segunda-feira, setembro 30

A minha opinião sobre as eleições autárquicas.

Os ganhadores destas eleições: PS, CDU, CDS e as candidaturas independentes
Os perdedores: PSD, BE e demais pequenos partidos

Pode-se dizer que as eleições podem ter tido um reflexo nacional de penalização á politica do actual governo, mas existem casos em que isso não aconteceu.
Em muitos concelhos votou-se naqueles que pareciam a melhor solução, noutros foi no partido, e em alguns foi no líder da lista.

Mas também perdeu a democracia, pelo exagerado nível de abstenção (tamos a falar de poder local, aquele que gere mais de perto as nossas vidas, carago!).
Um dos fenómenos das limitações de mandato, foi de que câmaras que detinham o poder do mesmo partido á décadas mudaram de mãos. Isto ou quer dizer que realmente há medo ou que há lideres que são carismáticos.
E a demora em aparecerem resultados também foi uma derrota…

Mas os partidos tremeram ao verem as listas de candidatos independentes vencerem mais de uma dezena de municípios e a conquistarem muitos mais mandatos. Até ouvi um dirigente do PSD a bradar que os partidos são essenciais á democracia. A esta democracia?

O PS ganhou definitivamente as eleições autárquicas de 2013, maior número de municípios, maior número de votos, maior número de mandatos.
Qualquer tentativa de minimizar este facto só se pode considerar ridícula e vinda de pessoas ressabiadas com dificuldade em assumir a realidade.
Se Seguro saiu reforçado, duvido, mas que será mais difícil de substituir, concordo.

O PSD perdeu em toda a linha, embora se possa congratular por Braga, Guarda e Faro, mas pode ficar-se por aqui.
Alberto João perdeu em todas as frentes, embora não o vá admitir, tal como as lapas, só irá sair do poder á faca.
Seara, Menezes, Moita Flores foram um dos muitos derrotados, mais aquele inenarrável candidato a Gaia pelo PSD (que até me escuso de mencionar o nome para evitar urticárias).
Um facto curioso é que se o PSD tivesse concorrido sozinho a todos os municípios, o descalabro teria sido maior.
Também é verdade que o PSD não perdeu em força para o PS as câmaras que detinha, o que é usado para diminuir a vitória do PS, mas a derrota monumental do PSD é evidente.
Curioso o facto do PSD vencer a câmara de Pampilhosa da Serra com 83,12% dos votos, o novo Cavaquistão.

A CDU recupera quase todas as câmaras que detinha em 2005, inclusive Évora e Beja e até Loures (para o inenarrável Bernardino Soares), e torna-se de novo a grande força autárquica a sul do Tejo.

O CDS apresenta-se como um vencedor por ter conquistado mais câmaras do que em 2009, mas diminui a votação a nível nacional. Paulo Portas é useiro e vezeiro em transformar derrotas em vitórias e esta noite foi mais do mesmo, e usou como grande vitória a candidato independente do FCP ao Porto como uma grande conquista.

O BE perde a única câmara que detinha (Salvaterra de Magos), mas mantém o nível de votação e o aumenta o de mandatos, mesmo sem ganhar autarquias.

As candidaturas independentes vencem em toda a linha, embora haja situações patéticas, como a de Oeiras, onde se considera um autarca preso por corrupção como modelo e se grite o nome dele em plenos pulmões, por uma criatura que deitava suor por todos os lados, e uma candidatura feita pelo FCP a vencer no Porto.

A abstenção foi brutal (eles preferem votar na Casa dos Segredos), mas existe um concelho que teve 18,61% de abstenção, Arronches. Aliás o distrito de Portalegre foi o que menor taxa de abstenção teve (36,86%).
No oposto esteve o distrito de Setúbal com 58,32%, com Almada a registar a maior abstenção a nível concelhio com 59,73%.

Em 2017 há mais…

domingo, setembro 29

Fui ontem á festa da ILGA REMIX e emocionei-me
Não porque fosse uma coisa triste, mas exactamente pelo oposto.

