quarta-feira, agosto 15


O que é que eu quero da minha vida? Fazer a diferença.

Como todo aquele que sabe ser diferente da maioria, passei parte da minha vida a tentar encaixar-me neste mundo, que em parte me renega, outra parte me odeia, outra me tolera.

Mas eu não quero ser tolerado, quero que me respeitem, e me amem por aquilo que sou.
O facto de ser voluntário da ILGA, e activista LGBT não é por acaso, é uma consequência, um fim, para onde caminhei sem dar por isso, por ter sido tão natural e tão inevitável.
Todo o carinho que tenho recebido por parte da comunidade LGBT tem-me recompensado, incentivado e confirmado que vou no caminho certo. Não sou nem quero ser uma “estrela cadente”, não faz parte do meu carácter. Quero sim ser e estar, no lugar certo para fazer a coisa certa.
Quando me perguntam o que queres fazer, respondo sempre, o que for preciso.

Sempre quis, e continuo a querer, ser a razão para os outros serem melhores. Por isso incentivo as suas qualidades, digo-lhes na cara, mimo-os, tento que não se percam neste mundo egocêntrico, insensível aos outros.
Ainda á pouco tempo vi um miúdo cair de uma mota em pleno dia de chuva, e ninguém lhe acudiu. Para mim foi uma coisa natural fazê-lo, nem podia olhar para o lado sem saber se ele estava e ficava bem, era imperativo que o fizesse, não o fazer ia tirar a humanidade que está em mim, e da qual não quero prescindir.
Não posso passar ao lado do sofrimento alheio, do que precisa de mim, é como desumanizarem-me.

Sei que para muitos sou um ser estranho, misto de estúpido e tonto, mas sei que estou cá para os outros. Porque é deles que recebo o que me alimenta a alma e o cérebro. Os afectos.
Se não entendem isso, se não me entendem, lamento dizer-vos que estão errados. Sempre soube que a razão está do lado do bem. E eu quero sempre ter razão.
E não bastam as palavras bonitas, tem de se traduzir em actos.
Se pensam que não é necessário darem de vós aos outros, lembrem-se que para receber é preciso dar. Não se vitimem depois quando precisarem dos outros e só virem deserto á vossa volta.

segunda-feira, agosto 13


Há momentos na vida que tornam insignificantes e fúteis as nossas penas, são aqueles que vivemos com os amigos.
Esses momentos de alegria e partilha são paliativos para as agruras, para as feridas que os outros nos causam. Diante deles afasto os meus pesares e a minha raiva contra as bestas deste mundo. Aqueles que tiram prazer em tirar a dignidade aos outros, que é uma forma de matar sem matá-los.

Aos que tem bens avultados, poder, tudo lhes é perdoado, todos os vícios são permitidos. Ao pobre, ao fraco, dizem-lhe como há-de viver, como se há-de comportar.
O desprezo pelo outro, que chega mesmo ao ódio, não dão mostras de abrandarem, muitas vezes tendo mesmo os sintomas de uma epidemia.
O facto de não me correr bem o dia, não me dá o direito de ser indelicado com os outros. Os amargos de boca são meus, e lá se devem curar. Nestas alturas são os amigos que me adoçam a boca.
Não consigo odiar ninguém, mas não me peçam para gostar de quem só me dá amargos de boca.

Porque teimam em querer humilhar e maltratar as pessoas? Porque teimam eles?
IDIOTAS!

domingo, agosto 12


Muitas vezes me lembro da janela de casa de meus pais, onde via os outros meninos a brincar na rua, e para onde eu era proibido de ir.
Não era com medo que eu me magoasse, era para não verem as marcas da violência de que era sujeito pela minha mãe.
Não admira que eu urinasse na cama até aos 11 anos de idade, e que era mais um motivo de porrada e humilhação., a “menina Joaninha” como me chamavam…
De tanta violência e falta de amor e carinho, até admira que seja um ser tão afectuoso (ou se calhar não!), mas ai de quem abuse. Ou me negue uma resposta aos meus afectos. Fica automaticamente arredado da minha vida.

Não tive uma infância, tive um purgatório.
Enquanto pensei que o que me faziam era usual, normal, fui aguentando.
Quando percebi que o não era, uma dor e uma revolta apoderou-se de mim.
Hoje rio de quem me fez sofrer, não porque lhes tenha perdoado, mas porque não me venceram, não me tornei igual a eles, ou pior. Escolhi o caminho que achei mais certo.

Sempre foram muito caladas as alegrias da minha infância. O choro, esse dava para encher um lago. Ainda hoje só choro de alegria e emoção á frente dos outros, o choro de tristeza e dor é só para mim, quando estou sozinho, pois foi assim que aprendi.
Lembra-me de sonhar muitas vezes, demasiadas vezes, que eu não era eu, era outro corpo, que me libertava de todo aquele sofrimento. E sonhava…
Ainda hoje passados tantos anos, me pergunto porque passei eu por tudo aquilo, que fiz eu para merecer tal.
E sei que não há respostas…

sábado, agosto 11


Há pessoas que são tão estéreis que metem dó.
Estéreis de afectos e inteligência.

Já disse, e acredito com convicção, que para ser meu amigo, não é necessário ser-se belo(a), rico ou poderoso/influente., basta ser bondoso e generoso, que não é bem a mesma coisa.
Através da bondade e da generosidade recebi tudo o que me tem feito uma pessoa feliz, retribuo e dou em doses generosas o mesmo, pois quem tudo recebe e nada dá é um deserto. E eu não sou um ser estéril.

E não teremos todos nós um papel na transformação do mundo? Eu acredito que tenho um papel neste mundo, o de valorizar os bondosos e justos. Não acredito no politicamente correcto, acredito na justeza, na bondade humana, e acredito de tal forma que aposto a minha vida se for preciso.

quinta-feira, agosto 9


Não sei o que os outros vêem em mim.
Sei que não sou uma pessoa atraente fisicamente, especialmente dotado em nada de especial, mas sei o que quero.
E o que quero é amar e ser amado, ter as pessoas de qualidade comigo. Aprender com elas e partilhar momentos na sua companhia.
E que melhores arvores me poderia eu encostar? À dos meus amigos, naqueles em que vejo os valores humanos que defendo, e luto, com unhas e dentes. Aqueles que me ensinaram.

