quarta-feira, fevereiro 15


Defendo com todas as minhas forças, a bondade como princípio básico das relações entre os seres humanos.
Um deserto, ainda que se oiça uma voz, nunca será um deserto.

Olhando de cima tudo nos parece normal, agora ver as coisas do mesmo prisma é diferente.
A impressão de que tenho sempre de andar sobre lama, para chegar ao ouro, não me deixa.
Não há ninguém que explique a estas criaturas, que se precipitam de cabeça para a completa desumanização? Que se afundam cada vez mais?
Estou cada vez mais cansado de me ouvir, e o pior é que cada vez mais as minhas palavras me azedam mais na boca.
Ás vezes penso que a minha pena é estar vivo. Sem grandeza para que serve viver?

Uma ilha mesmo sendo deserta é um bom sítio para falar. Até mesmo Jesus Cristo foi para o meio do mar para pregar, e até Santo António pregou aos peixes, porque aos homens, a maioria deles, já nem vale a pena.
Às vezes sinto-me morto por dentro, e nessas alturas prefiro esconder-me.
Mas não vejo que a indiferença me traga felicidade, que o sossego de espírito me acalme, nem pretendo libertar-me das minhas paixões.
Na verdade sinto-me mais vivo que nunca, tendo consciência que o meu corpo é finito e limitado. E o maior mal que o homem faz a si próprio, é o de não pensar que tudo é transitório e relativo.

E eu não pedi a ninguém para nascer…

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