sábado, outubro 27


Somos todos iguais, mas uns mais iguais do que os outros. E para eles a vida é uma festa, permanente. É o hotel paraíso.
Como pode esta gente entender o sofrimento alheio? E ainda julgam os que sofrem…

O amor é a soma de todas coisas belas e as imperfeições. Nunca amei seres perfeitos, simplesmente porque eles não existem.
Quem ama muitos é considerado libertino, perverso, disfuncional, depravado.
O amor é tão vital para mim que é o retrato da minha vida, para mim no amor não há restrições nem constrangimentos, no amor tudo vale, até o desgosto.
A moral vigente colocou um rótulo negativo nos que amam mais do que um parceiro. Que não são fiéis, de confiança. São promíscuos.
Que culpa temos de amar…
Ai os falsos moralistas, sempre me meteram nojo!

Quando me lembro do meu Portugal de infância, vejo um país castrado nas mentes racista e homófobo, machista e ditador, mudámos assim tanto?
O desinteresse e a ignorância respondem por mim!

Eu sou de silêncios, palavras, as pessoas que amei e amo, os livros que li, os lugares que visitei, as lágrimas que chorei, todas as violências que sofri, todas as pessoas que conheci, e todos os sorrisos que dei e recebi.
Não consigo viver sem ter nada. Está-me tudo dentro da minha cabeça, e ela tem muita coisa lá. Tive a coragem de nunca a perder, embora por muitas vezes estou quase na fronteira.
Suicídio nunca, prefiro rir-me de quem me faz mal. Todo o bem e o mal que me fazem está-me gravado, no coração e na cabeça.
Para a minha família fui um ímpio, e eles trataram de me expulsar do seu seio.

Não gosto da morte, não gosto de funerais, nem de despedidas, nem de perdas, nem de hospitais. Os hospitais são lugares onde a vida se vai. E eu amo a vida.
E a vida é uma escolha!

terça-feira, outubro 23


Detesto o provincianismo. Os provincianos são uma mistura de megalómanos e recalcados.
Não são capazes de compreender a grandeza das coisas, só vêem conspirações. Sem inspiração culpam os outros de tudo. São queixinhas, são ressabiados, dedicam-se a quezílias miudinhas, são despropositados e uns falhados. São repugnantes.
Disputam palmos de terra com violência, mata se for preciso, gosta da autoridade do mata e esfola, adora achincalhar, gosta de gente séria, são sempre moralmente superiores, reclama dos ladrões mas foge aos impostos e passa facturas falsas, não vota nem defende a sua cidadania, odeia cultura e intelectuais, adora dramas de faca e alguidar, diz que não é racista mas odeia pretos, na mesma proporção dos ciganos e dos paneleiros, adora armar-se em vitima, são machistas (eles e elas).
Gostam da cunha, atacam pelas costas. São uma dor d’alma, surpreendem-se e desconfiam da honra e da coragem, acham que está sempre tudo mal, mas não fazem nada de positivo para mudar a situação.
E eles estão em todo o lado, mesmo em Lisboa.

Sempre gostei de andar e conversar com as pessoas das vilas e aldeias por este país fora, recebi ensinamentos que não poderia obter nas grandes cidades. Essas pessoas amam a sua terra e falam-me das suas belezas, tem orgulho nelas e não precisam de menosprezar os citadinos para serem grandes.
Sempre gostei de gente simples. E depois tenho este vício da conversa, e há tantas conversas para ter, e passamos demasiado tempo a falar, e pouco a conversar.

Tão medonho como terrível é o novo-rico, seja ele citadino ou rural.
Faz tudo o que vem nas revistas, compra roupa de marca, tem de ter automóvel de alta cilindrada. Cartão de crédito GOLD XPTO, janta nos lugares da moda (preferencialmente de gente famosa), tem férias em resorts de luxo, finge esquiar e andar de barco, tem apartamento com mais de 5 assoalhadas em condomínio fechado, frequenta o ginásio da moda, bebe whisky de marca mesmo que não goste, vai ao centro cultural de Belém, tem os filhos em colégios finos, está sempre a ir e a vir do aeroporto, usa relógios caros, telemóvel com mais G dos que o seu Q.I., falam sempre alto em tom bruto e seco, sempre a comandar para impressionar os restantes.
Usa perfume caro e que cheira a 10 km de distância, ao pé dele nunca há moscas, a única mosca morta é ele.
Joga golfe e fuma charuto, vais ao Estoril Open, (iria ao Grande Prémio de Formula 1, mas já não se realiza em Portugal).
Sonha andar com top-models ou colunáveis, sejam elas da TV ou do que for. Nunca lê livros embora tenha uma estante com eles (para dar uma de culto). Prefere ler a Caras e a Vip ou quejandos. Fala inglês (tão mal como o português).

