segunda-feira, novembro 26


Por mais experiência e inteligência que tenhamos, ninguém pode imaginar ou muito menos sentir a frustração e a dor alheia.
A vida traz-nos diferentes provações, umas maiores do que outras, algumas desumanas mesmo, já as tive em doses generosas…
Os heróis são feitos de pessoas que sobrevivem a elas, e não desistem de fazer conquistas e de superar dificuldades.
Manter viva a esperança é um desses actos de coragem, que devia deixar envergonhados aqueles que chateiam os outros com coisas mesquinhas. Existem dores que o tempo não cura nem apaga. O meu baú tem uma boa colecção.

Geralmente apodera-se de nós um sentido de injustiça, revolta, sentimentos de culpa, uma aversão e/ou medo dos afectos, e no pior dos casos uma queda vertiginosa em vícios que não são saudáveis ao nosso corpo e mente.
Não sendo nenhum herói, para melhor ou pior acabei por sobreviver ao caos da minha infância, á dor e á memória.
Claro que tudo o que se passou mudou a minha vida para sempre, mas a atitude que tive parente o que me fizeram passar, não isenta de dor, fez a diferença entre ser um ser humano em pleno, ou um ser afundado em culpas e tristezas. Sem pressas, com muita compreensão dos que me amaram e amam, lá fui tendo esperança na humanidade, fui acreditando de que poderia fazer a diferença, a acreditar nas minhas capacidades e na vida.

Sofrer fez-me amar a vida, fez-me focar nas minhas escolhas, avaliar as minhas opções, a saber distinguir o bem do mal, e a optar pelo bem, a ter a lucidez do que estava certo para ser feliz.
Estar atento ao que sentimos, e saber interpretar esses sentimentos, é o mais seguro investimento que podemos fazer em nós próprios.
Tudo se deve encaixar na nossa vida sem nos sentirmos desconfortáveis, claro que isso não depende só de nós, mas também de nós. Mesmo que se tratem de escolhas difíceis, no fim tudo deve encaixar. 

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