Entendo este medo que o poder actual tem, em que os jovens
saibam o que foi a ditadura de Salazar/Caetano, e o papel dos estudantes na
luta contra o Estado Novo.
Eles querem voltar ao tempo da ditadura…
Não lhes interessa que os jovens se interessem por politica,
mais vale eles andarem entretidos com festivais de verão e meets, com o futebol
e a droga e o álcool.
Não querem que eles tenham ideias novas e sangue na guelra.
Não lhes interessa que saibam que estão a ser controlados,
como no tempo da PIDE, que prendia, matava e torturava todos os que se atreviam
a pensar livremente e fora das suas ideias, que lutavam pela liberdade e
igualdade.
Não lhes interessa que saibam que existia censura, um só
canal de televisão que só emitia o “que ao povo deva interessar”, e que hoje é
inundado de futebol, reality shows, concursos de talentos e novelas.
Não lhes interessa acabar com o mito de Salazar, o honesto e
simples homem que deixou os cofres cheios de ouro, mas que esse ouro era nazi
com a suástica, roubado aos países que invadiram, aos judeus e outros que
mataram, torturaram e enviaram para campos de concentração ou de extermínio. E
que Salazar era amigo e admirador de Franco, Mussolini e Hitler. E que esse
ouro foi torrado nas guerras coloniais, com mortos, estropiados e com stress traumático
para toda a vida (meu pai foi uma dessas vitimas).
Não lhes interessa que saibam que a ditadura durou 48 anos porque
havia bufos, delatores, colaboradores, gente satisfeita com o regime, na sua
esmagadora maioria de direita e a igreja católica, e que estão agora no poder,
a manipular.
Não lhes interessa que saibam que era tudo pacóvio e ridículo,
podre e corrupto, como agora, que a educação era só para os ricos (como agora),
a saúde era para os ricos (como agora), a justiça ou injustiça era sempre a
favor dos ricos (como agora), que os pobres só viviam para trabalhar (malvados
nós que quisemos um estado social e arruinámos a economia mundial), que não
havia segurança social (que querem privatizar), nem serviço nacional de saúde
(que estão a destruir para os privados), nem subsídios (que já tiraram aos funcionários
públicos e pensionistas), nem feriados ou fins-de-semana (que andam a cortar),
sem sindicatos (que eles continuam a menosprezar e a denegrir com o intuito de
acabar com eles), nem protecção no trabalho (que eles querem acabar para seguir
o maravilhoso modelo que é a China), nem salário mínimo (que eles dizem que tem
de diminuir pois ganhamos demasiado, e assim Portugal não é competitivo).
Não lhes interessa que era preciso ter licença de isqueiro
(que só se podia utilizar debaixo de telha!), que a coca-cola era proibida, que
não podia haver “ajuntamentos” de mais de 3 pessoas na rua, que as mulheres não
podiam chorar ao ver os seus entes queridos partir para as guerras em África,
etc, etc.
Para que tudo continue na mesma: Futebol, Fado e Fátima.
O futebol continua a ser o ópio do povo, o fado continua a
ser trabalha, sê pobre e triste, abusa do fraco e do pobre, aguenta, e Fátima
continua a enriquecer com a esmola do pobre, e a ajudar os poderosos a
enriquecer e a controlar os pobrezinhos.
Viva Portugal!
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