quinta-feira, outubro 28

A morte tem prioridades incompreensíveis

Vivemos hoje em dia como se a morte fosse uma coisa que nunca estivesse atrás da esquina.
Mas ao mesmo tempo temos comportamentos como se quiséssemos viver a vida toda num momento.

Nunca temos tempo para aqueles que deveríamos amar, e aqueles que nos amam. Ou é o trabalho, ou a própria “vida”, que nos impede de comunicarmos regularmente. Tudo serve de desculpa para o indesculpável, que não nos queremos dar ao trabalho de sabermos como estão os outros, embora quando nós precisamos queremos sempre que eles estejam disponíveis para nós.
Porque os outros até podem estar a precisar de nós, ás vezes basta um ombro amigo, e é uma chatice ter de “aturar os problemas dos outros”. Já me bastam os meus…

E depois acontece algo que muda a nossa vida, ou a vida dos outros, e depois vem as lágrimas de crocodilo, sempre tardias e desnecessárias. Os mortos são sempre boas pessoas, que ninguém liga enquanto vivos, e até dão jeito porque já não nos chateiam mais.
Com diz o ditado: “De boas intenções está o inferno cheio”.

Ao mesmo tempo vive-se hoje tudo a 1000%, trabalhasse até à exaustão, horas a mais que se rouba á nossa saúde, á nossa família, a nós próprios.
Conduz-se como se estivéssemos todos numa prova de fórmula 1, sem respeito pela vida alheia.
Bebe-se e fuma-se como se o nosso corpo tivesse “bagagem” para viver 1 000 anos, não se percebe que a saúde se pode perder com os excessos, não se dorme de jeito, e isto paga-se tudo no corpinho, mais cedo e mais tarde.

Vivemos para tudo o que é tecnologia, tudo virtual, e esquecemos que o ser humano nasceu para ser afagado, para o contacto físico. Até o acto sexual se torna cada vez mais virtual, sem contacto, impessoal.
Prefere-se ir para um lugar cheio de fumo e barulho, do que nos sentarmos a conversar com gente inteligente, a discutir diferenças e semelhanças e a rir, muito.

Cada vez parece que temos aversão uns aos outros.

Se todas as novas formas de mais facilmente comunicarmos, nos vai tornar cada vez mais distantes fisicamente, quero voltar aos sinais de fumo e tambores.

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