Graças a mim não fui aquilo que a minha família queria, fui, sou, aquilo que quero na medida das minhas possibilidades, com quem quero e quando quero.
Não troco os meus amigos, que amo de paixão, pela minha família, nem por nada deste mundo.
Se Deus existe que me julgue pelos meus actos. Tenho a consciência tranquila de que tenho feito o bem, pois é ele que me salva de ser uma besta.

quarta-feira, agosto 8


Porque não sou como os meus familiares? Porque não segui o caminho para mim escolhido? Porque razão sou tão diferente do meu irmão?
Tive a mesma (des) educação que ele, sofremos ambos as mesmas agruras da infância provocadas pela minha mãe. Mas um tornou-se igual a eles, e eu segui o caminho oposto. Para mim o que segui fazia-me mais sentido.
Nunca me revi na falta de valores da minha família, na sua falta de escrúpulos, na total ausência de amor, que as cargas de porrada e torturas da minha mãe, infligidas aos filhos, lembraram a toda a hora.

De minha mãe, de meu pai, dos meus avós, nunca recebi carinho, amor ou qualquer estima. A revelação da minha homossexualidade agravou a situação.
Toda a educação, todo o meu carácter, toda a minha moral, bondade e generosidade, recebi-a e foi-me ensinada por estranhos. A eles devo a minha formação moral, e os valores por onde guio a minha vida.
Sou a prova viva de que ser filho de alguém não é necessariamente um salvo-conduto para se ter um carácter igual.
Aquilo que recebi da minha família não me tornou igual a eles, não me interessava a sua visão do mundo. No fim fui e sou dono da minha cabeça, do caminho que quero seguir, mesmo que enorme obstáculos se atravessem á minha frente, hei-de afastá-los do meu caminho ou contorná-los.

Se sou lutador, se tenho coragem, não sei. Já disse que não posso passar ao lado da coragem, viver livre no pensamento é sinal de coragem. Os outros que avaliem o meu carácter.
Eu por mim quero ser livre, viver livre, pensar livremente, mandar na minha cabeça.
Apesar da nódoa que é a minha família, sinto-me limpo como a neve.

segunda-feira, agosto 6

Ser homem
O que é ser homem?
Serão os cromossomas? O facto de se ter um pénis? O ser macho e gostar de vaginas?

Para mim ser homem é ser honrado, ter carácter, simplicidade natural, tratar todos por igual, sejam feios ou bonitos, pobres ou ricos, famosos ou anónimos.
Ajudar os fracos, defendê-los dos opressores, torná-los fortes.
O verdadeiro homem não ajuda os fracos, protege-os. Mantêm-se fiel aos seus princípios, á sua moral, faz do seu discurso acção, não trai os amigos, é verdadeiro e frontal. Aceita os seu defeitos e os dos outros. e tenta suprimi-los.
Ser homem não é fácil, mas é preciso.

Ser homem é ser bondoso, mostrar afectos, apostar neles. Isso só o fortalece, não o enfraquece, nem o diminui.
Ser homem é ter carácter, não ser escravo da riqueza material, apenas procurar a riqueza mental, a da sabedoria, e essencialmente a dos afectos.
Ser homem é seguir o seu caminho, sem atropelar ninguém, ter carácter justo e sincero.
Ser homem é ser livre, defender a liberdade alheia, ser digno  e defender a dignidade humana, acusar e agir contra as arbitrariedades, lutar e resistir contra os tiranos.
Ser homem é por vezes estar só... 

Mas também é conquistar os outros homens (e mulheres), como amigos, ter o seu respeito e afecto.
Os  meus amigos são bons, irradiam bondade e simpatia e carácter. São de confiança, são dignos.
São eles que me fazem ser homem, que me comovem com os seus afectos, me protegem com os seus abraços, me fazem rir com o seu humor. Com eles vivo o mundo da bondade, alegria e de paz, um mundo perfeito, em que sou feliz. São eles que me dão força para vencer o mal.
São eles que me ajudam a ser um HOMEM.

domingo, agosto 5

Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza.
Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas acções e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. A inveja, a cobiça ou o ressentimento que nos movem ficam santificados, porque pensamos que agimos em defesa própria.
O mal, a ameaça, está sempre no outro.
O primeiro passo para acreditar apaixonadamente é o medo. O medo de perdermos a nossa identidade, a nossa vida, a nossa condição ou as nossas crenças. O medo é a pólvora e o ódio o rastilho.
Flutuamos ao mínimo sopro. De circunstâncias duvidosas, fazemos certezas que nos aterrorizam. Como a justa medida não é do nosso feitio, instantaneamente uma inquietude se converte em medo
O pior medo é o medo de nós próprios e a pior opressão é a auto-opressão. Antes de se tentar lutar contra qualquer outra coisa, penso que é importante conquistarmos a liberdade de não termos medo de nós próprios
Não tenhas medo do passado. Se as pessoas te disserem que ele é irrevogável, não acredites nelas. O passado, o presente e o futuro não são mais do que um momento. O tempo e o espaço, são meras condições acidentais A imaginação pode transcendê-las, e mais. Também as coisas são na sua essência aquilo em que decidimos torná-las. Uma coisa é segundo o modo como olhamos para ela

segunda-feira, julho 30



Sou abençoado porque possuo amigos, tenho-os sem os pedir. Porque um amigo não se pede, não se compra, nem se vende. Amigo ganha-se, conquista-se.
Benditos os momentos que sofro pelos amigos, porque os tenho. Porque um amigo não se cala, não questiona, nem se rende, apenas entrega o ombro para o amigo chorar.
Porque um amigo sofre e chora com o amigo. Para o amigo não há horas.

Benditos sejam os meus amigos que acreditam na minha verdade e que me apontam a realidade. Porque os meus amigos apontam-me a direcção. Os meus amigos são o meu chão!
Ter amigos é a melhor cumplicidade!
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho, outras sorriem por saberem que os espinhos têm rosas!



