terça-feira, dezembro 18


Se o mundo fosse melhor, eu seria mais feliz.
Ser me tratassem melhor, eu seria mais feliz.
Se eu fosse um homem bonito, eu seria mais feliz.
Se eu tivesse mais aptidões, eu seria mais feliz.
Se eu não tivesse tido a infância e adolescência que tive, eu seria mais feliz.
Um simples se pode significar muito, por vezes condicionar uma vida inteira.

Dar tempo ao tempo, e esquecer o passado, é por vezes necessário para seguir em frente, porque é difícil lidar com o sofrimento, ultrapassar dificuldades.
Claro que quando as coisas se passam connosco, a perspectiva das coisas muda radicalmente, dar conselhos aos outros é fácil, seguirmo-nos nós mesmos é complicado.
A perfeição é uma ilusão, não existe.
Ser perfeccionista é bom, mas em excesso (como toso os excessos) é pernicioso. Achar que o mundo se deve comportar pelos nossos padrões é um erro, e uma utopia.

Nunca me vi como um líder, não o sonho ser.
Nunca fui o estereótipo do homem macho heterossexual, mas também não sou o do homossexual que muitos inventaram na cabecinha deles.
Hoje mesmo o homem mais macho cuida do seu visual. Em 30 anos tudo mudou radicalmente, na minha adolescência era olhado de lado por me vestir fora dos padrões, hoje quem me criticou usa coisas que eu sendo gay jamais usaria…
O meu código genético não foi lá grande coisa, não tive sorte, mas lá me vou aguentando. Mas a personalidade e o carácter esses não dependem dos genes, depende de mim, das minhas escolhas.
Obviamente que não correspondi ao ideal que a minha família e a sociedade fazia de mim. A coragem de sermos nós mesmos tem um preço, que por vezes é a rejeição daqueles que deviam nos amar acima dos outros.

Ser frágil não é renunciar ás coisas que nos fazem mal, é rejeitar as que nos fazem bem. Prefiro perguntar “quem sou eu? do que “quem escolhe por mim?”.
Ser verdadeiro comigo próprio e consequentemente com os outros não é tarefa fácil. Mas nunca sofri de um ego insuflado, bem pelo contrário.
Os meus amigos julgam-me sempre mais do que aquilo que penso de mim. O que eu vejo em mim como defeitos, ou apenas coisas banais, ele vêem como qualidades em mim. E fico por vezes atarantado com isso.
Nunca tive presunções de superioridade, por isso não sou arrogante.
Se somos o que herdámos da nossa família eu devo ter sido trocado á nascença. A falta de afectos, valores, a desunião, a sacanice, a maldade e a desonestidade não me ficaram no ADN.
No fim acho que sou tão burro que não aprendi nada com eles…

segunda-feira, dezembro 17


A paz mora no coração.
Uma criança escreveu “a paz é dizer desculpa por eu ter feito mal e agora vamos ser amigos”. Não suspeita que isso é mentira. A paz mora no céu, muitos acreditam, mas ela mora em todos nós.
Só os inconscientes e tolos não tem medo de nada. Lidar com eles é aceitar, enfrentá-los e lutar contra eles é crescer. Eu sei do que falo.

Tento viver com o que tenho, o que nem sempre é fácil (nunca é quase sempre fácil) ser fiel á minha consciência, foi uma das maiores conquistas que tive na vida.
Admiro e respeito, as pessoas que se mantêm firmes no seu propósito de serem fiéis ao seu carácter bom, honesto e generoso, delicados e educados.
Porque será que as pessoas não dizem tudo?
Em crianças vendem-nos as histórias de Cindarelas que fazem sonhar que se pode ser feliz para sempre. Mas isso é mentira.

Saber ouvir é uma arte e requer paciência, por vezes muita paciência. Ouvir com respeito aquilo que nos dizem, prestar atenção, é saber ouvir. E isso implica disponibilidade e esforço e paciência e por vezes cansa. E implica por vezes silêncio e contenção da nossa parte.
A maioria das pessoas está na nossa vida para nos atrapalhar a existência. A aceitação de que as nossas virtudes, defeitos, escolhas, e atitudes são alvo de escrutínio alheio sempre, depende da nossa capacidade de dar ou não demasiada importância á avaliação alheia. Vivi muitos anos vergado a isso, vivia na tentativa de ser aceite pelos outros, a começar pela minha família mais chegada, a começar pela minha mãe que na sua maldade se entretinha a maltratar-me e a humilhar-me.

Compete-me a mim vigiar a vida dos que amo, não por causa dos meus códigos de conduta, mas porque tento sempre estar pronto e disponível para eles. É minha obrigação como amigo e como ser humano, sei que poucos são como eu, mas existem, e é bom que sejam cada vez mais.
Defendo acima de qualquer valor (excepto o da vida e da humanidade), a liberdade (embora estejam ligadas), mas isso não entra em contradição com a minha iniciativa de aconselhar os outros a seguir os valores que defendo.
Ajudar os outros, mesmo sem os conhecer, é um empenho no que de melhor a humanidade tem. Eu tenho esse empenho…

sábado, dezembro 15


Ser vítima cansa.
A mim cansou-me.

Segundo a Lei de Murphy, quando tudo tem de corre mal, corre mal. Contesto, viamente!
Não me é fácil não irritar, e hoje tudo se conjugou para isso. Optei por não pensar que é hoje é sexta-feira, a semana passou sem eu dar por isso, hoje vou sair, ver os meus companheiros de rugby, amanhã vou ter um jantar com eles, talvez dançar, talvez algum sexo (ou muito que eu sou excessivo) e do bom espero. Ou seja opto por não desperdiçar o essencial.
E no fim sou um privilegiado, pois tenho amigos fabulosos, sou amado e respeitado por eles. Tenho recebido demonstrações de afecto, mesmo de pessoas que me achavam detestável, e no fim penso que fui eu que os venci, provei-lhes que afinal era um tipo porreiro, um bom ser humano, que podiam confiar.

Sei de coisas da vida de pessoas que penso que mais ninguém sabe, porque eles sabem que eu sou de confiança. Se me dizem um segredo, é exactamente isso. Ser uma pessoa de confiança é isso mesmo. Se te comprometes a guardar uma coisa só para ti, é para cumprir. Sempre!
Na verdade eu confio em poucas pessoas, mas muitos confiam em mim, e eu faço todos os esforços por merecer essa confiança, mesmo daqueles que por vezes duvido que mereçam.
Quando digo o que penso e sinto de uma pessoa, sei que por vezes possa soar mal ou lamechas, mas bolas, tenho um par de testículos, sou homem, ou assumo o que sinto e o que sou, ou então sou cobarde.
Sou um ser emotivo, ser afectivo não me assusta nada, o contrário sim. O meu abraço é sempre sincero, aceitá-lo ou não depende do outro, eu estou disposto a dá-lo!

