sexta-feira, dezembro 31

Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade.
Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo.
Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão.
Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.
Amigo é aquele que sabe tudo a teu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de ti.
Difícil é ganhar um amigo em uma hora; fácil é ofendê-lo em um minuto.
A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.
Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.

quinta-feira, dezembro 30

O sexo á uma arte que poucos dominam

Coisas de que me arrependo:

ü      Ter nascido
ü      Ter tido a família que tive
ü      Não ter feito desporto desde pequeno
ü      Não ter “conhecido” o meu pai
ü      Não ter mandado á merda muita gente
ü      Não ter arriscado mais
ü      Ter desaprendido o meu francês
ü      Ter confiado em certas pessoas
ü      Não ter percebido alguns sinais
ü      Não me ter mais em conta
ü      Não ser bonito
ü      Ter aceite certas amizades
ü      Não ter confiado mais nas pessoas certas
ü      Não ter muita paciência
ü      Não ter mais auto-estima
ü      Não ter ligado aos sinais de aviso
ü      Não ter tirado a carta de condução mais cedo
ü      Não ter viajado mais
ü      Não pensar mais em mim
ü      Tomar as dores alheias como minhas
ü      Ter cedido muitas vezes ao desejo

quarta-feira, dezembro 29

O ser “uma gaja boa” ou “um gajo bom” é hoje um poder avassalador.
Há tanta gente para ai a pensar com o lado errado do cérebro.

Porque será que o Pai Natal nunca me dá o que eu peço?
Para mim o sexo é como o Natal.
É quando um homem quiser…
Pode haver sexo e depois amizade?

Sei que demonstro muitas vezes exageradamente o meu carinho pelos meus amigos.
Mas é para eles verem o que sinto por eles.
Para mim as amizades da Web não me satisfazem, são giras, mas quem me tira o tocar nas pessoas, o estar com elas, tira-me a razão de viver.
Haverá algo mais triste, mais infeliz, do que amar alguém e não poder dizê-lo, manifestá-lo abertamente? E por isso ser recriminado pela família, pela igreja, no trabalho e pela sociedade?
E ser prejudicado e preterido por isso?

Pois isso é o que os gays diariamente sofrem.

Os meus pais nunca me apoiaram, nunca me encorajaram, nunca me disseram para ter fé em mim, nas minhas capacidades, nos meus sonhos.
Acho tristes as pessoas que apresentam os filhos como troféus, como abomino aqueles não os respeitam e amam.
Os filhos não são uma extensão de nós mesmo, são seres individuais.

Para mim o Natal nunca teve muita graça…

Gosto de coisas simples, por isso não gosto de joguinhos. E não é por ser burro…
E como o facto de estarmos excitados muda a nossa percepção das coisas.
Vivo a vida a ensinar a tolerância e a diferença, o respeito e o amor.
Engraçado como o Curriculum Vitae Sexual, ainda hoje é muito importante, e diferente, para um homem e uma mulher.

Será que tudo se resume ao tamanho do sexo?
Que interesse tem foder com uma pessoa sem massa cinzenta?
Estaremos assim tão descomplexados sexualmente?

Eu também reclamo o direito a ser bem fodido.
Que mania esta de que todas as pessoas que saem da norma são taradas…
O sexo é uma coisa séria.
O sexo pode ser porco, mas nunca é feio.

E o que não falta neste país são piças moles…

Somos educados que todos os homens tem de gostar de mulheres, serem machos, e que só pensam em sexo.
As mulheres queixam-se de que os homens só pensam em sexo. Mas se algum não fica excitado com elas, apelidam-no logo de maricas.

terça-feira, dezembro 28

Os Brasileiros nasceram para fazer amor.

Quanto difícil ainda é hoje, apesar da “juventude aberta e esclarecida” e da internet, falar de sexo.

Porque razão alguns estragam o sexo com um cigarro no fim?

Nada como uma boa foda.
Qualquer desejo é uma prisão.

Descobrir o que nos apetece não é simples. Está encoberto e sobrecarregado de vícios, falsas vontades, comodidades.
Temos de nos tornar mais humildes e mais pensadores.
Vivemos numa cultura do privilégio, da cunha, do conhecimento.