Para que serve um amigo? Para tudo e para nada. Para te fazer feliz e te curar da infelicidade, para te reparar e para tu cuidares dele.
Um amigo partilha lembranças, crises de choro, experiências, culpas e segredos.
Um amigo empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a ternura, dá a palavra sábia. A um amigo recomenda-se.
Um amigo leva-te para o mundo dele, e entra no teu.
Um amigo segura na tua mão, leva o teu coração nas mãos dele, e coloca-o numa redoma para ele não se magoar



Os meus amigos são assim, amém.

domingo, julho 29


Das muitas coisas que a vida me ensinou foi a que por vezes temos que desistir de certas coisas, ou pessoas, para seguirmos em frente.
Não digo que seja fácil, por vezes dói como um raio. Mas é como um remédio que se tem de tomar para nos curarmos, sabe mal mas tem de se engolir.
É isto que me permite sobreviver a esta selva que é o mundo.

Este ano foi o ano mais feliz da minha vida.
Mudei fisicamente, tornando mais eu, passei a olhar para mim ao espelho e não ficar triste.
Também foi o ano em que me tornei um DARK HORSE. Uma experiência na minha vida que nunca sonhei sequer poder vir a acontecer.
Aos poucos e poucos fui ganhando batalhas e os corações dos meus companheiros, que me foram vendo como um igual entre iguais.
Do torneio dos emergentes ao PITCH BEACH foram emoções atrás de emoções, batalhas atrás de batalhas que fomos vencendo, que eu fui vencendo. Foi um descobrir coisas em mim e nos outros, que me fez ganhar companheiros, mas mais importante, amigos, amigos para a vida, pois só assim encaro a amizade.
Os Dark Horses tornaram-me um homem melhor, mais feliz, mais confiante. Estou com eles para ficar até que não me restem forças no meu corpo para os acompanhar, e ajudar a serem os fantásticos seres que são.
Vou sentir a sua falta neste mês de paragem para descanso, mas sinto que consegui atingir os objectivos a que me propus, mas vou desafiar-me e conseguir mais e melhor, pois os meus companheiros merecem.
Só quero que eles saibam que me fazem feliz, e que eu os amo como irmãos.
Aquilo que me deram foi algo de grandioso que só posso retribuir estando sempre disponível para os ajudar a serem melhores.
Obrigado companheiros, amigos.

DARK HORSES!

domingo, junho 24



Os ideais que me iluminam e me enchem incessantemente de alegre coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade. Sem o sentimento de harmonia com aqueles que têm as mesmas convicções, a vida ter-me-ia parecido vazia. Os banais esforços humanos de propriedade, êxito exterior e luxo pareceram-me desprezíveis.
Quando reflectimos sobre a brevidade e a incerteza da vida, parecem-me desprezíveis todos os nossos anseios de felicidade.
 Juntar todas as pessoas num molho é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas.
E evita que pensemos, o que para muitos é complicado. 

Parece-me quase natural o facto de vermos defeitos nos outros e fazermos juízos pouco agradáveis. Porque temos, o direito de as avaliar segundo os nossos padrões e, em tais situações, mesmo as pessoas compreensivas e moderadas dificilmente se abstêm de fazer uma crítica.
Mas muitas vezes quando se tentar entender a outra pessoa no seu ambiente, no que realmente é através do seu percurso, e na maneira como ela se adaptou e sobreviveu, só por má vontade ou por manifesta incompreensão se pode criticar aquilo que, não pôde deixar de nos parecer, por mais que uma razão, digno de ser criticado. O indivíduo mais limitado pode ser completo, se se move dentro das fronteiras das suas capacidades e das suas disposições pessoais.



É verdade que não são as circunstâncias que definem a nossa vida, mas fazem-nos seguir caminhos.
Eu sempre escolhi o do diálogo e da compreensão, o do conflito nunca me trouxe nada de bom. E mesmo os que ganhei, acabei por perder, pois ficou um vazio de razão que não me preencheu.
A vida, que é, antes de tudo, o que podemos ser, vida possível, é também, e por isso mesmo, decidir entre as possibilidades o que em efeito vamos ser.
Não somos arremessados para a existência como uma bala, cuja trajectória está absolutamente predeterminada.
Surpreendente a vida! Viver é sentir-se forçado a exercitar a liberdade, a decidir o que vamos ser neste mundo. Nem um só instante se pode deixar descansar a nossa obrigação de tomar decisões, mesmo quando desesperados decidimos não decidir.



E quem decide é o nosso carácter.
Um homem louco é aquele cuja maneira de pensar e agir não se coaduna.
Há pequenas impressões, finas como um cabelo e que, uma vez compreendidas, evitam muito sofrimento e quezílias inúteis.

quarta-feira, junho 13


A Europa a afundar-se arrastando a economia, e o país preocupado com o futebol. "Somos os maiores", no desemprego? na injustiça? na desigualdade social? na falta de transparência? na corrupção? na abstenção? no abandono escolar? na iliteracia? na desresponsabilização? no desenrasca?

AH LÀ ISSO SOMOS. E depois quando nos dizem as verdades ficamos irritados e "lá vêem os profetas da desgraça". Já diz o ditado "o pior cego é aquele que não quer ver". Ganhamos um jogo e somos os maiores, e vamos resolver a "crise" do país.
Deve ser a dos ricos (jogadores da selecção incluídos). Porque amanhã a taxa de desemprego vai continuar a subir, a desigualdade também, e os meninos da selecção vão poder continuar a viver a sua vida de lordes, como os tugas vão continuar a bajulá-los, ou a crucificá-los, dependendo se ganham ou perdem.


Ontem vi escrito na casa de banho de um bar, “Não entendo o que é isso do Orgulho Gay? Orgulho em ser gay? Em acho uma coisa normal”.
Entendo que ache ser gay uma coisa normal, porque o é; agora o não entender o que é ter orgulho em ser gay… ou é um privilegiado ou é estúpido.

Eu tenho orgulho em ser gay porque não tenho vergonha de o ser, porque tenho orgulho em mim, por ter sempre lutado para me respeitarem, contra o preconceito, a maldade, o desrespeito que muitos me quiseram tratar.
Só quem não viveu, e lutou, para que o respeito pela orientação sexual fosse igual, é que não compreende o Orgulho Gay. Muitos falam como se fosse igual a vida para um gay ou para um hetero. NÂO, NÂO é. Infelizmente ainda não é…
Quando eu tinha 18 anos éramos presos por sermos gays, e levados para as esquadras, e humilhados e ouvíamos se queríamos levar com o cassetete pelo cu acima , (embora acredito que muitos quisessem).
Só quem não passou pela expulsão da família, por agressões brutais, pela humilhação, pela perda do emprego, pela negação simples a mostrar os afectos por uma pessoa que se ama livremente na rua, pode perguntar ou criticar quem se ache no direito de ter orgulho em ser gay.

Eu tenho orgulho em ser gay, porque apesar de tudo aquilo que me fizeram sofrer, sou um ser equilibrado, um bom ser humano, soube lutar e venci, fui melhor que eles.
Tenho sim orgulho, e vou continuar a lutar para que outros o tenham.

António Variações - Perdi a memória

domingo, junho 10




Alguns ouvem com as orelhas, outros com o estômago, outros com o bolso e alguns, simplesmente, não ouvem.

O silêncio do invejoso está cheio de ruídos.



Protegei-me da sabedoria que não chora, da inteligencia que não ri e da grandeza que não se inclina perante os mais fracos.



Algumas vezes do mal nasce algum bem, e do bem, algum mal. O presente é nosso, por isso não nos serve de alívio o bem futuro, nem nos deve inquietar o mal futuro



Uma pessoa realista não se ilude mas também não pode deixar de ter esperança. Se fizermos uma reflexão, sabemos o pouco que basta para fazer o nosso bem, ou o nosso mal: de um instante a outro mudamos da alegria para a tristeza, e muitas vezes sem motivo digno disso, que o de uma vaidade mais, ou menos satisfeita.



Os homens não são todos igualmente sensíveis ao bem, e ao mal, a uns penetra mais vivamente a dor, a outros só faz uma impressão ligeira. O bem não acha em todos o mesmo grau de contentamento.

No carácter há a mesma diferença, uns mais débeis, e outros mais robustos, por isso uns são mais sentimento, e outros mais resistência, nuns domina a vaidade e em outros a vaidade é uma coisa natural

A vaidade é um ímpeto, um vício sossegado, e sem desordem.
  

quinta-feira, junho 7

Como pode ser-se idiota e, ao mesmo tempo, feliz?

A idiotice e a felicidade estão ligadas, muito ligadas.
O idiota tem segurança em si próprio que o leva, a considerar-se uma pessoa sempre certa, com razão e de beatitude muito próxima do ele considera ser superior.
Assim sendo, não vejo incompatibilidade entre o ser-se idiota e o ser-se feliz. Bem sei que há várias maneiras de se chegar a idiota. Já foram experimentadas comigo.

João, não penses. Se começas a pensar estragas tudo.
Não quero dizer, com isto, que não acredite na felicidade. Mas não consigo afirmar-me como um grande idiota.

Agora que muitos, de certeza, querem fazer de mim outro idiota. Não por desejarem reconverter-me, mas para aconselharem-me, a eu não pensar, principalmente não pensar.
Se tivesse seguido o caminho para mim traçado, talvez tivesse sido feliz - não se sabe - idiota e feliz. Assim, fiquei longos anos idiota e infeliz, infeliz por ser idiota e saber que o era e que não podia deixar de o ser. Ora, um idiota que é infeliz por saber que é idiota já pode estar a caminho de deixar de o ser. É uma possibilidade. É a tal luz no fundo do túnel, como se disse tantas vezes a propósito da situação económica deste idiota de país.

Há idiotas que se consideram inteligentíssimos, o que é uma forma muito comum de idiotia, e extraem dessa certeza uma felicidade, que consiste em uma pessoa se julgar muito superior às que a rodeiam.
Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima como poder, é, quase sempre, um perigo.
Oremos.
Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também, coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa.

domingo, junho 3



Os donos da razão, todos os dias os encontro.

Evito-os, embora ás vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me enganam. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.


Convencidos da vida há-os, em toda a parte, eles estão convictos da sua excelência, da sua razão magnânima dos seus actos de que são, os melhores.
Praticam, uns com os outros esse convencimento, e precisam de espectadores, necessitam de “dar nas vistas”, ser o foco das atenções. E não admite que está errado, e não ouve os outros, os outros para ele são simples ouvintes.

Faz “amizades” conforme lhe for mais útil, conforme a disponibilidade e a pachorra de lhe seguirem o raciocínio.

Dizem as piores asneiras com o ar mais convencido do mundo, e pensam que todos nós, seres inferiores a eles, acreditamos. Cultivam a sua vaidade baseada na ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e julga-se mais hábil do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro um convencido da vida fazer piruetas, e contradizer-se, para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.

sábado, junho 2



O que é mais proveitoso, representar o mundo como pequeno ou como grande?



Para mim sempre foi claro ver na humanidade qualquer coisa de grande, de magnífico e de importante, digna de todos os zelos e de todos os esforços, que vejo com consideração e estima.

Sempre foi essa sensação, essa ideia, essa certeza, que me fez avançar, que me fez tornar melhor ser humano, na tentativa (sei que vã) de me tornar um ser perfeito. Acreditar que posso ser melhor, e tornar nesse processo, os outros melhores, tem sido o meu catalizador para tornar a minha infância e juventude de dor e sofrimento, numa vida dedicada aos outros. Porque se há uma coisa que sei nesta vida, é que a minha salvação está nos outros, e só neles, nos afectos e em tudo o que de bom vou conseguir dos outros seres humanos. E eu sei que vou.



Isto não me isenta de certa depreciação de mim mesmo e do mundo, uma espécie de mal-estar, em que o mundo, sorrindo, me vê como um rapaz ingénuo e tolo.

Mas a minha confiança e fervor em que acredito que o ser humano tem salvação, que é bom estar vivo e acreditar na bondade dos outros, oferecem-me vantagens consideráveis. Não concedo grande importância às coisas mas aos actos, aos sentimentos. Além disso, os meus pensamentos e o meu comportamento são causa de uma (aparente) seriedade, duma paixão e de um tal sentimento de responsabilidade que, tornando-me ao mesmo tempo um homem amável, não me fazem esquecer, nem descurar, do que podem fazer as pessoa mais vis.

sábado, maio 19



Não, a vida não me desapontou!



Bem pelo contrário, todos os anos a acho melhor, mais desejável, mais misteriosa...

Desde o dia em que vejo a mim a grande libertadora, a ideia de que a vida podia ser aquela que eu queria para mim, a procura do saber, e não dever nada a ninguém, a fuga á fatalidade.

