quarta-feira, junho 19

Neste momento sinto um grande orgulho e respeito pelo povo brasileiro, e pelas suas demonstrações de civismo.

Ingénuos são aqueles que pensam que com demonstrações “pacíficas”, ou com o alheamento do seu papel cívico, como votar nas eleições ou participar na gestão democrática, vão resolver os seus problemas.
Os ricos, poderosos e a classe politica, apoiada e protegida pelo poder militar e policial, não vão resolver os problemas dos pobres, com a bênção das igrejas/religiões. É o povo, o pobre, ou seja a maioria, que tem de tomar as rédeas do jogo. Para eles nós somos carne para picar, força de trabalho para explorar, e mandar para o lixo quando não necessitam de nós.

Quem me conhece sabe que sou um tipo afável e assertivo, mas não posso ficar indiferente ao sofrimento dos outros. Não me peçam para ser pacífico, ou para condenar a violência, quando se lida com pessoas que não respeitam a dignidade dos outros.
A polícia e o exército protegem-nos como se eles próprios fossem uma classe privilegiada, e só se viram contra o poder quando são atingidos nas suas benesses e revindicações. A história prova isso, basta-nos lembrar do 25 de Abril ou da famosa manifestação dos “secos e molhados” em plena “era Cavaco”.

E depois temos os “iluminados” do costume que dão bitaites pelo que ouvem, geralmente descontextualizado, na rua, pelos outros broncos ou na TV, entalados entre um Big Brother e um jogo de futebol, num chorrilho de alarvidades por aquelas bocas fora. Criticam e julgam tudo e todos pelas suas cabecinhas podres de ideias e inteligência.

Se os portugueses já tivessem feito o que os nossos irmãos brasileiros estão a fazer agora, talvez os nossos governos desde Cavaco, Guterres, Barroso, Santana, Sócrates e Passos/Portas tivessem tido mais juízo e medo. Porque é preciso incutir-lhes medo, pois eles é isso que fazem ao povo, provocar-lhes medo.

E a igreja católica sempre conivente com esta situação de exploração…

domingo, junho 16

Dizem que a família está em crise.
E está.
Mas não é culpa dos gays, ou de comportamentos “desviantes” de qualquer cidadão.
A família está em crise por causa da excessiva carga de trabalho a que somos sujeitos.
Como querem que as famílias sejam funcionais, se os pais não tem tempo para educar os filhos, nem paciência e forças para lhes dar atenção e afectos.
Como pode um pai ou uma mãe ter tempo de qualidade com os seus filhos se chegam a casa tarde, cansados, fartos de serem maltratados no emprego, por vezes sem fins-de-semana, nem férias. Como podem os filhos terem bons exemplos em pais que estão demasiado cansados para se amarem?

Para se amar é preciso ter tempo, e hoje o que há mais é falta de tempo.
Não ter tempo para os filhos é o mesmo que o abandono. Abandono á sua sorte, criados pela escola, pelas companhias, pelos lugares que frequentam, e pior do que tudo, pela TV e pala Internet.
E os exemplos de comportamento pela violência estão á mão de semear, desde os videojogos, ás séries, acabando no You Tube.
E tudo parece natural.
Mas não é!

Uma das coisas que mais me irrita, é que por vezes aprendemos duras verdades que não nos servem para nada.

É espantoso que com tamanha evolução tecnológica, continuamos a retroceder a nível humano!

quarta-feira, junho 12

O facto de alguém me pedir perdão, e mesmo o facto de eu o perdoar, não me faz esquecer uma ofensa.
Hoje em dia mentir é tão banal que já parece uma obrigação. E a impunidade é geral e gritante. E a história não lhes pede contas.
E o pior é que a mentira não é o único vício da sociedade.

Não sei se sou sábio, mas sou prudente em relação ás pessoas. E não sou indiferente ás minhas considerações de ordem moral.
Numa sociedade em que a justiça está pelas ruas da amargura, o melhor é não ter muitas esperanças.

Não saber virar páginas de vida é muito pernicioso. Continuamos como sempre a apreender, e sempre fui muito desconfiado com as aparências.
Segundo o artigo 12 da Carta dos Direitos Humanos, “ninguém sofrerá intrusões arbitrárias na sua vida, na sua família ou na sua correspondência, nem ataques á sua honra e reputação”. Honra, dignidade e reputação são hoje palavras gastas e vãs. E desrespeitam-nos de forma humilhante.
A questão do poder é um caso mais do que gritante de como se pode descer baixo a nível humano. Chega a ser perverso o tamanho do cinismo com que os que o detêm de se auto-elogiar, e nos quererem convencer que lá chegaram por mérito próprio.

