Lembrei-me hoje de uma estadia em casa que foi dos meus avós
paternos em Setembro de 1996. Foi numa altura em que o dinheiro era escasso, e
nestas alturas ter uma “casa na terra” dá muito jeito para passar uns dias de
descanso.
Recordo que o mês já ia a meio, altura já calma sem aquele
buliço dos retornados á terrinha em doses maciças de primos e primas.
Lembro-me de ir a Góis que não conhecia, a vila é muito
bonita, e considerada a princesa do Ceira, rio que a atravessa.
A terra é mesmo cheia de encanto com as suas igrejas, Matriz
e Misericórdia, a fonte, o casario, a capela octogonal da ponte, a praia
fluvial, a ponte romana, o santuário, tudo cuidado, como a praia fluvial.
Infelizmente só a Matriz se encontrava aberta.
Dei depois um salto a Serpins, que ainda tinha o seu ramal
de comboios que a ligava a Coimbra pela Lousã.
A Igreja Matriz é grande mas fechada ao público.
Dias depois foi a vez de ir ao Fundão, cidade que já tinha
passado, mas nunca visitado.
Atravessada a Serra da Gardunha, chega-se á cidade que é
rica em património e muito dinâmica.
Visitei a Igreja Matriz com o arco de azulejos sobre a
entrada do altar. As capelas da Misericórdia são de estilo românico, com
púlpitos exteriores, mas fechadas aos turistas.
O pelourinho é grande e destaca-se no largo fronteiro á sede
do município. Ao lado a Casa dos Maias, solar típico beirão. Depois as várias
capelas com adros com alpendres, a da Senhora da Conceição fica junto ás Oito
Bicas. A rua do Cale é das mais típicas.
A Capela de Santo António tem alpendre com dois túmulos. Na
rua do Eiró existe um belo chafariz.
À saída da cidade para Castelo Branco, as Capelas do
Espírito Santo, com folhas de palmeira feitas em pedra no chão. Em frente o
Jardim das Tílias, com um fontanário do principio do século XIX.
O almoço foi divinal, rematado com um queijo amanteigado e
com cheiro a chulé mas delicioso.
O regresso foi com chuva, e devido a um erro de percurso,
fui parar á Barragem de Santa Luzia, a primeira do Rio Zêzere.
No dia seguinte ida ao Piódão, aldeia histórica e considerado
o presépio de Portugal. A caminho passámos por uma área ardida, vítima de um
fogo recente que aflige estas zonas no Verão, o cheiro a queimado pairava no ar
embora estivesse a chover.
O Piódão é sempre um encanto, o casario de pedra castanha
com janelas de madeira coloridas, telhados de ardósia, a descer pela Serra do
Açor, com a sua bela igreja branca e azul em estilo neo-árabe no largo da
aldeia.
O melhor é perdemo-nos nas ruas, e o difícil é não trazer
uma recordação. Hoje em dia está virada para o turismo, perdeu o sossego, mas
ganhou a economia local.
Reza a lenda que foi aqui que os assassinos de Inês de
Castro se vieram esconder da ira de D. Pedro I.
Fui depois jantar a Côja, vila cheia de encanto e casas
brasonadas e atravessada pelo rio Alva. À saída para Arganil uma capela, o
parque de campismo e uma antiga azenha de rio que hoje é um belo bar e
restaurante, onde se comia um belo bacalhau com molho branco.
Domingo é dia de ir á missa, e por isso a oportunidade de
rever a Igreja Matriz de Fajão. O altar é antigo e muito bonito.
Os dias cinzentos não nos abandonaram na visita a Vila Nova
de Poiares, que também nunca tinha visitado. Havia feira e uma exposição cinegética
com javalis, perdizes, gamos, rolas, raposas, lebres e veados. A Igreja Matriz
fica no centro da vila e é grande mas singela e agradável.
Almoçamos uma Vitela na Caçarola de barro preto que estava
deliciosa.
A estrada que liga Góis a Fajão é um encanto, pode-se ver a
antiga aldeia de Cabreira, hoje desabitada com velha ponte sobre o rio Ceira,
que estreitinho vai acompanhando o percurso.
Quinta-Feira é dia de feira semanal na sede do concelho e
uma razão para ir á Pampilhosa da Serra. Compras feitas e ala para Oleiros que
também não conhecia, com passagem por Álvaro autêntico miradouro para o rio Zêzere.
Oleiros é terra sem grande interesse e os monumentos
fechados não ajudam a ficar. Igreja Matriz e Misericórdia sem possibilidade de
visita.
De volta á Pampilhosa, visita á Igreja Matriz com
interessantes altares. Almoço típico de feira frango assado no churrasco com
batata frita que nestes locais parece saber melhor, não sei se da fome ou dos
ares.
Final de férias com sol e banhos no rio e jantar no “Juiz de
Fajão”, onde se come uma bela Chanfana em barro preto, ou um Bacalhau á Juiz
com muita cebola, sobremesa filhós caseiras, e arrematado com uma aguardente
caseira de medronho ou mel.
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