Quem me detesta não passará a adorar-me, se me ouvir
explicar o meu pensamento e/ou os meus actos.
Mas eu sou um tipo decente, e por isso não tenho por eles
nenhum ódio de estimação, que eles fazem questão de cultivar, e só sinto pena
deles, e esperar que um dia ganhem humanidade, e se lembrem daquilo que fizeram
e disseram.
Que o cuspo lhes caia em cima, e que não mordam a língua,
porque senão podem morrer envenenados.
Os meus inimigos não precisam de novas armas para me
difamarem, eles usam ainda as antigas. E depois é para quem me quer bem que
escrevo.
E depois dá-me um gozo saber o que provoca o ódio deles em
relação a mim. A inveja.
Será possível roubar memórias?
Sim é possível, ou por trauma ou por doença.
No meu caso foi por doença. Sabem aquela impressão de que
estive ou vivi algo, mas que não me lembro quando e como? Quando se tem uma
doença que apaga memórias da tua cabeça, parece que algo se perde de nós, pois
nós somos, principalmente devemos ser presente, mas também o nosso passado.
O que eu andei para chegar onde hoje estou, foi o culminar
de um percurso de vida, muitas das vezes ingrato, outras vezes de más escolhas,
mas que é meu, só meu, o bom e o mau. E só o que aprendi me vai servir de
armas, ferramentas para o que há-de vir.
E mais uma vez o bom e o mau.
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