O amor e o ódio são opções do coração, o meu não tem espaço para o segundo.
Apostar em não ser vencido, e ter coragem de não desistir, é difícil, mas não impossível.
Vale sempre a pena viver, porque nada substitui a vida.

domingo, dezembro 9

Para mim, como penso que para quase todos que trabalham de segunda a sexta, os domingos de tarde são sempre uma autentica neura.
Eu ocupo-me quase sempre com tempo para mim, para pensar, para escrever, para por assuntos da casa em ordem, sem stress.

Tenho sempre a tendência para achar que o que faço e digo não tem lá muita importância, que a maioria das pessoas são muito mais interessantes do que
eu. Aprendi a dar importância aos pequenos detalhes, a ser gentil e educado, a tentar sempre dar o meu melhor e a superar-me. Mas também aprendi que deve ser sempre humilde, a tentar manter os seus pés bem assentes no chão, a não sonhar demasiado, a aceitar que o homem é intrinsecamente mau, e que é preciso ensinar a bondade.
E depois sou bom ouvinte, e na generalidade as pessoas adoram falar do seu umbigo.

A falta da atenção com os outros, agridem-me e aflige-me, a maioria das pessoas vive como se só tivesse direitos, e não tivesse deveres.
A maioria das pessoas tenta dar uma imagem de que são mais felizes do que realmente são, e depois tornam-se decepções para os outros.
O tempo (demasiado) que levamos a pensar em nós próprios, não sobra para pensar nos outros, e depois quando precisamos deles, eles não estão lá.
A amizade não deve ser vista com um sentido egoísta, mas mais como um investimento em nós, e investir nos outros, fazê-los felizes, é investir em nós, criar riqueza em nós.
Os piores pecados são a arrogância, a soberba, a desumanidade, o egoísmo, o egocentrismo, a falta de solidariedade, a vaidade.

Mas mantêm o sorriso, estúpido, mantêm-no…

terça-feira, novembro 27

O cérebro pesa em média 1,5 kilos, por isso há tanta gente magra.
Os sentimentos estão no centro de todas as nossas decisões na vida, no entanto não há coisa que mais dissimulemos, com o medo de ficarmos vulneráveis.
Como podemos esperar que os outros nos entendam se escondemos o essencial?
Se estamos magoados com uma atitude alheia, porque razão não o dizemos em vez de amuarmos ou invertamos uma desculpa? O outro não é obrigado a saber o que se passa na nossa cabeça. Pode ser burro e termos de lhe explicar, e até podemos ter a surpresa de ele nos explicar de que estávamos errados.

Claro que por vezes saber esperar para fazer certas pessoas compreender as nossas atitudes é o melhor. Mas alimentar raivas e sentimentos de vingança, mina o nosso coração, e ocupa-o de ódio que não nos faz bem, e por vezes faz ricochete e atinge inocentes.
No caso das relações, quando acabam a maioria das pessoas tentam arranjar logo algum substituto, custe o que custar e no mais curto espaço de tempo possível, e não fazem o devido “luto”, que é natural e saudável, não esperam por melhores dias e que a ferida cicatrize e não deixe marca.

Eu sei que a solidão dói, mas bolas, não podemos perder a razão e o controlo. Saber esperar é uma virtude. Tirando a morte, o tempo tudo cura. E encontrar força para sobreviver é o que nos faz uns homens.
Os heróis são os que se mantêm de pé apesar do coração desfeito, das angústias, do medo. E depois para que servem os amigos se não para nos ajudar a vencer as dores?
Nós somos obrigados a sobreviver e a seguir o nosso caminho, e a ficarmos mais fortes.

É bom podermos contar com os amigos, mas mais importante é termos a força de encontrarmos em nós recursos para sobreviver.

segunda-feira, novembro 26


Por mais experiência e inteligência que tenhamos, ninguém pode imaginar ou muito menos sentir a frustração e a dor alheia.
A vida traz-nos diferentes provações, umas maiores do que outras, algumas desumanas mesmo, já as tive em doses generosas…
Os heróis são feitos de pessoas que sobrevivem a elas, e não desistem de fazer conquistas e de superar dificuldades.
Manter viva a esperança é um desses actos de coragem, que devia deixar envergonhados aqueles que chateiam os outros com coisas mesquinhas. Existem dores que o tempo não cura nem apaga. O meu baú tem uma boa colecção.

Geralmente apodera-se de nós um sentido de injustiça, revolta, sentimentos de culpa, uma aversão e/ou medo dos afectos, e no pior dos casos uma queda vertiginosa em vícios que não são saudáveis ao nosso corpo e mente.
Não sendo nenhum herói, para melhor ou pior acabei por sobreviver ao caos da minha infância, á dor e á memória.
Claro que tudo o que se passou mudou a minha vida para sempre, mas a atitude que tive parente o que me fizeram passar, não isenta de dor, fez a diferença entre ser um ser humano em pleno, ou um ser afundado em culpas e tristezas. Sem pressas, com muita compreensão dos que me amaram e amam, lá fui tendo esperança na humanidade, fui acreditando de que poderia fazer a diferença, a acreditar nas minhas capacidades e na vida.

Sofrer fez-me amar a vida, fez-me focar nas minhas escolhas, avaliar as minhas opções, a saber distinguir o bem do mal, e a optar pelo bem, a ter a lucidez do que estava certo para ser feliz.
Estar atento ao que sentimos, e saber interpretar esses sentimentos, é o mais seguro investimento que podemos fazer em nós próprios.
Tudo se deve encaixar na nossa vida sem nos sentirmos desconfortáveis, claro que isso não depende só de nós, mas também de nós. Mesmo que se tratem de escolhas difíceis, no fim tudo deve encaixar. 

segunda-feira, novembro 19

Acho que sou um ser ético. E o que é isso perguntam-me!
Ser ético é, para mim (corrijam-me se estou errado) coincidir cada gesto, cada palavra, apostar no que dizemos, ter os valores fundamentais e morais á verdade humana, comportarmo-nos e defendermos os valores humanitários, que é ser solidário, respeitar a liberdade e a democracia, não ser moralista, apoiar os fracos, lutar contra as injustiças.
E isto marca a diferença, e termos a consciência de que podemos fazer a diferença torna-nos poderosos, faz-nos especiais.
E é isso que faz os momentos mais especiais da nossa vida, quando nos superamos, e especialmente quando ninguém aposta em nós.


