quinta-feira, agosto 4

Encontrar pessoas especiais não nos acontece todos os dias.

E eu já tive mais do que o meu quinhão de pessoas especiais na minha vida.
Por isso quando as perco fico devastado.
E não falo da morte, ela é inevitável, é a lei da natureza, as pessoas não são eternas. Falo de as perder em vida.

Sei que não deveria estar a escrever isto, eu mesmo estive vai não vai para o fazer, mas as aulas de cinismo ainda vão no principio, e eu vou aproveitar enquanto posso, escrever sobre o que sinto.
E neste momento sinto o meu coração com uma ferida enorme, a verter sangue a jorros, e que as minhas mãos não conseguem estancar, por de tão pequenas serem.
Sinto-me uma camisola nova a quem descobriram um rasgo, e que por mais que seja remendada, nunca mais será uma camisola nova.
Sei que o mal é meu, sei que me dizem que não devo reagir assim. Mas vocês nem sonham o que se passa no meu coração, nem na minha cabeça. O que mais me dói na vida é um amigo me escorraçar, fico como aqueles cães a quem sempre dão porrada. Mal lhe levantam a mão, rosna, mostra os dentes e encolhe-se com medo.
Eu sou esse cão, que já levou tanta porrada, que reage exacerbadamente quando o rejeitam. Isto é o resultado de muitas vezes ter ouvido a minha mãe dizer-me que eu devia ter sido o filho que ela abortou, e não foi uma, nem foram duas, nem três, nem quatro…, foram muitas, demasiadas. Nem que fosse só eu a sofrer isto de uma mãe, seriam demasiadas. Nem que fosse uma  só vez.
Se vocês pensam que sabem muito acerca do que eu passei, digo-vos que nem uma décima parte do que passei vocês sequer imaginam.

Mas não consigo deixar de pensar que a culpa é minha. Se as pessoas me afastam da vida delas, é porque não me desejam, e não sou eu que vou impor a minha presença, bem pelo contrário, mas o erro deve ser meu. Só pode.
Não sou digno ou não tenho os atributos emocionais ou outros para ser um bom amigo, um que não precise que lhe mintam, para o afastar, ou para não desejar a sua presença.
Sei que não sou digno de muitas coisas, e tenho dois grandes defeitos, que juntos são mais causadores de infelicidade do que alegrias: inteligência e sensibilidade. Isto misturado com bondade e honra é um cocktail mortífero, para mim claro…

Não tenham pena de mim, não sou digno disso, bem pelo contrário. Não pensem que estou aqui a entrar em depressão, ou que me vou suicidar, longe disso. Mas como disse, ainda estou a aprender a ser cínico, levam com estas missivas. Que é para aprenderem, LOL.

Mas tou a mudar, acreditem. Estou a ser apenas humano por dentro, por fora estou a mudar. Não me vou dar tanto. Àqueles que me amam e me quiserem, vou ser o mesmo, respeito-os para não os empurrar da minha vida, eles não merecem, são seres especiais, que me conheceram na versão anterior, e que me amam por eu ser quem sou.
Mas não vou ser para os novos da mesma forma, vou formar uma concha, como as pérolas, ser feio por fora (que já sou, pelo menos fisicamente) e lindo por dentro. Para os seres especiais que habitam no meu coração, aqueles que me dispensaram, desejo-lhes que sejam felizes, pelo menos mais do que eu, que os perdi e nem sei como, e por não saber, é que me magoa, por ver que afinal não sou tão inteligente como dizem, mas não ser tão estupido como eu penso que sou.

Mais uma vez peço desculpa por este post tão negro. (Até o posso por em BOLD)… LOL
Mas eu não sei escrever aquilo que não sinto, podia até optar por escrever uma coisa divertida. Mas não sou actor, não sei representar um papel que não me cabe no corpo.
Mas tenho de despir este João, e vestir outro, aquele que só é humano por dentro.
Vou tratar de mim, fisicamente e emocionalmente. Se não for feliz, que se lixe, se puder fazer os outros felizes, que aconchego será para o meu coração e que incentivo maior para a minha vida.
Aqueles que me amaram e deixaram de amar, obrigado por tudo, ficarão para sempre no meu coração, estão lá cravados e por mais aberta que a ferida esteja, não vão sair de lá. Quero lembra-me de vocês com carinho e respeito, talvez aquilo que nos faltou, quando não tivemos coragem para dizer-mos o que nos ia na alma. E acreditem, pela minha parte não foi falta de coragem, foi por vos querer tanto, e ter tanto medo de vos perder.
Mas sei que vai acontecer outra vez, mas não quero desistir dos outros.
Se desistir dos outros, estou a desistir da coisa mais importante do mundo, O AMOR.

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