Eu devo ser mesmo um idiota, ou então um masoquista...
Porque continuo a ajudar e a preocupar-me com quem não me
retribui a minha preocupação? Só mesmo eu...
Mas não consigo deitar fora anos de vida em comum,
sentimentos e momentos, bons e maus, passados juntos. E mais uma vez coloco-me
sempre na pele do outro, para melhor puder avaliar e auxiliar quem precisa de
mim, mesmo que essa pessoa não queira ou lhe custe precisar de mim.
Posso não gostar de uma pessoa, ou ter uma mágoa enorme
dela, mas nunca deixaria ninguém sem ajuda, se dela precisar. Depois podem
continuar-me a hostilizar-me, agora se eu puder, sem ajuda não ficam. Perdoar
aos que nos ofendem e magoam, é difícil, não vos digo que é fácil, nem sabem ás
vezes o que me custa e a revolta que sinto por ser assim, mas é mais forte que
eu. Não consigo olhar para o lado e fazer de conta que não é nada comigo. É
comigo sim, e não posso, não devo, olhar para o lado. Se alguém precisa de mim,
eu estou lá. Posso não ser grande ajuda, mas tento fazer o meu melhor.
Claro que isto contradiz aquilo que faço, sim eu não sou de
pedir ajuda, mas não é por orgulho, é por defesa. Já tive tantas desilusões,
que me custa ter mais, e então como mecanismo de defesa, dou sempre muito de
mim, e espero sempre pouco dos outros. E não tenho já muitas ilusões acerca da
humanidade. Sei que a não vou salvar, mas não me peçam para não fazer o que me
compete. E o que me compete é estar aqui inteiro e integro, a fazer aquilo que
me dá prazer. E ajudar os outros dá-me prazer.
E não pensem que quero alvissaras, ou homenagens, São João
Baptista já houve um e ainda por cima morreu degolado (livra!), não sou
“bonzinho”, quem já provou da minha ira sabe que eu zangado não sou nada bom de
aturar (é mesmo o saiam da frente ou levam).
Tenho levado muitas “placagens” na vida, e essas doem muito
mais que as do rugby.
Se pensam que o rugby é violento, enganam-se. Violenta é a
vida. Essa está sempre a tentar deitar-nos ao chão, e a pisar-nos. Cabe a nós,
quando caímos, levantarmos-nos o mais rápido possível, para que a vida não nos
passe á frente, tal como no rugby.
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