segunda-feira, setembro 8

Entendo este medo que o poder actual tem, em que os jovens saibam o que foi a ditadura de Salazar/Caetano, e o papel dos estudantes na luta contra o Estado Novo.
Eles querem voltar ao tempo da ditadura…

Não lhes interessa que os jovens se interessem por politica, mais vale eles andarem entretidos com festivais de verão e meets, com o futebol e a droga e o álcool.
Não querem que eles tenham ideias novas e sangue na guelra.
Não lhes interessa que saibam que estão a ser controlados, como no tempo da PIDE, que prendia, matava e torturava todos os que se atreviam a pensar livremente e fora das suas ideias, que lutavam pela liberdade e igualdade.
Não lhes interessa que saibam que existia censura, um só canal de televisão que só emitia o “que ao povo deva interessar”, e que hoje é inundado de futebol, reality shows, concursos de talentos e novelas.
Não lhes interessa acabar com o mito de Salazar, o honesto e simples homem que deixou os cofres cheios de ouro, mas que esse ouro era nazi com a suástica, roubado aos países que invadiram, aos judeus e outros que mataram, torturaram e enviaram para campos de concentração ou de extermínio. E que Salazar era amigo e admirador de Franco, Mussolini e Hitler. E que esse ouro foi torrado nas guerras coloniais, com mortos, estropiados e com stress traumático para toda a vida (meu pai foi uma dessas vitimas).
Não lhes interessa que saibam que a ditadura durou 48 anos porque havia bufos, delatores, colaboradores, gente satisfeita com o regime, na sua esmagadora maioria de direita e a igreja católica, e que estão agora no poder, a manipular.
Não lhes interessa que saibam que era tudo pacóvio e ridículo, podre e corrupto, como agora, que a educação era só para os ricos (como agora), a saúde era para os ricos (como agora), a justiça ou injustiça era sempre a favor dos ricos (como agora), que os pobres só viviam para trabalhar (malvados nós que quisemos um estado social e arruinámos a economia mundial), que não havia segurança social (que querem privatizar), nem serviço nacional de saúde (que estão a destruir para os privados), nem subsídios (que já tiraram aos funcionários públicos e pensionistas), nem feriados ou fins-de-semana (que andam a cortar), sem sindicatos (que eles continuam a menosprezar e a denegrir com o intuito de acabar com eles), nem protecção no trabalho (que eles querem acabar para seguir o maravilhoso modelo que é a China), nem salário mínimo (que eles dizem que tem de diminuir pois ganhamos demasiado, e assim Portugal não é competitivo).

Não lhes interessa que era preciso ter licença de isqueiro (que só se podia utilizar debaixo de telha!), que a coca-cola era proibida, que não podia haver “ajuntamentos” de mais de 3 pessoas na rua, que as mulheres não podiam chorar ao ver os seus entes queridos partir para as guerras em África, etc, etc.
Para que tudo continue na mesma: Futebol, Fado e Fátima.
O futebol continua a ser o ópio do povo, o fado continua a ser trabalha, sê pobre e triste, abusa do fraco e do pobre, aguenta, e Fátima continua a enriquecer com a esmola do pobre, e a ajudar os poderosos a enriquecer e a controlar os pobrezinhos.


Viva Portugal!

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