O que é que eu quero da minha vida? Fazer a diferença.
Como todo aquele que sabe ser diferente da maioria, passei
parte da minha vida a tentar encaixar-me neste mundo, que em parte me renega,
outra parte me odeia, outra me tolera.
Mas eu não quero ser tolerado, quero que me respeitem, e me
amem por aquilo que sou.
O facto de ser voluntário da ILGA, e activista LGBT não é
por acaso, é uma consequência, um fim, para onde caminhei sem dar por isso, por
ter sido tão natural e tão inevitável.
Todo o carinho que tenho recebido por parte da comunidade
LGBT tem-me recompensado, incentivado e confirmado que vou no caminho certo. Não
sou nem quero ser uma “estrela cadente”, não faz parte do meu carácter. Quero
sim ser e estar, no lugar certo para fazer a coisa certa.
Quando me perguntam o que queres fazer, respondo sempre, o
que for preciso.
Sempre quis, e continuo a querer, ser a razão para os outros
serem melhores. Por isso incentivo as suas qualidades, digo-lhes na cara,
mimo-os, tento que não se percam neste mundo egocêntrico, insensível aos
outros.
Ainda á pouco tempo vi um miúdo cair de uma mota em pleno
dia de chuva, e ninguém lhe acudiu. Para mim foi uma coisa natural fazê-lo, nem
podia olhar para o lado sem saber se ele estava e ficava bem, era imperativo
que o fizesse, não o fazer ia tirar a humanidade que está em mim, e da qual não
quero prescindir.
Não posso passar ao lado do sofrimento alheio, do que
precisa de mim, é como desumanizarem-me.
Sei que para muitos sou um ser estranho, misto de estúpido e
tonto, mas sei que estou cá para os outros. Porque é deles que recebo o que me
alimenta a alma e o cérebro. Os afectos.
Se não entendem isso, se não me entendem, lamento dizer-vos
que estão errados. Sempre soube que a razão está do lado do bem. E eu quero
sempre ter razão.
E não bastam as palavras bonitas, tem de se traduzir em
actos.
Se pensam que não é necessário darem de vós aos outros,
lembrem-se que para receber é preciso dar. Não se vitimem depois quando precisarem
dos outros e só virem deserto á vossa volta.
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