Há pessoas (eu chamo de criaturas) que não tem a mais pálida noção do sofrimento que provocam aos outros, porque são tão egoístas e comodistas, são criaturas perversas, mas o que me choca é a aceitação dos actos destes seres.
Existem criaturas que só devem fazer sexo com o seu próprio espelho.
Eu explico…
Acham-se tão belos, e fiam-se tanto nos corpinhos danone que só vem a perfeição neles, e a sua beleza como superior.
Confesso que os corpinhos danone raramente fazem parte do meu menu, primeiro por não ser um, e depois porque os tive, e já tive um (fiz remo), e eles raramente não me deram amargos de boca.
Quando temos um nosso, precisamos de um espelho para acreditarmos que o temos, e ansiamos pela aceitação dos outros porque o temos. Se temos um de outro, vivemos num medo de que se vá e nos troque por um melhor.
O espelho é um grande mestre se tivermos olhos para vermos a realidade que somos. Também eu precisei dele para mudar para melhor. Só quem já me conheceu antes pode saber o quando mudei fisicamente num espaço tão curto de tempo, e a diferença física a que me sujeitei.
Acreditem que quando tinha um corpo de remador não me via como um homem bonito, continuo a não me ver como tal, mas já não fico triste ao ver-me ao espelho.

Para mim o meu espelho não me mostra o quanto bonito eu sou, mas o quanto feio eu não sou.

quinta-feira, novembro 15


Toda a gente diz para sermos nós próprios. Mas estará o mundo preparado para eu ser quem sou?
Não sou nada egoísta, mas como conciliar o sermos sempre verdadeiros com as exigências que a vida e os outros nos colocam?
Não é fácil e implica um empenho por vezes sobre-humano do que há de melhor em nós, e é uma aposta no bem que podemos fazer a nós e aos outros. Mas essencial ao nosso desenvolvimento como seres humanos.

Ter a noção dos valores que devemos seguir, provocam por vezes conflitos. Se tivermos a consciência disso e aceitar-mos que a nossa realidade pode ser única e não coincidente com outras, pode ser uma forma de encontrarmos o equilíbrio (precário sempre).  
Defendermos o nosso espaço não é mau, bem pelo contrário. É uma forma natural de defesa, e ajuda-nos a ter a noção do que é essencial na nossa vida.
Dizer não, não é uma forma de egoísmo, é sinal de maturidade e de liberdade, pode ajudar o outro e nós próprios.

Sermos nós próprios é não viver na mentira, consoante a nossa consciência. Sermos diferentes não nos afasta automaticamente dos outros, a diferença é boa.
Ter sucesso sempre não é uma forma de crescimento, as derrotas ensinam-nos muito ou tanto como as vitórias, preparam-nos para elas.
Ser homem é ser digno tanto nas vitórias como nas derrotas, e por as expectativas demasiado altas só nos trazem frustração, e isso só nos torna vulneráveis.
Ter ambição é saudável e natural, mas temos de ser realistas, e não existem sucessos permanentes. O sucesso é ter noção disso.


A solidão não traz sucesso. E a sociedade de hoje na sua ânsia de sucesso fácil e rápido cria só solidão.
Aprender a abdicar daqueles e do que não nos convém, é uma forma de sucesso, talvez a única.
Exercer fascínio sobre os outros nunca foi o meu objectivo, para mim o sucesso é manter-me fiel ao que acredito, não ceder a tudo que vai contra os meus princípios, e apostar no que me faz feliz.

terça-feira, novembro 13


Não tive uma vida banal, e foi uma escolha minha.
Nunca fui passivo (não falo de sexo LOL), e sempre tive o discernimento de saber quando e como aceitar aquilo que me acontece (o que nem sempre é fácil). Confesso que há coisas que não entendo e outras que não percebo nada.

Aceitar que as coisas não são sempre como nós queremos, e que a felicidade não é eterna, evita tanto sofrimento.
Aceitar injustiças nunca me foi fácil, e com a idade penso que vai piorar…
Orientar-me em tempos de sofrimento, é-me difícil, mas tem de ser. Tem mesmo, o sol não pára por mim, nem por ninguém.

Sei o que é perder alguém, perdi meu pai quando estava a começar a perceber quem ele era. É uma sensação de que o mundo é injusto. A única coisa que não lhe perdoou é a de não ter amado os filhos, de os ter protegido da tresloucada da mãe. Acredito que não os desejou, mas fê-los, não tive a culpa de nascer, não o pedi…
Sucumbirmos á dor, numa turbulência de sentimentos é comum, demasiado comum. Podia ter sido esse o meu caminho, mas não foi, eu não quis.
Aceitei viver, e sempre aceitei que o bom e o mau há-de vir, em fases e doses, e que depende de mim dosear a ração.
Aceito o melhor e o pior, sendo que não sou indiferente, nem passivo, tenha eu o meu coração no sitio certo, e nos meus olhos o alcance para ver, e a tranquilidade para aceitar.  

domingo, novembro 11


Somos tão fatalistas, a tristeza é o nosso lema. Achamos que tudo pode correr mal (e geralmente corre), e quando corre bem desconfiamos. E não vemos as possibilidades de sermos felizes. Temos um país tão lindo e com tanto sol, porque raio somos tão pessimistas?
Temos de olhar para as coisas, como se fosse sempre a primeira vez, e ver as oportunidades. Em vez de sermos macambúzios, abramos as janelas e deixemos o sol entrar.

Todos os meus amigos são únicos e irrepetíveis, e todos me fazem falta, por vários motivos. Uma das coisas que aprendi na vida foi de que as boas pessoas não nascem debaixo das pedras, e que cada gesto pode desencadear consequências. Se tenho os amigos que tenho, são porque eles viram em mim as qualidades que me permite estar no coração deles.
De forma consciente ou inconsciente, sei que já mudei pessoas, espero que para melhor. É uma grande responsabilidade que assumi conscientemente, não que não sinta medo, mas bolas, o medo nunca me fez recuar (ok, algumas vezes).  

segunda-feira, novembro 5


Estou com um problema.
Ando numa luta para me manter inteligente.
Lutar contra a estupidez é difícil, requer força física e mental. Requer esforço.
E como vivo no país do desenrasca torna tido mais difícil.
O Tuga gosta de passar pela chuva sem se molhar.

