terça-feira, dezembro 3

Os rios.
Sou um fã de rios.
Talvez o facto de ter crescido entre dois rios me fez ter esta adoração por estes braços de água.

Sendo Alfacinha, o rio Tejo foi o meu primeiro. Este canal de água que dá a Lisboa este encanto e esta luz especial, acompanhou a minha infância e adolescência, sempre me surpreendendo a cada esquina.
Belo e calmo é actualmente o que me separa da minha cidade, mas corre sempre jovem e renovado. E a namorar Lisboa.
Mas tarde subi-o, tanto de carro, como de comboio na linha da Beira Baixa (uma experiencia única).
Visto do miradouro das Portas do Sol em Santarém, do castelo de Almourol, do de Belver, de Abrantes, das Portas do Ródão, de Constância, tudo encanta.

O outro é o Ceira, que nasce perto da aldeia de meus avós paternos, onde aprendi a nadar. È afluente do rio Mondego, onde se lhe junta na povoação que lhe dá o nome, ás portas de Coimbra. Góis é a sua princesa.
Perto fica o Alva, que nasce na Serra da Estrela, e passa por Côja, onde íamos fazer as compras que não havia na aldeia, e desagua também no Mondego, junto á bela vila de Penacova.

Depois veio o Sado, primeiro em Setúbal e depois em Alcácer do Sal, duas paisagens diferentes do mesmo rio, uma na sua foz, outra no seu arrozal. Foi neste rio que vi na baia que separa Setúbal da península de Tróia, (já no concelho de Grândola), golfinhos.

O Mondego veio mais tarde, a passar por Coimbra para ir para a aldeia em autocarro, depois conheci-lhe a foz na Figueira do mesmo nome, em Penacova miradouro privilegiado, e visto depois em plenos campos de arroz do castelo de Montemor-o-Velho. Nasce na Serra da Estrela perto de Gouveia.
Outro que nasce também na serra é o Zêzere, passa por Manteigas num dos troços mais belos da serra, por Valhelhas com uma bela praia fluvial, por Dornes a Suíça portuguesa, e junta-se ao Tejo em Constância. É nele que fica a Barragem do Castelo do Bode, que abastece Lisboa de água.

O Douro é outro rio que descobri há muito. Vi-o primeiro no Porto com os seus barcos Rabelos e o casario da Ribeira, depois atravessei-o em Barca de Alva, num dos mais belos troços de estrada fronteiriça, e o vinhateiro entrando por Peso da Régua e Lamego, e depois por São Salvador do Mundo (um dos mais belos santuários de Portugal), visitei a Quinta do Cidrô da Real Companhia Velha, São João da Pesqueira, Pinhão e Favaios terra do belo Moscatel do Douro.
Também o atravessei em Castelo de Paiva na ponte de Entre-os-Rios, a fatídica que caiu e levou gente com ela.

O Guadiana é outro dos eleitos, primeiro em Mértola (a árabe portuguesa), depois rio abaixo por Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António, atravessando-a para Ayamonte e para o sul de Espanha.
Ainda visitei o Castelo de Lousa e a velha Aldeia da Luz, antes de serem inundados pela Barragem do Alqueva.
Agora visto do Castelo de Monsaraz é um belo lago.

Depois são tantos que muitos lhe esqueço o nome.
O Mira em Vila Nova de Milfontes, Odemira e na Barragem de Santa Clara, prova que é um dos mais escondidos e mais belos e limpos rios da Europa.
O Vouga é o rio de Aveiro, onde se espraia em braços de água antes de chegar ao mar, forma a Pateira de Fermetelos (local único para observar aves), e subi-lo por Sever do Vouga até ás termas de São Pedro do Sul é idílico.
O Nabão que banha a bela cidade de Tomar, e em que podemos ver os peixes e os patos a nadar nele.

Outros tantos vi, percorri e me banhei, que falar de todos era entediante.

Mas contínuo a lembra-me de todos, e a sensação é sempre a mesma, refrescante.

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