Quem me despontou foram algumas pessoas, aquelas que não tem qualidade. Mas essas risquei-as da minha vida, passo-lhes ao largo, e defendo-me delas, não lhes alimentando o ódio e a inveja com que me “presenteiam”.

Deixa-as destilar o veneno, que pode ser que mordam a língua e morram envenenadas.

Agora só não toquem naqueles que amo, os meus amigos…



E quem, de resto, se poderá bem rir e bem viver se não for capaz de enfrentar a vida e vencer as suas guerras?



Há pessoas que me acham um ser com uma forte personalidade.

Se calhar tem razão. Eu acho que sou uma pessoa que tenho a cabeça arrumada, sei aquilo que quero, e para onde quero ir. Encaro os meus sentimentos e afectos com a maior naturalidade e demonstro-os sem pudor ou vergonha. Pois eles fortalecem-me, não me diminuem, nem me enfraquecem. Aposto neles pois são eles que me salvam de ser um homem vulgar.

E de gente vulgar já estou farto…



Pobre dessa gente que apenas tem para mostrar, e conquistar os incautos, um corpinho jeitoso.

Quantas vezes fui olhado com ar de nojo por aqueles que agora andam atrás de mim, só porque não tinha o corpo que eles achavam apetecível. Eu continuo o mesmo na minha cabeça, só em versão melhorada (sem photoshop) e com muito mais confiança. Se isso se nota, ainda bem, adoro vê-los a morder os lábios quando os ignoro.

Os meus amigos não tem de ser lindos, nem inteligentes, basta seres bondosos e generosos, humanos e afectuosos. Os meus amantes idem…

quarta-feira, maio 16



Tenho conhecido tanta criatura nesta vida sem grandeza de alma e sentimentos.

São intriguistas e mesquinhas, adoram fazer-se de vítimas, mas fazem de vitimas os outros, sendo incapazes de entender o que é justiça.

São seres pobres e secos de afectos, só se vem a eles ao espelho.

Para eles a vida limpa, plena, franca, encarada nos cornos, não faz sentido.



Entre o Deve e o Haver, eles acham que é tudo a haver para elas, egoístas como são.

Não são gente… são coisas amargas, sem ternura, sequiosos de atenção, sem saberem qual é o caminho certo, sem rumo na vida, querem eles lá saber do céu e do inferno. O inferno já eles o fazem nesta vida. E então os “devotos” são os piores. Armados em puritanos, lá estão eles de dedo em riste, a apontar lestamente os “defeitos” aos outros.

A que propósito merece esta gente a minha solidariedade?

quarta-feira, maio 9


Uma coisa sabei de mim, que quero antes o bem que o mal, porque muito mais o sinto como meu, que o mal que me recorda o meu passado, e a morte, que até me matar, me mata. 
Não sei se serei capaz de voar tão alto, porque para voar alto, são necessárias asas que não tenho. Mas vós que também sois homens como eu, desculpai-me a conta em que vos tenho. E o que de mim vos sei dar, é simplesmente o melhor que tenho, que sou, que é a honestidade do meu carácter, a bondade do meu coração, a inteligência emocional dos meus afectos. 

domingo, abril 29

Dos meus avós pouco tive, e poucas boas lembranças me deixaram.


Do meu avô paterno tenho a imagem do meu irmão chapado, homem baixo de estatura (física e mental) robusta. Carácter de homem bruto, que adorava sempre o neto mais recente, que assim que nascesse outro, era substituído na sua afeição. Como teve 17 netos, poucas lembranças terão eles do afecto do avô. Depois deviam ser tratados "com um pau nas costas"...
Teve a feliz ideia (infeliz para ele, mas merecida), de fazer a partilha da herança em vida. depois de servidos os herdeiros, com raras excepções, andaram a empurrá-lo entre eles. Típico de gente que só vive para o dinheiro e a influência. 
Acabou por morrer na Azambuja, em casa da filha mais velha, e onde está enterrado.


Da minha avó paterna a pouca recordação que tenho é uma imagem de uma mulher grande, pelo menos para mim, miúdo, era, rude e sem afectos para dar. Morreu de Diabetes.


O meu avô materno não o conheci`.
A minha mãe foi fruto de um caso fora do matrimonio de minha avó, não sei se casada na altura ou não, se o meu avô o era com outra ou não, pois tudo era tabu na família, em relação a isso. Sei que ela viveu sempre com a mágoa acerca disso, e descarregou no marido e filhos essa frustração. Embora sempre me apresentasse a minha avó como um exemplo de virtude, embora estivesse elas as duas longe disso.
Os mal tratos ficaram para nós...
Viveu para lá dos 90. Mulher magra, seca de corpo, sentimentos e inteligência. Autoritária e bisbilhoteira, queria controlar a vida de todos e fazer tudo á sua vontade, caprichosa.
Sobreviveu á morte de dois filhos, o mais velho e o mais novo.


Aquele a quem eu chamei de avô, embora sem ser do meu sangue, foi o avô Silva, ultimo marido de minha avó, e pai de 3 dos meus tios.
Sofria de Parkinson, mas era um homem calmo e agradável, foi o único avô que me deixou boas memórias.
Lembro-me sempre dele em duas ocasiões marcantes: Num grande incêndio ocorrido na Serra da Luz, há muitos anos, num bairro de barracas, estava ele no cimo das escadas da casa dos meus tios, a apontar e a tentar falar assustado. Vimos então ao longe o incêndio e as explosões (mais tarde soubemos que eram as bilhas de gás nas barracas), e chamámos os nossos pais. O incêndio alastrou-se até á Calçada da Carriche.
Outro acontecimento foi o da sua morte, a família toda reunida em casa á espera do seu falecimento, num velório tanto de macabro como de comovente. Senti na altura que a pessoa que mais sentiu a sua morte foi um meu tio, marido da sua filha mais velha, que não sendo do seu sangue o considerava como um pai.


Sei que muitos tem histórias bonitas sobre os seu avós. Também gostaria de as ter. Mas foi o que me caiu em rifa, duas famílias disfuncionais em afectividade.
Mas mesmo assim acho que não me sai nada mal...

segunda-feira, abril 23


Sempre vivi um pouco sozinho.