Ser flexível é bom, mas esta mania do improviso, do fazer á ultima hora, não!
Gostamos do desenrascando e da borla.
Já dizia o Alexandre O’Neil que “viver é vender a lama ao diabo”. Eu não sei viver…
E como sou estúpido perco-me em coisas inteligentes. A vida está feita para os idiotas, que desaconselho a pensar. E acho bem que eles nem pensem.
Já perdi a inocência há muito tempo, e só me arrependo de não ter vivido mais, de ter acreditado em muito aldrabão, de não ter pecado mais, mas é escusado, não consigo voltar atrás.

Vou a caminho dos 50, mas isso não me assusta, para quem esteve para morrer aos 37 tudo o resto é bónus.
Não tenho medo de envelhecer, tenho mais medo do ridículo.
Sabendo que o mundo gay não trata bem os “velhos”, não vivo com o intuito de ser eternamente jovem.
Não sou eu que vou negar as vantagens da juventude, e as desvantagens da velhice. A idade é madrasta.
Conheço bem Lisboa gay e as suas malícias, as suas mediocridades, as lutas pelas mínimas benesses, os mediáticos, brigando como crianças por uma boneca (mais pelos bonecos), as falsas idolatrias, as vedetas, os beicinhos, os auto-convencidos  e a sua dita superioridade.

Podem chamar cínico, mas sou lúcido. Esta gente irrita-me, pela falta de modéstia. È irónico como me vêem agora depois de saberem que estou nos Dark Horses.
Não preciso de certificados exteriores para saber quem sou. Continuo a ser o que sempre fui, um gajo porreiro.
Qualquer gajo de meia-tijela pode botar discursos lindos.
Mas a grandeza está nas atitudes, isso foi o que aprendi com a Natália Correia, com a Beatriz Costa e com a Amália Rodrigues.
A maior homenagem que posso dar a essas grandes criaturas que fizeram o favor de me darem atenção, que marcaram a minha vida para sempre. É seguir-lhes os ensinamentos que me deram. Essas mulheres acolheram-me na vida delas de braços abertos, sem me perguntarem donde vinha e ao que vinha, só tendo para lhes dar o que dou sempre aos que amo, o que de melhor eu sou e tenho, os meus afectos e a minha inteligência.

Este mundo LGBT é um pequeno inferno e um pequeno paraíso.
Tenho encontrado gente maravilhosa ano mundo da noite gay, e neste assunto de pessoas o melhor é amá-las. Mas há gente tão execrável.
Sei que estou a caminho para o Outono da minha vida, Mas o Outono tem cores tão bonitas, e é o tempo do vinho novo, e dos frutos secos (que adoro). Do laranja, vermelho e multipos tons de castanho.
Os anos são insensíveis e passam a correr. E a gratidão é um dos sentimentos que passaram de moda.

Eu quero as minhas rugas, tenho direito a elas, as que merecem o meu rosto, quero o meu cabelo manchado de branco como a neve.
Se penso na morte? Claro que sim, é uma inevitabilidade, mas penso mais em viver, no prazer de viver.
Nunca fui um homem bonito, mas sempre fui um de coração grande!

domingo, novembro 4


Não há amizades sem mácula.
Quando falo dos meus amigos é como se falasse de obras de arte, valiosas e sem preço.
E pagam-se com amizade.
Mas existe tanta hipocrisia, a amizade está gasta, demasiado gasta. Demasiadas imitações de amigos.
Já passaram tantos pela minha vida, e vão continuar a passar.

A gente pensa que com a idade aprende a conhecer as pessoas, a adivinhar-lhes o comportamento, o temperamento. Puro engano. Tanto na bondade como na maldade as pessoas não param de me surpreender.
Aprendemos a defendermos nos melhor, mas é tudo o que é possível. A idade só acrescenta o peso dos enganos, e a perda da inocência. Passamos a sofrer sem ter vergonha disso.
Perder um amigo para mim é terrível, como se um pedacinho do meu coração se desprende-se, e dói.
E nunca estou preparado para essa dor, Já chorei muito a perda de amigos, e desconfio que esse rio não vai secar.
 Mas ganho outros que não preenchendo o lugar dos que foram, vão permitindo que o meu coração não se desfaça.
Pensamos que a idade nos ensina, mas nunca nos prepara para a perda de alguém que amamos.
O amor nunca é ridículo. Este tempo tem tendência a esquecer as pessoas, os sentimentos, o amor, os afectos. Certas pessoas vivem sem saber o real valor de uma amizade, embora façam parecer que sim.

Não apreciei lá muito a minha infância, não tive lá muitos motivos para rir, nem sequer para sorrir, mas não guardei as frustrações para adulto. Apanhava porrada que me fartava ao ponto de ir para ao hospital de cabeça partida, claro que o meu irmão era o bode expiatório, nunca a minha mãe. Eu não levava com o cinto, levava com o dito e com o que estivesse á mão de semear, até com o pau que tinha um prego na ponta, para puxar a roupa da corda mais afastada da janela.
Quantas inutilidades a que damos importância, se as coisas podem ser bem feitas, porque insistem na vulgaridade? Por desconhecimento? Por desinteresse?

Já não tenho 18 anos, nem já perco a cabeça com a beleza física. Tenho muitas incertezas, mas de que não existe amor eterno tenho a certeza. E a culpa deve ser minha.
Para muita gente a minha forma física nunca corresponde ás suas expectativas. E a culpa deve ser minha.
Não quero vender a minha alma e muito menos o corpo ao diabo.
Nunca se devem fazer contratos se não se quer suportar as suas inconveniências. A permissividade excessiva afastam-nos dos sentimentos, dos afectos. E depois  temos um medo da decadência, tornamos-nos a besta.
Sabem do que estou a falar.
Se não sabem, tenho pena…

quinta-feira, novembro 1


As coisas já não são o que eram, nem podem ser…
Há um grande passatempo dos tugas que é dizer mal, de quase tudo e todos.
E o pior é que a maioria das vezes é injustificado, gratuito e injusto.
A crítica inteligente não é para todos, e o pior é que nem sequer o sabem fazer, dizer mal não é criticar, é só deitar abaixo.

