Não, a vida não me desapontou! Pelo contrário, todos os anos
a acho melhor, mais desejável, mais misteriosa...
Desde o dia em que vejo a mim a grande libertadora, a ideia
do que a vida pode ser para aqueles que procuram viver, e não dever!... Quanto
ao próprio conhecimento, para mim é um mundo de perigos, é um universo de
vitórias. «A vida é um meio de conhecimento», quando se tem este princípio no
coração, pode viver-se não somente corajoso mas feliz, pode-se rir alegremente!
E quem, de resto, se ouvirá, a rir e a bem viver se não for
primeiramente capaz de vencer e de guerrear?
Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a
nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções,
guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é.
E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas emoções
naturais é que faz de nós seres tão infelizes. Porque é que não nos
embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer
um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos
apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma
parte dos nossos corações fica desfeita.
Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na
busca do prazer.
O amor é, por definição, um prémio sem mérito. Se alguém me
diz, eu amo-te porque tu és inteligente, porque és uma pessoa decente, porque
me dás presentes, porque não andas atrás de outros homens, porque sabes
cozinhar, então eu fico triste.
É muito mehor ouvir, eu sou louco por ti embora nem sejas
inteligente, nem uma pessoa decente, embora sejas um mentiroso, um egoísta e um
canalha.
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