sábado, junho 2



O que é mais proveitoso, representar o mundo como pequeno ou como grande?



Para mim sempre foi claro ver na humanidade qualquer coisa de grande, de magnífico e de importante, digna de todos os zelos e de todos os esforços, que vejo com consideração e estima.

Sempre foi essa sensação, essa ideia, essa certeza, que me fez avançar, que me fez tornar melhor ser humano, na tentativa (sei que vã) de me tornar um ser perfeito. Acreditar que posso ser melhor, e tornar nesse processo, os outros melhores, tem sido o meu catalizador para tornar a minha infância e juventude de dor e sofrimento, numa vida dedicada aos outros. Porque se há uma coisa que sei nesta vida, é que a minha salvação está nos outros, e só neles, nos afectos e em tudo o que de bom vou conseguir dos outros seres humanos. E eu sei que vou.



Isto não me isenta de certa depreciação de mim mesmo e do mundo, uma espécie de mal-estar, em que o mundo, sorrindo, me vê como um rapaz ingénuo e tolo.

Mas a minha confiança e fervor em que acredito que o ser humano tem salvação, que é bom estar vivo e acreditar na bondade dos outros, oferecem-me vantagens consideráveis. Não concedo grande importância às coisas mas aos actos, aos sentimentos. Além disso, os meus pensamentos e o meu comportamento são causa de uma (aparente) seriedade, duma paixão e de um tal sentimento de responsabilidade que, tornando-me ao mesmo tempo um homem amável, não me fazem esquecer, nem descurar, do que podem fazer as pessoa mais vis.

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