segunda-feira, novembro 25

O provincianismo.
Nada pior do que o provincianismo.

Um labrego a armar-se em citadino é um triste espectáculo.
Mas qual é o complexo de inferioridade em se ter nascido fora da capital?
É algum estigma?
E os provincianos de Lisboa? Acham que Portugal é Lisboa e o resto paisagem? Que só são cultos os que vivem na capital?

Lisboa é apenas a capital deste belo país, o que já de si é muito, mas o que seria Lisboa sem o resto do país!
E depois que raio de mania esta de fazerem comparações? As entre Lisboa e o Porto são clássicas e disparatadas, e sempre infelizes. Como se pode comparar As Valquírias do Wagner com o Mosteiro de Alcobaça? Não se pode, são coisas diferentes e igualmente belas.
Depois as comparações com o “lá de fora”… Lá de fora de onde? Do Cérbero atrofiado deles? E nisto de provincianismo há para todos os gostos. È como ir á secção de iogurtes de um hipermercado.

Cada um é do lugar onde nasceu, e onde cresceu, os lugares influenciam as pessoas, como a sua cultura.
Eu adoro chanfana, queijo de cabra, enchidos e castanhas porque passei os meus verões de infância na serra do Açor e da Lousã, adoro montanhas e rios pela mesma razão. Sou cosmopolita, gosto de sardinhas assadas, do santo António, de fado, de ginjinha, de pastéis de Belém, de eléctricos porque nasci e fui criado em Lisboa.
Mas também gosto de francesinhas e rojões com tripa enfarinhada, e da torre dos Clérigos, dumas boas migas alentejanas, dum queijo da serra e do rabaçal, duma posta á mirandesa, da sé de Coimbra, do porco perto alentejano, e muito mais…

Renegar a nossa cultura, tanto a portuguesa como a da nossa localidade, é renegar-nos a nós mesmos. Se se têm sotaque que se o fale, e se assuma com orgulho.
Eu amo a minha cidade, mas também o meu pais, o meu povo, a minha cultura, a minha língua.

Isto não é o Vaticano.

Sem comentários: