Detesto o provincianismo. Os provincianos são uma mistura de
megalómanos e recalcados.
Não são capazes de compreender a grandeza das coisas, só vêem
conspirações. Sem inspiração culpam os outros de tudo. São queixinhas, são
ressabiados, dedicam-se a quezílias miudinhas, são despropositados e uns
falhados. São repugnantes.
Disputam palmos de terra com violência, mata se for preciso,
gosta da autoridade do mata e esfola, adora achincalhar, gosta de gente séria,
são sempre moralmente superiores, reclama dos ladrões mas foge aos impostos e
passa facturas falsas, não vota nem defende a sua cidadania, odeia cultura e
intelectuais, adora dramas de faca e alguidar, diz que não é racista mas odeia
pretos, na mesma proporção dos ciganos e dos paneleiros, adora armar-se em
vitima, são machistas (eles e elas).
Gostam da cunha, atacam pelas costas. São uma dor d’alma,
surpreendem-se e desconfiam da honra e da coragem, acham que está sempre tudo
mal, mas não fazem nada de positivo para mudar a situação.
E eles estão em todo o lado, mesmo em Lisboa.
Sempre gostei de andar e conversar com as pessoas das vilas
e aldeias por este país fora, recebi ensinamentos que não poderia obter nas
grandes cidades. Essas pessoas amam a sua terra e falam-me das suas belezas,
tem orgulho nelas e não precisam de menosprezar os citadinos para serem
grandes.
Sempre gostei de gente simples. E depois tenho este vício da
conversa, e há tantas conversas para ter, e passamos demasiado tempo a falar, e
pouco a conversar.
Tão medonho como terrível é o novo-rico, seja ele citadino
ou rural.
Faz tudo o que vem nas revistas, compra roupa de marca, tem
de ter automóvel de alta cilindrada. Cartão de crédito GOLD XPTO, janta nos
lugares da moda (preferencialmente de gente famosa), tem férias em resorts de
luxo, finge esquiar e andar de barco, tem apartamento com mais de 5 assoalhadas
em condomínio fechado, frequenta o ginásio da moda, bebe whisky de marca mesmo
que não goste, vai ao centro cultural de Belém, tem os filhos em colégios
finos, está sempre a ir e a vir do aeroporto, usa relógios caros, telemóvel com
mais G dos que o seu Q.I., falam sempre alto em tom bruto e seco, sempre a
comandar para impressionar os restantes.
Usa perfume caro e que cheira a 10 km de distância, ao pé
dele nunca há moscas, a única mosca morta é ele.
Joga golfe e fuma charuto, vais ao Estoril Open, (iria ao
Grande Prémio de Formula 1, mas já não se realiza em Portugal).
Sonha andar com top-models ou colunáveis, sejam elas da TV
ou do que for. Nunca lê livros embora tenha uma estante com eles (para dar uma
de culto). Prefere ler a Caras e a Vip ou quejandos. Fala inglês (tão mal como
o português).
Mas como dizia o escritor, é impossível viver em verdade e
amar a mentira…
Cada vez me interessam mais os sentimentos e menos as
personagens.
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