Sabemos que a esmagadora maioria das vezes tal não acontece, o poder é obtido sujando as mãos, sem quaisquer escrúpulos ou remorsos pela maneira vil e desumana como se chega lá. Lá chegados criam uma história de falsa santidade e honra, superioridade que passa de geração em geração, como se o carácter estivesse no ADN, num perpetuador pornográfico das benesses obtidas.
E o poder hoje está na economia, nos grandes grupos económicos, são eles que financiam políticos e politicas, e os premeiam depois de saírem dos cargos, com lugares vitalícios e com remunerações altas, em paga do tráfico de influencias efectuado, em prejuízo do povo que os elegeu.
E claro que sem justiça, a gritante desigualdade e falta de protecção aos mais fracos é perpetuada.

Pedem-me esperança e paciência por dias melhores.
A paciência nunca fez revoluções, nem mudou as coisas e mentalidades.
Sou impaciente, e numa altura em que os pobres sofrem, e são cada vez em maior numero, e os ricos cada vez ficam mais ricos e soberbos, fico sem esperança, que em nada me serve quando estou cansado de ser explorado e com fome.
Estes políticos e estes senhores do dinheiro não sabem o que é ter fome.


Eu por mim pago caro as minhas ilusões…

terça-feira, junho 11

Fisicamente somos um espaço, mas mentalmente somos memórias e ideias.
Memórias do que vivemos, do que aprendemos com essas vivências.

De criança abusada, passei a adolescente tímido e inseguro, a homem orgulhoso por ter vencido muitas batalhas.
Vim de uma família abastada, mas sempre vivi pobre de recursos, principalmente afectivos, mas aprendi a ser rico de sentimentos e afectos, de honra e coragem. Aprendi com os grandes.

E Lisboa foi minha mãe, aprendi muito a percorrer suas ruas.
Tal como a maioria dos portugueses, árabe e judeu, cristão e negro, e de tantas raças e credos que passaram por este território, sou mestiço, todos somos.
Não temos raça, por isso somos capazes de navegar e colonizar o mundo, e não conquistar. Porque sabíamos, sabemos, misturar. E sendo conservadores, gostamos de descobrir algo novo, somos curiosos, e adaptamo-nos, sempre com saudade do que é verdadeiramente nosso, português.
Por isso estranho que grande parte dos turistas que nos visitam, insistam em comer o que comem nos seus países.

Um dos prazeres em viajar é descobrir e vivenciar nova experiências, incluindo a gastronomia. Que piada tem ir a um lugar e comer o que se come lá em casa? Gastronomia também é a cultura de um povo.
E as minhas memórias estão povoadas de cheiros e sabores diferentes, e quanto mais, mais a minha memória fica rica deles.


Esta capacidade dos portugueses enriquecerem as coisas, fruto da nossa maneira de ser, é que faz a nossa riqueza, que faz de nós um povo especial único no mundo, dócil e lutador mas que nos faz sobreviver neste rectângulo á beira-mar plantado, há mais de 800 anos, e pelo mundo fora desde o século XV.

domingo, junho 9

A maioria das pessoas acha um tipo calmo, organizado e paciente.
Só vos digo cuidado com a ira dos calmos e dos justos.

Sou um apaixonado pelo meu país, o meu pequeno grande Portugal, pelo meu povo que é único neste mundo cada vez mais igual, mas especialmente (e perdoem-me a modéstia), a minha amada Lisboa, minha cidade berço e onde me fiz homem.
Agora que trabalho na hotelaria, tenho a noção do que outros sentem e vêem na minha cidade, das suas baixas expectativas com que chegam, e de como vão maravilhados com a experiência de (geralmente) poucos dias de permanência, e a vontade de voltar com mais tempo.
Geralmente indico os locais a visitar e a sua história (nada como uma boa história, simples e curta, mas apimentada), apontar pequenos tesouros da minha perspectiva de alfacinha.
Indico o que acho essencial visitar (na minha modesta opinião).

A Baixa pombalina com a sua história, desde o terramoto de 1755, Alfama (começando pela velhinha Sé), o Castelo (desaconselho o pagamento de um bilhete caro para um monumento meio falso, a Graça ou a Senhora do Monte substituem a vista e são de graça), Belém (com o seu mosteiro e os seus túmulos ilustres, a torre com o mesmo conselho dado sobre o castelo, e os pasteis aconselhando a comerem-nos nas mesas porque vêem directamente da cozinha e mais “fresquinhos” e não abafados naqueles cartuxos), o oceanário, o Museu de Arte Antiga (a maior colecção de arte antes do século XIX), o Calouste Gulbenkian (e quem foi o homem), o do azulejo (com a magnifica igreja), a Igreja de São Roque (um dos poucos monumentos que resistiram ao terramoto de 1755), a Basílica da Estrela (e o seu presépio do século XVIII), o Bairro Alto (e a sua “movida”), o Principe Real (e a sua vida nocturna), a famosa Ginginha, os eléctricos e elevadores, e mais algumas coisas, consoante a curiosidade.
Ah e as festas, Santo António incluído.