Ter cabeças que sabem pensar é um luxo que cada vez menos temos.
O problema dos tugas é que são permanente insatisfeitos consigo mesmos, por vezes até apetece emigrar, demasiadas vezes até…
Os ídolos dos tugas são e exemplo daqueles que os idolatram. Ronaldo e Mourinho são o exemplo chapado disso. Arrogantes quando ganham e malcriados e “críticos” em relação a tudo e todos quando perdem, ou melhor a dizerem mal. E desorientam-se.
Para eles o mundo é a preto e branco, um mundo demasiado sóbrio e de bom gosto, em que eles é que estão certos, um mundo de todos contra eles.
Não tenho paciência para esta gente de ego insuflado com as suas manias, obsessões e devoções. E muito menos para os que os veneram.
Esta gente deslumbra-se com a ostentação destes novos-ricos, vindos muitas vezes da extrema pobreza, não a monetária mas a da inteligência e especialmente da emocional. E neste mundo não há espelhos, pelo menos os de alma.

Nunca me considerei superior a ninguém, sou o que sou, e sou do que melhor eu sou.
Eu vim de uma família destruturada, com uma inteligência emocional mais do que estragada, era quase nula. No caso de minha mãe a violência era de uma crueldade, brutalidade e insensibilidade ao ponto de desejar mal a crianças ainda não nascidas, ou mesmo com os animais, as pobres aves que passarem pela mão dela sofreram muitas até á morte a crueldade dela. Aos filhos foi o mesmo, coisas que nem hoje ainda consigo pensar com clareza, e o muito que a minha doença apagou da minha memória, felizmente. O que ela me fez a mim especialmente, por ser “A Menina Joaninha”, muitas coisas já fiz por esquecer, as outras perderam-se com a doença, outras são tão duras e ainda provocam um certo desconforto em mim.

Nunca vivi em mundos de faz-de-conta, claro que sou dados a sonhos e fantasias, quem não o é? Mas sei que o são…
Hoje as pessoas são demasiado bronzeadas, ruidosas, velhas, enfeitadas, convencidas.
Sou daquela raça portuguesa que é educada, trabalhadora, solidária, determinada e invisível.

sábado, outubro 27


Somos todos iguais, mas uns mais iguais do que os outros. E para eles a vida é uma festa, permanente. É o hotel paraíso.
Como pode esta gente entender o sofrimento alheio? E ainda julgam os que sofrem…

O amor é a soma de todas coisas belas e as imperfeições. Nunca amei seres perfeitos, simplesmente porque eles não existem.
Quem ama muitos é considerado libertino, perverso, disfuncional, depravado.
O amor é tão vital para mim que é o retrato da minha vida, para mim no amor não há restrições nem constrangimentos, no amor tudo vale, até o desgosto.
A moral vigente colocou um rótulo negativo nos que amam mais do que um parceiro. Que não são fiéis, de confiança. São promíscuos.
Que culpa temos de amar…
Ai os falsos moralistas, sempre me meteram nojo!

Quando me lembro do meu Portugal de infância, vejo um país castrado nas mentes racista e homófobo, machista e ditador, mudámos assim tanto?
O desinteresse e a ignorância respondem por mim!

Eu sou de silêncios, palavras, as pessoas que amei e amo, os livros que li, os lugares que visitei, as lágrimas que chorei, todas as violências que sofri, todas as pessoas que conheci, e todos os sorrisos que dei e recebi.
Não consigo viver sem ter nada. Está-me tudo dentro da minha cabeça, e ela tem muita coisa lá. Tive a coragem de nunca a perder, embora por muitas vezes estou quase na fronteira.
Suicídio nunca, prefiro rir-me de quem me faz mal. Todo o bem e o mal que me fazem está-me gravado, no coração e na cabeça.
Para a minha família fui um ímpio, e eles trataram de me expulsar do seu seio.

Não gosto da morte, não gosto de funerais, nem de despedidas, nem de perdas, nem de hospitais. Os hospitais são lugares onde a vida se vai. E eu amo a vida.
E a vida é uma escolha!

terça-feira, outubro 23


Detesto o provincianismo. Os provincianos são uma mistura de megalómanos e recalcados.
Não são capazes de compreender a grandeza das coisas, só vêem conspirações. Sem inspiração culpam os outros de tudo. São queixinhas, são ressabiados, dedicam-se a quezílias miudinhas, são despropositados e uns falhados. São repugnantes.
Disputam palmos de terra com violência, mata se for preciso, gosta da autoridade do mata e esfola, adora achincalhar, gosta de gente séria, são sempre moralmente superiores, reclama dos ladrões mas foge aos impostos e passa facturas falsas, não vota nem defende a sua cidadania, odeia cultura e intelectuais, adora dramas de faca e alguidar, diz que não é racista mas odeia pretos, na mesma proporção dos ciganos e dos paneleiros, adora armar-se em vitima, são machistas (eles e elas).
Gostam da cunha, atacam pelas costas. São uma dor d’alma, surpreendem-se e desconfiam da honra e da coragem, acham que está sempre tudo mal, mas não fazem nada de positivo para mudar a situação.
E eles estão em todo o lado, mesmo em Lisboa.

Sempre gostei de andar e conversar com as pessoas das vilas e aldeias por este país fora, recebi ensinamentos que não poderia obter nas grandes cidades. Essas pessoas amam a sua terra e falam-me das suas belezas, tem orgulho nelas e não precisam de menosprezar os citadinos para serem grandes.
Sempre gostei de gente simples. E depois tenho este vício da conversa, e há tantas conversas para ter, e passamos demasiado tempo a falar, e pouco a conversar.

Tão medonho como terrível é o novo-rico, seja ele citadino ou rural.
Faz tudo o que vem nas revistas, compra roupa de marca, tem de ter automóvel de alta cilindrada. Cartão de crédito GOLD XPTO, janta nos lugares da moda (preferencialmente de gente famosa), tem férias em resorts de luxo, finge esquiar e andar de barco, tem apartamento com mais de 5 assoalhadas em condomínio fechado, frequenta o ginásio da moda, bebe whisky de marca mesmo que não goste, vai ao centro cultural de Belém, tem os filhos em colégios finos, está sempre a ir e a vir do aeroporto, usa relógios caros, telemóvel com mais G dos que o seu Q.I., falam sempre alto em tom bruto e seco, sempre a comandar para impressionar os restantes.
Usa perfume caro e que cheira a 10 km de distância, ao pé dele nunca há moscas, a única mosca morta é ele.
Joga golfe e fuma charuto, vais ao Estoril Open, (iria ao Grande Prémio de Formula 1, mas já não se realiza em Portugal).
Sonha andar com top-models ou colunáveis, sejam elas da TV ou do que for. Nunca lê livros embora tenha uma estante com eles (para dar uma de culto). Prefere ler a Caras e a Vip ou quejandos. Fala inglês (tão mal como o português).

