sexta-feira, dezembro 23


O impossível continua a acontecer, parece absurdo mas acontece. Sobretudo se é horrível.
Quantas maneiras haverá de ser feliz?

A curiosidade alimenta-se da ignorância.
Deus disse para não adorarmos outro que não a ele. Não será isso um pecado de vaidade?
Deus precisa do homem para ser o que é. Deus morrerá com a morte do homem.
Estranho é que os crentes perdoam tudo a Deus, e quanto menos o compreendem, mais o desculpam.

Nascem milhões de seres neste planeta, para terem vidas simples. A fraqueza alimenta a força, para que ela esmague a própria fraqueza.
Acho que tenho dentro de mim uma balança, que me serve de padrão para avaliar os outros. Claro que isto não obedece a nenhuma ciência, é uma coisa involuntária, aprendida com o meu percurso de vida, e com a minha inteligência emocional.
Não me consigo contentar com um simples papel de corpo presente.
Já há demasiada gente entre a multidão a disfarçar a sua incompetência.
Ás vezes chamam-me de segunda classe. Nada mau, estou um passo de ser de primeira classe. Outros dizem que sou burro, esquecendo-se de que pertencemos á mesma espécie .
Se sou burro, e ainda por cima de segunda classe, porque perdem tempo a discutir comigo?

quinta-feira, dezembro 22


Não sei o que me leva a amar mais uns locais do que outros. No entanto já tive muitos casos de amor á primeira vista.
Lisboa, claro, foi o meu primeiro amor. Cidade onde nasci e me fiz homem.
A sua luz, este rio que a banha e lhe refresca os pés, o castelo que vigia a cidade, os velhos bairros pequenas aldeias no interior da cidade, as colinas tal qual seios que fazem de Lisboa uma mulher bonita, a gente hospitaleira e liberal, os eléctricos amarelos como o sol, os monumentos cheios de história e pergaminhos, as noites frenéticas, as tascas e restaurantes com os seus petiscos deliciosos, a noite de Santo António em que a cidade não dorme, tudo convida a amar a capital.

Continuo a desconfiar destas “boas almas” cuja maior preocupação é informar-me (já sei, estou a repetir-me, mas eles não desistem...)
Há gente tão minúscula, que são mais pequenas que formigas. E não se vê meio de crescerem...
As conclusões são apenas brevidades, a discussão, a pesquisa, o adquirir de conhecimento, é que torna o processo interessante.
Tive uma vida inteira para chegar aqui, mas cá estou. O destino, ou o que chamamos de destino, não conhece linhas rectas.
Ai, as virtudes do silêncio e das palavras bem empregues...
Há tanto homem idiota que me faz ter vergonha de ser homem. Gosto de pessoas simples e afectuosas. Se pensam que me levam só com palavras bonitas, estão enganados.

quarta-feira, dezembro 21


Nunca temi as reações a comentários ou minhas palavras escritas. Continuo na mesma.
Esforço-me para parecer inteligente na palavra, no gesto, na atitude. As portas do meu coração estarão sempre abertas para gente honesta.
Se por vezes sou desmancha-prazeres, paciencia. Se forem pessoas inteligentes, hão-de preferir  que seja honesto convosco, mesmo que isso vos custe a ouvir, do que diga palavras doces sem sentido.
Há tanta gente ai a necessitar de humildade. E tanta inteligencia, estudo, saber, erudição, teses, para quê? Para isto? Para a desumanização do homem?

As religiões do mundo pretendem sempre manter os pecados de sempre, para manter o seu poder sobre os homens, que está sempre disposta a pagar as suas supostas ofensas a Deus, em vez de verem as suas culpas, e os crimes que comentem em nome dele, e a sua responsabilidade na degradação da condição humana.

Há dois principios que não abdico: que todo o homem deve ser tratado com humanidade, e de que não devo, não posso, fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem.
Já me basta o trabalho que tenho em ser eu, em escrever o que penso e sinto, e que tudo isto seja suficiente.

terça-feira, dezembro 20


Admiro todos aqueles que caem, se magoam, fica feridos, até para sempre, mas que se levantam, lambem as feridas, curam-se e continuam a caminhar sorrindo.

Por favor não me compliquem a existencia. Não, já não sou jovem.
Cuidado que uma faísca pode incendiar uma floresta.
Em todo o lado se premeiam os que aguentam e bajulam a prole estupida dos que nos exploram.
Ás vezez é preciso mudar de passeio para evitar encontros, e mesmo dar a volta e retroceder.
E eu luto para não me esqueçer de que sou um homem livre.

Estamos num tempo de derrota, de contar os mortos, de começar de novo, e sobretudo de manter a moral.
Confesso que a minha vida actualmente não me dá muito espaço para ter disciplina.
Com as coisas que quero fazer, o tempo escasseia. Entre ginásio, rugby, voluntariado, estar com os amigos... Mas tento rentabilizar tudo.
E o que me leva a ser voluntário? A necessidade de ajuda e o meu dever em ajudar.

Muita gente foge da discussão de ideias, por medo de ver apagadas as opniões deles.
Que mania esta de os portugueses se lamuriarem de sermos poucos, “poucos mas bons”, mas se somos assim tão bons, não seria bom sermos meslhores?
É que a avaliar pelo estado do país...

quinta-feira, dezembro 15

O amor é o início, o meio e o fim.

O amor faz-me pensar.

Faz-me sofrer.

O amor obriga-me a escolhas, a separações, a ser rejeitado.

O amor castiga-me e compensa-me. Prémio e  castigo.

O amor fere-me.

Mas também me salva.

O meu  amor é uma alegria, mas também uma tristeza.

O meu amor é  orgasmo, êxtase.

O amor é uma armadilha.

O amor é uma fraqueza e uma força. 


O amor é inquietação, esperança, nunca certeza, uma dúvida.

O amor faz-me voar, faz-me despenhar.

O amor assusta-me.

O amor faz-me feliz. 

O amor é caos, mas uma ordem.

O amor é mágico.

O amor é o meu prisioneiro. E o meu guarda. E a minha sentença.

O amor é guerrilheiro.

O amor comanda-me.

O amor sufoca-me.

O amor pode ser um sucesso ou um fracasso.

O amor é rico.

O amor é heroísmo.

O amor é um corpo.

O amor é uma cruz.

O amor é uma dor.

