Segunda fui jantar ás pizzas com uns amigos da Universidade, e como sempre a comida estava deliciosa e a companhia óptima.
Nada com uma boa companhia, com boa conversa e boa comida.
Já lá tinha estado sexta-feira na companhia de outro amigo, com quem vi o por do sol no miradouro da Graça, (não sejam badalhocos, não foi nenhum encontro romântico), e depois fui até ao bar da ILGA, o tal do clube da bolinha.
Desta vez fiquei com melhor impressão das pessoas, mas com a quase certeza de que se não fosse com alguém que já era “íntimo” da casa, teria o mesmo “tratamento” das vezes anteriores.
Inscrevi-me como associado e mais uma vez pus-me á disposição para ajudar, aliás já me comprometi a ir todos os sábados de fim de mês, ajudar na distribuição de preservativos. Vamos lá ver se o pedido do dinheiro é mais rápido do que a aceitação da ajuda. Mas estou disposto a dar o benefício da duvida…
Já não me chegam as minhas penas, tenho que ir buscar as penas dos outros.
Aliás cada vez me sinto com se estivesse a pagar uma divida que não contrai, uma pena por um crime que não cometi.
Mas isso é um problema que tenho de resolver eu, pertence á tal luta entre mim e mim, que tenho de travar diariamente.
Acho que muitas das minhas mágoas tem a ver com a falta de carinho de que sofri na minha infância, aliás só levei porrada, muita…
Acho que até sou um ser muito equilibrado para uma infância tão infeliz que tive, se calhar sou mais forte do que penso.
O meu pai não sabia amar, e por isso não o soube fazer com os filhos, a minha mãe era uma mulher desequilibrada, sem educação, ultra-católica. Com tudo de mau que esta mistura comporta, o meu irmão um ser dissimulado. Os únicos que escapavam naquela casa eram os canários que coitados estavam presos na gaiola, e ainda levavam de vez em quando cada tortura debaixo da torneira pela minha mãe neurótica.
Ou seja os meus pais foram um erro de casting…
Por isso dou tanto valor aos sentimentos humanos, os genuínos e humildes.
Gosto de gente simples e humilde, como eu.
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