quarta-feira, agosto 8


Porque não sou como os meus familiares? Porque não segui o caminho para mim escolhido? Porque razão sou tão diferente do meu irmão?
Tive a mesma (des) educação que ele, sofremos ambos as mesmas agruras da infância provocadas pela minha mãe. Mas um tornou-se igual a eles, e eu segui o caminho oposto. Para mim o que segui fazia-me mais sentido.
Nunca me revi na falta de valores da minha família, na sua falta de escrúpulos, na total ausência de amor, que as cargas de porrada e torturas da minha mãe, infligidas aos filhos, lembraram a toda a hora.

De minha mãe, de meu pai, dos meus avós, nunca recebi carinho, amor ou qualquer estima. A revelação da minha homossexualidade agravou a situação.
Toda a educação, todo o meu carácter, toda a minha moral, bondade e generosidade, recebi-a e foi-me ensinada por estranhos. A eles devo a minha formação moral, e os valores por onde guio a minha vida.
Sou a prova viva de que ser filho de alguém não é necessariamente um salvo-conduto para se ter um carácter igual.
Aquilo que recebi da minha família não me tornou igual a eles, não me interessava a sua visão do mundo. No fim fui e sou dono da minha cabeça, do caminho que quero seguir, mesmo que enorme obstáculos se atravessem á minha frente, hei-de afastá-los do meu caminho ou contorná-los.

Se sou lutador, se tenho coragem, não sei. Já disse que não posso passar ao lado da coragem, viver livre no pensamento é sinal de coragem. Os outros que avaliem o meu carácter.
Eu por mim quero ser livre, viver livre, pensar livremente, mandar na minha cabeça.
Apesar da nódoa que é a minha família, sinto-me limpo como a neve.

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