Toda a vida dependi da bondade de estranhos, tal como no
filme de Almodôvar.
Da minha família de sangue não recebi nada, só não me
tiraram a dignidade porque não deixei, até a auto-estima me tiraram. Mas eu
recuperei, esmurraram-me mas não me partiram.
Aprendi a viver sem rancor, mas não sem mágoa, não sou forte
o suficiente.
Porque as pessoas gostam de mim, e me aturam, continua a ser
um mistério para mim.
Ás vezes nem eu gosto de mim.
A verdade é que o amor dói, e a falta dele também. Não há
fuga possível.
Mas o amor é eterno enquanto dura (Vinicius disse esta linda
frase).
Ser feliz para sempre é ficção científica, mas sofrer uma
vida para ganhar o céu é demente.
Sempre amei por um todo, amar as partes que me convêm não
faz o meu género. Quando amo alguém é pelo todo, seja amigo ou amante. Como não
sou de aço por vezes saio magoado da equação, mas como aprendi a andar sozinho
há muito tempo, levanto-me sempre, lambo as feridas, e com mais ou menos nódoas
negras e escoriações, lá sigo a minha vida.
Bem no fundo sou um vencedor e um homem rico. Vencedor
porque não me tornei um individuo amargo e mau, rico porque tenho os bons
valores no meu coração, e amigos que gostam de mim, mesmo com os meus defeitos.
Ah pois! A vida não tem preservativo, e foder a vida é
sempre um risco.
Numa relação há três momentos essências: a descoberta do
outro, os momentos das conversas e por fim o momento em que decidimos que é
para a vida. E digo-vos a fidelidade e a honestidade são difíceis de encontram
e manter.
Uma pessoa dá trabalho, manter essas pessoas como amiga dá
muito mais, e imaginem isto repetido por várias.