quarta-feira, fevereiro 2

A melhor herança que se pode dar a um filho é permitir-lhe fazer o seu caminho.

Isto não foi o que a minha família me fez.
Nem o meu pai, nem a minha mãe, nunca me elogiaram, nunca me apoiaram, nunca me ensinaram, nunca me encorajaram.
O meu pai era um homem ausente da família (já falei sobre isso aqui no blog), a minha mãe era uma mulher violenta, que nos dava (a mim e ao meu irmão) violentas tareias e torturas. Chegou a amarrar-nos com arame ás cadeiras só por estarmos a rir os dois, e a bater-nos com um pau com um prego na ponta.
Uma vez chegou-me a partir a cabeça com um chinelo arremessado do outro lado da sala.
Ou seja sempre convivi com falta de carinho, amor e incentivo, o que me deixou esta insegurança eterna que tenho nas minhas capacidades.

Foram sempre os estranhos que me incentivaram e me amaram. A eles devo o não ter “descarrilado”.
À Natália Correia, a Beatriz Costa e especialmente a Amália, devo a minha cultura, muita da minha educação e muito carinho com que sempre me brindaram. A elas devo o ser uma boa pessoa, e é por elas que eu tento ser o melhor ser humano possível, em homenagem a elas.

A Natália ensinou-me a amar toda a gente, independentemente da sua origem, ou da sua situação. E a amar os livros.
A Beatriz Costa ensinou-me que a cultura é a nossa grande arma pessoal, a educação uma ferramenta poderosa, e a humildade uma protecção. E a ela devo este meu amor por Portugal e pelo outro ser humano, a não amar o poder e o dinheiro, aliás a desconfiar dele, e a proteger-me dos outros.
A Amália a amar o que é belo, a ver a beleza nas coisas mais simples, a amar o Fado, a ver as pessoas para além do seu aspecto.
Estes extraordinários seres humanos devo a minha vida, foram elas que me formaram e me tornaram o que sou hoje.
Outros foram desilusões.

Mas se alguma coisa me ensinaram estas 3 grandes mulheres, foi que nunca devemos desistir do outro ser humano, pois se o fizer desisto de mim próprio.

Que falta me fazem…

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