Esta atitude do “estou-me a cagar” deixa-me de cabelos em pé.

Comer é uma celebração de morte, em nome da vida.
Outros seres, animais e vegetais, morrem para que nós continuemos vivos.

Claro que faz impressão assistir á matança do porco, o cortar o pescoço á galinha ou enfiar um lavagante vivo numa panela a ferver.
Mas é o preço a pagar por aquilo que comemos. O mínimo que podemos ter é respeito.

O dinheiro gasto em boa comida e bons livros nunca é mal gasto.
A vida pela maneira como muitas vezes acaba, pode ser triste. Mas a maior tristeza é não saber vivê-la, não saber aproveitá-la, não dar graças por estar a gozá-la.

Andamos a copiar comida de povos que sabem muito de publicidade e quase nada de comida.
Crime é dar dinheiro a multinacionais que nos vendem porcarias sem qualidade, e que exploram os seus trabalhadores.
Nós homens gostamos é de impressionar, é por isso que julgamos necessário mostrar-nos independentes.

Mentir para as mulheres é uma obrigação e uma necessidade, não menos essencial do que respirar.

Amar e ser amado, ter amigos, comer e beber bem, brincar, foder muito, rir, ler, conversar com gente inteligente e divertida, dormir bem, é o imprescindível.
Para não se viver com raiva do mundo.
E isto requer empenho, e dá muito trabalho. E os tempos de hoje obrigam a preocupar-nos com as contas ao fim do mês.

E há pessoas tão bonitas que só de olhar para elas tiram-nos 3 anos de vida.

segunda-feira, dezembro 27

Sou uma pessoa simples, impoluta pela minha intervenção humana, por ver e dizer as coisas tal como as vejo.
É com esta atitude que me governo, é a minha maneira de ser verdadeiro, é a minha resposta aos loucos tempos em que vivemos.

Não podemos esperar a mesma reacção de uma pessoa a quem regularmente acarinhamos, de uma pessoa a quem só contactamos quando necessitamos dela.
Insistam, sejam leais, sejam amigos, sejam solidários, correspondam e tentem retribuir tanto quanto possam. Não sejam salta-pocinhas, nem caretas.
Ganhem juízo!

Não vivam na cultura do “cada um sabe de si” e do “eu quero é que não me chateiem”
Chateiem-se porra!

Um único ser humano é já um caso complicado de mais para um só homem numa só vida, mesmo que lhe dedique toda a sua vida a tentar compreender a criatura.
Mas meu amigos, olhem que vale muito a pena.

Sim as galinhas têm cu, é por onde saem os ovos.

Será que quem tem mais dinheiro come melhor? Ou é melhor comido?
Estremeço só de pensar o que dizem a esta gente de pouca inteligência
O estado em que o mundo está só torna os ricos mais ricos, como empobrece cruelmente os pobres. E este Natal foi um grande exemplo disso mesmo.

A Pfizer ganha mais com o Kompensan do que com o Viagra.

Defender o capitalismo pode fazer sentido, mas se virmos o que se perde em material cultural…
Se o povo é forçado a comer mal por razões económicas, não estaremos a matar a nossa cultura? Não é a nossa cozinha rica á base de ingredientes pobres?

quinta-feira, dezembro 23

Os ditadores de Bruxelas estão a condenar os nossos sabores aos seus.
E o que fazem os nossos eurodeputados?

Esta mania da “higiene” da ASAE acaba com o resto.

Portugueses resistam, não sejam ovelhas. Nós temos provavelmente a melhor e mais rica gastronomia do mundo. È uma sabedoria de uma secular cultura.

E depois foi só uma questão de tempo para os cientistas descobrirem os benefícios dos nossos alimentos e da nossa cozinha, que os senhores do resto da Europa tentaram eliminar.
Assim aconteceu com o azeite, a sardinha, o vinho tinto, as amêndoas, o cacau, e o presunto ibérico. Muitos deles até cancro causavam.
Já as Coca-Colas e os hambúrgueres plásticos da MacDonald são “seguros para a saúde”.