O amor não tem cor.

O amor é um sorriso. 

terça-feira, dezembro 13

Conta comigo sempre.

Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que se aninham no coração e se alimentam de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, sou a outra face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.
Caminharei a teu lado. Haverá, decerto, algumas coisas derrubadas, mas haverá igualmente um amor limpo que se entregará nas tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo. Sempre.

segunda-feira, dezembro 12

Abraça-me. Quero sentir o que vem da tua pele, e sentir o intenso calor do teu corpo.

Quando me abraças, nada existe a não ser nós, e somos um só.

Abraça-me. Veste o meu corpo de ti, para que em ti eu possa buscar o sentido do amor em forma de amizade, o sentido da vida.

Procura-me com os teus braços , dá-me a eternidade do teu abraço, esse momento em que nós pertencemos um ao outro, em que o mundo pára, e nada mais existe.

Abraça-me. Quero proteger-te nos meus braços, e sentir o teu amor em mim.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais.
Quero sentir que tu existes, e que tenho significado para ti.

sexta-feira, dezembro 9


Para que os outros se possam sentir felizes na minha companhia, é necessário antes de tudo que eu tenha a grande força de aceitar as opiniões dos outros, desde que as não sejam contraditórias com a verdade e os factos que posso observar.
Não devo supor-me infalível, tal como não me devo considerar mais inteligente e superior que os outros e único entre o bando de pobres seres incapazes de pensar.
Cumpre-me abafar todo o ímpeto que possa haver dentro de mim para lhes restringir o direito de pensarem e de exprimirem, como souberem e quiserem, bem como aceitar, e até absorver os resultados a que puderam chegar.


Se assim não agisse, nada mais faria de que contribuir para matar o idealismo e a convivência com os outros, só vive uma vida dentro do pensamento poderoso e livre.

quarta-feira, dezembro 7


Não, a vida não me desapontou! Pelo contrário, todos os anos a acho melhor, mais desejável, mais misteriosa...
Desde o dia em que vejo a mim a grande libertadora, a ideia do que a vida pode ser para aqueles que procuram viver, e não dever!... Quanto ao próprio conhecimento, para mim é um mundo de perigos, é um universo de vitórias. «A vida é um meio de conhecimento», quando se tem este princípio no coração, pode viver-se não somente corajoso mas feliz, pode-se rir alegremente!
E quem, de resto, se ouvirá, a rir e a bem viver se não for primeiramente capaz de vencer e de guerrear?

Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é.
E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas emoções naturais é que faz de nós seres tão infelizes. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita.
Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.

O amor é, por definição, um prémio sem mérito. Se alguém me diz, eu amo-te porque tu és inteligente, porque és uma pessoa decente, porque me dás presentes, porque não andas atrás de outros homens, porque sabes cozinhar, então eu fico triste.
É muito mehor ouvir, eu sou louco por ti embora nem sejas inteligente, nem uma pessoa decente, embora sejas um mentiroso, um egoísta e um canalha.

terça-feira, dezembro 6


As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade de organização social e liberdade económica.
Pela cultura, o homem desenvolve o seu espírito crítico e criador não se devendo impedir que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado.
Pela organização social, o homem intervém na sua vida em sociedade, como aluno de uma escola de humanidade, tem de se educar para o melhor.
Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar ao que existe de mais belo e de mais amplo, nenhum homem deve ser explorado por outro homem, ninguém deve, pela posse dos meios que permitem explorar, pôr em perigo a liberdade dos outros. Na organização humana mais perfeita, não haverá nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção, nenhuma falta de liberdade.
A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos.

Eu sou contra a tolerância, porque ela não basta. Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro.
A intolerância é péssima, mas a tolerância não é tão boa quanto parece. Deveríamos criar uma relação entre as pessoas da qual estivessem excluídas a tolerância e a intolerância.

segunda-feira, dezembro 5



Há poucos indivíduos a quem é dado contemplar as qualidades dos outros como espectadores tranquilos. Mas é difícil encontrar um que seja capaz ou tenha a vontade, ao mesmo tempo que deixar que essas pessoas lhe deem conselhos, e mais dificil aceitá-los e segui-los, escutando as suas impressões ou as palavras de outro, e de permanecer simples observador, sem querer também mudá-lo. Sem se dar conta disso, torna-se crítico, procurando mostrar a sua razão, exercer o seu humor e avaliar a sua própria pessoa.

O ingénuo fá-lo inicialmente, é certo, sem a menor intenção malévola, mas mesmo nele, as propriedades naturais do indivíduo não tardam a impôr os seus pensamentos,de pura vaidade e pedantice, desejo de ser superior aos dos outros, de tal modo que depressa estará mais a ser avaliado pelas suas fraquezas do que pelas suas qualidades.

E queremos nós censurar essas qualidades humanas?

terça-feira, novembro 29


É sabido que a qualidade do pano não evita as nódoas.
“Entre pessoas de qualidade, as diferenças só servem para unir”.

Será que este meu constante pessimismo vem do facto de nunca ter sido uma criança feliz?
A vida é como o mar, uns tomam banho nele, outros nadam á superficie. Mas os mais aventureiros mergulham, e é assim com as pessoas.
Falar não compromete e satisfaz a curiosidade.

As qualidades que mais gosto de encontrar nos outros é a bondade, a sensibilidade e a inteligencia.
Quando alguém me perguntou á pouco tempo “sou assim tão transparente?”, eu sem pensar muito bem na resposta, disse”não, eu é que sou atento”.
E sou.

Quem convive comigo sabe que eu ao principio sou um pouco como um animal assustado, só vou á conversa se me chamarem a ela.
Mas depressa percebem que não é por timidez, ou desconfiança. É exactamente por ser atento, por gostar de saber o terreno que piso, e que ele seja bem firme. Gosto de ter os pés bem assentes no chão, não faço castelos no ar.
Numa pessoa não me interessa de onde veio, nem para onde vai, mas o que é.
Ser superior ao ter. Mas hoje só se vive para ter, e não para ser.

E quem sou eu para os outros?

segunda-feira, novembro 28


Não me confundam com qualquer gajo que tem aspirações a ser qualquer coisa de escritor.
Na verdade as coisas que digo, e escrevo, não tem nada de extraordinário.

