domingo, abril 13

Lembrei-me hoje de uma estadia em casa que foi dos meus avós paternos em Setembro de 1996. Foi numa altura em que o dinheiro era escasso, e nestas alturas ter uma “casa na terra” dá muito jeito para passar uns dias de descanso.
Recordo que o mês já ia a meio, altura já calma sem aquele buliço dos retornados á terrinha em doses maciças de primos e primas.

Lembro-me de ir a Góis que não conhecia, a vila é muito bonita, e considerada a princesa do Ceira, rio que a atravessa.
A terra é mesmo cheia de encanto com as suas igrejas, Matriz e Misericórdia, a fonte, o casario, a capela octogonal da ponte, a praia fluvial, a ponte romana, o santuário, tudo cuidado, como a praia fluvial.
Infelizmente só a Matriz se encontrava aberta.
Dei depois um salto a Serpins, que ainda tinha o seu ramal de comboios que a ligava a Coimbra pela Lousã.
A Igreja Matriz é grande mas fechada ao público.

Dias depois foi a vez de ir ao Fundão, cidade que já tinha passado, mas nunca visitado.
Atravessada a Serra da Gardunha, chega-se á cidade que é rica em património e muito dinâmica.
Visitei a Igreja Matriz com o arco de azulejos sobre a entrada do altar. As capelas da Misericórdia são de estilo românico, com púlpitos exteriores, mas fechadas aos turistas.
O pelourinho é grande e destaca-se no largo fronteiro á sede do município. Ao lado a Casa dos Maias, solar típico beirão. Depois as várias capelas com adros com alpendres, a da Senhora da Conceição fica junto ás Oito Bicas. A rua do Cale é das mais típicas.
A Capela de Santo António tem alpendre com dois túmulos. Na rua do Eiró existe um belo chafariz.
À saída da cidade para Castelo Branco, as Capelas do Espírito Santo, com folhas de palmeira feitas em pedra no chão. Em frente o Jardim das Tílias, com um fontanário do principio do século XIX.
O almoço foi divinal, rematado com um queijo amanteigado e com cheiro a chulé mas delicioso.
O regresso foi com chuva, e devido a um erro de percurso, fui parar á Barragem de Santa Luzia, a primeira do Rio Zêzere.

No dia seguinte ida ao Piódão, aldeia histórica e considerado o presépio de Portugal. A caminho passámos por uma área ardida, vítima de um fogo recente que aflige estas zonas no Verão, o cheiro a queimado pairava no ar embora estivesse a chover.
O Piódão é sempre um encanto, o casario de pedra castanha com janelas de madeira coloridas, telhados de ardósia, a descer pela Serra do Açor, com a sua bela igreja branca e azul em estilo neo-árabe no largo da aldeia.
O melhor é perdemo-nos nas ruas, e o difícil é não trazer uma recordação. Hoje em dia está virada para o turismo, perdeu o sossego, mas ganhou a economia local.
Reza a lenda que foi aqui que os assassinos de Inês de Castro se vieram esconder da ira de D. Pedro I.
Fui depois jantar a Côja, vila cheia de encanto e casas brasonadas e atravessada pelo rio Alva. À saída para Arganil uma capela, o parque de campismo e uma antiga azenha de rio que hoje é um belo bar e restaurante, onde se comia um belo bacalhau com molho branco.

Domingo é dia de ir á missa, e por isso a oportunidade de rever a Igreja Matriz de Fajão. O altar é antigo e muito bonito.
Os dias cinzentos não nos abandonaram na visita a Vila Nova de Poiares, que também nunca tinha visitado. Havia feira e uma exposição cinegética com javalis, perdizes, gamos, rolas, raposas, lebres e veados. A Igreja Matriz fica no centro da vila e é grande mas singela e agradável.
Almoçamos uma Vitela na Caçarola de barro preto que estava deliciosa.
A estrada que liga Góis a Fajão é um encanto, pode-se ver a antiga aldeia de Cabreira, hoje desabitada com velha ponte sobre o rio Ceira, que estreitinho vai acompanhando o percurso.

Quinta-Feira é dia de feira semanal na sede do concelho e uma razão para ir á Pampilhosa da Serra. Compras feitas e ala para Oleiros que também não conhecia, com passagem por Álvaro autêntico miradouro para o rio Zêzere.
Oleiros é terra sem grande interesse e os monumentos fechados não ajudam a ficar. Igreja Matriz e Misericórdia sem possibilidade de visita.
De volta á Pampilhosa, visita á Igreja Matriz com interessantes altares. Almoço típico de feira frango assado no churrasco com batata frita que nestes locais parece saber melhor, não sei se da fome ou dos ares.


Final de férias com sol e banhos no rio e jantar no “Juiz de Fajão”, onde se come uma bela Chanfana em barro preto, ou um Bacalhau á Juiz com muita cebola, sobremesa filhós caseiras, e arrematado com uma aguardente caseira de medronho ou mel.

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