E Portugal como bom lambe-botas apressou-se a aplicar as regras da zelosa UE, onde se come mal e porcamente, (é vê-los a refastelar-se cá a comer).
Ah, e o barro envenena, segundo os britânicos. Essa gente que não se importa de apanhar um cancro de pele ao nosso sol.

Afinal a UE existe desde quando? E a nossa gastronomia?
Que vida esta morrem-nos os filhos de fome e pessoas gastarem milhões em bugigangas.

Estão sempre a tentar baixar-me a dignidade.
Ás vezes as dores são tão grandes, que nem os meus olhos suportam vê-las. Cada vez vejo mais gente com medo.
Os poderosos não gostam de ser incomodados com as nossas dores, se temos que gemer, que seja baixinho e longe deles, para os não importunarmos.

Hoje em dia coragem é tonteira, baixa-te o mais que puderes, e pode ser que passes sem darem por isso.
Eu escrevo por estar tão farto de falar para ninguém me ouvir. Sinto que o meu país anda a alta velocidade na auto-estrada do desastre. Vamos todos pagar a má gestão que os nossos governantes nos impuseram.
Odeio pessoas que não questionam, que não discutem, resignadas, vão sempre com a manada. Vão sempre para onde as mandam ir.
Muitas vezes apetece-me dar um berro que até se oiça no céu.
Qual céu, qual merda! Mais perto está o homem.
O céu não ouve ou está surdo.

Vendemo-nos por muito ou por pouco não faz muita diferença, o mal não está por ser por um tostão ou por um milhão.
Está no acto.
O fim dos homens é morrer, e o melhor deles é a vida, e é para ser vivida.
Os homens são uns pobres diabos, capazes de terríveis vinganças, mas a quem uma coisinha de nada comove.
É uma estranha condição, essa de ser gente.
O Diabo não existe, não faz contratos, isso de jurar é prometer em vão.
Não há nada como ser venerado e batoteiro.

quarta-feira, dezembro 22

Muito mal anda a humanidade que não compreende as suas grandezas.

Não se tratam os homens como o mundo hoje os trata, os homens são como as redes (de pesca), demoram menos tempo a romper do que a consertar.

A escravatura já acabou?
Isso é o que vocês julgam…
É mais fácil tirar o homem da pobreza, do que a pobreza do homem.
A liberdade é uma bofetada.

Nós quando nascemos não sabemos as palavras, temos de as aprender.
E aprendemo-las por necessidade.
Dissessem as pessoas as verdades, não sofreríamos tantos desgostos.
Pobres daqueles que não têm tempo para pensar.

O meu problema é ser homem dado a grandes pensamentos.
Isto é um perigo de escrever e falar.
As palavras podem ser verdadeiras ou falsas. As falsas é como andar por cima de um rio cheio de pedras, o terreno é falso e enganador. Não podemos trocar os pés que a água corre tão depressa que baralha.
Não podes falar, mente o que quiseres mas não podes falar.

terça-feira, dezembro 21

A melhor esmola é a do pobre, pois fica tudo entre iguais.

Para o pobre porque é tanta a desgraça e a recompensa tão pouca?
E depois digam-me que existe Deus…

Nem tudo são rosas para todos, embora a distribuição de espinhos se faça sobre as regras da desproporcionalidade.
E como de tão pequenas coisas depende, para a maioria, a felicidade das pessoas.

Mas para os poderosos o povo fez-se para viver sujo e esfomeado. Assim é mais fácil domesticá-lo e explorá-lo.
Para os poderosos é preciso que o homem de degrade para que não se respeite a si próprio, nem aos seus semelhantes, para melhor ser explorado.
Um homem pode andar por cá a vida toda e nunca se achar, se nasceu perdido.

Sinto-me que nasci assim.
Na infância não tive carinho, nem amor, quer da parte de meu pai, nem de minha mãe, que era violenta e aplicava castigos aos filhos, que hoje seriam considerados crimes.
Meu pai não sendo responsável, foi cúmplice por não ter intervindo e defendido os filhos.
Meus avós, tanto paternos como maternos (aliás só conheci a minha avó materna), afinavam pelo mesmo diapasão.
Quem não recebe não sabe dar?

Se assim fosse eu seria uma pessoa sem capacidade de dar afectos.
E felizmente é exactamente o oposto. Sou uma pessoa afável com aqueles que amo. E procuro o amor, sempre.

segunda-feira, dezembro 20

Não sou moralista.