A minha condição de homossexual não permitiu grande aceitação entre a minha família, os meus colegas de escola ou de trabalho.
Aos 10 anos já me sentia diferente dos outros. Embora não gostasse de desportos violentos (o que eu mudei...), não queria brincar com bonecas.
A visão do meu professor de ginástica a tomar banho na escola deixava-me fascinado, e ai percebi que não era igual aos outros meninos.
Por isso isolei-me, no meu mundo, cada vez mais só meu, numa tentativa de me proteger. Preferia estar sozinho comigo mesmo, que estar a ser magoado pelos outros.
Acho que foi isso que me tornou atento ao mundo a meu redor. Quando não entendo uma pessoa, um acto, um comportamento, distancio-me e observo, tento entender.


Quem me conhece sabe que sou um ser social, adoro a companhia dos outros e a troca de ideias, mas cheguei aqui devido a um percurso muito solitário e de grandes batalhas comigo mesmo, que me fez vencer barreiras, até me sentir confortável comigo mesmo e com o contacto com os outros. Por isso assumo a minha orientação sexual em pleno, e faço questão que saibam desde cedo que sou gay. Sem medos, receios, constrangimentos. 


Tenho orgulho na pessoa em que me tornei: honesto, bondoso, solidário, sincero, humilde. Não sou perfeito, ainda tenho muito para aprender, mas sou o melhor que sei ser. 
Já perdi muitas esperanças acerca da humanidade, mas continuo a acreditar no amor, sob todas as formas, como forma de redenção e salvação do homem.
Eu faço a minha parte. Já sai da redoma.

domingo, abril 22

Como eu amo o Porto.


Sou Alfacinha, nascido e criado, mas desde que vi a cidade do Porto com os meus olhos, pela primeira vez, fiquei apaixonado por ela e pela sua gente frontal e hospitaleira.
Adoro deambular pelas ruas do centro, para na Ribeira e olhar o rio e Gaia, sentir a atmosfera, o charme da cidade património mundial. E como se come bem no Porto.


Depois de 10 anos de ausência voltei ao Porto em Setembro do ano passado. Foi como um miúdo maravilhado com um brinquedo desejado que regressei á Ribeira, á Sé, á Alfândega, aos Clérigos, á livraria Lello & Irmão, que comi uma francesinha, e um bacalhau acompanhado com um delicioso vinho verde de Marco de Canaveses, e uma bôla.
2 meses depois lá estava novamente com os Dark Horses para jogar a segunda mão da Nuria Cup.
Novamente estive no Café Lusitano, onde dancei mais uma vez até á exaustão, com os meus companheiros de rugby.


Rui Reininho disse uma vez que "Lisboa é uma mulher bonita e o Porto um gajo porreiro". Concordo plenamente. 
São duas cidades bem distintas, com carácter próprio e ambas belas e interessantes. Embora adore a minha Lisboa natal, continuo a sentir-me em casa no Porto, e a sentir-me em família com a sua gente, que sempre me respeitou, mesmo sendo "mouro".
E o bom filho á cada torna...
Não sei o meu futuro, mas quero voltar a casa o mais breve possível, pois tenho sempre saudades de voltar ao Porto

domingo, abril 15

Já não se sabe sorrir em Portugal.
Anda nos rostos e nos gestos o sofrimento da fome e do ultraje, com que este governo, e esta Europa, nos castiga.
Estamos numa curva descendente de humanismo, de humilhação e, humilhação, tirando-nos a dignidade dia-a-dia, até não restar nada de homem em nós.


Não podemos baixar os braços, ser silenciosos, ser coniventes.
É a nossa carne que vai para o canhão, é a carne dos vossos filhos, dos vossos netos. É o futuro deles que estão a hipotecar, para manter os grandes gordos.
A nossa vida, é nossa. Pertence-nos, não a eles. Temos de a reclamar como nossa.


Portugal está a ser transformado num enorme campo de concentração. Eles já começaram a bater-nos, eles estão a aproveitar-se da nossa bonomia e desunião.
Temos 9 séculos de história como povo, somos uma raça de resistentes.
Antes morrer como um homem do que como um escravo submetido. 

sábado, abril 7



Eu combato a minha superficialidade, a minha mesquinhez, para tentar chegar aos outros sem esperanças utópicas, sem cargas de preconceitos ou de expectativas ou de arrogância, o mais desarmado possível, sem armas, sem armaduras, aproximo-me dos outros de peito aberto, de pé, em vez de estraçalhar tudo com a minha superioridade, aceito os outros de mente aberta, como iguais, de homem para homem, para não perceber tudo ao contrário.


Mais vale ter um cérebro do que um punho fechado. Não quero estar mal preparado para conseguir ver as acções e os objectivos secretos de cada um.

Não quero fechar-me e manter-me enclausurado como fazem muitos, num permanente medo de que os outros vejam as suas fraquezas e nos julguem menores. Quero estar sempre o mais próximo possível da realidade e das pessoas reais, não quero estragar as minhas relações com os outros com a minha ignorância.



O facto de eu não compreender todas as pessoas não tem nada a ver com a minha inteligência. O não as compreender tem a ver com a sua humanidade, no meu caso com a sua falta. É assim que eu vivo. Talvez o melhor fosse não ligar ao facto de me enganar ou não sobre as pessoas e deixar andar. Se conseguirem fazer isso digo-vos, vocês são mais inteligentes do que eu.



O erro não está em crer que existem boas pessoas, mas sim ignorar que elas existem, e não ir á procura delas, e pensar que não temos direito aos seus afectos, em nome da nossa própria natureza.

E é evidente que essa é que é a tragédia, as pessoas que não gozam desses afectos.

sexta-feira, abril 6

Encaro sempre as tarefas a que me dedico e que me são confiadas com dedicação.
Sou daquela raça que luta, e nada pretende para si próprio, apenas servir os outros, e sentir a alegria de o fazer.


Só quem conhece o meu passado sabe porque sou assim. Não esqueço o que passei, mas quero pensar no futuro, é nele que mais penso, e invisto.
Amo a liberdade, e é só por ela que me disponho a lutar, para um futuro melhor para mim e para aqueles que amo. E é por isso que estou disponho ao sacrifício.
Tenho medo, seria muito estúpido se não o tivesse, mas reajo a quem me afronta, a quem me tenta magoar, sou aguerrido sem ser heróico (nunca me senti bem em cima dum pedestal), sou eloquente nas palavras e não gosto de sombras sinistras.

domingo, abril 1


Este orgulho de ser português, feito de arrogância e de bondade, bravura e sacrifício, bonomia e nobreza.
Não me sai da alma, este orgulho de ser português.
Mas há alguns portugueses de que não me orgulho nada.