Mas como dizia o escritor, é impossível viver em verdade e amar a mentira…
Cada vez me interessam mais os sentimentos e menos as personagens.

domingo, outubro 21


A minha geração está a desaparecer, uns fisicamente, outros intelectualmente.
Enquanto estive na cama de um hospital, sem saber se sairia de lá vivo, pensei na minha vida, e no que iria fazer dela se saísse de lá. Hoje sou o que sou.

Faço parte de uma geração que ainda viveu sobre o domínio da ditadura, Salazar “caiu da cadeira” no ano em que nasci, e que viveu as primeiras horas de liberdade.
A minha geração era uma geração livre.
Hoje são escravos, do dinheiro, do poder, das drogas, do futebol, dos empregos, do sexo, das vidas sem chama.
O mundo habituou-se a desvalorizar pessoas como eu, e eu aprendi a lidar com isso. Não que me resigne, ou que não me irrite. Cada vez há menos gente merecedora de respeito, o que me faz recear por estas novas gerações que sem heróis dignos desse estatuto, só gente menor, não vai ter bom futuro.
Este jejum de inteligência aflige-me.
E nesta equação ninguém ganha, nem os que tem razão. Com este andar da carruagem, a direita populista e a extremas esquerda e direita.
Ganham vantagem e votos.

Vivemos num tempo de frouxos que colocam os negócios e interesses acima da educação e da protecção dos necessitados.
A liberalização dos costumes e do sexo abriu portas as feminismo e ao homossexualismo, a sociedade pagou um preço por isso. Parte deste mundo não se ajustou, percebeu ou acompanhou esta grande mudança, ainda andam na guerra dos sexos, em vez da guerra pelo sexo.
Claro que tenho os meus momentos de desamparo e irracionalidade. Mas não perco os cinco sentidos. E reparo nos orgulhos e preconceitos, mas já estou vacinado para a maioria deles. Ao vê-los dou-me conta de que certas pessoas são mesmo estranhas.
E eu parvo ainda acho que posso domar as bestas e tornar este mundo melhor.

segunda-feira, outubro 15


O que hoje se propõe ao povo é o deserto mental.
Gerações perdidas para a bestialidade.
Devíamos ter prazos de validade como os alimentos, e o prazo de muita gente é curto, elas á que pensam que não.
Vivem no fanatismo futebolístico, a única maneira de se sentirem realizados, de resto tudo lhes é indiferente, embora tenham opinião sobre tudo, a lucidez está só nas suas mentes…
Convencem-se de que são os melhores, os mais espertos. Soletram barbaridades pela boca. E nós, simples humanos, não percebemos nada.
A sua ausência de vida própria, fá-los sempre meterem-se na vida alheia. Aviso que nunca lhes devemos dar essa confiança, eles são como as carraças, agarram-se a nós e ferram.
E são patéticos ao fim da terceira bebida…

As pessoas são tão vulneráveis, e só reclamam direitos e bonomias. Se tentassem ter um pouco mais de amabilidade, de amor, em vez de recalcarem hostilidades e rivalidades.
E depois não me parecem assim tão felizes como querem fazer parecer, nem tão fortes.
No fim prefiro não ser atraente do que ser um belo cadáver de inteligência. Quero as minhas rugas, aquelas que tenha direito, e quero que cada uma conte a sua história, que elas hão-de chegar.

Acho que esta busca desenfreada de se ter alguém para não se estar sozinho, uma coisa assustadora, “casar” e “descasar” por dá cá aquela palha.
Depois são todos tão emancipados, mas fazem aquilo que os outros esperam deles, ou que eles julga, que se espera deles.
Estão sempre muito ocupados para os outros, exigem direitos e igualdade. Aturam-se uns aos outros, são um fracasso humano.

Por isso não estranhem o meu comportamento para com aqueles que amo. Se os acarinho é porque sei que são especiais, seres de excepção que merecem a minha atenção e a minha dedicação, não por me achar especial, mas por os achar especiais.
Não me revejo na ignorância e na estupidez, e cada vez lido mais com esse tipo de gente (que eu nem os considero como tal).
E depois são cobardes, não dizem o que pensam, se é que pensam, abusam dos fracos e lambem as botas aos fortes. E quando se vêem com poder, por mais ínfimo que seja, exercem-no arbitrariamente e maldosamente para se sentirem superiores, que a inteligência não dá para mais.
Andam sempre de lágrima no canto do olho pelos filhinhos dos futebolistas ou dos cantores pimba, e tratam mal os filhos dos outros, a muitas vezes até os próprios.
Isto somado á impunidade de que são alvo, é um cocktail explosivo para a degradação dos valores pelos quais luto.
Porque razão, e quem decretou que tenho de atura esta gentalha?

Estes abutres por vezes não os vemos, mas eles estão lá, andam sempre a rondar sorrateiros para roubar a carne que os outros caçam, de deixam sempre uma má marca, um arranhão de uma das suas garras
E quando um abutre paira sobre a tua cabeça, isso cheira a morte.

sábado, outubro 13


Cedo me interessei por politica, embora nunca deseja-se ser político. Nunca me filiei em nenhum partido, não confio nos políticos em geral, e nunca me compartimentei em nenhuma ideologia.
Revejo-me mais na esquerda, mas não faço credos em cruz quando oiço falar de direita.
Graças á minha pequena inteligência, nunca me viram qualidades para fazer carreira na politica, nunca fui talhado para a mentira, falhei esse up-grade.

Já disse que não gosto que me imponham nada, adocem-me a boca que eu até me prostituo, mas a pau, nem morto. Ninguém me vence se eu não deixar.
As melhores lições da minha vida, recebidas tanto dos meus amigos, como dos que não eram, como até dos inimigos. Porque aprendi a saber o que me faz feliz.
As inimizades saldo-as rapidamente, quanto ás amizades nunca as saldo, porque não tem preço.
Quero que saibam que aos meus amigos actuais, como aos que se foram, que tenho uma divina eterna, que nunca poderei pagar, porque a felicidade que me deram não tem preço, e nem se paga. Eu saldo as minhas dívidas de gratidão sendo o melhor que sei e posso, e sei ser o melhor. De mim terão sempre o que de melhor eu sou, façam por o merecer, que não sou só eu a ter o trabalho.
Aquilo que eu amo transforma-me num indivíduo melhor, separa-me do mal mesmo com sofrimento, ganho. Os meus amigos atenuam-me a solidão, aquela que me persegue, cada vez mais, por ver que os meus valores de humanidade cada vez mais se perdem. Por isso gosto de gente simples, aberta.