Acho que cada um deve tirar prazer como melhor puder e souber, desde que isso não prejudique ninguém.

Já paguei por sexo e respeito as prostitutas e os prostitutos, para mim é uma profissão, e como em todas as profissões há pessoas boas e más, pessoas honestas e não honestas.

Eu sou muito físico no sexo.
Sou bom no sexo oral, e entrego-me ao acto como se não houvesse amanhã. Ter e dar prazer são os meus objectivos no acto sexual.
Gosto de palavrões na cama (ou noutro lado qualquer onde tenha sexo). Já as palmadinhas e os apertões nos mamilos, Deus me livre.

Será que quando me perguntam “tas a doer? Ou “ se te doer muito diz”, não vêem na minha cara de dor e sofrimento? ARGHHHHHHHH

Mas não confundir palavrões com ordinarices, essas não admito!

O sexo, como a vida, deve ser o mais simples e amigável possível.

Para obscenidades já basta a puta da vida!

sexta-feira, dezembro 17

Que outro país tem como prato de Consoada, um peixe que vive a milhares de km, leva meses a chegar, ainda tem de ser seco, para depois ter de ficar 24 horas de molho, antes de ser cozinhado?

Isto só demonstra a relação que nós temos com o tempo. Tudo tem de ser demorado.
Pois tudo se faz “quando Deus quiser”, e todos sabemos como são misteriosos os caminhos do senhor.
Há muita solidão em Portugal.

Estamos tão sós e ninguém sabe de nós. E é muito triste e qualquer dia dá-nos uma coisa.
Sentimo-nos sós.

E porque nos sentimos sós?
Por saudade, tristeza, melancolia, angustia.
Para o português a solidão é dolorosa e poética. No entanto é uma chatice. È como andar á chuva, com dias sempre cinzentos, mortifica.

Podemos estar tristes por nos ter acontecido algo que nos entristeceu, ou por não termos algo que nos alegre.
A solidão portuguesa tem muito a ver com o que nos faz falta, o que para os portugueses, é sempre muito.

Sós por tudo e por nada, inventámos a saudade.


quinta-feira, dezembro 16

E pronto mais uma vez o nosso querido engenheiro de Domingo, fez aquilo que disse que nunca faria. Mexeu nos direitos dos trabalhadores portugueses.
Os “empresários” esfregam as mãos de contentes, agora vais ser mais fácil despedir, com direito a menos regalias e indemnizações.

E não pensem que eles ficam por ai. O próximo passo vai ser reduzir-nos os salários, acabar com a semana-inglesa, e com alguns feriados. Ainda vamos acabar por trabalhar sol a sol, sem direito a descanso semanal, sem garantias no trabalho e a ser pagos á jorna, perdendo todos os direitos conquistados pelo avanço civilizacional durante estes últimos 200 anos.

Depois vamos ter a Segurança Social privatizada, bem como a Saúde e o Ensino, já que os recursos naturais já estão nas mãos deles.
Tens dinheiro podes, não tens vai-te fxxxx.
A justiça já não funciona, e a policia é só para proteger os senhores da NATO, que no dia-a-dia somos “violentados” nas nossas liberdades individuais e policia nem vê-la, aliás nem sequer responde ás nossas queixas.

Estamos a regressar ás condições de trabalho de há duzentos anos atrás.
Este caso do açúcar em falta, foi uma bela manobra das grandes cadeias de distribuição para fazer aumentar o preço, nesta época natalícia e de maior consumo. Ontem mesmo pude constatar que o açúcar está a voltar ás prateleiras dos supermercados (e eu vi num que é bom de Janeiro a Janeiro), que está a ser vendido a mais 0,42€ o quilo do que estava antes da “crise dos stocks de açúcar”.
Mas não admira que os especuladores se virem para as matérias-primas alimentares, já que deram cabo do sistema financeiro, e tem “coitados” de ganhar dinheiro.  

O que faz falta é uma cambada de gregos que tal como em Atenas, partam as cabeças dos políticos.

