Quem escreve acho que o faz por várias razões, mas a minha é
para exorcizar as ideias que me passam pela cabeça, uma espécie de catarse,
para que não me consuma.
Eu escrevo para comunicar, mas também para influenciar. Sim
porque a palavra influencia. E a escrita também, e muito.
Quem escreve emite uma opinião, um ponto de vista, uma
maneira de ver o mundo, e quer ser ouvido, lido, validado.
Quando escrevo tenho a cabeça cheia de ideias, palavras, e
um papel em branco que é um deserto. A transferência dá-se pela minha mão, rápida
e precisa.
Por vezes são histórias que tenho para contar, outras vezes
mágoas, muitas vezes alegrias. Mas tudo honesto, tudo meu.
Quem as vai ler, não sei, Quando escrevo é o silêncio.
Não sou original, não invento nada, falo de coisas vividas,
pensadas na minha cabeça, só sei que penso, muito. E se penso logo existo.
A minha história é de coragem e sacrifício, de coisas que me
confundem, de descobertas, mas também de coisas que me maravilham.
Mas não escrevo de memórias alheias, tenho resistência suficiente
e boas intenções. Já falhei muitas vezes e isso aborrece-me, mas nunca desisti,
nem pretendo fazê-lo.
Mas não me vejo a seguir outro caminho, senão o que trilho,
vou lendo, lendo e escrevendo, e vou-me admirando tanto com a maldade como com
a bondade dos outros.
Quantos anos me faltam? Vinte? Trinta? Cinquenta? Mas vou
ler e pensar, vou ir ao encontro dos outros, sempre de mãos abertas, vou reflectir,
olhar, escrever.
No fim sou um anónimo, um anónimo português.
Não serei é indiferente. E tudo será como deve ser.
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