Parti no Intercidades às 15.42 da Gare do Oriente rumo á
invicta, sentado ao lado de um homem gordo que só comia, e nem cabia no seu
lugar. O que vale é que a viagem dura apenas 3 horas, e eu lá fui a ler o meu
livro e a escrever.
Cheguei ao Porto ás 18.40, á estação da Campanhã, renovada e
fui apanhar o metro do Porto (que andei pela primeira vez, pois quando fui a
ultima vez ao Porto ainda estava a ser construído), para a estação do Bolhão.
Parecem os nossos eléctricos da Carris da carreira n.º 15 para Belém, e só no
centro da cidade andam debaixo do chão. No entanto são rápidos e eficientes.
Adorei a estação do Campo 24 de Agosto que tem dentro umas ruínas encontradas aquando
das obras e que foram incorporadas nelas, uma feliz ideia.
Fiquei hospedado na Residencial Bela Star, pois a do Porto
Novo estava cheia e são do mesmo dono.
Deixei a mala no quarto e foi jantar, pois nem sequer tinha
almoçado, ao restaurante Casa da Ria, onde fica o Bears Cave, conheci o Paulo e
o companheiro e jantei um bacalhau frito com uma bela garrafa de verde de Marco
de Canaveses, rematado com um belo pudim caseiro delicioso. Fiquei logo
atestado.
Sai para apanhar ar depois desta farta refeição e fui até á
Ribeira. Fiquei emocionado ao reencontrar-me com ela. Sempre amei esta local e
de noite ainda tem mais encanto, com Gaia tão perto que aparece que se
esticarmos o braço podemos tocar-lhe, nem consigo descrever a emoção que senti,
mas também a tristeza por não ter ninguém com quem partilhar esta emoção. Sim
estou sozinho, cada vez mais sozinho, mas tenho de entender, a minha cabeça tem
de entender que tem de ser assim, que a minha vida poderá ter de ser seguir
sozinho.
Depois fui ao Bears Cave, realmente uma caverna (lol), beber
uma cerveja, mas devido á pouca afluência de ursos (tem quarto escuro e tudo),
á uma sai e fui ver a zona de diversão dos tripeiros.
Descobri o Café Lusitano, sala bem gira, antiga, empregados simpáticos,
boa musica (dancei sozinho até me fartar). Muita bicha pão e ovo, mas também gente
interessante, mas todos muito “atados”.
Deitei-me perto das 5 da manhã, mas ás 10 de Sábado já
estava de pé para ir matar saudades da cidade.
Tomado o pequeno-almoço nos Aliados (Bôla e galão) e comprados
os bilhetes (de comboio para voltar e o passe para andar nos transportes), lá
andei á deriva na cidade (sempre confusa), mas não vi muito pois chovia a cântaros.
Para minha tristeza descobri que a Casa de Pão de Ló Margardirense, onde
esperava compra a geleia de marmelo que me ficou na memória, foi fechada pela
ASAE!!!!!
Depois foi voltar ao quarto, pegar no material da ILGA e ir
para a sauna, onde deixei material, e visitei e fui jantar ao Bears Cave.
Comi uma francesinha ENORME, fantástica. Soube-me pela vida.
Tive de beber duas águas com gás, pois fiquei prestes a rebentar LOL.
Depois de mais uma visita á caverna, fui á luta, distribuir
material da ILGA e falar com os responsáveis.
Muitos dos locais que vem no Portugal Gay estão fechados, o
que me valeu muitos “passeio á senhora da asneira”. Mas os que visitei
receberam-me bem e aceitaram o material, falhei-lhes da linha LGBT e do que ela
faz, ninguém sabia da sua existência, e reparei (no Lusitano, onde acabei a
noite), que as pessoas repararam e leram o material.
Cansado fui para a caminha ás 2, pois ás 9.30 tinha de estar
de pé para não perder o comboio.
Vim já cheio de saudades, mas contente por ver outra vez a
cidade, e com vontade de voltar o mais depressa possível.
Agradeço ao Paulo a boa recepção, a excelente comida (mesmo
muito boa), e a todos os que me receberam e ouviram.
E homens do Norte, soltem-se mais (e não tou a dizer para
soltarem gases), só com olhares não vão lá.
PS: Sexta cheguei ao Porto com uma t-shirt a dizer “Looking
for sex”, que usei durante a noite. As pessoas sentiram-se “desconfortáveis e
intimidades”, e ainda ouvi comentários na rua.
Eu posso falar de “cavalinho”, pois adoro o Porto e a sua
gente, nunca escondi que sou Alfacinha com orgulho, e sempre fui muito
acarinhado pelos Tripeiros, pois nunca os tratei com manias de grandeza pois
não me considero maior do que ninguém.
Mas bolas, em Lisboa á mais abertura, somos mais liberais.
Não digo que percam a vossa identidade, que vos faz únicos e autênticos, por
isso vos amo e respeito, mas um pouco mais de garra, de abertura, só vos torna
melhores. Venham á noite gay de Lisboa e vejam a diferença de atitudes.
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