sexta-feira, setembro 12

Estou triste, muito triste.
Triste porque cheguei a esta idade e comecei a ter nojo da maioria das pessoas.
Mesmo nojo, asco, o que ia contra todas as minhas crenças. Claro que sempre soube que as pessoas não são boas por natureza, que a bondade é uma coisa que se ensina e se ensina praticando-a com os outros.
Nunca me julguei mais do que os outros, e tive tantas, mas tantas pessoas que me disseram ao longo da vida o contrário, mas eu não acreditava, pois a começar pela minha própria mãe, toda a minha família, e até o meu ex com quem tive uma relação de 17 anos, me faziam a “bondade” de me o lembrar constantemente.
Sou sempre estúpido e responsável pelo mal que me fazem….

Mas eu detesto a aldrabice e o oportunismo, e nunca gostei de ser manobrado, por isso sempre fui preterido e olhado com desconfiança pelos que não entendem.
Nunca fui de virar a cara, sempre fui mais de bater-me pelos meus ideais, nunca me habituei a ver o sofrimento e a miséria dos outros, e também nunca esperei que se preocupassem com o meu sofrimento, pois poucos o sabem fazer. Por isso sou visto como um desequilibrado.
Aceitar tudo, sem questionar, atavia-nos, limita-nos.

Os poderosos não gostam do humor, nem da cultura popular, alias nem de cultura, pois elas educam o povo, e o povo deve manter-se estúpido para não pensar, manter-se dócil e submisso.
Hoje crê-se que a liberdade e a democracia é poder dizer-se o que “se quer”, é comprar e escolher férias, casas, carros, roupas e telemóveis, ir ás compras nas grandes superfícies, ver lixo nas televisões e nas revistas, convidar artistas estrangeiros, ver filmes enlatados, e o diabo a quatro.
Falta educação e responsabilidade, carácter e humanidade.
É verdade que tive a sorte e a coragem de ter aceite, na minha vida, pessoas que me ensinaram a amar, a gostar de ser português, pois a humildade já a tinha.

Claro que sou crítico, mas critico sem ser destrutivo, a critica pode e deve servir para ajudar a melhorar.
Se calhar por isso abomino tudo o que é medíocre. Não gosto de pessoas que tratam mal os outros, ou os desrespeitem e humilhem sem razão. Aprendi que devemos sempre lutar pela justiça e pela igualdade, defender os fracos e oprimidos, que a liberdade é um bem maior, e a vida sagrada, seja a humana, a animal ou a da natureza.
Sou uma pessoa muito acessível, mas sou selectivo nas pessoas que escolho para habitar o meu coração

Às vezes parece que o sofrimento a que me tem sujeitado ao longo da minha vida, me estava reservado, e que o tenho de aceitar, para me dar armas para ajudar os outros. Mas sei que isso é mentira, e pode parecer ridículo que assim pense, mas eu tenho que me defender da loucura.

Não quero acreditar nisso, pois não há qualquer justiça no sofrimento.

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