E depois admiram-se que eles nos tenham ganho no Euro 2004…

quarta-feira, dezembro 15

Não finjam que os outros não sofrem, porque serão como as bestas.

A nossa vida é uma sucessão de saudades e lamurias, entrecortada por alegrias, amor e carinho, que deveriam ser em principio o principal das nossas curtas vidas.

Desculpem lá, mas quando querem ser meus amigos, tem de levar com tudo. Se só querem saber dos meus sofrimentos depois de ser tarde, para não se maçarem, façam um favor a vós próprios, deixem-se de merdas, ou por outras palavras morram, porque eu já vos matei. Vocês são o cancro da minha alma.

Não ser feliz parece um pecado, uma coisa imoral.
Eu por mim posso jantar sozinho, e comer bem, e beber melhor, que se só me querem para palhaço, vão ao Chapitô ou ao Circo Chen.
Vão á merda e abandonem-se só.
Já chega.

Vocês investem pouco nas pessoas. Eu por mim gosto das pessoas que dão abraços apertados, beijos nas bochechas, beijos na boca, que me aturem os desgostos, que riam das minhas piadas, mesmo as parvas.

As pessoas amadas são as melhores do mundo.

Haverá coisa mais triste do que sofrer por quem não merece. Não sejam estúpidos, não se fartem das pessoas que amam, apanhem secas delas, e dêem-lhes secas também.

E não me partam o coração, que esse já está partido.
A timidez é um estado constante de receio, de insegurança.

As pessoas tímidas são contidas, parecem humildes, mas quando explodem, fujam. Assusta.

A vergonha é um acto momentâneo, é rara e preciosa, é um cuidado e uma cautela. É uma maneira de mostrar o coração.

As máscaras que usamos no dia-a-dia, os artifícios que encantam, o narcisismo, matam esses sentimentos.
Todos temos um pouco de atados, palermas, desconfortáveis, incapazes.

É por isso que a vergonha e a timidez são lindas.

terça-feira, dezembro 14

Quem me dera ser mais cego do que sou.

O que dói quando nós vemos bem.
E porque dói?

Por causa da hipocrisia, porque fomos estúpidos e tivemos esperança.
Ás vezes, bem merecemos sofrer, por não termos coragem de estar ou de agir, depois queixamo-nos…

O que não podemos aceitar é que não se aprenda com os erros, quantos terão ainda de sofrer pelos erros e estupidez dos outros.
Eu não sou má pessoa, e desconfio que não estou só.
Estou farto de ler tratados, de saber “o que a casa gasta”.

Estupidamente confiamos na nossa inteligência, e esquecemos a estupidez alheia, daqueles outros que fazem da nossa vida um inferno.
O que eu queria mais neste mundo era sossegar.

Não quero calma, serenar, assentar. Muito menos resignar-me ou estar descansado.
O sossego é um estado de excepção, mas este é o sossego com que sonho.
O sossego de um peito em que ponho a cabeça de pessoa amada, um sossego em que vejo o sorriso dos meus amigos, o sossego com que se observa a natureza ou um cão a brincar, é viver sem stress, ou então sossegar depois de fazer amor.

Mas o meu coração não sossega, pois não tem como sossegar.

Para sossegar precisava de ser livre de medos, de constrangimentos, de opressões, de olhar mais vezes para o rosto das pessoas que amo e vê-las sorrir, de assistir a mais actos de bondade, ver menos injustiças e maldade.

Sossega-se enchendo-se a alma de amor, confiança. alegria, esperança.
O sossego é uma força poderosa, um alívio.

Para mim o silêncio e a solidão não me sossegam. Para isso tenho o Xanax e o Lexotan.
Só os outros me sossegam.

Ou a morte…

segunda-feira, dezembro 13

É a repetição que torna as coisas tristes. Embora nas coisas boas se desejem a repetição.
Por isso somos saudade…

Na vida procuramos o novo, mas temos sempre vontade de repetir as coisas passadas, as boas, voltar a sentir os bons momentos.

Às vezes alguém responde da escuridão para onde se escreve, aparece uma luz.
Alguém diz de sua justiça ou elogia o nosso esforço, ou critica (o mais comum).

