terça-feira, setembro 27



"Saber como se faz uma coisa é fácil; fazê-la é que é difícil."



Cada vez vejo mais gente que tem opinião formada sobre tudo e sobre nada.

Mas depois quando são chamados a agir, arranjam desculpas e escusam-se a “vergar a mola”.

Tanta teoria até assusta. Mas o que mais me assusta são discursos inflamados, que depois são como os balões que rebentam e nada tem por dentro, senão o vazio do ar.

Não pretendo saber de tudo, mas gosto de saber como obter o conhecimento. E gosto de aprender, como gosto de transmitir os meus conhecimentos, pois não os quero só para mim. Foram dados por outros, devo retransmiti-los, mesmo que não mos peçam.

Não tenho medo de passar o meu conhecimento aos outros, porque o não quero só para mim, e porque estou sempre a aprender coisas novas.

E esse conhecimento não se aprende só nos livros, aprende-se com os outros. E com os mais velhos, que já viveram e tem a experiencia que nós ainda não temos, mas vamos ter.

Nunca tratem mal um idoso, ele já está cá á mais tempo do que tu, muitos prepararam o caminho para que tu cá estejas e vivas, respeita-os e admira-os, os que merecerem a tua admiração.





Os objectos, embora alguns que estimo, nunca me fizerem ter muita pena por os ter perdido. Já as pessoas não são assim. Principalmente as que fizeram “marcas” na tua vida.

E depois vem aquelas que nos fazem sentir maravilhosos, e quando a gente menos espera.

Estou numa fase da minha vida em que me estou a reinventar. Fisicamente e psicologicamente. Estou mais arrojado e confiante em mim. Alguns medos estão a partir, alguns ainda permanecem. Mas sinto-me mais forte.

Não devemos esquecer os mortos, mas são os vivos que nos devem interessar e com quem nós devemos viver. E qualquer um de nós pode passar de um estado para outro, de um momento para o outro.

Por isso não perco as oportunidades de mostrar aos meus amigos que os adoro. Não sei o tempo que vou durar, nem sei o deles. Não tenho nenhuma bola de cristal, e não sou como o Papa que tem o telemóvel de Deus.

Mas muitas vezes retraio-me, geralmente quando estou mais fragilizado, porque já sofri desilusões, e acabo por me proteger de decepções, desta forma.

Mas o meu coração continua aberto a todos os que nele quiserem habitar, e vierem por bem. É um condomínio fechado, de luxo, grande, onde cabe muita gente.

Ah! E aqui não pagam IMI…

segunda-feira, setembro 26


Ontem chorei.
Chorei de emoção e de alegria, ao ver o novo programa da RTP “Portugueses Extraordinários”.
O Quim é um homem que dá de comer á 29 anos a pessoas pobres e/ou sem abrigo, sem lhes perguntar a razão porque precisam. Move pessoas para a causa, e até dá do seu salário para a sua causa.
Quando lhe perguntaram o que lhe apaga a dor que sente ao ver o sofrimento dos outros, ele respondeu “ apagar a dor dos outros”.
A Joana tem 15 anos, e desde os 12 que faz voluntariado. Ajuda os mais pequenos num ATL, os idosos a aprender a ler num lar, e os colegas a ter boas notas.
Diz que muitas vezes se sente impotente, cansada. Mas nunca chora em frente aos outros, para os não desanimar. Quando lhe perguntam se é feliz ela responde “sim sou muito feliz porque posso ajudar os outros”. Ela já consegui que amigos da mesma idade lhe seguissem os passos.
Estes são portugueses extraordinários. Fazem-me ter orgulho no meu povo.
Obrigado Quim e Joana. E outros tantos que fazem o bem pelos outros, sem pedir nada em troca, apenas recompensados pelos sorrisos, por saberem que fazem a diferença, que mudam a vida dos outros, pela bondade, pela humanidade.
Obrigado RTP, por mostrares que podemos ser solidários, e sermos felizes como isso. Que estes exemplos frutifiquem. Estes bons exemplos em tempo de crise são de todo recomendáveis que sirvam de exemplo. Isto é serviço público. Parabéns RTP. Vou continuar a ver, e recomendo que vejam.
Fiquei orgulhoso.