Como meu hábito, tenho esta mania de por vezes me afastar do mundo á minha volta e olhar para os outros, como se fosse um ser invisível, algo esotérico, e observar.
E o que vi foi gente linda, uns mais próximos de mim do que outros, mas gente boa, feliz, divertida, que gosta de partilhar a sua energia e ser generosa por que dá aos outros.

Faz 4 anos que fui levado para a ILGA para fazer voluntariado na Brigada do Preservativo no Conde Redondo.
Não sabia eu que iria mudar a minha vida para melhor, que iria ali conhecer os meus melhores amigos, e que hoje estaria a jogar rugby, a ser carinhosamente bem tratado por tanta gente maravilhosa que me aceitou na sua vida.
Também vi gente que, tal como eu, se transformou em seres melhores, mais seguros de si, mais generosos e bondosos, e gente que está a dar os primeiros passos neste projecto.

Por mim vejo-os como minha família, pois a família são aqueles que nos amam e nos protegem.
Não sei o que pensam de mim, mas sei aquilo que quero. E quero fazer o que está certo, e sinto isso na ILGA, apesar de diferenças que existem, e são benéficas, entre nós, somos um todo, somos ILGA, somos a família ILGA. E o meu coração tem um grande bocado ILGA, bate por ela, defende-a com unhas e dentes, como um grande bocado é DARK HORSES, e porque isto tudo faz de mim um homem melhor.

A todos os meus companheiros, de ILGA e DARK, o meu muito obrigado, por fazerem de mim um ser humano mais completo, por me fazerem evoluir, pelos desafios, pela alegria que me dão em viver.
Enquanto tiver forças estarei nas lutas, dentro e fora, completo, sempre.

E acreditem que terão sempre em mim um amigo, um irmão, um confidente, um abrigo, um amparo, um ombro para chorar, um abraço apertado, uma palavra reconfortante, um conselho mais ou menos sábio, um homem.

sexta-feira, setembro 27

Nunca me senti dentro de nenhum armário.
Aos 10 anos soube que era diferente, aos 12 sabia que era homossexual, aos 14 provei o fruto proibido, e nunca mais parei.

Os revolucionários anos 70, e os liberais anos 80, não o foram para os gays. Em 1986 ainda fui preso duas vezes, ao sair do antigo Bric por ser homossexual, e levado com outros para a esquadra do Palácio da Justiça, para ser identificado e enxovalhado, “queres o cassetete pelo cu acima?”.
No entanto sempre vi homens de aliança no dedo ao engate nos locais que existiam, e que sem internet e telemóveis, eram mais que muitos.

As vidas duplas destes casadinhos, que na maioria se diziam bissexuais, apimentavam a vida dos assumidos, os wc’s da capital eram um manancial de sexo anónimo e escondido.
Ainda não tinham chegado os anos 90 e a depilação…

E depois a fominha deles era tanta que o sexo era mesmo bom. O fruto proibido é sempre o mais apetecido.

quarta-feira, setembro 25

O homem mais velho.
Apercebi-me da minha sexualidade aquando da minha mudança da escola primária para a preparatória (como se chamava na altura os dois anos do 5º e 6º).
Quando comecei a ter aulas de educação física, como miúdo de 10 anos, apaixonei-me pelo professor de educação física, mas não durou muito, era uma besta. Já o da secundaria não. Alem de tomar banho conosco nos balneários. Adorava as aulas de ginástica. Tive a certeza que era diferente, depois percebi que era gay.

Sempre gostei de homens mais velhos, claro que não era pela idade, apercebi-me depois que era pela segurança e maturidade, e agora já também sou mais velho.
Por isso compreendo o interesse que miúdos e miúdas novos tem pela minha carcaça. Mas, lamento, continuo a gostar de gente madura, ou seja que sabe o que quer.
Fui bom aprendiz, mas nunca quis ser professor.

Porque procurei o afecto de homens mais velhos?
Não sei, o meu ex tem mais 16 anos do que eu, e estivemos juntos como casal 17 anos.
A diferença de idades pode ser bom e mau, depende apenas de cada um saber lidar com isso.
Por mim até acho muita malta nova demasiado velha para mim, velhos gaiteiros também não, nada mais ridículo do que querer ser jovem a vida toda, (quando alguém me diz que a juventude está na cabeça, dá-me vontade de lha bater contra uma parede para ver se amadurece).


