segunda-feira, fevereiro 17



As minhas memórias de infância não são agradáveis, não fui uma criança e um adolescente feliz, e por isso carrego um saco bem grande comigo, e que vou acartar para o resto da minha vida.
Apagar as memorias mas não é fácil, especialmente nos sonhos.
Gostava de ter a capacidade de perdoar justamente, eu bem tento, mas não consigo perdoar quem me faz a vida num inferno. Não perdoei a minha família, a minha mãe especialmente, e meu pai por tê-lo permitido.
De resto tento ser o mais imparcial possível (se é que se consegue ser imparcial com os amigos), tento perceber se o que me dizem é realmente verdade ou não.

Não que não confie nos meus amigos mas porque também eu por vezes, avalio mal as situações e as pessoas, e também porque na verdade não gosto de julgar, não daria um bom juiz. Sou muito emotivo.
Dizem que sou um tipo porreiro, mas sei os meus defeitos e os que vêem em mim, e digo-vos que já me aflige eu saber quais são.

Nunca fui muito lírico, sempre tive os meus pés no chão, a isso fui obrigado desde cedo, aos 14 anos puseram-me a trabalhar, a acartar com móveis ás costas, e roubavam-me o dinheiro todo sem nada me darem em troca, nem dinheiro para comprar um bolo se tivesse fome me davam. Davam-me sim maus-tratos.
A mim nunca me pagaram cursos, carros, cartas de condução, casas, telemóveis, computadores, ou outra coisa qualquer. Sempre tive de trabalhar para ter o que tenho.
Ao contrário do meu irmão, que obviamente era hetero…

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