Amar não é difícil, escolher o que amar é que é complicado. Mas eu sei o que quero.
Já passei mais do que uma vez pela morte, não sei se ela não me quis, ou se fui eu que não a quis.
Amo a vida, amo viver, porque me maravilham os outros. Sempre procurei a beleza, e vejo-as nas pessoas bondosas que ocupam o meu coração.
Sei que não há soluções para evitar o sofrimento. Mas há escolhas entre o sofrimento, a dor e a felicidade. Essa encontro-a nos amigos.
Por isso nunca renunciei ao sorriso, ao meu e ao dos outros. A minha sorte é que encontrei e só amei os excepcionais, a dignidade, a nobreza, a coragem. Na Beatriz, na Natália, na Amália, no Atila, no Manel, no Hugo, no Gonçalo, no Jorge, no Nuno, no João, no Ricardo, no David, em tantos que faziam deste texto uma lista longa.
A vida trouxe-me amantes, amigos. Com eles aprendi muito, quase tudo, neles confio, neles posso tocar sem me ferir, neles acalmo a minha dor.
Por isso quando perco um é como se o mar se revoltasse e me engolisse, revolvendo-me e sacudindo-me entre a areia, e depois me pousasse exausto e confuso na costa. Nessa altura preciso de tempo para me orientar, levantar e continuar o meu caminho.

Sei que a morte é inevitável, mas gostaria de morrer antes dos meus amigos, ou se calhar depois, para lhes evitar o sofrimento. A morte leva-nos, mas enquanto eu viver, os meus amigos viverão, porque enquanto tiver coração eles estarão cá, e eu não deixo de os amar, nem de me lembrar deles. 

terça-feira, outubro 9


Tive azar.
Nem o desejo ao meu maior inimigo, seja ele quem for.
Não, não sou um sonhador, sou um ser bem prático.
Não tenho luxos, nem preciso deles. Já é um luxo ter cérebro.
Sou tão sozinho como tantos o são, talvez demasiados.
Não conheço tempo em que seja tão fácil comunicar, e onde tanta gente se sinta sozinha.
E hoje a solidão resolve-se na Internet, cura-se com sexo de ocasião.
Se a vida não fosse a arte do absurdo, e não houvesse tanta hipocrisia, eu não me sentiria tantas vezes tentado a usar métodos menos ortodoxos para resolver certas questões. Mas fico na maioria das vezes pelo sarcasmo.
A humanidade está gasta e doente.

Sinto uma certa frustração por ver em muita gente nova uma sexualidade engelhada, esta gente dá-me hipertensão, que hipertesão não me dão de certeza, são um tédio,
Começam por não usar a cabecinha, muita vezes nenhuma delas, ou são tomados pela inércia ou então armam-se em puritanos, donzelas ofendidas, puras e castas de mente, e mal-fodidas. E depois ainda se dão ao luxo de fazer juízos de valor sexual sobre tudo e todos, como se eles fossem isentos de fantasias. Se calhar são mais dados á depravassão…
E depois são todos tão higiénicos….

segunda-feira, outubro 8


Somos um país de doutores. Basta ter um canudo, um Dr., Arq. ou Eng. antes do nome que se é logo tratado com deferência. Basta descobrir-se que fulano tem o diploma (ou finge ter), que logo o tratam de maneira diferente. Até nos cheques bancários…
Cambada de complexados, todos sabemos que a fragilidade económica tolera muitos insultos, que são devidos á dependência dos fracos e pobres.
As doutrinas penais e religiosas fazem e sustentam o respeitinho e a superioridade de uns sobre outros.
Fala-se muito sobre os pobres, eles são infelizmente demasiados, mas o que me irrita são aqueles doutorados em pobreza, que se banqueteiam em jantares de luxo, como soubessem o que é ser pobre, padres incluídos.
Nunca vi tanta pobreza em Portugal desde o Estado Novo, e nem tanta vontade de ajudar os “pobrezinhos”. Até já falam em recriar a Mocidade Portuguesa…

Se há uma coisa que me enoja é a moralidade, a falsa moralidade, apregoada por muitos, vai dos mais ricos e poderosos, aos mais pobres e fracos.
Vai desde o dinheiro ao sexo, apontar o dedo ás “ordinarices” dos outros, sendo as deles normais e justificáveis, e que vão desde a pedofilia ao incesto.
E a maioria desta gente acha que ser homossexual é uma depravação moral e sexual, e ficam chocados por verem 2 seres do mesmo sexo de mão dadas (vantagem para as mulheres), e já nem se fala dum beijo.
A Igreja tem padres homossexuais, pedófilos, o adultério heterossexual é praticado a torto e a direito, a prostituição está cheia de clientes que são esposos fidelíssimos, homens casados e com filhos encontram-se nas casas de banho publicas para sexo rápido e anónimo, e a ciberpornografia cresce a olhos vistos, seja hetero, gay, bi, dominação, sadomaso, pissing, zoofilia, pedofilia, violação e o diabo a quatro.
No entanto os gays é que são o diabo, os perversos, os porcos depravados, os antinaturais.

Os ricos e poderosos, esses podem ser e fazer tudo, pois o dinheiro tudo compra e absolve. E armam-se em puritanos, escrupulosos cumpridores da moral e dos bons costumes, obedientes á santa madre Igreja, e vão todos á missa
Tudo discreto.
Já o era no Estado Novo…

sexta-feira, outubro 5


Escrever nunca foi uma coisa que planiei e tudo começou por acaso.
Não sei se é para a vida, não sou muito disciplinado, embora não tenham essa ideia de mim, nem sei se tenho vida para tal.
Mas tenho escrito, em papel, que depois passa para computador, em texto revisto e corrigido.
Comecei a escrever por razões de desalento, para exorcizar toda a mágoa que tinha recalcada em mim, e libertar-me para o amor, em mim próprio e aos outros.

Reviver as coisas más não é fácil, mas foi necessário, foi uma libertação. Sei que expus a minha intimidade, mas foi propositado, não me assustou, nem assusta, serviu para o meu propósito.
Sou forte o suficiente para não ter medo, ou me sentir desconfortável com o que os outros possam pensar de mim. As pessoas que me amam sabem do material de que sou feito, eles não me julgam, ajudam-me a ser melhor.
Se queria, se quero, avançar, não poderia deixar de recorrer a algo que me ajudou a ser uma pessoa mais livre e confiante.
Só posso agradecer a todos os que generosamente me aturaram, me ajudaram a ser melhor, me ensinaram a bondade e a generosidade, me amaram. Sem a sua generosidade não teria sido possível ter-me tornado na pessoa que sou hoje, e acho que não me sai lá muito mal, apesar de tudo o que passei.