Entretanto o meu folhetim do computador continua.
Pediram-me 180,00€ para por a driver do computador para ligação á internet.
180 EUROS?
Recusei o arranjo, e pedi para me devolverem o computador. A deslocação passou de 20,00 com IVA incluído para 40,00 mais IVA…  E ainda propuseram pagar sem factura para fugir ao IVA!
Combinaram entregar na segunda o computador neste sábado. Ás 18.30 de sexta ligaram a dizer que não podiam entregar no sábado, que iam na sexta á noite. Ora eu tinha-lhes dito que durante a semana chegava a casa muito tarde, por causa do ginásio, do rugby e do voluntariado. Não ia a cerca de uma hora do treino, deixar de ir para receber o computador…
Ou seja vou pagar 50 euros para andarem a passear o computador… Que está neste momento em CASCAIS, sim em CASCAIS. Porque nem sequer são eles a arranjar os computadores, tem subcontratados…
A minha vontade é ir lá e partir o computador no focinho deles.
Querem ganhar tudo de uma vez, são gananciosos, aldrabões e vigaristas.
NUNCA SE METAM COM A TV MARCELO. Se querem ser enganados, força. Por mim não!
Isto é a paga de ser boa pessoa! Sou honesto e só vejo desonestidade…

Por isso bons exemplos dão-me ânimo.
Às vezes dá-me vontade de ter super poderes, para poder castigar esta gente desonesta e vulgar.

sexta-feira, setembro 23


Vivemos hoje a guerra dos horrores:
Guerra, Fome, Miséria, Crueldade, Discriminação, Intolerância, Ódio, Injustiça, Falta de Liberdade.
Eu por mim oponho-me á força. Á força sem razão.
Neste caso um de nós está a mais.

Não se enganem, todo o homem é responsável pelo outro homem.
Se o teu semelhante sofre, tu não podes fechar os olhos, tapar os ouvidos e calar. É tua obrigação agir, não calar.
Já perdi amigos, mas nunca por não ter estado com eles quando eles assim o desejaram. Não sou amigo ausente, sou amigo presente. Mas sem nunca me impor. A pior coisa é impor a nossa presença. Nunca quis estar onde não me quisessem.
Mas já me acompanharam á porta de uma amizade, e eu sai, magoado, triste, mas sai, porque sabia que não era mais ali desejado, e porque não quero ser pesado, principalmente ás pessoas que amo.

O homem que cria mitos, é aquele que não consegue, ou não quer, entender  as coisas. Ou então descobri-las.
Não sou excepção, a morte incomoda-me, não a temo, mas quero que ela venha devagar, sem eu dar por isso, e o mais tarde possível.
Quero viver, continuar a mimar aqueles que amo, conhecer novos amigos, comer boas coisas, ver linda paisagens, ver o mundo. E amar, quero o amor. Quero ser surpreendido, quero fazer coisas tolas, e rir delas. Quero ver os meus cabelos brancos nascerem e quero ver os dos meus amigos também. Quero estar ao pé dos meus amigos quando eles precisarem de mim…

quinta-feira, setembro 22

Hoje em dia há cada vez mais pessoas solitárias, doentes, desafortunadas, sem casa, sem trabalho, sem alegria, sem esperança, perdidos, que ninguém pergunta:
- Estás perdido?
- Queres ajuda?

Tenho uma história de infância brutal para contar, que não é para corações sensíveis. Mas isso não me impediu de ser uma pessoa com bons valores, integra, honesta, decente.
Nesta terra que nós habitamos, há lugar para a felicidade, para a esperança, para a liberdade, para o amor, e flores para todos os gostos.
E há monstros…
E não se distinguem de nós.
Dormem em paz e comem com os amigos, e beijam os que amam.