Mas como dizia o escritor, é impossível viver em verdade e amar a mentira…
Cada vez me interessam mais os sentimentos e menos as personagens.

domingo, outubro 21


A minha geração está a desaparecer, uns fisicamente, outros intelectualmente.
Enquanto estive na cama de um hospital, sem saber se sairia de lá vivo, pensei na minha vida, e no que iria fazer dela se saísse de lá. Hoje sou o que sou.

Faço parte de uma geração que ainda viveu sobre o domínio da ditadura, Salazar “caiu da cadeira” no ano em que nasci, e que viveu as primeiras horas de liberdade.
A minha geração era uma geração livre.
Hoje são escravos, do dinheiro, do poder, das drogas, do futebol, dos empregos, do sexo, das vidas sem chama.
O mundo habituou-se a desvalorizar pessoas como eu, e eu aprendi a lidar com isso. Não que me resigne, ou que não me irrite. Cada vez há menos gente merecedora de respeito, o que me faz recear por estas novas gerações que sem heróis dignos desse estatuto, só gente menor, não vai ter bom futuro.
Este jejum de inteligência aflige-me.
E nesta equação ninguém ganha, nem os que tem razão. Com este andar da carruagem, a direita populista e a extremas esquerda e direita.
Ganham vantagem e votos.

Vivemos num tempo de frouxos que colocam os negócios e interesses acima da educação e da protecção dos necessitados.
A liberalização dos costumes e do sexo abriu portas as feminismo e ao homossexualismo, a sociedade pagou um preço por isso. Parte deste mundo não se ajustou, percebeu ou acompanhou esta grande mudança, ainda andam na guerra dos sexos, em vez da guerra pelo sexo.
Claro que tenho os meus momentos de desamparo e irracionalidade. Mas não perco os cinco sentidos. E reparo nos orgulhos e preconceitos, mas já estou vacinado para a maioria deles. Ao vê-los dou-me conta de que certas pessoas são mesmo estranhas.
E eu parvo ainda acho que posso domar as bestas e tornar este mundo melhor.

segunda-feira, outubro 15


O que hoje se propõe ao povo é o deserto mental.
Gerações perdidas para a bestialidade.
Devíamos ter prazos de validade como os alimentos, e o prazo de muita gente é curto, elas á que pensam que não.
Vivem no fanatismo futebolístico, a única maneira de se sentirem realizados, de resto tudo lhes é indiferente, embora tenham opinião sobre tudo, a lucidez está só nas suas mentes…
Convencem-se de que são os melhores, os mais espertos. Soletram barbaridades pela boca. E nós, simples humanos, não percebemos nada.
A sua ausência de vida própria, fá-los sempre meterem-se na vida alheia. Aviso que nunca lhes devemos dar essa confiança, eles são como as carraças, agarram-se a nós e ferram.
E são patéticos ao fim da terceira bebida…

As pessoas são tão vulneráveis, e só reclamam direitos e bonomias. Se tentassem ter um pouco mais de amabilidade, de amor, em vez de recalcarem hostilidades e rivalidades.
E depois não me parecem assim tão felizes como querem fazer parecer, nem tão fortes.
No fim prefiro não ser atraente do que ser um belo cadáver de inteligência. Quero as minhas rugas, aquelas que tenha direito, e quero que cada uma conte a sua história, que elas hão-de chegar.

Acho que esta busca desenfreada de se ter alguém para não se estar sozinho, uma coisa assustadora, “casar” e “descasar” por dá cá aquela palha.
Depois são todos tão emancipados, mas fazem aquilo que os outros esperam deles, ou que eles julga, que se espera deles.
Estão sempre muito ocupados para os outros, exigem direitos e igualdade. Aturam-se uns aos outros, são um fracasso humano.

Por isso não estranhem o meu comportamento para com aqueles que amo. Se os acarinho é porque sei que são especiais, seres de excepção que merecem a minha atenção e a minha dedicação, não por me achar especial, mas por os achar especiais.
Não me revejo na ignorância e na estupidez, e cada vez lido mais com esse tipo de gente (que eu nem os considero como tal).
E depois são cobardes, não dizem o que pensam, se é que pensam, abusam dos fracos e lambem as botas aos fortes. E quando se vêem com poder, por mais ínfimo que seja, exercem-no arbitrariamente e maldosamente para se sentirem superiores, que a inteligência não dá para mais.
Andam sempre de lágrima no canto do olho pelos filhinhos dos futebolistas ou dos cantores pimba, e tratam mal os filhos dos outros, a muitas vezes até os próprios.
Isto somado á impunidade de que são alvo, é um cocktail explosivo para a degradação dos valores pelos quais luto.
Porque razão, e quem decretou que tenho de atura esta gentalha?

