quarta-feira, junho 12

O facto de alguém me pedir perdão, e mesmo o facto de eu o perdoar, não me faz esquecer uma ofensa.
Hoje em dia mentir é tão banal que já parece uma obrigação. E a impunidade é geral e gritante. E a história não lhes pede contas.
E o pior é que a mentira não é o único vício da sociedade.

Não sei se sou sábio, mas sou prudente em relação ás pessoas. E não sou indiferente ás minhas considerações de ordem moral.
Numa sociedade em que a justiça está pelas ruas da amargura, o melhor é não ter muitas esperanças.

Não saber virar páginas de vida é muito pernicioso. Continuamos como sempre a apreender, e sempre fui muito desconfiado com as aparências.
Segundo o artigo 12 da Carta dos Direitos Humanos, “ninguém sofrerá intrusões arbitrárias na sua vida, na sua família ou na sua correspondência, nem ataques á sua honra e reputação”. Honra, dignidade e reputação são hoje palavras gastas e vãs. E desrespeitam-nos de forma humilhante.
A questão do poder é um caso mais do que gritante de como se pode descer baixo a nível humano. Chega a ser perverso o tamanho do cinismo com que os que o detêm de se auto-elogiar, e nos quererem convencer que lá chegaram por mérito próprio.

Sabemos que a esmagadora maioria das vezes tal não acontece, o poder é obtido sujando as mãos, sem quaisquer escrúpulos ou remorsos pela maneira vil e desumana como se chega lá. Lá chegados criam uma história de falsa santidade e honra, superioridade que passa de geração em geração, como se o carácter estivesse no ADN, num perpetuador pornográfico das benesses obtidas.
E o poder hoje está na economia, nos grandes grupos económicos, são eles que financiam políticos e politicas, e os premeiam depois de saírem dos cargos, com lugares vitalícios e com remunerações altas, em paga do tráfico de influencias efectuado, em prejuízo do povo que os elegeu.
E claro que sem justiça, a gritante desigualdade e falta de protecção aos mais fracos é perpetuada.

Pedem-me esperança e paciência por dias melhores.
A paciência nunca fez revoluções, nem mudou as coisas e mentalidades.
Sou impaciente, e numa altura em que os pobres sofrem, e são cada vez em maior numero, e os ricos cada vez ficam mais ricos e soberbos, fico sem esperança, que em nada me serve quando estou cansado de ser explorado e com fome.
Estes políticos e estes senhores do dinheiro não sabem o que é ter fome.


Eu por mim pago caro as minhas ilusões…

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