Existem pessoas que tem acções para comigo, que me levam a colocá-las no lugar dos animais irracionais.
Depois digam que sou um exagerado, quando digo que o mundo é governado por uma cambada de filhos da puta. É que anda para ai uma cambada de gente que se portam como umas crianças mimadas, a que, lhes tiraram o brinquedo...
Como me é dificil falar com pessoas detentoras de uma unica razão, e que fazem questão de falar com os outros com uma certa insolência.
Como me irrita falar com pessoas que não ouvem ou não querem ouvir aquilo que lhes digo, e ainda por cima fazem questão que se note.

sexta-feira, novembro 25


Os anos de vida vivida que perdi devido ao comodismo.

De há um ano para cá muita coisa mudou na minha vida, e tudo começou com o meu blog mais antigo.
Um leitor e comentador assíduo, pediu-me para me conhecer e levou-me ao voluntariado na ILGA. Ai conheci pessoas extraordinárias.
Já tinha tentado fazer voluntariado lá, mas não obtive resposta, e das 3 vezes que lá tinha ido, não gostei do ambiente (mais tarde percebi porquê), e afastei-me.
Mas o meu amigo Zé insistiu para que fosse lá com ele, e eu confiei nele e fui.

Quando entrei vi atrás do bar um homem moreno, alto, bonito, charmoso, com um sorriso lindo. O Manel. Hoje é um dos meus melhores amigos, foi graças a ele que tive vontade de voltar, e foi graças ás qualidades que ele viu em mim, que hoje sou voluntário activo e presente na associação.
Depois vieram os amigos, foram nascendo cumplicidades, amizades, carinho.
Ricardo, Atila, Jorge, Paulo, Zahara, Nuno, Fátima, Manel João, Ana e tantos outros, tornaram-se pessoas assíduas na minha vida.

O Arraial Pride deste ano foi a cereja no topo do bolo, deu-me uma “volta ao miolo”, e foi uma das mais extraordinárias experiências da minha vida, e das mais recompensadoras. Senti-me “em familia”, focado num objectivo, fui acarinhado, e dei o “litro”. Perdi nessa noite 3 quilos, e isso deu-me o “pontapé de saída” para melhor o meu aspecto e a minha saúde física e mental.

Com o Manel veio de “presente” o Matt, que me desafiou para o rugby, ao que resisti ao principio, mas devido á sua perseverança (ele, além de tenaz , e muito mais inteligente do que eu), acabei por ir, e estou feliz por não ter deixado escapar este novo desafio na minha vida.
Passei a cuidar de mim, perdi 15 quilos, passei a cuidar da minha aparência (embora nunca serei um gajo bom, que um utilitário nunca será um topo de gama), mas sinto-me mais eu, mais confiante, e quando olho para o espelho e me vejo, já não me sinto triste.
Sou melhor pessoa, mais confiante. Ganhei uma nova auto-estima, um novo look e o melhor de tudo, amigos lindos e de qualidade.

quarta-feira, novembro 23


De vez em quando sou abordado por criatura que se propõem a salvar-me a “alma”.

Mas eu nem sei se a vida merece que a amem profundamente.

Ás vezes penso que ninguém entende o meu pensamento. Será que sou assim tão complicado, ou sou tão simples que não me levam a sério?



É curiosa e apaixonante a maneira como cada um vê Deus, ou têm o seu Deus pessoal. E como em nome dele, ostraciza os outros, ou castiga e até os mata.

Como me espanta sempre, e já devia estar vacinado, as coisas mais estúpidas que as pessoas dizem, como se fossem as mais verdadeiras pérolas de sabedoria.

Ás vezes dá-me vontade de içar a bandeira (não, não é essa entre os membros inferiores) branca, e dizer “rendo-me”.

Não me considero uma fortaleza, nem um gajo com carácter forte, mas tenho uma couraça que me protege, a maior parte das vezes do ódio, da mesquinhez e da estupidez alheia.

Esse muro que ergui, foi á custa dos afectos que recebo dos outros.



No fim amo os meus amigos porque sei que eles me querem bem, e mimo-os e estou sempre a acarinhá-los para que saibam que também eu lhes quero bem, e que os amo, e que estou aqui para eles, sempre, com as minhas qualidades e defeitos, com as minhas ferramentas.

Tudo o que tenho, e nada tenho, é deles.

segunda-feira, novembro 21

Só quem ama com o coração aberto, sente este inefável prazer de sentir a felicidade dos amigos como sua.

Decidi tentar a minha “sorte” no rugby porque um grande homem e meu amigo, o Matt, insistiu em me desafiar, e porque não me quero arrepender de não ter feito algo por medo de fracassar.
Ter a sensação de que podia ter feito, e de ter recuado por insegurança minha, é coisa que me deixa com um sabor amargo na boca. Um fel que não quero saborear.

Há coisas na vida que nem prefiro saber, porque me enojam tanto, que me provocam náuseas, senão vómitos.
Mas o mal, é que há sempre alguém com boas ou más intenções (o mundo está cheio de “altruistas”), que me vai fazer o “favor” de me por a par.
Convém não perder a cabeça, mas convenhamos que por vezes é difícil não nos deixarmos levar pelas emoções.

É por isso que muitas vezes vivo a felicidade pela alegria nos olhos dos meus amigos.


Quem são os meus amigos?
Eles sabem quem são, são aqueles que tenho no meu coração, e existem mais que estou a integrar.
Se são muitos, sim são. Tenho-os mais do que a média. Se sou eu que os sinto por defeito de personalidade, talvez. Mas sei que o meu coração consegue ver neles as qualidades que eu acho merecedoras da minha admiração.
Se os tenho na minha vida é porque os mereço, foram batalhas, nunca ganhas porque podem partir a qualquer hora, que eu travei, e ganhei.
Sinto-me um privilegiado por fazerem parte da minha vida, essas criaturas belíssimas.

A morte pode vir quando quiser, dela não tenho medo, o meu medo é de não poder fazer aquilo que desejo, o meu medo é o sofrimento, que muito já tive, o meu e o dos que amo.

sexta-feira, novembro 18


Que gente é esta que cada vez veste mais mal?
Andam com roupa cada vez mais berrantes, e com desenhos incongruentes, e vestem-se como se acabassem de levantar da cama, e nem tivessem abrido os olhos para escolher a roupa. E depois ficam com aquele ar de que andam a arrumar carros todo o dia, e não veem sabão desde a implantação da Republica.
Já para não falar que tem de mostrar o mais possivel, desde a roupa interior, aos implantes mamários e o rego do cu.
Será que ele(a)s pensam que são tão lindos, que tudo lhes fica bem? Porque não se vestem então com sacas de batatas?