Porque será que as pessoas pensam que a minha amizade tem uma factura?
Para mim basta-me um sorriso.
E o que é um sorriso?
O que vale um sorriso?
Para mim vale muito, conquista-me, adoro ver uma pessoa sorrir.
Um homem a sorrir é muito sexy.
Os meus amigos a sorrir ainda são mais lindos.
O sorriso é ternura, pode ser embaraço, ou até irónico.
Mas continua a ser lindo.
Quando elogio um amigo, é sinceridade. Porque ele para mim é lindo, porque o adoro, porque me faz sentir bem, porque faz de mim uma pessoa melhor.
Se eu valho alguma coisa, se é que valho, aos meus amigos o devo. Eles é que me dão a energia, a alegria, a vontade de ser boa pessoa.
Eles são o meu mundo, o meu eixo, a minha força motriz.
Sem eles a vida seria muito triste.

quarta-feira, setembro 21


São os meus amigos que dão sentido ao meu mundo.
Gosto deles honestos, objectivos, capazes de consumirem a vida, desenterrarem as verdades, inteligentes, com sentido de humor.
Mas também neuróticos como eu, com defeitos como eu, com os seus problemas iguais ou diferentes dos meus, que chorem no meu ombro, que sintam a necessidade de mim, que sejam dependentes da minha presença.
Como eu sou da deles.
Por isso baixo os meus muros, abro-lhes a porta, porque que quero que eles se deitem e ponham a cabeça no meu colo, para que eu lhes possa afagar a cabeça e enxugar-lhe as lágrimas. E lhes dê um beijo de conforto.

Não se brinca com coisa sérias
Quem disse tal coisa? Eu adoro brincar com coisas sérias, são as quem tem mais piada.
Nesta vida não há garantias. Eu sei disso, desde muito cedo.
Mas serei eu má pessoa por não acreditar em Deus?
Acho que há cada vez menos gente a querer pensar, e ainda por cima com os seus próprios miolos.

Vou-vos dar um conselho (não é um concelho que esses são para os “tachos” dos partidos), eu que até não gosto de os dar sem que mos peçam.
Mas acho que vocês precisam deste, e muito.
Sentem-se num local qualquer da rua e vejam o mundo passar. A vida é feita de pequenas e minúsculas coisas, que entrelaçadas se chama VIDA.
E nós portugueses temos um enorme defeito. Delegamos tudo.

Já fui tímido.
Ser tímido é não gostar de ser objecto de atenção, e da curiosidade activa dos outros.
Continuo a ser sensível ao amor. Não me peçam para ser frio, indiferente.
Admiro toda a gente que se atreva mais do que eu.

terça-feira, setembro 20


Não choro por mim porque estou vivo.
Esta angustia de que me quero libertar, parece que se instalou no meu corpo. Até me dói o pensamento.
Enquanto este corpo estiver vivo de uma coisa tenho certeza, a morte chegará.
Como posso venerar um Deus que me diz que só posso conseguir a vida eterna se o adular?

Como luto todos os dias para não vender a minha alma.
E o resultado disto?
Feridas sangrentas e grandes cicatrizes.
Não tenho nenhuma riqueza a não ser a minha inteligência.
Não me falem de lágrimas, porque de lágrimas eu entendo. Quais são os meus medos?
A solidão?, a dor?, a velhice?, a morte?
Não, é a falta de humanidade, o desprezo pela vida humana, o desrespeito.
Ter coragem é aceitar a derrota. Uma palavra dita muitas vezes perde o sentido?

Sabem qual é a receita para me matarem?
Tirem-me a inteligência, a dignidade, a liberdade, a coragem, a sensibilidade, o carácter, o amor, a justiça, a bondade, o respeito pelo próximo, a humanidade.
Sempre lutei contra as correntes, aquelas que não me agradaram, dos hábitos, dos maus hábitos, e do preconceito.
O que sou ainda não aconteceu, se calhar nem nunca vai acontecer.

Imaginem o deserto.
Agora imaginem o homem como o deserto.

segunda-feira, setembro 19


O homem tem memória fraca.
Depressa se esquece do bem que lhe fazem, e de como os outros são importantes na sua vida.
Porque será que só somos solidários parente uma catástrofe?
Ficamos chocados com as “desgraças” que vemos na televisão, mas depois não vemos, nem notamos, que os que estão á nossa volta sofrem ou que precisam de ajuda, ou simplesmente que alguém os abrace e diga que “vai tudo correr bem”.

