terça-feira, setembro 20


Não choro por mim porque estou vivo.
Esta angustia de que me quero libertar, parece que se instalou no meu corpo. Até me dói o pensamento.
Enquanto este corpo estiver vivo de uma coisa tenho certeza, a morte chegará.
Como posso venerar um Deus que me diz que só posso conseguir a vida eterna se o adular?

Como luto todos os dias para não vender a minha alma.
E o resultado disto?
Feridas sangrentas e grandes cicatrizes.
Não tenho nenhuma riqueza a não ser a minha inteligência.
Não me falem de lágrimas, porque de lágrimas eu entendo. Quais são os meus medos?
A solidão?, a dor?, a velhice?, a morte?
Não, é a falta de humanidade, o desprezo pela vida humana, o desrespeito.
Ter coragem é aceitar a derrota. Uma palavra dita muitas vezes perde o sentido?

Sabem qual é a receita para me matarem?
Tirem-me a inteligência, a dignidade, a liberdade, a coragem, a sensibilidade, o carácter, o amor, a justiça, a bondade, o respeito pelo próximo, a humanidade.
Sempre lutei contra as correntes, aquelas que não me agradaram, dos hábitos, dos maus hábitos, e do preconceito.
O que sou ainda não aconteceu, se calhar nem nunca vai acontecer.

Imaginem o deserto.
Agora imaginem o homem como o deserto.

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