Quero ser alguém que não seja eu, num lugar que não seja este.
Deus não existe, e se existe é um completo idiota, para ter criado o homem da maneira que o fez.
Na minha cabeça tenho ideias simples, no meu comportamento sou uma pessoa simples.
Então porque razão as pessoas se dividem entre acharem que sou um convencido armado ao pingarelho, ou um gajo que diz coisas muitos interessantes e inteligentes?
“Quem se cala como eu calei, não poderá morrer sem dizer tudo”.
O que vale é que de vez em quando lá se consegue ouvir alguma coisa com um grau suficiente de inteligencia.
Quando as ideias novas me faltarem, reciclarei as velhas, para que possam parecer novas.

quinta-feira, novembro 17




Hoje desdenha-se da bondade, está fora de uso, não é prática, é um obstáculo ao triunfo pessoal e colectivo, e indigna dos tempos modernos.


Existirá a sinceridade?

Não será ela uma máscara que esconde os nossos sentimentos?

Das duas uma, ou eu tenho a mania da perseguição, ou anda ai algum poder cósmico que não me grama.

Uma pessoa disse-me recentemente de supetão, sem eu esperar por tal e sem descortinar a razão (que não me explicou, e eu também não perguntei): “Tu és diferente dos outros”.

Não disse que eu era melhor que os outros, ou que a maioria.

Mas disse como um elogio, que eu aceitei de bom grado, por ser verdadeiro. Realmente não me sinto melhor do que os outros, sejam eles quem forem, e não anseio sê-lo.

Contento-me, e luto, para ser diferente, para fazer a diferença.

Gostaria, sinceramente, de ser o pior ser humano á face da terra, pois seria feliz se todos fossem melhor do que eu, pois tinha a certeza de que este mundo seria um lugar maravilhoso para se viver.

E com tantas vezes nos perdemos uns dos outros, num mar de equivocos e desconfianças. Chego muitas vezes a casa exausto, e pergunto-me, vale a pena?

quarta-feira, novembro 16


Todos os dias penso. Se morrer hoje, o que vão pensar de mim? O que vou deixar neste mundo? Deixarei o mundo e as pessoas como dantes? Irão sentir a minha falta?

Parece ser sina, esta das pessoas lerem depressa e mal aquilo que escrevo e entenderem pior.
Não vos ensinaram a respeitar a opnião alheia?
E discutir opniões não é fazer Autos-de-Fé...
Eu por mim verifico com satisfação que as minhas faculdades mentais continuam a funcionar muito bem. Bem como o dom da imaginação.
Mas a terra é pequena, e infelizmente a maioria da gente que vive nela também não é grande.

Ás vezes gostava de ser uma torre, para não cair á primeira patada.

terça-feira, novembro 15


Há pessoas que só servem para moer o juizo dos outros.

Como conciliar os principios de uma crença, com os principios da tolerância?
Faz-me confusão aqueles discursos de que só os que se convertem a A ou B, serão escolhidos por uma divindade qualquer, e serão salvos, e recompensados. Com se nós todos não fossemos irmãos, carne da mesma carne, sangue do mesmo sangue, não tivessemos todos saido da “passarinha” da mãe, e termos a vida a prazo.
O mundo é vasto demais para andarmos cá sempre ás turras uns com os outros.
Bolas, como já não me bastasse as cruzes que tenho de levar ás costas, saem-me agora esta gentinha com inveja da minha existência.
Mas inveja de quê? Que tenho eu que lhes provoque inveja?
Serão-lhes as horas demasiado lentas e os dias demasiado rápidos?
Cada vez mais a minha maior tentação é calar-me...

quarta-feira, novembro 2


Hoje se meu pai fosse vivo faria 70 anos.

O que me lembro de meu pai.
A recordação de que tenho de meu pai embora não seja muito feliz, é menos infeliz do que da minha mãe.
Recordo-me dele como outra pessoa infeliz, preso a um casamento e uma família que não desejava, tentando estar o máximo de tempo ausente de casa, para não ter que “aturar” a mulher os filhos.
Só soube mais dele já no fim da vida, pouco falou do tempo da guerra em Angola, nunca falou do seu tempo de resistente comunista, e da sua prisão.
Nunca foi um homem carinhoso com os filhos, nem soube ser pai, nunca ensinou nada, nunca brincou comigo, nunca me deu uma palavra de incentivo. Era um estranho.

Cedo ficou doente, e 3 tromboses puseram-no paralisado do lado direito aos 35 anos.
A minha mãe sempre teve o “cuidado” de fazer com que os filhos odiassem o pai, responsabilizando-o pela sua infelicidade, que a levava a tratar-nos mal e a fazer-nos torturas e muita porrada. Mais tarde descobri que não era ele o culpado, mas sim também uma vitima, de uma mulher frustrada e desequilibrada. Quando me apercebi disso, comecei a aproximar-me dele, mas a morte interrompeu esse processo. Ficou um vazio e amargo de boca...
Entendi o facto de meu pai não ter sido um pai, mas sim o homem que dava dinheiro para o sustento, mas não posso “perdoar” tal. Não estou cá por minha vontade, e penso que nem pela dele, mas se estou cá foi por acção dele, não sou culpado de ter nascido.
Mas sei que se ele não soube dar carinho, nem interagir com os filhos, foi por causa da sua educação, dada pelos meus avós, que também não eram afectivos. Mas eu tive uma infância sem amor e carinho, cheia de porrada e torturas, e estou cá, integro, sou (ou tento ser) uma pessoa bondosa e atenta aos outros. Escolhi o meu caminho.

Vê-lo definhar foi difícil, e a morte dele, durante o meu serviço militar, foi um soco no estômago, apanhou-me de surpresa, numa altura em que estava a tentar lidar com a minha “prisão militar”.
A minha mãe não queria que eu soube-se que ele tinha morrido, mas o meu irmão não lhe fez a vontade, ela até na morte dele foi cruel. Aguentei forte até o ver descer á terra, ai não aguentei e senti que o tinha “perdido”, que não tinha tido um pai, mas um homem que me gerou, e que proporcionou alimento. E um resto cheio de nada...
Hoje estou em paz com ele, gostaria que estivesse comigo, que tivéssemos longas conversas, que me falasse dele, de saber exactamente o que ele pensava de mim, de o conhecer.
Foi o único na família que não me expulsou, nem me condenou por eu ser gay.

