terça-feira, outubro 29

Uma das recordações que tenho é a de Natália Correia subir para cima de um capot de um carro, e recitar poesia para as prostitutas.
Pensei que se tal vulto fazia isto quem era eu para alguma vez destratá-las.
Engraçado que muitos anos depois estava eu na mesma zona a distribuir preservativos ás prostitutas, como voluntário da ILGA.

Nunca paguei sexo, mas já ajudei pessoas que se dedicavam á prostituição.
As morais distraídas estigmatizam a(o)s prostituta(o)s. Eu por mim prefiro as prostitutas ás putas.
Uma prostituta(o) são profissionais do sexo, vendem o seu corpo, uma puta aproveita-se do sexo para os seus objectivos, e essas não têm moral, são ignóbeis.

Fui criado no Intendente em Lisboa, zona bem conhecida por ter sido um dos locais de prostituição de rua.
Os meus pais mudaram-se para esta zona tinha eu 2 meses de idade. Em 1968 estávamos ainda em tempo de ditadura, e não havia prostituição de rua.
Nunca fui importunado, nem maltratado pelas trabalhadoras do sexo, talvez porque também sempre as tratei com respeito. Já não tive a mesma sorte com o sexo masculino.

A prostituição, tal como a pornografia, existem desde tempos imemoriais, e fazem parte da história do homem, tal a importância do sexo na vida da humanidade.
Quando fui trabalhar para as lojas de conveniência, voltei a encontrá-las, iam ás lojas comer e beber algo quente quando estavam a trabalhar, algumas acompanhadas pelos chulos ou pelos clientes. Sempre as tratei como tratava qualquer cliente, se me respeitavam devolvia-lhes a mesma receita. Tenho feito assim toda a minha vida.
Lembro-me de um episódio de uma “criatura bondosa” que um conhecido meu andava na prostituição (que eu já sabia, mas fingi que não). Tal atitude fez com que o visado tivesse de me confessar que era verdade, ao que lhe respondi “ai é! Promete-me só que tens cuidado contigo” e a conversa morreu por ai, e a minha atitude para com ele continuou na mesma.
O mais bizarro disto tudo, é que o visado teve o mesmo comportamento com outro que fazia o mesmo que ele, nunca lhe contei a maldade, nem a um nem a outro, mas perdeu o meu respeito, no fim não mereceu a bondade alheia.

O que mais me irrita são aqueles que depois do sexo exigem compensação monetária, isso é nojento e reprovável, se fazem sexo por dinheiro que o digam antes, não depois, ainda tenho opção de escolha. O dia em que quiser pagar por sexo, fá-lo-ei sem rodeios, culpas ou medos, sem hipocrisias, e sem faltar ao respeito a ninguém.

E há prostitutas e prostitutos mais honrados que muitos chefes de família e donas de casa prendadas. 

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