O que é que eu preciso para ser feliz?
Afectos, ser amado, ver justiça, ser livre. Ser considerado um homem decente.
Se a verdade fosse tão lucrativa como a mentira, e a sinceridade desse mais proveitos do que a hipocrisia, este mundo estaria mais próximo da humanidade do que está neste momento.
Eu sei que comunicar é difícil, e aceitar a “verdade” dos outros muito mais, mas eu quero saber quem sois, o que desejais.
Conhecer os outros faz-me situar no meu mundo, conhecer-me a mim próprio, através dos outros vejo-me a mim mesmo, vejo os meus limites e as minhas capacidades.
Não posso esperar receber sem dar, e como não tenho muito para dar, dou o que tenho. Tudo o que tenho, e nada tenho, é das pessoas que eu amo, que são os meus amigos.
Como tenho saudades de outra mão na minha mão…

É bom desconfiar do que se vê, ou julga ver.
Nunca é bom tomar partido só se ouvindo uma parte.
Continuo a ser o mesmo, mas sem ser o mesmo, já não sendo o mesmo. Sinto que me danifiquei .  Acreditei que a amizade conseguia superar todas as dificuldades. Enganei-me.
Sei agora que não me posso dar, como me dou, que isso só me leva á magoa, e como não gosto de sofrer, tenho de proteger.
Penso cada vez mais que devia deixar de falar, para dar mais silêncio ao mundo, e sossegar mais aqueles que inquieto.
Não tenho “brilho”, não sou nenhum “gajo bom como o milho”, não sou nenhum “Einstein”, mas continuo a fazer a barba ao espelho, e a olhar para mim sem vergonha.
Será que sou apenas uma anedota?


segunda-feira, setembro 12

De regresso a casa depois de um fim-de-semana no Porto.

Parti no Intercidades às 15.42 da Gare do Oriente rumo á invicta, sentado ao lado de um homem gordo que só comia, e nem cabia no seu lugar. O que vale é que a viagem dura apenas 3 horas, e eu lá fui a ler o meu livro e a escrever.
Cheguei ao Porto ás 18.40, á estação da Campanhã, renovada e fui apanhar o metro do Porto (que andei pela primeira vez, pois quando fui a ultima vez ao Porto ainda estava a ser construído), para a estação do Bolhão. Parecem os nossos eléctricos da Carris da carreira n.º 15 para Belém, e só no centro da cidade andam debaixo do chão. No entanto são rápidos e eficientes. Adorei a estação do Campo 24 de Agosto que tem dentro umas ruínas encontradas aquando das obras e que foram incorporadas nelas, uma feliz ideia.

Fiquei hospedado na Residencial Bela Star, pois a do Porto Novo estava cheia e são do mesmo dono.
Deixei a mala no quarto e foi jantar, pois nem sequer tinha almoçado, ao restaurante Casa da Ria, onde fica o Bears Cave, conheci o Paulo e o companheiro e jantei um bacalhau frito com uma bela garrafa de verde de Marco de Canaveses, rematado com um belo pudim caseiro delicioso. Fiquei logo atestado.
Sai para apanhar ar depois desta farta refeição e fui até á Ribeira. Fiquei emocionado ao reencontrar-me com ela. Sempre amei esta local e de noite ainda tem mais encanto, com Gaia tão perto que aparece que se esticarmos o braço podemos tocar-lhe, nem consigo descrever a emoção que senti, mas também a tristeza por não ter ninguém com quem partilhar esta emoção. Sim estou sozinho, cada vez mais sozinho, mas tenho de entender, a minha cabeça tem de entender que tem de ser assim, que a minha vida poderá ter de ser seguir sozinho.
Depois fui ao Bears Cave, realmente uma caverna (lol), beber uma cerveja, mas devido á pouca afluência de ursos (tem quarto escuro e tudo), á uma sai e fui ver a zona de diversão dos tripeiros.
Descobri o Café Lusitano, sala bem gira, antiga, empregados simpáticos, boa musica (dancei sozinho até me fartar). Muita bicha pão e ovo, mas também gente interessante, mas todos muito “atados”.
Deitei-me perto das 5 da manhã, mas ás 10 de Sábado já estava de pé para ir matar saudades da cidade.
Tomado o pequeno-almoço nos Aliados (Bôla e galão) e comprados os bilhetes (de comboio para voltar e o passe para andar nos transportes), lá andei á deriva na cidade (sempre confusa), mas não vi muito pois chovia a cântaros. Para minha tristeza descobri que a Casa de Pão de Ló Margardirense, onde esperava compra a geleia de marmelo que me ficou na memória, foi fechada pela ASAE!!!!!
Depois foi voltar ao quarto, pegar no material da ILGA e ir para a sauna, onde deixei material, e visitei e fui jantar ao Bears Cave.
Comi uma francesinha ENORME, fantástica. Soube-me pela vida. Tive de beber duas águas com gás, pois fiquei prestes a rebentar LOL.
Depois de mais uma visita á caverna, fui á luta, distribuir material da ILGA e falar com os responsáveis.
Muitos dos locais que vem no Portugal Gay estão fechados, o que me valeu muitos “passeio á senhora da asneira”. Mas os que visitei receberam-me bem e aceitaram o material, falhei-lhes da linha LGBT e do que ela faz, ninguém sabia da sua existência, e reparei (no Lusitano, onde acabei a noite), que as pessoas repararam e leram o material.