Feliz aniversário pai, pelos teus 70 anos de vida, pelo menos na minha memória...

quinta-feira, outubro 27


Quisera roubar-te essas palavras e morrer
Trazer-te assim até ao fim do que eu puder
E começar um dia mais eternamente
Por te rever, só

Pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz
E descobrir o que será de nós
E demorar um dia mais eternamente
Por te rever, só

Quisera a ternura, calmaria azul do mar
O riso o amor o gosto a sal o sol do olhar
E um lugar pra me espraiar eternamente
Por te rever, só

Pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço
Adormecer e abandonar-me de cansaço
Quisera assim perder-me em mim eternamente
Por te rever, só

Tão bom pudesse o tempo parar
E voltar-se a preencher o vazio
É tão duro aprender que na vida
Nada se repete, nada se promete
E é tudo tão fugaz e tão breve

O homem deve ser por carácter virtuoso e generoso.
A tirania, o egoismo e a hipocrisia são virus que o corrompem.
Que homem és tu que ignoras o choro do teu irmão?

Metem nojo os padres soberbos e orgulhosos que se aproveitam e exploram as suas “ovelhas”.
Andam mesmo para ai uns aldrabões a pregar que temos liberdade. Liberdade como?
Se somos pobres e não temos justiça, nem segurança, somos livres como?

Não há liberdade onde há fome e injustiça

quarta-feira, outubro 26


Só cobarde é vingativo.

Não basta teres liberdade, é necessário que te sintas livre. Feliz só o serás quando te sentires livre. E uma vingança, ou um ódio de estimação, não te libertam, aprisionam-te a um sentimento negativo, que só te traz negatividade ao teu coração.

O jovem tem ambição de viver, o velho tem necessidade de recordar. Se odiares, o que vais recordar?
Queres estar preso para o resto da vida a sentimentos negativos?
A ordem sem liberdade é escravidão, não será a verdade a unica coisa fiável nesta vida? Desprezam tanto a verdade?
O homem sincero não é dissimulado, não se acobarda.

terça-feira, outubro 25


Não tenho ramalhetes de poesia para te ofereçer, não encontrarás floreados nas minhas palavras, que te possam inebriar os sentidos.
Não posso dar-te mais!
Só sei que estarei a teu lado, para te ajudar, para te consolar, ou simplesmente para te ouvir.

terça-feira, setembro 27



"Saber como se faz uma coisa é fácil; fazê-la é que é difícil."



Cada vez vejo mais gente que tem opinião formada sobre tudo e sobre nada.

Mas depois quando são chamados a agir, arranjam desculpas e escusam-se a “vergar a mola”.

Tanta teoria até assusta. Mas o que mais me assusta são discursos inflamados, que depois são como os balões que rebentam e nada tem por dentro, senão o vazio do ar.

Não pretendo saber de tudo, mas gosto de saber como obter o conhecimento. E gosto de aprender, como gosto de transmitir os meus conhecimentos, pois não os quero só para mim. Foram dados por outros, devo retransmiti-los, mesmo que não mos peçam.

Não tenho medo de passar o meu conhecimento aos outros, porque o não quero só para mim, e porque estou sempre a aprender coisas novas.

E esse conhecimento não se aprende só nos livros, aprende-se com os outros. E com os mais velhos, que já viveram e tem a experiencia que nós ainda não temos, mas vamos ter.

Nunca tratem mal um idoso, ele já está cá á mais tempo do que tu, muitos prepararam o caminho para que tu cá estejas e vivas, respeita-os e admira-os, os que merecerem a tua admiração.





Os objectos, embora alguns que estimo, nunca me fizerem ter muita pena por os ter perdido. Já as pessoas não são assim. Principalmente as que fizeram “marcas” na tua vida.

E depois vem aquelas que nos fazem sentir maravilhosos, e quando a gente menos espera.

Estou numa fase da minha vida em que me estou a reinventar. Fisicamente e psicologicamente. Estou mais arrojado e confiante em mim. Alguns medos estão a partir, alguns ainda permanecem. Mas sinto-me mais forte.

Não devemos esquecer os mortos, mas são os vivos que nos devem interessar e com quem nós devemos viver. E qualquer um de nós pode passar de um estado para outro, de um momento para o outro.

Por isso não perco as oportunidades de mostrar aos meus amigos que os adoro. Não sei o tempo que vou durar, nem sei o deles. Não tenho nenhuma bola de cristal, e não sou como o Papa que tem o telemóvel de Deus.

Mas muitas vezes retraio-me, geralmente quando estou mais fragilizado, porque já sofri desilusões, e acabo por me proteger de decepções, desta forma.

Mas o meu coração continua aberto a todos os que nele quiserem habitar, e vierem por bem. É um condomínio fechado, de luxo, grande, onde cabe muita gente.

Ah! E aqui não pagam IMI…

segunda-feira, setembro 26


Ontem chorei.
Chorei de emoção e de alegria, ao ver o novo programa da RTP “Portugueses Extraordinários”.
O Quim é um homem que dá de comer á 29 anos a pessoas pobres e/ou sem abrigo, sem lhes perguntar a razão porque precisam. Move pessoas para a causa, e até dá do seu salário para a sua causa.
Quando lhe perguntaram o que lhe apaga a dor que sente ao ver o sofrimento dos outros, ele respondeu “ apagar a dor dos outros”.
A Joana tem 15 anos, e desde os 12 que faz voluntariado. Ajuda os mais pequenos num ATL, os idosos a aprender a ler num lar, e os colegas a ter boas notas.
Diz que muitas vezes se sente impotente, cansada. Mas nunca chora em frente aos outros, para os não desanimar. Quando lhe perguntam se é feliz ela responde “sim sou muito feliz porque posso ajudar os outros”. Ela já consegui que amigos da mesma idade lhe seguissem os passos.
Estes são portugueses extraordinários. Fazem-me ter orgulho no meu povo.
Obrigado Quim e Joana. E outros tantos que fazem o bem pelos outros, sem pedir nada em troca, apenas recompensados pelos sorrisos, por saberem que fazem a diferença, que mudam a vida dos outros, pela bondade, pela humanidade.
Obrigado RTP, por mostrares que podemos ser solidários, e sermos felizes como isso. Que estes exemplos frutifiquem. Estes bons exemplos em tempo de crise são de todo recomendáveis que sirvam de exemplo. Isto é serviço público. Parabéns RTP. Vou continuar a ver, e recomendo que vejam.
Fiquei orgulhoso.