Não puder ajudar a resolver os males do mundo, ajudar todas as pessoas, não é desculpa para não agirmos em defesa dos outros.
Esta ideia de que somos todos prestáveis só aos poderosos, é aberrante.
Primeiro temos de nos ajudar a nós próprios, muitas vezes esperar que venha o salvador não ajuda, o síndrome do sebastianismo não leva a nada, ninguém pode salvar ninguém se essa pessoa não estiver disposta a ser salva, ou se espera que os outros façam tudo por ela.
Ajudar os outros não é levá-los ao colo, e dar-lhes a hipótese de resolverem as coisas por eles, dar-lhes a hipótese de escolha, a oportunidade de pensarem. Eu sei que pensar é muito violento para muita gente… Devemos ajudar o semelhante a levar a carga, mas não carregarmos a carga por ele.
E quem não quer ser aconselhado não precisa de ajuda.

Se és poupado ao sofrimento, deves ajudar a atenuar o sofrimento dos outros, mas quem precisa de ajuda constante e recorre sempre a ti (e muitas vezes só) quando precisa, não é digno da tua ajuda, e não é teu amigo. Deixa-o. Só te vais consumir.

domingo, março 25


Na minha vida tenho sempre adoptado uma atitude de estar sempre disponível para aceitar quem vem, com um espírito aberto e sempre procurar nos outros o que de bom eles têm para me dar.
E tenho sempre, e digo SEMPRE, sido recompensado por isso.

Ontem, mais uma vez, aqueles que me amam fizeram-me sentir a pessoa mais especial do mundo, não que me tivessem feito nada de especial (eu acho que foi, pois só de seres especiais eu recebo atitudes a condizer), mas porque tive alguém, também ele ser de excepção, a meu lado e que me disse isso por varias vezes durante a noite.
E eu senti que realmente sou um gajo sortudo por ter assim amigos de tanta qualidade, seres que engrandecem a minha vida, que fazem de mim este ser, que não sendo perfeito, é o melhor que as suas forças o permitem, e que tem a esperança e a fé de ser sempre maior, porque quer estar á altura dos seus amigos, que são seres maiores.

Entristeceu-me não ter as pessoas na primeira brigada em que ia coordenar, além da atitude menor de uma certa “diva” que alegou não estar em “condições” para tal, embora tivesse em condições para ir ao centro… Deve ser do fel que exala, e que se está a entranhar no seu organismo, deve causar um mal-estar, concordo…
Não tenho tempo para gente inferior.
Tive a meu lado a pessoa certa, aquela que me fazia falta, e que esteve altura da tarefa. Divertimo-nos a fazer aquilo que é suposto e correcto fazer-mos, fomos cúmplices, tirámos prazer do que fizemos, e não imaginaria noite melhor do que na companhia do João Carlos, sua energia e simpatia foi uma mais valia, e a receita certa para o sucesso que foi a nossa Brigada do Preservativo. Fomos só 2, mas estivemos á altura, fomos os necessários.
Obrigado João, fostes quem eu precisava. Obrigado também pelas palavras bondosas, pela cumplicidade, pela tua beleza como ser humano, e principalmente por me transmitires o carinho com que os outros me tratam e me vêem. Ouvido pelos outros sabe melhor. Aqueles que me tratam com carinho e respeito, só tenho que agradecer, e prometer que vou continuar a fazer o meu esforço para ser merecedor de tal. São vocês que me fazem ser uma pessoa melhor.

quinta-feira, março 22


Embora ache que o recurso á greve se banalizou, e que muitos possam achar que "não vale a pena", acho que o país, os portugueses, aqueles que estão a pagar a crise provocado pelos donos do dinheiro, com a sua fome, falharam neste que devia ter sido o dia em que o governo de direita católica, deveria ter tremido.

Os Tugas acham que não vale a pena agitar as águas, metem o rabinho entre as pernas, numa atitude entre o medo e a cobardia, e permitem e dão sinal verde ao governo para lhes dificultar mais a vida, num crescendo de pobreza que só vai ter fim quando os pobres não tiverem mais nada para comer, senão os próprios ricos.

As agressões a jornalistas perpetradas pela polícia, e a manifestantes, fez-nos voltar ao antigo regime, em que se punia e mantinha o povinho na ordem pela força. Só nos falta proibir as manifestações e criar uma nova PIDE, se não estará já criada e disfarçada com um nome pomposo de Brigada Anti-Crime ou outro nome semelhante.

Infelizmente a polícia só serve para proteger os ricos e poderosos, a justiça só defende e iliba os ricos e poderosos, e só o povo paga a crise, só ele é ladrão, só ele deve ser explorado.
Num país onde há fome e não há justiça e igualdade, não há liberdade. 38 Anos depois da Revolução dos Cravos, não esperava ver isto. Sinto-me revoltado e descontente com este povo que já foi tão grande e se tornou tão pequeno.
Realmente somos descendentes não dos que partiram nas caravelas, mas dos que cá ficaram…
Os nossos grandes devem a esta hora estar a revolverem-se nos túmulos e envergonhados por aquilo em que tornámos Portugal.

A qualidade dos governantes nunca foi tão medíocre, bem como destes “empresários” que nem sequer tem estudos e qualidades para tal. Prescinde-se dos empregados, mas nunca dos carros topos de gama, qual objecto fálico em que se revêem, tal e qual criancinhas infantis com brinquedos de adultos.
E enquanto houver lambe-botas á espera de uma oportunidade de saltarem para a mó de cima, isto só vai piorar…
Deixem-se estar quietinhos que eles ainda vos hão-de defecar em cima, e vocês ainda vão dar graças a Deus por serem assim tão “bem tratados”.

Sinto tristeza pelo meu adorado Portugal

domingo, março 18

Eu sou água.
Até o meu signo é de água.

Sou água porque sou moldável, adaptando-me ás situações e ás pessoas, faço isso naturalmente e por instinto, porque penso sempre no que faria se estivesse no lugar do outro, ou o que gostaria que me fizessem.
Mas não sou manipulável, só me manipula quem é mais inteligente do que eu, e mesmo assim...