Não quero abrandar, quero aproveitar as oportunidades que a vida me vai dar, ver os meus amigos a serem felizes, e ser feliz com eles.
Uma das vantagens de se ser honesto nas relações humanas e nos afectos, é ter-se amigos verdadeiros, e que nos amam por aquilo que somos, sem filtros, sem medos.
E a amizade activa exige dedicação.

domingo, setembro 30



Somos um país conservador, moralista, pobre, que vive da censura moral e económica.

Somos tradicionais, adoramos estar próximo dos poderosos e ricos, admiramos os que parecem rectos e estáveis, e controladores. Não somos independentes.

Temos pouca cultura de liberdade e responsabilidade, somos devotos e gostamos de dar a responsabilidade dos nossos actos a outros. Gostamos de dividir para reinar.

Dão uma imagem casta, apesar de serem exactamente o oposto.

Não há nada como umas idas á missinha que não se resolva tudo.

Tomamos a sina de coitadinhos e lamuriamo-nos de tudo e de nada. Somos sempre as vítimas.



Os êxitos que se alcançam na vida não dependem só dos outros, mas da atitude que temos parente a vida. Ninguém ama, nem protege, aquilo que não conhece, por vezes as oportunidades acontecem, e nós distraídos não damos por elas. Mas nada acontece por acaso. Destruir a diversidade no ser humano é aniquilar a humanidade na sua maior grandeza.

sexta-feira, setembro 28


Rigor, coragem, honestidade são valores cada vez mais raros neste mundo. Hoje cultiva-se a arrogância, o individualismo e o materialismo.
Sempre soube que antes de ter direitos, tenho deveres. E isso fez de mim um homem.
Sempre respeitei e admirei aqueles que servem os outros, e desprezo pelos que se servem deles.
Aprendi com 3 mulheres maravilhosas, tudo o que de carácter norteou a minha vida, e o que tornou a minha vida especial foram os meus amigos, eles são o meu refúgio feliz.

Nunca vivi numa redoma, por isso sempre deixei as pessoas entrarem na minha vida. Em mim podem encontrar sempre a verdade. Defendo quem amo com unhas e dentes (e pontapés se for preciso).
Não compreendo, nem aceito (porque não as tenho) atitudes ou posições dúbias. Agora posso sempre mudar de opinião, se os argumentos forem suficientemente fortes para me convencer.
Tive grandes amigos na vida que hoje nem me telefonam, e não respondem aos meus telefonemas, é assim a vida. Para muitos os amigos só servem para os seus propósitos e intenções, são para as ocasiões, são dispensáveis.
Eu por mim não dispenso os meus.
Aos outros não lhes tenho ódio ou rancor, tenho pena deles, não por me considerar “especial de corrida”, mas por ver que eles não são aquilo que eu amei neles.

Eu adoro abraçar os meus amigos porque os quero ter só para mim, protege-los de todo o mal que lhes possa acontecer. Sei que não posso, mas tenho sempre tanto medo de os perder.
Os meus amigos são o meu porto de abrigo, o meu porto seguro, onde eu gosto de me atracar.

quarta-feira, setembro 26


No meu modesto entendimento, não há nada melhor do que recuar e observar.
Acho que tenho um filtro que me faz ver o que me convêm, e aquilo que devo rejeitar.
Faço isto não por batota, mas por defesa pessoal. Se há uma coisa interdita no meu coração, é a raiva, a maldade, o rancor. São coisas repugnantes para mim.
Não tenho ódios de estimação. Geralmente tenho pena das pessoas que me odeiam, e que me detestam, por eu ser quem sou e como sou. Não é insolência o facto de pensar assim, não me iludo, há gente mais bonita do que eu (a maioria), mais inteligente e mais bondosa.
Mas tantas vezes me sinto sozinho, e a solidão dói, dói muito, a mim faz-me chorar.

Vivi a minha infância e adolescência na dor e solidão, isso fez de mim um ser atento aos outros, frágil mas ao mesmo tempo com uma força que vem de quem sabe olhar a vida de frente, e que luta para se salvar.
Passei de uma noite chuvosa de trovoada, para um céu limpo e solarengo. Foi uma viagem difícil, mas fi-la pelo meu pé, e encontrei gente que me quis acompanhar.
Os meus amigos.

segunda-feira, setembro 24


Consigo conversar durante horas, adoro conversar, trocar ideias.
Mas também gosto de ouvir pois é ai que aprendo.
Nada melhor do que participar numa discussão de ideias. Abre a mente.

Já chorei muito, por causa das agressões e violência de minha mãe, por causa de discriminação a que me sujeitaram, por não me sentir bem na minha pele.
Não sei como os outros me vêem, mas aflige-me o sofrimento alheio, e quando expresso em lágrimas ainda me magoa mais.
Não perco o respeito, nem a admiração por quem chora, perco por aqueles que provocam as lágrimas nos outros.
Se não viro a cara ao sofrimento alheio, muito menos ao dos meus amigos, porque os amo, e o sofrimento deles é também o meu, e eu quero ser feliz.
Claro que corro sempre o risco de ser considerado intrusivo, um metediço que gosta de se meter na vida dos outros (já me rotularam assim). Mas é porque não me conhecem, se não entendem as minhas intenções eu estou sempre disponível para vos elucidar.
Se já tem uma ideia fixa sobre mim, então não vale a pena perder o meu tempo a explicar-vos.

No fundo sou um bom sujeito com algumas fraquezas.
Procuro que a minha vida seja o menos desconfortável possível, mas confesso que vivo sempre com um amargo de boca, por não poder ser mais, fazer mais.
O desrespeito é tanto, a má educação grande, a justiça tão vaga, que me irrita até á medula. Apesar desta minha maneira de ser, tolerante e assertiva, ferve dentro de mim uma revolta por este mundo não ser melhor, mais agradável de ser vivido.
Quantas vezes acho este mundo parecido ao inferno, e nessas alturas fico danado, revoltado, irado, espumo pela boca.
Às vezes parece que sou eu sozinho contra o mundo.

Tenho medo desta gente que ataca quando estamos distraídos…