segunda-feira, março 24

Lembro-me da primeira vez que vi o Douro Vinhateiro.
Foi numas férias em Junho em 1996.
Comecei por assentar arraias em Mirandela.
Mirandela é terra antiga mas cidade moderna. O antigo palácio dos Távoras é hoje a sede do município. A ponte antiga passou a pedonal, e tem metro, com as estações com nomes ridículos como Jacques Delors.
O rio Tua domina a cidade.

No dia seguinte fui a Macedo de Cavaleiros, agora cidade, e depois Bragança, uma das mais belas cidades portuguesas, e que adorei visitar.
O castelo é algo de maravilhoso com a estátua de D. Fernando á entrada (2º Duque de Bragança), e no seu interior além do antigo burgo, o Domus Municipalis, a Igreja de Santa Maria, o Museu Militar e o restaurante D. Fernando onde comi da melhor cozinha transmontana.
Todo o castelo está bem conservado e é a jóia da cidade. Fora das muralhas, a Igreja de São Vicente com altar rico em talha dourada, (é um dos locais onde se diz ter sido realizado o casamento de D. Pedro com Inês de Castro), o Palácio Episcopal onde está instalado o Museu Abade do Baçal um dos mais interessantes do país, a Sé Catedral e o pelourinho ricamente trabalhado.

Depois parti com a trouxa para Vila Flor, que é vila pequena mas muito característica e agradável. A Igreja Matriz é bonita com exterior revestido a azulejo e excelente pedra lavrada, algumas casas brasonadas (com pequenas capelas).
Das muralhas do antigo castelo pouco se encontra, apenas alguns trechos entre o casario, e a ponte romana.
O Santuário de Nossa Senhora da Assunção fica a poucos quilómetros da vila e merece visita, nem que seja por ser um miradouro magnífico, a 1 000 metros de altura.
Descendo passa-se por Vilas Boas com pelourinho e casario típico de aldeia transmontana. Tem bela igreja (pelo menos a fachada pois encontrei-a fechada).

No dia seguinte fui a Alfândega da Fé, que não convida a ficar, tudo fechado.
Por isso parti para Torre de Moncorvo, bem mais agradável, com casas brasonadas e a sua Catedral imponente e que na altura estava em obras, mas aberta ao publico. Vale a pena a visita pela sua beleza.
Comi uma Posta á Mirandesa que estava divinal.
Perto de Vila Flor existem vários santuários como o Alto das Sete Capelinhas, típico santuário de pequenas capelas espalhadas pelas encostas das serras, e o de Santa Cecília.
Também visitei uma aldeia fantasma, a de Gavião, abandonada como infelizmente se vê muito no interior de Portugal.

Para acabar as férias uma visita ao Douro.
Primeiro passagem por Carrazeda de Ansiães, terra sem interesse.
Depois Linhares de Ansiães com magnifica igreja matriz e solares nobres. Segue-se para sul e encontra-se o Douro no Cachão da Valeira, local onde morreu o Barão de Forrester e se salvou a Ferreirinha (D: Antónia Ferreira) vítimas de um acidente num barco rabelo.
A paisagem é de perder o ar, de tão bela nem parece mão humana.
São Salvador do Mundo aparece no cima da barragem quase como por milagre para tornar o belo em encantador. É uma via-sacra por um promontório com pequenas capelas e lápides com inscrições romanas, sendo um dos mais belos miradouros portugueses. Jaime Cortesão imortalizou-o em poema.
Mesmo antes de entrar em São João da Pesqueira, a quinta e o palácio de Sidrô pertença da Real Companhia Velha, e típico solar da região do vinho duriense, entre socalcos de vinhas. Bate em beleza e é ideal para quem se ama.
A vila é de visita obrigatória e um dos tesouros escondidos do norte. O centro está bem cuidado e conserva a sua bela praça com a Igreja Matriz, parte da muralha do antigo castelo, e casas nobres com arcadas e alpendres. Aliás a vila tem uma riqueza em solares que poucas terras se podem gabar.

Desci pelo Pinhão e subi a Favaios, terra do famoso moscatel do Douro, que serviu para fugir do calor de um típico Junho de fim de primavera.

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