Entretanto o meu folhetim do computador continua.
Pediram-me 180,00€ para por a driver do computador para ligação á internet.
180 EUROS?
Recusei o arranjo, e pedi para me devolverem o computador. A deslocação passou de 20,00 com IVA incluído para 40,00 mais IVA…  E ainda propuseram pagar sem factura para fugir ao IVA!
Combinaram entregar na segunda o computador neste sábado. Ás 18.30 de sexta ligaram a dizer que não podiam entregar no sábado, que iam na sexta á noite. Ora eu tinha-lhes dito que durante a semana chegava a casa muito tarde, por causa do ginásio, do rugby e do voluntariado. Não ia a cerca de uma hora do treino, deixar de ir para receber o computador…
Ou seja vou pagar 50 euros para andarem a passear o computador… Que está neste momento em CASCAIS, sim em CASCAIS. Porque nem sequer são eles a arranjar os computadores, tem subcontratados…
A minha vontade é ir lá e partir o computador no focinho deles.
Querem ganhar tudo de uma vez, são gananciosos, aldrabões e vigaristas.
NUNCA SE METAM COM A TV MARCELO. Se querem ser enganados, força. Por mim não!
Isto é a paga de ser boa pessoa! Sou honesto e só vejo desonestidade…

Por isso bons exemplos dão-me ânimo.
Às vezes dá-me vontade de ter super poderes, para poder castigar esta gente desonesta e vulgar.

sexta-feira, setembro 23


Vivemos hoje a guerra dos horrores:
Guerra, Fome, Miséria, Crueldade, Discriminação, Intolerância, Ódio, Injustiça, Falta de Liberdade.
Eu por mim oponho-me á força. Á força sem razão.
Neste caso um de nós está a mais.

Não se enganem, todo o homem é responsável pelo outro homem.
Se o teu semelhante sofre, tu não podes fechar os olhos, tapar os ouvidos e calar. É tua obrigação agir, não calar.
Já perdi amigos, mas nunca por não ter estado com eles quando eles assim o desejaram. Não sou amigo ausente, sou amigo presente. Mas sem nunca me impor. A pior coisa é impor a nossa presença. Nunca quis estar onde não me quisessem.
Mas já me acompanharam á porta de uma amizade, e eu sai, magoado, triste, mas sai, porque sabia que não era mais ali desejado, e porque não quero ser pesado, principalmente ás pessoas que amo.

O homem que cria mitos, é aquele que não consegue, ou não quer, entender  as coisas. Ou então descobri-las.
Não sou excepção, a morte incomoda-me, não a temo, mas quero que ela venha devagar, sem eu dar por isso, e o mais tarde possível.
Quero viver, continuar a mimar aqueles que amo, conhecer novos amigos, comer boas coisas, ver linda paisagens, ver o mundo. E amar, quero o amor. Quero ser surpreendido, quero fazer coisas tolas, e rir delas. Quero ver os meus cabelos brancos nascerem e quero ver os dos meus amigos também. Quero estar ao pé dos meus amigos quando eles precisarem de mim…

quinta-feira, setembro 22

Hoje em dia há cada vez mais pessoas solitárias, doentes, desafortunadas, sem casa, sem trabalho, sem alegria, sem esperança, perdidos, que ninguém pergunta:
- Estás perdido?
- Queres ajuda?

Tenho uma história de infância brutal para contar, que não é para corações sensíveis. Mas isso não me impediu de ser uma pessoa com bons valores, integra, honesta, decente.
Nesta terra que nós habitamos, há lugar para a felicidade, para a esperança, para a liberdade, para o amor, e flores para todos os gostos.
E há monstros…
E não se distinguem de nós.
Dormem em paz e comem com os amigos, e beijam os que amam.

Porque será que as pessoas pensam que a minha amizade tem uma factura?
Para mim basta-me um sorriso.
E o que é um sorriso?
O que vale um sorriso?
Para mim vale muito, conquista-me, adoro ver uma pessoa sorrir.
Um homem a sorrir é muito sexy.
Os meus amigos a sorrir ainda são mais lindos.
O sorriso é ternura, pode ser embaraço, ou até irónico.
Mas continua a ser lindo.
Quando elogio um amigo, é sinceridade. Porque ele para mim é lindo, porque o adoro, porque me faz sentir bem, porque faz de mim uma pessoa melhor.
Se eu valho alguma coisa, se é que valho, aos meus amigos o devo. Eles é que me dão a energia, a alegria, a vontade de ser boa pessoa.
Eles são o meu mundo, o meu eixo, a minha força motriz.
Sem eles a vida seria muito triste.

quarta-feira, setembro 21


São os meus amigos que dão sentido ao meu mundo.
Gosto deles honestos, objectivos, capazes de consumirem a vida, desenterrarem as verdades, inteligentes, com sentido de humor.
Mas também neuróticos como eu, com defeitos como eu, com os seus problemas iguais ou diferentes dos meus, que chorem no meu ombro, que sintam a necessidade de mim, que sejam dependentes da minha presença.
Como eu sou da deles.
Por isso baixo os meus muros, abro-lhes a porta, porque que quero que eles se deitem e ponham a cabeça no meu colo, para que eu lhes possa afagar a cabeça e enxugar-lhe as lágrimas. E lhes dê um beijo de conforto.

Não se brinca com coisa sérias
Quem disse tal coisa? Eu adoro brincar com coisas sérias, são as quem tem mais piada.
Nesta vida não há garantias. Eu sei disso, desde muito cedo.
Mas serei eu má pessoa por não acreditar em Deus?
Acho que há cada vez menos gente a querer pensar, e ainda por cima com os seus próprios miolos.

