terça-feira, fevereiro 14


Eu adoro cozinhar e sou louco por um bom prato, por isso fiz uma lista de pratos que adoro e vou falar deles, bem como dar as receitas:

Queijo Rabaçal

Foi um queijo que descobri já em adulto, mas por quem me apaixonei de imediato. O sabor e a textura são incomparáveis.
O queijo, originário da vila do Rabaçal, no concelho de Penela, distrito de Coimbra, é produzido também em algumas freguesias dos concelhos de Condeixa-a-Nova, Penela, Soure, Alvaiázere, Ansião e Pombal, mantendo-se a forma tradicional de fabrico.

É um queijo curado de pasta semi-dura a dura, com poucos ou nenhuns olhos pequenos e irregulares, disseminados na massa branca mate, obtido por esgotamento lento da coalhada após a coagulação da mistura de leites de ovelha e cabra, por acção do coalho animal e de fabrico artesanal. Depois de salgados, os queijos são lavados dia sim, dia não, durante alguns dias, seguindo-se a cura por um período mínimo de 20 dias.

A produção arcaica de aroma, sabor e massa bem diferenciados traz-lhe individualidade no contexto dos seus congéneres.
É um alimento completo, rico em gordura, proteína de alto valor biológico, ácidos aminados, ácidos orgânicos, elementos minerais, especialmente cloro, sódio, cálcio, fósforo e vitaminas A, B2 e B1.

As pastagens da erva-de-santa-maria (tomilhinha) dão-lhe um sabor e um odor muito característicos e singular.
A produção caseira sempre foi de forma circular e pequena.
Eça de Queiroz, tão atento a dimensões de identidade e alteridade, pontua o queijo do Rabaçal na sua obra “A Cidade e as Serras”.
 No século XVIII, por exemplo, o Antão Senhor do Rabaçal, o Duque do Cadaval, recomendava ao seu foreiro, mais tarde Visconde de Degracias, que lhe envia-se (possivelmente para Lisboa) “uns queijinhos do Rabaçal”.

Relativamente à temática do lacticínio, sobretudo o citado queijo e especificamente no lugar do Rabaçal, e do que lhe é inerente (terras, pastos, matos, legislação vária, acessos de homens e animais, limpeza de caminhos, qualidade do produto, produção e escoamento), forçoso é que nos debrucemos sobre a documentação de diversas épocas, como sejam, entre outros, desde logo o Foral de 1516, as memórias paroquiais datadas de 1758 e as posturas Municipais que nos chegam de 1838, quando em Portugal reinava D. Maria II.

Provem e digam-me se não é bom.

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