Gostei muito de ver a entrevista de D. Manuel Clemente ao
programa “A Propósito”.
Veio mesmo a propósito!
Primeiro gostei de ver que a igreja continua do lado de quem
afronta os pobres e marginalizados, ou seja da direita que governa este país.
A estratégia da igreja católica, que sempre apoiou os
governos de direita e combateu os de esquerda (basta verem a história, não
preciso de vos dar exemplos), quer aproveitar a situação (e como sabemos
coordenada com a direita), canalizando os descontentes para a igreja e para “a
graça divina”, para conter a raiva das ruas, de maneira a conter a revolta, e
arreganhar mais uns tostões dos pobres, que já são esmifrados por os governos
católicos de direita e “tementes a Deus”.
Segundo gostei de ver que apesar da “primavera Francisca” do
novo papa, o incómodo que as palavras dele provocam na igreja portuguesa, e
possivelmente nos outros países.
A igreja sempre esteve do lado dos pobres para encher as
caixas de esmolas, e mantê-los na ideia de que sofrendo é que se ganha o céu, e
que os ricos não chegam lá (“é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma
agulha, do que um rico chegar ao céu”), sendo eles tão ou mais ricos que
muitos. Se é tão bom e católico ser pobre, porque é que eles querem ser ricos,
e porque os ricos enchem as igrejas, e esvaziam os bolsos dos pobres?
Terceiro gostei da hipocrisia em relação aos temas “fracturantes”
da igreja católica, como o aborto, a homossexualidade, a pedofilia e as
mulheres.
Foi de tal modo aberrante a maneira como D. Manuel Clemente
se referiu ás mulheres, por causa da possibilidade da sua ordenação como
sacerdotes, a dizer que a Igreja Católica é feita por mulheres! A hipocrisia do
costume, e a maneira como fugiu aos temas foi deveras brilhante, mas muito convincente
para quem não espera uma mudança nas mentalidades da igreja.
Os outros temas foi o mesmo do costume, disse textualmente
que não concordam com as leis que impedem a “vida” e a relação entre o “homem e
a mulher”. Querem mais?
Também foi claro que estas manifestações públicas de
desagrado não lhes agrada, eles gostam de gente submissa e respeitadora dos
poderes, entre eles o da igreja.
Finalmente percebi que o inquérito que fizeram sobre os
temas “fracturantes” das famílias actuais, e que andou pela net e pelas
sacristias, é afinal uma “consulta” (não sei se temos de pagar taxas
mordedoras, como diz a outra, mas desconfio quem vai levar com a dentada), e
que os dados vão ser “trabalhados” pelas cúpulas eclesiásticas, e que os
resultados vão ser divulgados, mas não se sabe como, quando e que dados. Tudo
democrático, como é a igreja católica!
Isto depois de ter feito o presépio, olhei para ele e vi um
menino nas palhas dormindo, dois pais que olham para ele, e devem pensar “espero
que este não tenha que emigrar, se filie numa JSD ou na JC, e um dia venha a
ser primeiro-ministro de Portugal, com curso na Universidade Lusíada de 3 dias,
e que depois vá para um lugar na União Europeia, e acabe no Palácio de Belém a
comer bolo de rei, com uma mulher que colecciona presépios”.
Amén
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