” alheias, como se fossem castos e puros. O que eles fazem (por mais nojento que seja) é sempre normal e aceitável.
Bem os topo, armam-se em dondocas e depois quando entram no “escuro” é um ver-se-te-avias.
Os perfis dos sites de engate estão cheios desses puritanos castos e limpinhos.

Como digo não sou moralista, nem puritano, por isso esta gente irrita-me demais.
Se as pessoas querem viver em triângulos, quartetos, quintetos ou x etos, ou se querem foder Lisboa inteira e arredores, ou se querem meter o obelisco dos Restauradores pela peida acima, isso não me diz respeito, é a vida deles.
Só sou contra quem obriga alguém a algo. Como cada um vive a sua vida sexual só me diz respeito se eu estiver incluído.

E o que dizem nas minhas costas estou-me a borrifar, se tem coragem digam-me nas trombas…

sexta-feira, outubro 4

Detesto o puritanismo.
Nunca fui moralista, e muito menos puritano.
Acho que uma vida sexual plena torna um homem mais feliz e realizado.

Quando descobri a minha sexualidade, há uns bons 35 anos, a igreja católica tinha muito mais poder que hoje, e como sabemos a posição da igreja em relação á homossexualidade, era considerado impuro, nojento, perverso, adorador do diabo e coisas semelhantes.
Muitos já sabiam dos padres pedófilos, mas todos calavam a bem da Santa Madre Igreja.
Sendo a minha família ultra-católica (excepto o meu pai que era comunista), fui educado com a cartilha, e vivi a hipocrisia de uma igreja que dizia para amar e perdoar os outros como irmãos, e que me desejava queimar na fogueira por amar outros homens.
Claro que isso fez-me afastar, para grande histerismo da minha família (especialmente a minha mãe, pois os abusos que ela fazia aos filhos não eram pecado…).

Depois como sempre fui muito observador, devido á minha timidez e ao castramento a que era sujeito, cedo percebi os “podres” das famílias e a teia de moralismo hipócrita.
No fim o medo de arriscar, de explorar, de se aventurarem, o de se sentirem fragilizados, é o que impede esta gente de viver uma sexualidade plena.

Os medos atrasam-nos, agrilhotinam-nos, e viver é por vezes arriscar.

quarta-feira, outubro 2

A mentira é muito usada nos engates.
Vale tudo.

E agora com a internet até se criam perfis falsos (alter egos), com fotos falsas inclusive.
As inseguranças, as vaidades, os medos, a vontade de esconder imperfeições físicas e de carácter, faz as pessoas terem estes comportamentos, idiotas claro.
E depois queixam-se que as relações dão para o torto…

Mas o pior é quando as mentiras entram pelas relações adentro, e as pessoas acabam por ser aquilo que não são, e ficam infelizes. Mais tarde ou mais cedo acabam.
Depois um casal feliz acaba por ser vítima de inveja por parte dos infelizes, que logo se entretêm a arranjar maneira de os difamar, ou pior, uma maneira de os fazer infelizes, e até mesmo separá-los.

Com os meus amigos íntimos sou muito afectivo, e claro dá logo azo a conversas, que ignoro. Gente tonta.
Tive uma relação de 17 anos, que acabou há cerca de 10, e desde ai não tive mais ninguém na minha vida.
Houve pessoas que mexeram comigo nestes 10 anos, poucas, quatro para ser mais exacto. Duas foram parvoeiras minhas, os outros foi muito bonito. Fiquei com um sabor a sal na boca.


Hoje sei que sou o homem certo para mim. Não digo que me poderei apaixonar por alguém outra vez, mas sou exigente nas escolhas.

terça-feira, outubro 1

O facto de se ser gay é propenso a se ser enxovalhado, ou pior chantageado. Passei por isso mas nunca cedi.

Houve um episódio muito caricato, passado há muitos anos na Amadora.
Fui ao wc do centro comercial junto á estação dos comboios, já não me recordo do nome, e um miúdo colocou-se a meu lado no urinol. Quem em conhece sabe que não gosto de miúdos e por isso não lhe liguei, quando ele se começou a insinuar, demasiado graficamente até, e sai do wc para ir apanhar um autocarro para Lisboa.
O meu espanto quando o miúdo me interpela a pedir dinheiro, se não lho desse ia dizer á policia que eu o tinha abordado e abusado dele, sendo ele menor.
Reagi primeiro ignorando, mas parente a sua insistência, disse-lhe para o fazer. Após algumas trocas de argumentos, e eu não parei de me dirigir para a paragem dos autocarros, ele diz-me “pensas que és esperto, dá-me dinheiro ou eu dou-te cabo da vida”.
Virei a esquina e estava um casal de policias, parei em frente a eles e disse-lhes “este rapaz tem uma queixa a apresentar-vos” e virando-me para o parvalhão digo-lhe “diz agora aos agentes o que me tens dito”.
A criatura desaparece como se fosse ar, e eu explico aos polícias o sucedido.

Agora imagino as atrocidades que se passam neste mundo cão.
Quando me assumi gay para a minha família, ao fazer 18 anos, fui vítima de tentativas de humilhação, pensando eles que eu era fraco e me ia ficar, enganaram-se…
Depois fui militar, ai tive muito cuidado, mas não podia ir a um wc fardado que em Évora era logo “carne para canhão”. Imagino que muitos meus camaradas aproveitaram a situação para melhor o “pré”, mas eu não, nunca me vendi por dinheiro.

Quantos já não ficaram com as vidas mesmo destruídas…