Cansado fui para a caminha ás 2, pois ás 9.30 tinha de estar de pé para não perder o comboio.

Vim já cheio de saudades, mas contente por ver outra vez a cidade, e com vontade de voltar o mais depressa possível.
Agradeço ao Paulo a boa recepção, a excelente comida (mesmo muito boa), e a todos os que me receberam e ouviram.
E homens do Norte, soltem-se mais (e não tou a dizer para soltarem gases), só com olhares não vão lá.

PS: Sexta cheguei ao Porto com uma t-shirt a dizer “Looking for sex”, que usei durante a noite. As pessoas sentiram-se “desconfortáveis e intimidades”, e ainda ouvi comentários na rua.
Eu posso falar de “cavalinho”, pois adoro o Porto e a sua gente, nunca escondi que sou Alfacinha com orgulho, e sempre fui muito acarinhado pelos Tripeiros, pois nunca os tratei com manias de grandeza pois não me considero maior do que ninguém.
Mas bolas, em Lisboa á mais abertura, somos mais liberais. Não digo que percam a vossa identidade, que vos faz únicos e autênticos, por isso vos amo e respeito, mas um pouco mais de garra, de abertura, só vos torna melhores. Venham á noite gay de Lisboa e vejam a diferença de atitudes.

sexta-feira, setembro 2


Faz hoje uma semana que me disseram o seguinte: “Afinal enganei-me a teu respeito, tu és um tipo decente”.

Nunca ninguém me definiu tão bem. Realmente revejo-me como um tipo decente.
Mas estará o mundo preparado para tipos decentes?

Sempre na minha vida tentei ser o mais correcto possível, o mais honesto possível, ter a moral e os princípios certos, que para mim são aqueles que tem a ver com a bondade, a liberdade, a igualdade, enfim os valores que devem ser os humanos.
Até agora não me convenceram de que existem outros melhores, (continuo á espera que me provem que existem outros melhores do que estes), e por isso tento reger a minha vida por estes.
Mas parece que assusto as pessoas, que lhes peço algo de impossível. Ou me julgam arrogante e presunçoso, ou então fogem de mim, como se eu viesse de outro planeta e tivesse uma doença mortal e contagiosa.

