Os rios.
Sou um fã de rios.
Talvez o facto de ter crescido entre dois rios me fez ter
esta adoração por estes braços de água.
Sendo Alfacinha, o rio Tejo foi o meu primeiro. Este canal
de água que dá a Lisboa este encanto e esta luz especial, acompanhou a minha
infância e adolescência, sempre me surpreendendo a cada esquina.
Belo e calmo é actualmente o que me separa da minha cidade,
mas corre sempre jovem e renovado. E a namorar Lisboa.
Mas tarde subi-o, tanto de carro, como de comboio na linha
da Beira Baixa (uma experiencia única).
Visto do miradouro das Portas do Sol em Santarém, do castelo
de Almourol, do de Belver, de Abrantes, das Portas do Ródão, de Constância,
tudo encanta.
O outro é o Ceira, que nasce perto da aldeia de meus avós
paternos, onde aprendi a nadar. È afluente do rio Mondego, onde se lhe junta na
povoação que lhe dá o nome, ás portas de Coimbra. Góis é a sua princesa.
Perto fica o Alva, que nasce na Serra da Estrela, e passa
por Côja, onde íamos fazer as compras que não havia na aldeia, e desagua também
no Mondego, junto á bela vila de Penacova.
Depois veio o Sado, primeiro em Setúbal e depois em Alcácer
do Sal, duas paisagens diferentes do mesmo rio, uma na sua foz, outra no seu
arrozal. Foi neste rio que vi na baia que separa Setúbal da península de Tróia,
(já no concelho de Grândola), golfinhos.
O Mondego veio mais tarde, a passar por Coimbra para ir para
a aldeia em autocarro, depois conheci-lhe a foz na Figueira do mesmo nome, em
Penacova miradouro privilegiado, e visto depois em plenos campos de arroz do
castelo de Montemor-o-Velho. Nasce na Serra da Estrela perto de Gouveia.
Outro que nasce também na serra é o Zêzere, passa por
Manteigas num dos troços mais belos da serra, por Valhelhas com uma bela praia
fluvial, por Dornes a Suíça portuguesa, e junta-se ao Tejo em Constância. É
nele que fica a Barragem do Castelo do Bode, que abastece Lisboa de água.
O Douro é outro rio que descobri há muito. Vi-o primeiro no
Porto com os seus barcos Rabelos e o casario da Ribeira, depois atravessei-o em
Barca de Alva, num dos mais belos troços de estrada fronteiriça, e o vinhateiro
entrando por Peso da Régua e Lamego, e depois por São Salvador do Mundo (um dos
mais belos santuários de Portugal), visitei a Quinta do Cidrô da Real Companhia
Velha, São João da Pesqueira, Pinhão e Favaios terra do belo Moscatel do Douro.
Também o atravessei em Castelo de Paiva na ponte de
Entre-os-Rios, a fatídica que caiu e levou gente com ela.
O Guadiana é outro dos eleitos, primeiro em Mértola (a árabe
portuguesa), depois rio abaixo por Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo
António, atravessando-a para Ayamonte e para o sul de Espanha.
Ainda visitei o Castelo de Lousa e a velha Aldeia da Luz,
antes de serem inundados pela Barragem do Alqueva.
Agora visto do Castelo de Monsaraz é um belo lago.
Depois são tantos que muitos lhe esqueço o nome.
O Mira em
Vila Nova de Milfontes, Odemira e na Barragem de Santa Clara,
prova que é um dos mais escondidos e mais belos e limpos rios da Europa.
O Vouga é o rio de Aveiro, onde se espraia em braços de água
antes de chegar ao mar, forma a Pateira de Fermetelos (local único para
observar aves), e subi-lo por Sever do Vouga até ás termas de São Pedro do Sul
é idílico.
O Nabão que banha a bela
cidade de Tomar, e em que podemos ver os peixes e os patos a nadar nele.
Outros tantos vi, percorri e me banhei, que falar de todos
era entediante.
Mas contínuo a lembra-me de todos, e a sensação é sempre a
mesma, refrescante.
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