terça-feira, dezembro 18


Se o mundo fosse melhor, eu seria mais feliz.
Ser me tratassem melhor, eu seria mais feliz.
Se eu fosse um homem bonito, eu seria mais feliz.
Se eu tivesse mais aptidões, eu seria mais feliz.
Se eu não tivesse tido a infância e adolescência que tive, eu seria mais feliz.
Um simples se pode significar muito, por vezes condicionar uma vida inteira.

Dar tempo ao tempo, e esquecer o passado, é por vezes necessário para seguir em frente, porque é difícil lidar com o sofrimento, ultrapassar dificuldades.
Claro que quando as coisas se passam connosco, a perspectiva das coisas muda radicalmente, dar conselhos aos outros é fácil, seguirmo-nos nós mesmos é complicado.
A perfeição é uma ilusão, não existe.
Ser perfeccionista é bom, mas em excesso (como toso os excessos) é pernicioso. Achar que o mundo se deve comportar pelos nossos padrões é um erro, e uma utopia.

Nunca me vi como um líder, não o sonho ser.
Nunca fui o estereótipo do homem macho heterossexual, mas também não sou o do homossexual que muitos inventaram na cabecinha deles.
Hoje mesmo o homem mais macho cuida do seu visual. Em 30 anos tudo mudou radicalmente, na minha adolescência era olhado de lado por me vestir fora dos padrões, hoje quem me criticou usa coisas que eu sendo gay jamais usaria…
O meu código genético não foi lá grande coisa, não tive sorte, mas lá me vou aguentando. Mas a personalidade e o carácter esses não dependem dos genes, depende de mim, das minhas escolhas.
Obviamente que não correspondi ao ideal que a minha família e a sociedade fazia de mim. A coragem de sermos nós mesmos tem um preço, que por vezes é a rejeição daqueles que deviam nos amar acima dos outros.

Ser frágil não é renunciar ás coisas que nos fazem mal, é rejeitar as que nos fazem bem. Prefiro perguntar “quem sou eu? do que “quem escolhe por mim?”.
Ser verdadeiro comigo próprio e consequentemente com os outros não é tarefa fácil. Mas nunca sofri de um ego insuflado, bem pelo contrário.
Os meus amigos julgam-me sempre mais do que aquilo que penso de mim. O que eu vejo em mim como defeitos, ou apenas coisas banais, ele vêem como qualidades em mim. E fico por vezes atarantado com isso.
Nunca tive presunções de superioridade, por isso não sou arrogante.
Se somos o que herdámos da nossa família eu devo ter sido trocado á nascença. A falta de afectos, valores, a desunião, a sacanice, a maldade e a desonestidade não me ficaram no ADN.
No fim acho que sou tão burro que não aprendi nada com eles…

segunda-feira, dezembro 17


A paz mora no coração.
Uma criança escreveu “a paz é dizer desculpa por eu ter feito mal e agora vamos ser amigos”. Não suspeita que isso é mentira. A paz mora no céu, muitos acreditam, mas ela mora em todos nós.
Só os inconscientes e tolos não tem medo de nada. Lidar com eles é aceitar, enfrentá-los e lutar contra eles é crescer. Eu sei do que falo.

Tento viver com o que tenho, o que nem sempre é fácil (nunca é quase sempre fácil) ser fiel á minha consciência, foi uma das maiores conquistas que tive na vida.
Admiro e respeito, as pessoas que se mantêm firmes no seu propósito de serem fiéis ao seu carácter bom, honesto e generoso, delicados e educados.
Porque será que as pessoas não dizem tudo?
Em crianças vendem-nos as histórias de Cindarelas que fazem sonhar que se pode ser feliz para sempre. Mas isso é mentira.

Saber ouvir é uma arte e requer paciência, por vezes muita paciência. Ouvir com respeito aquilo que nos dizem, prestar atenção, é saber ouvir. E isso implica disponibilidade e esforço e paciência e por vezes cansa. E implica por vezes silêncio e contenção da nossa parte.
A maioria das pessoas está na nossa vida para nos atrapalhar a existência. A aceitação de que as nossas virtudes, defeitos, escolhas, e atitudes são alvo de escrutínio alheio sempre, depende da nossa capacidade de dar ou não demasiada importância á avaliação alheia. Vivi muitos anos vergado a isso, vivia na tentativa de ser aceite pelos outros, a começar pela minha família mais chegada, a começar pela minha mãe que na sua maldade se entretinha a maltratar-me e a humilhar-me.