As respostas que me ajudam não tem forçosamente a ver com as minhas perguntas, são como novos apelos.
As pessoas muitas vezes não se entendem porque procuram sempre um fim para tudo.
Comunicar é um dom, e eu muitas vezes sinto-me sozinho.
Tendo este vício eterno de querer resolver as coisas, de torna-las justas e compreensíveis. Não sou erudito, nem sábio, mas tenho a minha visão do mundo.
E é isso que mostro nos meus blogues.

Lê-los é responder, qualquer reacção por muito ténue que seja é uma resposta.
E responde-se com o fim de comunicar. A resposta não é um resultado, faz parte de um movimento, sem princípio nem fim.

Ao menos alguém que me responda…
É mais abençoado dar do que receber.

Tenho a impressão de que as pessoas já não sabem receber o que lhes é dado.
Sendo por natureza generoso, levei muitos anos a perceber a quem devia dar ou não.
A ideia de “comprar” as pessoas é-me repugnante.

Dar é uma forma de afecto, um desejo de trazer contentamento ao outro.
Quem dá não deve esperar nada em troca. Quem dá á espera de retribuição, não dá.

sexta-feira, dezembro 10

Nunca passei com o meu pai, a não ser nas excursões de e para a terra, e levá-lo e a trazê-lo do hospital.
O meu pai morreu no dia 30 de Dezembro de 1989. Viveu 13 anos paralisado do lado direito.

Nunca foi um homem afável com os filhos, não lho ensinaram a ser, e a minha mão não ajudou. Bem pelo contrário. Dava tareias e “torturas” aos filhos e só culpava o meu pai pelo descontrolo que ia na sua cabeça.
Meu pai nunca me deu conselhos, nunca me ensinou nada. Para ele ser pai era dar dinheiro para as despesas no fim do mês.

Sinto falta dele tanto pela sua ausência em vida, como pela sua morte.
Só me lembro de um homem alto, infeliz com a sua vida, e que estava quase sempre ausente, que se sentia preso á sua família.
O meu pai raramente me bateu, ao contrário da minha mãe que era raro o dia em que não o fazia, duas vezes ele o fez que eu me lembro. Uma vez por estar bêbado, outra por culpa da minha mãe.

Só no fim da vida, já ele doente e saindo eu de casa houve uma maior aproximação, que foi cortada com a sua morte.
Meu pai nunca me julgou.

quinta-feira, dezembro 9

O encontro de duas pessoas só se torna um encontro de almas, se ambas estiverem abertas uma para a outra, mesmo o maior amor não impede almas contrárias de se magoarem.
É por isso que é preciso aceitarem-se sem exigirem uma á outra aquilo que não têm.

O amor é um processo contínuo de conhecimento e aceitação. Não é um arrastamento, não é uma loucura, é um acto de inteligência, de curiosidade e de carinho sem fim.
Não se pode amar sem aceitar a verdade e o outro no seu total.
A tendência para se conhecer só a parte que se deseja, ou que se compreende, acaba por matar o amor.

A virtude em que mais falho é a paciência.
A paciência não é ficar de braços cruzados, quem espera sempre alcança é pura mentira, esperar não chega.
Não é o destino que precisa de ajuda, somos nós.
Quem espera tem de iludir-se, depois procurar, com mansidão, devagarinho.

Como é fácil perder quem se quer cativar, com demonstrações sinceras e completas dos sentimentos.
É difícil o encantamento.
O cálculo é uma prova de amor.
Não é possível definir definitivamente um ser humano. Nós estamos sempre em constante mudança, porque passamos a vida a acumular experiências.
Temos de estar sempre atentos e a reinterpretar as pessoas.
A vida é muito complicada e precisamos de a simplificar, sem termos medo de nos enganar.
Conhecer os outros é o primeiro passo.

É assim o amor. Nunca está longe. Não cabe no tempo.
O coração entorna-o. Estamos cheios de quem amamos. A pessoa continua em nós.

Quando se está com quem se ama, a atenção fica presa e perde-se nessa pessoa, livre da nossa vontade e das circunstâncias reais.
È uma vida que ocupa a nossa, ao ponto de nada mais conseguirmos ver.

terça-feira, dezembro 7

Dantes pensava que havia muitas formas de amor. Mas hoje sei que o amor é único, existem é várias formas de amar.
E esse amor é simples.

