domingo, novembro 4


Não há amizades sem mácula.
Quando falo dos meus amigos é como se falasse de obras de arte, valiosas e sem preço.
E pagam-se com amizade.
Mas existe tanta hipocrisia, a amizade está gasta, demasiado gasta. Demasiadas imitações de amigos.
Já passaram tantos pela minha vida, e vão continuar a passar.

A gente pensa que com a idade aprende a conhecer as pessoas, a adivinhar-lhes o comportamento, o temperamento. Puro engano. Tanto na bondade como na maldade as pessoas não param de me surpreender.
Aprendemos a defendermos nos melhor, mas é tudo o que é possível. A idade só acrescenta o peso dos enganos, e a perda da inocência. Passamos a sofrer sem ter vergonha disso.
Perder um amigo para mim é terrível, como se um pedacinho do meu coração se desprende-se, e dói.
E nunca estou preparado para essa dor, Já chorei muito a perda de amigos, e desconfio que esse rio não vai secar.
 Mas ganho outros que não preenchendo o lugar dos que foram, vão permitindo que o meu coração não se desfaça.
Pensamos que a idade nos ensina, mas nunca nos prepara para a perda de alguém que amamos.
O amor nunca é ridículo. Este tempo tem tendência a esquecer as pessoas, os sentimentos, o amor, os afectos. Certas pessoas vivem sem saber o real valor de uma amizade, embora façam parecer que sim.

Não apreciei lá muito a minha infância, não tive lá muitos motivos para rir, nem sequer para sorrir, mas não guardei as frustrações para adulto. Apanhava porrada que me fartava ao ponto de ir para ao hospital de cabeça partida, claro que o meu irmão era o bode expiatório, nunca a minha mãe. Eu não levava com o cinto, levava com o dito e com o que estivesse á mão de semear, até com o pau que tinha um prego na ponta, para puxar a roupa da corda mais afastada da janela.
Quantas inutilidades a que damos importância, se as coisas podem ser bem feitas, porque insistem na vulgaridade? Por desconhecimento? Por desinteresse?

Já não tenho 18 anos, nem já perco a cabeça com a beleza física. Tenho muitas incertezas, mas de que não existe amor eterno tenho a certeza. E a culpa deve ser minha.
Para muita gente a minha forma física nunca corresponde ás suas expectativas. E a culpa deve ser minha.
Não quero vender a minha alma e muito menos o corpo ao diabo.
Nunca se devem fazer contratos se não se quer suportar as suas inconveniências. A permissividade excessiva afastam-nos dos sentimentos, dos afectos. E depois  temos um medo da decadência, tornamos-nos a besta.
Sabem do que estou a falar.
Se não sabem, tenho pena…

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