O ouvido é muito importante, saber ouvir é uma virtude, mas
por vezes pode ser uma cruz.
Não tenho medo da crítica dos outros, mas da minha
auto-critica, daquela que os meus princípios obrigam.
Sei que sou diferente dos outros, mas não me tento adaptar
nem me padronizar. Não tenho vergonha do que sou, de quem sou, porque sou boa
pessoa, sou o melhor que sei ser e isso já é muito.
Eu sou eu, e alguém tinha de o ser.
Vivo numa altura da minha vida muito critica. Pensei durante
algum tempo que por causa disso o meu discernimento andava alterado. No fim descubro
que é exactamente o contrário. Em alturas em que sou confrontado com
dificuldades que abalam a minha integridade, fico mais sensível é certo, e mais
atento a tudo e a quem me rodeia, cruelmente a meus olhos, e é nestas alturas
que fecho capítulos, saio da minha zona de conforto, faço os meus lutos e parto
com o coração aberto para novas experiencias.
Acho que fui perdendo o medo de perder com a idade e a
sabedoria. Não que goste mas aprendi a lidar com isso, teve de ser.
A minha história de vida talhou-me para isso, não foi
escolha minha, calhou-me em sorte.
Nunca cedi ao puritanismo, a nenhum, nem ao sexual nem ao
das ideias.
Cada vez me lembro mais do que a Natália me ensinou, e uma
das coisas que ela me ensinou foi a de nunca aceitar a censura, aliás
ensinou-me que um verdadeiro homem combate-a.
Aqueles que pensam que me ataviam as ideias, a minha
liberdade de pensar com a minha cabeça, enganem-se, eu sou livre, na minha
cabeça sou livre.
Nunca procurei caminhos fáceis só porque me parecem mais confortáveis.
Andavam ai muitas criaturas nos testículos dos papás, já eu
era gay assumido, sem vergonha e sem armários.
Sempre exercitei o que tenho entre as orelhas, e aquele
musculo que tenho do lado esquerdo do peito, sempre foram os meus guias.
Eu sei o que mais incomoda os outros, a minha integridade. Não
sou daqueles que fala sem fazer, nem os meus discursos são contrários ás minhas
acções.
Sou generoso mas não sou desprovido de inteligência.
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