Depois para quem quiser, os arredores da cidade. Sintra (atenção ás queijadas, a Cascais (e a bonita viagem de comboio), a margem sul (o peixe, a vista sobre Lisboa, as praias com o seu típico comboio), Setúbal (a baia dos golfinhos, o peixe, a serra, o queijo de Azeitão).
Quem tem mais tempo e disponibilidade, e vai viajar fora de Lisboa, o Porto (os seus monumentos e a comida), Coimbra (monumentos e os pasteis de Tentúgal), Évora (difícil destacar algo em cidade tão recheada de encantos), Alcobaça (e a história de Pedro e Inês acompanhada por um frango na púcara), Batalha (e a sua Aljubarrota), Tomar (do convento á sinagoga), o Douro (o rio e o vinho), o Algarve (nem só de praias vive a região), Santarém (o gótico e Pedro Alvares Cabral, e a sopa).
Depois como a conversa é como as cerejas, as aldeias históricas, a gastronomia (que adoram), as tradições, a história e as curiosidades.

Quanto a locais para comer, só os que frequento e asseguro serem bons, não recomendo o que não escolho para mim.

Resultado disto, um orgulho em falar daquilo que gosto, do que amo, do que me enche a lama e o coração quando a força me falta. Um país com uma história de quase 9 séculos, e com as mais velhas fronteiras do mundo.
E ser patriota é amar o meu país, o meu povo.
Não sou nacionalista, Portugal é o que é porque soube incorporar os outros, as diversas culturas, os povos que vieram e os que ficaram, e foi ao encontro dos outros.
Nós não somos uma raça, somos a raça, a raça humana, a mistura, o aperfeiçoamento dessa mistura, o melhor dela.
Faço pelo meu povo o que acho que devo. Colocá-lo no topo.
A mais não sou obrigado, porque não o faço como obrigação, mas como um dever.

E viva Portugal e os portugueses.

(E vejam de são mais orgulhosos em o serem, e transformem o 10 de Junho no maior feriado deste belo país, vistam as nossa cores por Portugal e não pela selecção de futebol)

terça-feira, junho 4

Todos sabem (os que me conhecem) que não morro de amores pelo futebol.
Mas não sou insensível ao fenómeno (também com o massacre que levamos não o podia ser), para o bem e para o mal.
È um desporto que move milhões, tanto no aspecto monetário como no humano.
E traz-nos por vezes surpresas.
Eu que fui contra a realização do Euro 2004 (que nos deixou com mais dividas e estádios milionários e ás moscas actualmente, endividando mais o país), não deixo de ver que contribuiu para uma (boa) imagem de Portugal além fronteiras que até então estava na dependência dos Descobrimentos e da Expo 98.
E especialmente no Brasil. Por exemplo a pátria irmã descobriu que poucas mulheres portuguesas usavam bigode.

Claro que o futebol na sua pureza é um desporto, mágico como todos os desportos, e desperta paixões, mas no futebol a pureza e a sua inocência perderam-se há muito! E o “desporto rei” é o maior exemplo de tudo o que não deve ser o prazer de praticar um desporto.
Ao contrário do rugby, no futebol digerem-se mal as derrotas, começando nos presidentes, treinadores e acabando nos adeptos. Estranhamente são os jogadores, os protagonistas, que melhor as digerem.
O futebol hoje serve para tudo (mesmo para lavagem de dinheiro), menos para o que devia servir. Ambições, politiquices, negócios obscuros, ascensão social, enfim vale tudo.
E depois acicatam-se ódios e guerras desnecessárias, violência (que já acabou em mortes) e vandalismos cegos e imbecis. Parecem bandos de grunhos á solta. Parecem pedrados (o que não me estranha em pessoas que tem calhaus no lugar de cérebros). Quando se fala de futebol as pessoas endoidecem, ficam alienadas, doidas do juízo, fanáticas.


Embora seja nos outros desportos que fiquemos em primeiros lugares e nos dão troféus e medalhas…

sábado, junho 1

O mundo não anda perdido, anda estúpido!

Assustam-me esta gente que tem explicação para tudo, parecem uma Wikipédia, o que já de si é mau.
Em nome da inclusão permite-se tudo e mais alguma coisa aos vândalos, justificando-se com a liberdade de expressão.
Eu também gostaria de ter a liberdade de me expressar, desatando a esbofetear muita gente estúpida, mas não devo.
Esta coisa de que não há maus rapazes é treta. As pessoas são intrinsecamente más, a bondade aprende-se.

Basta estar atento para não ver tudo a preto e branco.
Se os portugueses não são racistas, não podemos negar e esconder que existe racismo em Portugal. Mas nossas antigas “colónias” (hoje politicamente correcto dizer países de língua portuguesa), não teem lá muita moral para nos dar lições de cidadania e democracia. Basta lembra as atrocidades que foram cometidas em Africa em nome da superioridade étnica, ou um Brasil homofobo, racista e machista.
Para mim a discriminação é um erro. Sempre aprendi e evolui como ser humano contactando com a diferença e aprendendo com ela, tenho amigos de varias nacionalidade e vejo-os todos como irmãos, porque os amigos são para ser tratados como família.

E o grande problema disto tudo é a falta de ética, que é superada e aniquilada pela necessidade.

Irrita-me a falta de cuidado com os outros e as faltas de respeito.