Vou-vos dar um conselho (não é um concelho que esses são para os “tachos” dos partidos), eu que até não gosto de os dar sem que mos peçam.
Mas acho que vocês precisam deste, e muito.
Sentem-se num local qualquer da rua e vejam o mundo passar. A vida é feita de pequenas e minúsculas coisas, que entrelaçadas se chama VIDA.
E nós portugueses temos um enorme defeito. Delegamos tudo.

Já fui tímido.
Ser tímido é não gostar de ser objecto de atenção, e da curiosidade activa dos outros.
Continuo a ser sensível ao amor. Não me peçam para ser frio, indiferente.
Admiro toda a gente que se atreva mais do que eu.

terça-feira, setembro 20


Não choro por mim porque estou vivo.
Esta angustia de que me quero libertar, parece que se instalou no meu corpo. Até me dói o pensamento.
Enquanto este corpo estiver vivo de uma coisa tenho certeza, a morte chegará.
Como posso venerar um Deus que me diz que só posso conseguir a vida eterna se o adular?

Como luto todos os dias para não vender a minha alma.
E o resultado disto?
Feridas sangrentas e grandes cicatrizes.
Não tenho nenhuma riqueza a não ser a minha inteligência.
Não me falem de lágrimas, porque de lágrimas eu entendo. Quais são os meus medos?
A solidão?, a dor?, a velhice?, a morte?
Não, é a falta de humanidade, o desprezo pela vida humana, o desrespeito.
Ter coragem é aceitar a derrota. Uma palavra dita muitas vezes perde o sentido?

Sabem qual é a receita para me matarem?
Tirem-me a inteligência, a dignidade, a liberdade, a coragem, a sensibilidade, o carácter, o amor, a justiça, a bondade, o respeito pelo próximo, a humanidade.
Sempre lutei contra as correntes, aquelas que não me agradaram, dos hábitos, dos maus hábitos, e do preconceito.
O que sou ainda não aconteceu, se calhar nem nunca vai acontecer.

Imaginem o deserto.
Agora imaginem o homem como o deserto.

segunda-feira, setembro 19


O homem tem memória fraca.
Depressa se esquece do bem que lhe fazem, e de como os outros são importantes na sua vida.
Porque será que só somos solidários parente uma catástrofe?
Ficamos chocados com as “desgraças” que vemos na televisão, mas depois não vemos, nem notamos, que os que estão á nossa volta sofrem ou que precisam de ajuda, ou simplesmente que alguém os abrace e diga que “vai tudo correr bem”.

O que é que eu preciso para ser feliz?
Afectos, ser amado, ver justiça, ser livre. Ser considerado um homem decente.
Se a verdade fosse tão lucrativa como a mentira, e a sinceridade desse mais proveitos do que a hipocrisia, este mundo estaria mais próximo da humanidade do que está neste momento.
Eu sei que comunicar é difícil, e aceitar a “verdade” dos outros muito mais, mas eu quero saber quem sois, o que desejais.
Conhecer os outros faz-me situar no meu mundo, conhecer-me a mim próprio, através dos outros vejo-me a mim mesmo, vejo os meus limites e as minhas capacidades.
Não posso esperar receber sem dar, e como não tenho muito para dar, dou o que tenho. Tudo o que tenho, e nada tenho, é das pessoas que eu amo, que são os meus amigos.
Como tenho saudades de outra mão na minha mão…

É bom desconfiar do que se vê, ou julga ver.
Nunca é bom tomar partido só se ouvindo uma parte.
Continuo a ser o mesmo, mas sem ser o mesmo, já não sendo o mesmo. Sinto que me danifiquei .  Acreditei que a amizade conseguia superar todas as dificuldades. Enganei-me.
Sei agora que não me posso dar, como me dou, que isso só me leva á magoa, e como não gosto de sofrer, tenho de proteger.
Penso cada vez mais que devia deixar de falar, para dar mais silêncio ao mundo, e sossegar mais aqueles que inquieto.
Não tenho “brilho”, não sou nenhum “gajo bom como o milho”, não sou nenhum “Einstein”, mas continuo a fazer a barba ao espelho, e a olhar para mim sem vergonha.
Será que sou apenas uma anedota?


segunda-feira, setembro 12

De regresso a casa depois de um fim-de-semana no Porto.

Parti no Intercidades às 15.42 da Gare do Oriente rumo á invicta, sentado ao lado de um homem gordo que só comia, e nem cabia no seu lugar. O que vale é que a viagem dura apenas 3 horas, e eu lá fui a ler o meu livro e a escrever.
Cheguei ao Porto ás 18.40, á estação da Campanhã, renovada e fui apanhar o metro do Porto (que andei pela primeira vez, pois quando fui a ultima vez ao Porto ainda estava a ser construído), para a estação do Bolhão. Parecem os nossos eléctricos da Carris da carreira n.º 15 para Belém, e só no centro da cidade andam debaixo do chão. No entanto são rápidos e eficientes. Adorei a estação do Campo 24 de Agosto que tem dentro umas ruínas encontradas aquando das obras e que foram incorporadas nelas, uma feliz ideia.

Fiquei hospedado na Residencial Bela Star, pois a do Porto Novo estava cheia e são do mesmo dono.
Deixei a mala no quarto e foi jantar, pois nem sequer tinha almoçado, ao restaurante Casa da Ria, onde fica o Bears Cave, conheci o Paulo e o companheiro e jantei um bacalhau frito com uma bela garrafa de verde de Marco de Canaveses, rematado com um belo pudim caseiro delicioso. Fiquei logo atestado.
Sai para apanhar ar depois desta farta refeição e fui até á Ribeira. Fiquei emocionado ao reencontrar-me com ela. Sempre amei esta local e de noite ainda tem mais encanto, com Gaia tão perto que aparece que se esticarmos o braço podemos tocar-lhe, nem consigo descrever a emoção que senti, mas também a tristeza por não ter ninguém com quem partilhar esta emoção. Sim estou sozinho, cada vez mais sozinho, mas tenho de entender, a minha cabeça tem de entender que tem de ser assim, que a minha vida poderá ter de ser seguir sozinho.
Depois fui ao Bears Cave, realmente uma caverna (lol), beber uma cerveja, mas devido á pouca afluência de ursos (tem quarto escuro e tudo), á uma sai e fui ver a zona de diversão dos tripeiros.
Descobri o Café Lusitano, sala bem gira, antiga, empregados simpáticos, boa musica (dancei sozinho até me fartar). Muita bicha pão e ovo, mas também gente interessante, mas todos muito “atados”.
Deitei-me perto das 5 da manhã, mas ás 10 de Sábado já estava de pé para ir matar saudades da cidade.
Tomado o pequeno-almoço nos Aliados (Bôla e galão) e comprados os bilhetes (de comboio para voltar e o passe para andar nos transportes), lá andei á deriva na cidade (sempre confusa), mas não vi muito pois chovia a cântaros. Para minha tristeza descobri que a Casa de Pão de Ló Margardirense, onde esperava compra a geleia de marmelo que me ficou na memória, foi fechada pela ASAE!!!!!
Depois foi voltar ao quarto, pegar no material da ILGA e ir para a sauna, onde deixei material, e visitei e fui jantar ao Bears Cave.
Comi uma francesinha ENORME, fantástica. Soube-me pela vida. Tive de beber duas águas com gás, pois fiquei prestes a rebentar LOL.
Depois de mais uma visita á caverna, fui á luta, distribuir material da ILGA e falar com os responsáveis.
Muitos dos locais que vem no Portugal Gay estão fechados, o que me valeu muitos “passeio á senhora da asneira”. Mas os que visitei receberam-me bem e aceitaram o material, falhei-lhes da linha LGBT e do que ela faz, ninguém sabia da sua existência, e reparei (no Lusitano, onde acabei a noite), que as pessoas repararam e leram o material.

