segunda-feira, dezembro 9

Desgostos, quem os não tem?
Já tive a minha dose, e desconfio que não ficam por aqui.
Os que mais me doem são das pessoas que amamos.
A mim doem-me muito.

Já não falo da minha família, pois esses nunca me amaram, falo dos amigos aqueles a quem arranjei um espaço no meu coração, a quem dou o meu melhor, pois a única razão porque os acolhemos é porque nos fazem sentido ser felizes a seu lado.
Já ajudei muitos que hoje me voltam as costas, fazem de conta que eu não existo, nem nunca existi.
A ingratidão é um sentimento que nos pode bater á porta, e temos que lidar com isso. Eu tenho dificuldades.
Dizem que “se o arrependimento mata-se…”, mas não me arrependo de ter ajudado quem ajudei, mesmo aqueles que se aproveitaram de mim. Confiei, errei, aprendi…
Não a não confiar nos outros, aprendi que não posso confiar em todos, aprendi a ver sinais (que muitas vezes, estupidamente, ignoro), a saber mais dos outros.

Todos temos medos.
A maioria tem medo da morte. Eu que já passei por ela 3 vezes não tenho propriamente medo dela, também suporto a dor física, mas o sofrimento aflige-me.
Tenho mais medo de perder os outros do que perder a minha vida.
Alguns fui eu mesmo que os matei, aqueles que mostraram ingratidão, que não souberam merecer o meu amor e respeito.
O medo de não ser EU não é inferior.

Despedidas e morte são para mim a mesma coisa, são separações, e custa-me, mas custa-me mais ter de abdicar de mim.
A minha vida tento vivê-la com o mínimo de dignidade.
Os meus amigos são-me essenciais, procuro afectos e dou em doses generosas, mas não abdico da minha liberdade de ser e pensar pela minha cabeça, que infelizmente nem sempre está coordenada com o coração, e por isso lá me vou magoando, até á exaustão.

Não pensem que sou um tipo triste, bem pelo contrário, nunca prescindo do sentido de humor, nem que seja para disfarçar a dor que por demasiadas vezes sinto. Não o faço por orgulho, como muitos me acusam, mas por educação e delicadeza.
E por simplicidade que parece ser pecado.
Gosto de gente simples e dedicada.

A naturalidade nas relações é algo raro e difícil de gerir, mas não vejo futuro sem haver sinceridade nos afectos.
Sou apenas alguém que quer ser amado, e amar.
Eu digo que apenas quero que não me façam chorar, que eu vos farei rir. E se tenho chorado…

No fim sou um simplório…

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