Estes abutres por vezes não os vemos, mas eles estão lá, andam sempre a rondar sorrateiros para roubar a carne que os outros caçam, de deixam sempre uma má marca, um arranhão de uma das suas garras
E quando um abutre paira sobre a tua cabeça, isso cheira a morte.

sábado, outubro 13


Cedo me interessei por politica, embora nunca deseja-se ser político. Nunca me filiei em nenhum partido, não confio nos políticos em geral, e nunca me compartimentei em nenhuma ideologia.
Revejo-me mais na esquerda, mas não faço credos em cruz quando oiço falar de direita.
Graças á minha pequena inteligência, nunca me viram qualidades para fazer carreira na politica, nunca fui talhado para a mentira, falhei esse up-grade.

Já disse que não gosto que me imponham nada, adocem-me a boca que eu até me prostituo, mas a pau, nem morto. Ninguém me vence se eu não deixar.
As melhores lições da minha vida, recebidas tanto dos meus amigos, como dos que não eram, como até dos inimigos. Porque aprendi a saber o que me faz feliz.
As inimizades saldo-as rapidamente, quanto ás amizades nunca as saldo, porque não tem preço.
Quero que saibam que aos meus amigos actuais, como aos que se foram, que tenho uma divina eterna, que nunca poderei pagar, porque a felicidade que me deram não tem preço, e nem se paga. Eu saldo as minhas dívidas de gratidão sendo o melhor que sei e posso, e sei ser o melhor. De mim terão sempre o que de melhor eu sou, façam por o merecer, que não sou só eu a ter o trabalho.
Aquilo que eu amo transforma-me num indivíduo melhor, separa-me do mal mesmo com sofrimento, ganho. Os meus amigos atenuam-me a solidão, aquela que me persegue, cada vez mais, por ver que os meus valores de humanidade cada vez mais se perdem. Por isso gosto de gente simples, aberta.

Amar não é difícil, escolher o que amar é que é complicado. Mas eu sei o que quero.
Já passei mais do que uma vez pela morte, não sei se ela não me quis, ou se fui eu que não a quis.
Amo a vida, amo viver, porque me maravilham os outros. Sempre procurei a beleza, e vejo-as nas pessoas bondosas que ocupam o meu coração.
Sei que não há soluções para evitar o sofrimento. Mas há escolhas entre o sofrimento, a dor e a felicidade. Essa encontro-a nos amigos.
Por isso nunca renunciei ao sorriso, ao meu e ao dos outros. A minha sorte é que encontrei e só amei os excepcionais, a dignidade, a nobreza, a coragem. Na Beatriz, na Natália, na Amália, no Atila, no Manel, no Hugo, no Gonçalo, no Jorge, no Nuno, no João, no Ricardo, no David, em tantos que faziam deste texto uma lista longa.
A vida trouxe-me amantes, amigos. Com eles aprendi muito, quase tudo, neles confio, neles posso tocar sem me ferir, neles acalmo a minha dor.
Por isso quando perco um é como se o mar se revoltasse e me engolisse, revolvendo-me e sacudindo-me entre a areia, e depois me pousasse exausto e confuso na costa. Nessa altura preciso de tempo para me orientar, levantar e continuar o meu caminho.

Sei que a morte é inevitável, mas gostaria de morrer antes dos meus amigos, ou se calhar depois, para lhes evitar o sofrimento. A morte leva-nos, mas enquanto eu viver, os meus amigos viverão, porque enquanto tiver coração eles estarão cá, e eu não deixo de os amar, nem de me lembrar deles. 

terça-feira, outubro 9


Tive azar.
Nem o desejo ao meu maior inimigo, seja ele quem for.
Não, não sou um sonhador, sou um ser bem prático.
Não tenho luxos, nem preciso deles. Já é um luxo ter cérebro.
Sou tão sozinho como tantos o são, talvez demasiados.
Não conheço tempo em que seja tão fácil comunicar, e onde tanta gente se sinta sozinha.
E hoje a solidão resolve-se na Internet, cura-se com sexo de ocasião.
Se a vida não fosse a arte do absurdo, e não houvesse tanta hipocrisia, eu não me sentiria tantas vezes tentado a usar métodos menos ortodoxos para resolver certas questões. Mas fico na maioria das vezes pelo sarcasmo.
A humanidade está gasta e doente.