Queremos apenas que nos amem, ser felizes. Mesmo que essa felicidade nos cause tristeza, tristeza pela ausência, por pensarmos que não somos correspondidos.
Amar outra pessoa é passar o “eu” para segundo plano.

O amor é preocupação, ter o coração ocupado, ter medo, sofrer por nós, poder aliviar o sofrimento do outro.
Amor é banal. Por isso tão bonito.

E o que queremos da pessoa que amamos?
Ser retribuídos por ela.

O amor é egoísta.
Passa por cima da realidade, do raciocínio. Pode começar com uma paixão, mas esta acaba, o amor pode durar a vida inteira, e ficar depois dela.
O amor começa pelo amor. A paixão é um simples impulso físico, tem fim.

O amor não tem limite.
O amor é claro e inevitável, um dom maior, maior que o egoísmo, uma dádiva que ultrapassa as privações e o sofrimento.
O amor é brando, mas impõe-se a tudo, subjuga-nos, arruma o ódio em 3 tempos.

Distinguir o amor pelos nossos, do amor pelos outros, é renegar o amor. O amor é múltiplo.

Não podemos deixar que a vida se meta á frente do amor, mas se a vida serve para alguma coisa é para amar.
Num abraço, de irmão, de amigo, de amante, há uma sensação de corpo, de tempo, de coração. O abraço parece o fim.
Uma pessoa sente-se ao mesmo tempo protegida e protectora.
É a paz, inteira, nenhum outro gesto, nenhuma palavra é necessária para a complementar. Pode passar a vida toda, não importa.
Não há necessidade, nem desejo, nem pensamento.

A sensação é de alguém que reencontramos.
O conforto, como se o outro corpo fosse o nosso, uma alma gémea perdida á nascença.
Toda a angústia do eu se dissipa. É-se naturalmente e inteiramente aceite, sem perguntas, sem condições, sem promessas. Abdicamos de nós de boa vontade, alegremente.
Sentimos alivio, tiramos o peso de cima de nós.

Não há no mundo coisa mais bonita de se fazer.

segunda-feira, dezembro 6

Quando nascemos, nascemos num mundo já vivido, tão grande que não o podemos conhecer todo, podemos ir a muito sítios, ler muitos livros, que quanto mais sabemos, mais parece haver para saber.

Tanto criar como criticar são coisas a fazer. O tempo não se faz só de fazer mas também de esperar.
Todos ficamos exasperados quando uma coisa que fizemos por bem, é interpretada como por mal pelos outros.

Todo o actual culto do corpo e do prazer, criam estranhas noções e expectativas.
A mais estranha é estabelecer prazer com falta de moralidade. E assim se vão castrando emoções naturais, como sendo negativas e merecedoras de culpa e penitências.
Gostar de sexo é coisa má?

A ideia de uma relação amorosa é um convívio feliz e despreocupado, em vez do turbilhão de emoções, que leva a muitas desilusões, raiva e frustrações.
Nenhum sonho custa tanto a abandonar como o de ter uma alma gémea.
O coração anda aos saltos dentro do peito, a pular que nem um doido, tão óbvio que até chateia. O coração ama todos os amores. Toda a vida. Como tonto que é.

O mundo foi feito de modo a dependermos uns dos outros.

sexta-feira, dezembro 3

Quando me dou aos outros esqueço-me de mim, deixo-me para trás, não espero por mim, fico desacompanhado.
Perco-me completamente, parto para outro lugar, penso que não volto, perco-me, saio do meu mundo. O meu mundo é o dos outros.

Há duas palavras que se tornaram pejorativas: Ingénuo e Sentimental.
A primeira significa sentimento de inocência, ausência de malícia, benevolente.
A segunda significa compassivo, sensível, triste.
Cada vez são mais associadas a uma coisa negativa.

Porque será que as lágrimas dos outros custa-me sempre mais a ver?
Porque será que as lágrimas dos outros me fazem pensar em acabá-las?
Será por isso que tenho sentido de humor e brinco facilmente com as coisas que acontecem á minha volta?
Ás vezes é com um sonho que melhor se enfrenta a realidade…