Lembrei-me hoje das minhas férias de verão de 1998.
Estava em Cacela-a-Nova.
Foi a primeira vez que fui a Ayamonte, bem em frente a Vila
Real de Santo António. Decidi fazer a viagem de barco através do Rio Guadiana,
em vez de usar a recente ponte, aberta para facilitar a vinda dos Andaluzes
para o Algarve e para a Expo 98.
Cheguei a Espanha com os sinos a tocar, e com uma vista
deslumbrante sobre Castro Marim.
Ayamonte é cidade bonita de ruas estreitas e avenidas
largas, de grandes igrejas, brancas e amarelas e com rico espólio, por vezes
esmagador e nada discreto.
Tinha um pequeno jardim zoológico no meio da cidade com
macacos, um urso (que se entretinha a roer um pedaço de metal vermelho), tigres
e patos.
Três dias depois fui a Cacela Velha, um dos tesouros
algarvios com o seu pequeno forte, a nora típica algarvia no largo, e as casas
bem regionais. A vista sobre um dos extremos do parque natural da Ria Formosa, é
algo a visitar num Algarve muito massificado pelas “urbanizações turísticas”.
A igreja é muito bonita.
No dia seguinte fui a Odeleite a uma feira que não cheguei a
ver, e por isso subi a Alcoutim pela estrada junto ao Guadiana, e que achei um
dos mais belos troços de estrada portugueses.
Alcoutim fica em frente a Saluncar do Guadiana.
É uma bela e pequena vila, bela, com um pequeno castelo bem
cuidado, com uma pequena capela no alto da vila, de belo portal e cúpula arredondada
e uma escadaria traiçoeira mas sui generis.
A Igreja Matriz de razoável dimensão, fica junto ao rio e ao
cais fluvial, que serve os barcos que sobem o rio e os que atravessam-no para
Saluncar, pois as duas passagens para Espanha ficam em Vila Real ou em Vila Verde de Ficalho.
Lembro-me dos beirais das casas cheios de ninhos de
andorinhas.
Uma das curiosidades da Ria Formosa é o facto de as praias
de areia, serem pequenas ilhas que se tem acesso por pequenos barcos, e que
dependem dos caprichos das marés, pois em maré baixa são só lodo.
Fomos jantar a Cabanas de Tavira ao fim da tarde, e é ver os
barcos a chegar com veraneantes. Nessa altura ainda era muito bucólica.
Castro Marim teve direito a visita demorada.
Vila bem histórica tem castelo (há quem diga que são dois,
mas o outro é um forte). A Igreja Matriz é grande e muito característica, e
junto ao castelo tem um belo miradouro para o sapal de Castro Marim e as suas
salinas, e que é de visita obrigatória.
O castelo estava fechado.
O resto do dia foi praia em Monte Gordo , exemplo
de tudo o que se não deve fazer a nível urbanístico, mas a praia é grande e dá
para todos, mesmo em Agosto, e as suas águas são as mais quentes do país.
À noite fui a Tavira, que já conhecia de dia, e que de noite
tem outro encanto. Espero que nunca estraguem uma das mais belas cidades
portuguesas.
Tirei um dia para conhecer o Sudoeste de Espanha.
Mazagon é de fugir, praia feia aquela!
Rumámos a Huelva que tirando ser uma cidade grande, tem
pouco de interesse, está vista.
Regressei por Isla Cristina bem mais agradável.
Fui depois para Serpa.
Hoje cidade, era na altura a vila branca, cheia de carácter e
beleza. As muralhas do castelo encontram-se espalhadas pelas ruas do centro,
casas de portais medievais, ruas estreitas, chaminés alentejanas, candeeiros de
ferro trabalhado e património histórico.
Á entrada do castelo, uma parte da muralha tombada sobre a
porta, depois de passar pela Igreja Matriz. Isto é o resultado de uma explosão
do paiol das armas. Das suas muralhas têm-se uma vista de 360 graus sobre a
cidade e a planície em redor. É difícil arrancarmo-nos de lá.
O Aqueduto é grandioso. Junto o jardim central, autentico oásis
em dias de calor alentejano.
A norte outra cidade, mais antiga que Serpa, Moura.
A Igreja Matriz é monumento nacional e uma das mais belas do
Alentejo. As termas de Moura são as das águas Castello com belos jardins bem
cuidados e frondosos.
Regressámos a Serpa pela estrada de Brinches, (tínhamos vindo
por Pias), que é uma longa estrada ladeada de oliveiras a perder de vista. Estas
terras são de azeite, e de alta qualidade.
Demos depois um salto a Espanha, depois de um belo almoço em Vila Verde de Ficalho,
entrámos por Rosal de La
Fronteira , e fomos até Aroche.
Cidade encravada nos penhascos com uma enorme catedral de
pedra castanha, e envolta em casas brancas e ruas inclinadas. Estava a ser
recuperada e lembra-me que fazia um calor brutal.
Lembro-me de tentarmos ir á Aldeia de Luz pelas Minas da
Orada, mas a estrada estava em tão más condições que ficámos por Brinches. Aldeia
simpática e agradável.
Acabei as férias numa visita ás termas de Pisões, perto de
Beja, e á cidade (onde fiz parte do meu serviço militar). O Museu Regional é
dos mais ricos de Portugal, a começar pelo edifício e acabando na fabulosa
colecção de arte sacra. É dedicado á rainha D. Leonor que lhe dá o nome.
Digamos que foram as férias do Sotavento Este Algarvio e
Terras do Azeite Alentejano.
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