Pedem-me que seja mais moderado na minha maneira de mostrar os meus sentimentos, como se isso fosse uma atitude negativa e prejudicial, como se fosse uma afronta. Afastam-se de mim ou melhor, ignoram-me. Acham que eu estou a colocar-lhes uma fasquia alta, mas não é a eles que eu coloco a fasquia alta, é a mim.
Se há uma coisa na vida que aprendi foi a dar muito de mim, e a esperar pouco dos outros. Evita-me muito sofrimento e muitas dores de cabeça.
Não pretendo ser a vida dos outros, só quero ser a melhor parte, a boa parte.
Se não entendem isso, perdoem-me. Ou eu não me sei explicar (e por isso digo que não sou muito inteligente), ou então ando errado, mas não vejo dos outros qualquer explicação que me convença disso, bons argumentos que me levem a mudar de ideias.
Deve haver outra maneira de me salvar, senão estou perdido…

Mas não pensem que sou um gajo triste e derrotado, bem pelo contrário. O facto de eu expressar as minhas dores de alma, não significa que me deixe levar por elas.
Já passei por muita merda, e sempre consegui brilhar. Ao contrário do meu irmão, que teve a mesma infância infeliz de falta de amor e carinho, e com porrada e torturas, eu não me tornei, como ele, uma pessoa dissimulada, rancorosa, má, egoísta. Tornei-me um bom ser humano, bondoso, corajoso, afável.
Mas não me faltem ao respeito, que isso eu não admito, a ninguém…

Se não me compreendem, ou se vos assusto, tenho pena. Não quero por nada fazê-lo. Mas também não quero deixar de ser quem sou, de acreditar nos meus valores, que continuo á espera que me dêem outros melhores, a agir conforme o meu coração.
Sei que sou boa pessoa, sei que sou um tipo decente. Quero sê-lo. Não quero ser algo que não sou, só para sossegar os inquietos. Eu sou assim, se me quiserem amar, eu estou aqui inteiro, integro, sou todo vosso, serei o vosso amigo, o vosso companheiro, se não, desejo-vos que encontrem o vosso caminho para a felicidade. Se não vos faço falta, se não me querem nas vossas vidas, não serei eu que me vou impingir.
Se eu vos amo por aquilo que vós sois, amem-me por aquilo que sou, com todas as qualidades que tenho (e são boas) e com todos os defeitos que tenho (que são poucos).
Quero relacionar-me com as pessoas sem muros, ser descarado, rir e chorar com elas, ser autêntico. Todas as outras formas fazem de mim prisioneiro, e eu amo demasiado a liberdade para me prender, para ficar cativo de sentimentos que me são estranhos e aberrantes.

Sei que me vou magoar, mas irei sê-lo de qualquer forma, a vida não é um piquenique.
E para tipos decentes não é de certeza.

quinta-feira, setembro 1


Arrependo-me muitas vezes de ter falado, nunca de me ter calado.
Quem decide praticar o mal encontra sempre um pretexto.

As pessoas perguntam sempre por aquilo que tem direito, ou reclamam aquilo que lhes foi negado.
E o que fazem elas pelos outros?
Sempre pensei em fazer voluntariado, mas nunca me senti com inclinação para algo em especial.
Por isso encontrei na ILGA o meu lugar no voluntariado, por poder estar com pessoas que também partilham os meus valores, e poder ajudar a comunidade LGBT.
Aqui encontrei pessoas já de si especiais e extraordinárias, por darem do seu tempo livre em prol dos outros, e fiz amizades que me completam como ser humano.

Também venci preconceitos que tinha em relação a algumas maneiras de viver a homossexualidade, provocadas pelo não contacto com elas. Até ai cresci como pessoa.
Agradeço a todos os que me acolherem, e a todos que me estimam.
É com agrado que partilho com eles as dificuldades e as alegrias do que é a nossa missão, algumas vezes ingrata, muitas vezes incompreendida, mas muito recompensadora.
Com os meus colegas de voluntariado tenho apreendido muito, e apesar das diferenças de opiniões, a maioria respeita-se, pois só assim é possível conseguirmos fazer esta luta vencer.

Vai fazer um ano que comecei a frequentar a ILGA regularmente, e não me arrependo de o ter feito.
Obrigado meu amigo Zé, que me trouxestes de novo a esta família, obrigado Manel por me teres recebido da forma que me recebestes, e me destes vontade de voltar, semana após semana, e pelo apoio e amizade que tens por mim.
Obrigado a todos aqueles com quem partilho os meus momentos, ao meu amigão Jorginho especialmente, meu companheiro de luta no bar (o que tu me aturas rapaz!)
Adoro-vos.