O facto de se ser gay é propenso a se ser enxovalhado, ou
pior chantageado. Passei por isso mas nunca cedi.
Houve um episódio muito caricato, passado há muitos anos na
Amadora.
Fui ao wc do centro comercial junto á estação dos comboios,
já não me recordo do nome, e um miúdo colocou-se a meu lado no urinol. Quem em conhece
sabe que não gosto de miúdos e por isso não lhe liguei, quando ele se começou a
insinuar, demasiado graficamente até, e sai do wc para ir apanhar um autocarro
para Lisboa.
O meu espanto quando o miúdo me interpela a pedir dinheiro,
se não lho desse ia dizer á policia que eu o tinha abordado e abusado dele,
sendo ele menor.
Reagi primeiro ignorando, mas parente a sua insistência,
disse-lhe para o fazer. Após algumas trocas de argumentos, e eu não parei de me
dirigir para a paragem dos autocarros, ele diz-me “pensas que és esperto, dá-me
dinheiro ou eu dou-te cabo da vida”.
Virei a esquina e estava um casal de policias, parei em
frente a eles e disse-lhes “este rapaz tem uma queixa a apresentar-vos” e
virando-me para o parvalhão digo-lhe “diz agora aos agentes o que me tens dito”.
A criatura desaparece como se fosse ar, e eu explico aos polícias
o sucedido.
Agora imagino as atrocidades que se passam neste mundo cão.
Quando me assumi gay para a minha família, ao fazer 18 anos,
fui vítima de tentativas de humilhação, pensando eles que eu era fraco e me ia
ficar, enganaram-se…
Depois fui militar, ai tive muito cuidado, mas não podia ir
a um wc fardado que em Évora era logo “carne para canhão”. Imagino que muitos
meus camaradas aproveitaram a situação para melhor o “pré”, mas eu não, nunca
me vendi por dinheiro.
Quantos já não ficaram com as vidas mesmo destruídas…
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