Cansado fui para a caminha ás 2, pois ás 9.30 tinha de estar de pé para não perder o comboio.

Vim já cheio de saudades, mas contente por ver outra vez a cidade, e com vontade de voltar o mais depressa possível.
Agradeço ao Paulo a boa recepção, a excelente comida (mesmo muito boa), e a todos os que me receberam e ouviram.
E homens do Norte, soltem-se mais (e não tou a dizer para soltarem gases), só com olhares não vão lá.

PS: Sexta cheguei ao Porto com uma t-shirt a dizer “Looking for sex”, que usei durante a noite. As pessoas sentiram-se “desconfortáveis e intimidades”, e ainda ouvi comentários na rua.
Eu posso falar de “cavalinho”, pois adoro o Porto e a sua gente, nunca escondi que sou Alfacinha com orgulho, e sempre fui muito acarinhado pelos Tripeiros, pois nunca os tratei com manias de grandeza pois não me considero maior do que ninguém.
Mas bolas, em Lisboa á mais abertura, somos mais liberais. Não digo que percam a vossa identidade, que vos faz únicos e autênticos, por isso vos amo e respeito, mas um pouco mais de garra, de abertura, só vos torna melhores. Venham á noite gay de Lisboa e vejam a diferença de atitudes.

sexta-feira, setembro 2


Faz hoje uma semana que me disseram o seguinte: “Afinal enganei-me a teu respeito, tu és um tipo decente”.

Nunca ninguém me definiu tão bem. Realmente revejo-me como um tipo decente.
Mas estará o mundo preparado para tipos decentes?

Sempre na minha vida tentei ser o mais correcto possível, o mais honesto possível, ter a moral e os princípios certos, que para mim são aqueles que tem a ver com a bondade, a liberdade, a igualdade, enfim os valores que devem ser os humanos.
Até agora não me convenceram de que existem outros melhores, (continuo á espera que me provem que existem outros melhores do que estes), e por isso tento reger a minha vida por estes.
Mas parece que assusto as pessoas, que lhes peço algo de impossível. Ou me julgam arrogante e presunçoso, ou então fogem de mim, como se eu viesse de outro planeta e tivesse uma doença mortal e contagiosa.

Pedem-me que seja mais moderado na minha maneira de mostrar os meus sentimentos, como se isso fosse uma atitude negativa e prejudicial, como se fosse uma afronta. Afastam-se de mim ou melhor, ignoram-me. Acham que eu estou a colocar-lhes uma fasquia alta, mas não é a eles que eu coloco a fasquia alta, é a mim.
Se há uma coisa na vida que aprendi foi a dar muito de mim, e a esperar pouco dos outros. Evita-me muito sofrimento e muitas dores de cabeça.
Não pretendo ser a vida dos outros, só quero ser a melhor parte, a boa parte.
Se não entendem isso, perdoem-me. Ou eu não me sei explicar (e por isso digo que não sou muito inteligente), ou então ando errado, mas não vejo dos outros qualquer explicação que me convença disso, bons argumentos que me levem a mudar de ideias.
Deve haver outra maneira de me salvar, senão estou perdido…

Mas não pensem que sou um gajo triste e derrotado, bem pelo contrário. O facto de eu expressar as minhas dores de alma, não significa que me deixe levar por elas.
Já passei por muita merda, e sempre consegui brilhar. Ao contrário do meu irmão, que teve a mesma infância infeliz de falta de amor e carinho, e com porrada e torturas, eu não me tornei, como ele, uma pessoa dissimulada, rancorosa, má, egoísta. Tornei-me um bom ser humano, bondoso, corajoso, afável.
Mas não me faltem ao respeito, que isso eu não admito, a ninguém…

Se não me compreendem, ou se vos assusto, tenho pena. Não quero por nada fazê-lo. Mas também não quero deixar de ser quem sou, de acreditar nos meus valores, que continuo á espera que me dêem outros melhores, a agir conforme o meu coração.
Sei que sou boa pessoa, sei que sou um tipo decente. Quero sê-lo. Não quero ser algo que não sou, só para sossegar os inquietos. Eu sou assim, se me quiserem amar, eu estou aqui inteiro, integro, sou todo vosso, serei o vosso amigo, o vosso companheiro, se não, desejo-vos que encontrem o vosso caminho para a felicidade. Se não vos faço falta, se não me querem nas vossas vidas, não serei eu que me vou impingir.
Se eu vos amo por aquilo que vós sois, amem-me por aquilo que sou, com todas as qualidades que tenho (e são boas) e com todos os defeitos que tenho (que são poucos).
Quero relacionar-me com as pessoas sem muros, ser descarado, rir e chorar com elas, ser autêntico. Todas as outras formas fazem de mim prisioneiro, e eu amo demasiado a liberdade para me prender, para ficar cativo de sentimentos que me são estranhos e aberrantes.

Sei que me vou magoar, mas irei sê-lo de qualquer forma, a vida não é um piquenique.
E para tipos decentes não é de certeza.