Defendo com todas as minhas forças, a bondade como princípio
básico das relações entre os seres humanos.
Um deserto, ainda que se oiça uma voz, nunca será um
deserto.
Olhando de cima tudo nos parece normal, agora ver as coisas
do mesmo prisma é diferente.
A impressão de que tenho sempre de andar sobre lama, para
chegar ao ouro, não me deixa.
Não há ninguém que explique a estas criaturas, que se
precipitam de cabeça para a completa desumanização? Que se afundam cada vez
mais?
Estou cada vez mais cansado de me ouvir, e o pior é que cada
vez mais as minhas palavras me azedam mais na boca.
Ás vezes penso que a minha pena é estar vivo. Sem grandeza
para que serve viver?
Uma ilha mesmo sendo deserta é um bom sítio para falar. Até
mesmo Jesus Cristo foi para o meio do mar para pregar, e até Santo António
pregou aos peixes, porque aos homens, a maioria deles, já nem vale a pena.
Às vezes sinto-me morto por dentro, e nessas alturas prefiro
esconder-me.
Mas não vejo que a indiferença me traga felicidade, que o
sossego de espírito me acalme, nem pretendo libertar-me das minhas paixões.
Na verdade sinto-me mais vivo que nunca, tendo consciência
que o meu corpo é finito e limitado. E o maior mal que o homem faz a si
próprio, é o de não pensar que tudo é transitório e relativo.
E eu não pedi a ninguém para nascer…
Sem comentários:
Enviar um comentário