Confesso que sou discreto, por opção, mas não sou nem distraído,
nem pudico.
Por isso reparo nos esquemas, movimentos, estratégias,
planos, falsidades em que as pessoas á minha volta se envolvem para conseguir
os seus objectivos.
Faço-me de loiro e vejo até onde a moral se estende, e como
se estatelam no chão, porque não se pode enganar toda a gente o tempo todo.
O que mais me magoa é ver que as criticas que fazem a
algumas pessoas que amo, e defendo com unhas e dentes, são reais e verdadeiras.
No fim questiono-me se o que vi nelas foi erro meu, ou a minha necessidade de
ver a bondade e as qualidades nas pessoas. Qualquer destas perspectivas traz-me
amargos de boca.
E isto leva-me a questionar a minha cabeça e o meu coração.
Claro que sei que ninguém é perfeito, a começar comigo, mas
bolas será assim tão difícil serem um pouco atentos? Será que sou eu que sou
demasiado exigente com os outros?
Eu sei que cada um faz o que pode, mas muitos podem fazer
mais e não o fazem.
Sentir-me a mais corrói-me, e neste momento sinto a mais, inútil.
Sinto que não trago nada de positivo, nem acrescento mais-valias. Não sei se
isto faz sentido a mais alguém…
E o pior é que tenho noção das minhas próprias limitações físicas
e intelectuais. Acho que tenho um defeito de lucidez.
Tenho tão vincado em mim o ímpeto de me anular ao servir o
outro, estou tão disponível para, que me esqueço de me proteger, que por vezes
danifico a minha integridade emocional.
E pago o preço!
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