E a água só corre se tiver outra tanta a empurrá-la, ou seja sou motivado pelos outros, não faço, nem gosto de fazer as coisas sozinho (ok, há excepções, com esta de escrever), mas sinto-me como peixe na água na companhia dos outros.
E não pensem que o facto de algumas vezes parecer isolado que sou introvertido, desatento ou tímido (já para não falar dos que me acham convencido), que não "estou lá", enganam-se, é quando uso todos os meus sentidos para entender os outros e o mundo que me rodeia. Ai estou mais do que presente e observador. E é ai que olho e vejo os outros e as suas virtudes e defeitos, quando eles não dão por mim, e me pensam distraído ou alheado, eu vejo eles traírem-se nos pequenos gestos e nos olhares. Sejam eles de bondade ou de maldade.
E os olhos não mentem...

sábado, março 17

Se anda a igreja católica há séculos a pregar que a verdade é que nos vai salvar, porque razão estes políticos de direita católica mentem com quantos dentes tem?
E ainda se gabam disso...

Tenho sempre os braços abertos para receber os meus amigos.
Mas estes braços tem sempre uma tentação enorme em não se abrirem após os abraçar, para não os deixar fugir.

Ninguem se pode gabar de ser inocente.
É sempre útil saber como nos vêem os outros, especialmente se não são nossos amigos.
Não é que os nossos amigos não nos vejam como somos, se calhar são os que nos vêem melhor, mas vêem-nos com a bondade que só se encontra nas pessoas que se amam mutuamente.

A minha satisfação em estar vivo, luta todos os dias com a mesquinhez alheia. O desrespeito pelo outro, pela vida, faz-me perder o respeito por algumas criaturas que se vão mantendo por cá, sem qualquer objectivo válido nesta vida, a não ser olharem ao espelho e acharem-se o máximo da perfeição.
Porque temem tanto a verdade?

quarta-feira, março 14


Eu tenho as costas largas.
Verdade, tenho mesmo fisicamente as costas largas.


Por isso podem bater-me á vontade, destilarem o vosso veneno, denegrirem-me a imagem, dar azo á vossa inveja e mesquinhez.
Tenho a admiração e carinho daqueles que são de qualidade. os meus amigos, muitos é certo, porque se eu tenho as costas largas, posso levar muitos ás cavalitas, mas igualmente bons.


E depois tenho pena de vós, que grandes ulceras vocês devem ter por produzir tanto fel pela boca, e pior pelos neurónios.
Se é que algum de vocês irá sobreviver á putrefacção que é esse vosso cérebro...

domingo, março 11

Creio que sei algumas coisas, mas o importante para mim não é isso, é o que ainda quero e preciso saber.

Choro
Choro por mim e pelos outros, pela humanidade.
Choro pelo sofrimento meu e pelo alheio.
Choro pela barbárie, como pela bondade.
Choro pela tristeza e saudade, como de alegria.
Choro pelas palavras, ou pelas imagens.
Choro de desespero ou de raiva.
Choro a morte e a vida.
Choro por tudo e por nada.
E no dia em que deixar de chorar, morri.

sábado, março 10


Se há uma coisa que me irrita são os homossexuais fanáticos.
Aliás todos os fanatismos me provocam urticaria.


E depois quem diz que eu por ser homossexual, tenho que querer que todos os sejam? Ou que tenho que ser efeminado, ou desejo de ser mulher?
Eu adoro mulheres, mas não me sinto nada feminino, nem nunca senti desejo de me vestir de uma, nem no Carnaval (são tão ridículo aquelas criaturas a que chama de matrafonas...).
E depois quem diz que tenho de ter "tiques" e "vozinha fina", e não gostar de desporto fisicos.
Independentemente de "levar ou dar", não tenho de andar a menear-me...


Sou gay, mas sou antes de mais um homem. Que eu saiba, e a avaliar pela ultima vez que vi (deixa ver.... sim estão cá), tenho um par de testículos no sitio.
E nem toda a braguilha me serve, não ando para ai aluado por um sexo masculino ou por um rabo com pêlos (estes pensamentos deixam desnorteado LOL).


Agora virem dizer-me que eu sou masculino porque quero que a "sociedade" (como se eu por ser diferente não fizesse para dela...), a dita sociedade heterossexual, e alguma sociedade "bichense" me aceite, vai de metro Satanás.


Eu sou homossexual assumido, já paguei muitas vezes o preço pela "afronta", a começar pela repulsa com que a minha família me viu depois de eu assumir aos 18 anos. Não devo nada a ninguém, a não ser o carinho e respeito aqueles que amo e admiro. Não tenho que me desculpar pela minha postura.
SOU HOMEM, SOU GAY, levo e dou onde e com quem eu quiser.
Não tenho de ser rotulado e não aturo pessoas padronizadas.


Sejam homens, que eu sou muito mais homem que muitos heteros, ou mulheres se quiserem ser, eu respeito, mas não me digam como me hei-de comportar.
Eu sinto-me bem na minha pele, se vocês não se sentem bem na vossa, tenho pena, lutem por se aceitarem a vocês próprios e tenham orgulho em vós, vão ver que os outros acabam por vos aceitar, se não o fizerem são eles os errados na equação...

domingo, março 4

Eu gosto é das pessoas que pensam. E pensar não é utilizar as ideias e frases dos outros, é saber usá-las e reconverte-las como nossas, e ter as nossas próprias palavras e opiniões.

Não é preciso concordar com tudo o que uma pessoa diga ou faça, é preciso é que se tenha opiniões, que elas se discutam, que se troquem, e se aprenda com essa troca.
E ter a noção de que não somos detentores da verdade e da sabedoria, e ter a humildade de mudar de opinião, se a do outro for válida e nos fizer mais sentido.
E felizmente ainda há gente que pensa, alguns tem a bondade se serem meus amigos.

sábado, março 3

A entrada em Lisboa pela ponte 25 de Abril, é uma das mais belas vistas do mundo, e aquela que me alegra mais os olhos.
Por mim acho que todos os turistas que visitam Lisboa pela primeira vez, deviam chegar sempre pela ponte, pois quem vê a cidade a partir de Almada, nunca mais esquece esta vista deslumbrante.
E eu que tenho o privilégio de atravessar todos os dias a ponte, e ver esta vista. Não fosse os incómodos de viver na "outra margem", seria o paraíso.