Compete-me a mim vigiar a vida dos que amo, não por causa dos meus códigos de conduta, mas porque tento sempre estar pronto e disponível para eles. É minha obrigação como amigo e como ser humano, sei que poucos são como eu, mas existem, e é bom que sejam cada vez mais.
Defendo acima de qualquer valor (excepto o da vida e da humanidade), a liberdade (embora estejam ligadas), mas isso não entra em contradição com a minha iniciativa de aconselhar os outros a seguir os valores que defendo.
Ajudar os outros, mesmo sem os conhecer, é um empenho no que de melhor a humanidade tem. Eu tenho esse empenho…

sábado, dezembro 15


Ser vítima cansa.
A mim cansou-me.

Segundo a Lei de Murphy, quando tudo tem de corre mal, corre mal. Contesto, viamente!
Não me é fácil não irritar, e hoje tudo se conjugou para isso. Optei por não pensar que é hoje é sexta-feira, a semana passou sem eu dar por isso, hoje vou sair, ver os meus companheiros de rugby, amanhã vou ter um jantar com eles, talvez dançar, talvez algum sexo (ou muito que eu sou excessivo) e do bom espero. Ou seja opto por não desperdiçar o essencial.
E no fim sou um privilegiado, pois tenho amigos fabulosos, sou amado e respeitado por eles. Tenho recebido demonstrações de afecto, mesmo de pessoas que me achavam detestável, e no fim penso que fui eu que os venci, provei-lhes que afinal era um tipo porreiro, um bom ser humano, que podiam confiar.

Sei de coisas da vida de pessoas que penso que mais ninguém sabe, porque eles sabem que eu sou de confiança. Se me dizem um segredo, é exactamente isso. Ser uma pessoa de confiança é isso mesmo. Se te comprometes a guardar uma coisa só para ti, é para cumprir. Sempre!
Na verdade eu confio em poucas pessoas, mas muitos confiam em mim, e eu faço todos os esforços por merecer essa confiança, mesmo daqueles que por vezes duvido que mereçam.
Quando digo o que penso e sinto de uma pessoa, sei que por vezes possa soar mal ou lamechas, mas bolas, tenho um par de testículos, sou homem, ou assumo o que sinto e o que sou, ou então sou cobarde.
Sou um ser emotivo, ser afectivo não me assusta nada, o contrário sim. O meu abraço é sempre sincero, aceitá-lo ou não depende do outro, eu estou disposto a dá-lo!

O amor e o ódio são opções do coração, o meu não tem espaço para o segundo.
Apostar em não ser vencido, e ter coragem de não desistir, é difícil, mas não impossível.
Vale sempre a pena viver, porque nada substitui a vida.

domingo, dezembro 9

Para mim, como penso que para quase todos que trabalham de segunda a sexta, os domingos de tarde são sempre uma autentica neura.
Eu ocupo-me quase sempre com tempo para mim, para pensar, para escrever, para por assuntos da casa em ordem, sem stress.

Tenho sempre a tendência para achar que o que faço e digo não tem lá muita importância, que a maioria das pessoas são muito mais interessantes do que
eu. Aprendi a dar importância aos pequenos detalhes, a ser gentil e educado, a tentar sempre dar o meu melhor e a superar-me. Mas também aprendi que deve ser sempre humilde, a tentar manter os seus pés bem assentes no chão, a não sonhar demasiado, a aceitar que o homem é intrinsecamente mau, e que é preciso ensinar a bondade.
E depois sou bom ouvinte, e na generalidade as pessoas adoram falar do seu umbigo.

A falta da atenção com os outros, agridem-me e aflige-me, a maioria das pessoas vive como se só tivesse direitos, e não tivesse deveres.
A maioria das pessoas tenta dar uma imagem de que são mais felizes do que realmente são, e depois tornam-se decepções para os outros.
O tempo (demasiado) que levamos a pensar em nós próprios, não sobra para pensar nos outros, e depois quando precisamos deles, eles não estão lá.
A amizade não deve ser vista com um sentido egoísta, mas mais como um investimento em nós, e investir nos outros, fazê-los felizes, é investir em nós, criar riqueza em nós.
Os piores pecados são a arrogância, a soberba, a desumanidade, o egoísmo, o egocentrismo, a falta de solidariedade, a vaidade.

Mas mantêm o sorriso, estúpido, mantêm-no…