Acho que para a minha idade não estou mal fisicamente, e muito melhor de cabeça.

segunda-feira, setembro 16

Comida e sexo.
São as duas principais necessidades do homem. Por isso é natural que estejam ligadas.
O próprio acto de comer tem conotações sexuais, quem já não ouviu, “ando a comer aquele gajo” ou “aquele gajo já me comeu”?

Acredito que certos alimentos aumentem a libido, mas isso nunca alterou os meus menus.
Também a bebida ajuda as pessoas a ficarem mais desinibidas, mais propensas ao risco, e por tal ao sexo.
Mas como em tudo na vida, os excessos pagam-se.

Numa sociedade obcecada pela aparência, em que o falso se sobrepõe sobre o verdadeiro, e parece mais apelativo, em que fumar é chique, e ter mais peso que o “normal” é olhado com desprezo, e por vezes com nojo.
Beber demasiado pode não ser condenado, mas geralmente afecta o desempenho sexual, uma das razões porque não me vêm agarrado a alguém ao fim de uma noite, é porque geralmente quase todos já beberam demasiado, e eu quero que quem faça sexo comigo se lembre pelo menos da minha cara, e se lembre que lhe proporcionei um bom momento.
Não que eu seja memorável, mas gosto que os meus parceiros estejam pelo menos tão conscientes como eu.

Confesso que uma boa refeição, e atenção que isso não é sinónimo de um restaurante caro, aliás nem sequer significa ir a um, é para mim sedutor. Aliás a maneira de comer, beber e a conversa que dali flui, avalia a inteligência do homem. E nada mais sexy que um homem cheiroso, com um sorriso tipo arma mortífera e inteligente.

E pela boca morrem os Peixes…

sexta-feira, setembro 6

Sexo e sons.
Não falo só de gemidos, ou de palavras “porcas”.
Ponho o porcas entre parêntesis porque não sei porque lhe dão o nome dos suínos fêmeas (e tinham logo que dar o lugar á fêmea, o pecado mora sempre ao lado…).

O que se diz num acto sexual é como em tudo na vida, há coisas de bom e mau gosto, e isto varia de pessoas para pessoa.
Eu por mim gosto de saber que estou a dar prazer ao meu, ou aos meus, parceiros. E quanto a gemidos há quem nos faça vir só por eles…
Mas também já houve quem me tirasse o tesão por falar demais, ou dizer algo rude ou a despropósito.
Também já me fizeram rir, o que para mim também é afrodisíaco, aliás nada mais afrodisíaco que alguém inteligente e que nos faça rir.

Uma vez estive com um gajo, daqueles que tu pensas “como é que eu consegui um gajo destes”, embora na altura em praticava remo, e era fácil ter corpinhos danone. O matulão, bem saudável de corpo, e a criatura passou mais de meia-hora a explicar o sexo oral que me fazia. Claro que deu mau resultado, não há libido que resista, o dito murchou e nada houve mais que o ressuscitasse.
Não lhe disseram que não se fala com a boca cheia, é rude!

Também os sons que vêm acompanhados com odores não são lá muito sexys, e depois de dizerem que “é natural, faz bem libertar”, pois que os libertem em privado, a minha vontade é libertar um HI5 na tromba deles.

Porque sempre me esforcei por isso, e porque não sou egoísta, nem rude, elogios sempre os tive, e os mais inesperados são os que sabem melhor. Ouvir alguém ofegante dizer-nos no ouvido “foda-se tu és mesmo bom”, dá-me vontade de continuar o dia inteiro no “dá-lhe-que-dá-lhe”
E depois o próprio engate, a conversa antes, se for inteligente e divertida, estimula-me. Um belo sorriso é o maior dos afrodisíacos para mim. E o depois do sexo, aquela conversa íntima e desapoderada, é muito gratificante.
 E depois nunca se pergunta “gostastes?”, ou “foi bom?”
Se foi bom ele vai-te dizer ou demonstrar. Essa atitude demonstra insegurança.

E se há coisa em que não sou inseguro é no sexo.