quarta-feira, abril 9

A última carreira de eléctricos que passava perto de casa de meus pais era o 19, que ligava a estação do Arco Cego á estação de comboios de Alcântara-Terra.
Tal como o 3 saia da estação de eléctricos que já foi encerrada, tendo sido depois transformada em central de expressos da Rodoviária Nacional, que sai assim da Avenida Casal Ribeiro já sem capacidade para tanto volume de tráfego. Hoje o terminal está na antiga estação de recolha do metropolitano em Sete Rios.
O percurso até ao Terreiro do Paço era idêntico ao da carreira 3: Estefânia, Jardim Constantino, Largo Santa Bárbara. Igreja dos Anjos, Martim Moniz e Baixa.

Pela Rua do Arsenal passava em frente ao edifício do município alfacinha e das inúmeras casas de venda de bacalhau, na altura existentes porta sim, porta não. Hoje poucas resistem.
Chegando ao Largo do Corpo Santo entrava na Rua de São Paulo passando debaixo da Rua do Alecrim, chegando á Igreja de São Paulo e o seu mini largo pombalino, que dá para as traseiras do Mercado da Ribeira, e para um excelente restaurante de frango assado mas com empregados a precisar de reciclagem.
Parava depois junto ao Elevador da Bica que foi aberto ao público no dia 28 de Junho de 1892, e que liga ao Largo do Calhariz, a sul do Bairro Alto.
Depois entrava na Rua da Boavista até ao Largo do Conde Barão (que era o Barão do Alvito), indo depois pelo Largo Vitorino Damásio até ao Largo de Santos onde existiam duas paragens, uma no jardim e outra no princípio da Calçada Ribeiro dos Santos.

Subia depois para a Igreja de Santos-o-Velho, que merece visita e entrava na Rua das Janelas Verdes, passando pelo magnifico fontanário e pelo Museu Nacional de Arte Antiga, o mais rico em espolio de arte portuguesa, e com um jardim-miradouro em frente com vista para o cais da Rocha Conde de Óbidos, entrando depois na Presidente Arriaga passando em frente á Igreja de São Francisco de Paula e descendo depois a Calçada da Pampulha atravessando por cima da Avenida Infante Santo.
Antes de chegar ao terminal passava pela Praça da Armada, com o seu largo típico de casas baixas com flores e trepadeiras. Este largo dá acesso á Tapada das Necessidades com miradouro em frente.
Acabava no pequeno largo junto á estação de Alcântara-Terra, numa altura em que a linha de cintura de Lisboa era desaproveitada e estava obsoleta. Fazia a “raquete” onde hoje pára a carreira de autocarros 773.
Antigamente ia até á estação de Santo Amaro, mas a ligação ao Calvário foi interrompida em 1966, aquando da construção do acesso á Ponte 25 de Abril.

Dia 7 de Abril de 1991 esta carreira foi suprimida. 

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