Sinto uma certa frustração por ver em muita gente nova uma sexualidade engelhada, esta gente dá-me hipertensão, que hipertesão não me dão de certeza, são um tédio,
Começam por não usar a cabecinha, muita vezes nenhuma delas, ou são tomados pela inércia ou então armam-se em puritanos, donzelas ofendidas, puras e castas de mente, e mal-fodidas. E depois ainda se dão ao luxo de fazer juízos de valor sexual sobre tudo e todos, como se eles fossem isentos de fantasias. Se calhar são mais dados á depravassão…
E depois são todos tão higiénicos….

segunda-feira, outubro 8


Somos um país de doutores. Basta ter um canudo, um Dr., Arq. ou Eng. antes do nome que se é logo tratado com deferência. Basta descobrir-se que fulano tem o diploma (ou finge ter), que logo o tratam de maneira diferente. Até nos cheques bancários…
Cambada de complexados, todos sabemos que a fragilidade económica tolera muitos insultos, que são devidos á dependência dos fracos e pobres.
As doutrinas penais e religiosas fazem e sustentam o respeitinho e a superioridade de uns sobre outros.
Fala-se muito sobre os pobres, eles são infelizmente demasiados, mas o que me irrita são aqueles doutorados em pobreza, que se banqueteiam em jantares de luxo, como soubessem o que é ser pobre, padres incluídos.
Nunca vi tanta pobreza em Portugal desde o Estado Novo, e nem tanta vontade de ajudar os “pobrezinhos”. Até já falam em recriar a Mocidade Portuguesa…

Se há uma coisa que me enoja é a moralidade, a falsa moralidade, apregoada por muitos, vai dos mais ricos e poderosos, aos mais pobres e fracos.
Vai desde o dinheiro ao sexo, apontar o dedo ás “ordinarices” dos outros, sendo as deles normais e justificáveis, e que vão desde a pedofilia ao incesto.
E a maioria desta gente acha que ser homossexual é uma depravação moral e sexual, e ficam chocados por verem 2 seres do mesmo sexo de mão dadas (vantagem para as mulheres), e já nem se fala dum beijo.
A Igreja tem padres homossexuais, pedófilos, o adultério heterossexual é praticado a torto e a direito, a prostituição está cheia de clientes que são esposos fidelíssimos, homens casados e com filhos encontram-se nas casas de banho publicas para sexo rápido e anónimo, e a ciberpornografia cresce a olhos vistos, seja hetero, gay, bi, dominação, sadomaso, pissing, zoofilia, pedofilia, violação e o diabo a quatro.
No entanto os gays é que são o diabo, os perversos, os porcos depravados, os antinaturais.

Os ricos e poderosos, esses podem ser e fazer tudo, pois o dinheiro tudo compra e absolve. E armam-se em puritanos, escrupulosos cumpridores da moral e dos bons costumes, obedientes á santa madre Igreja, e vão todos á missa
Tudo discreto.
Já o era no Estado Novo…

sexta-feira, outubro 5


Escrever nunca foi uma coisa que planiei e tudo começou por acaso.
Não sei se é para a vida, não sou muito disciplinado, embora não tenham essa ideia de mim, nem sei se tenho vida para tal.
Mas tenho escrito, em papel, que depois passa para computador, em texto revisto e corrigido.
Comecei a escrever por razões de desalento, para exorcizar toda a mágoa que tinha recalcada em mim, e libertar-me para o amor, em mim próprio e aos outros.

Reviver as coisas más não é fácil, mas foi necessário, foi uma libertação. Sei que expus a minha intimidade, mas foi propositado, não me assustou, nem assusta, serviu para o meu propósito.
Sou forte o suficiente para não ter medo, ou me sentir desconfortável com o que os outros possam pensar de mim. As pessoas que me amam sabem do material de que sou feito, eles não me julgam, ajudam-me a ser melhor.
Se queria, se quero, avançar, não poderia deixar de recorrer a algo que me ajudou a ser uma pessoa mais livre e confiante.
Só posso agradecer a todos os que generosamente me aturaram, me ajudaram a ser melhor, me ensinaram a bondade e a generosidade, me amaram. Sem a sua generosidade não teria sido possível ter-me tornado na pessoa que sou hoje, e acho que não me sai lá muito mal, apesar de tudo o que passei.

Não quero abrandar, quero aproveitar as oportunidades que a vida me vai dar, ver os meus amigos a serem felizes, e ser feliz com eles.
Uma das vantagens de se ser honesto nas relações humanas e nos afectos, é ter-se amigos verdadeiros, e que nos amam por aquilo que somos, sem filtros, sem medos.
E a amizade activa exige dedicação.