segunda-feira, março 10

Um dos grandes livros que me marcou o “Antes Que Anoiteça” de Reynaldo Arenas, que depois deu um filme realizado por Julian Schmabel e protagonizado por Javier Barden.
O livro á auto-biográfico e conta a vida do escritor, que é gay numa Cuba homofóbica.
Vindo de famílias pobres, mãe abandonada, nasce em 1943.
Cedo descobre o seu talento para a poesia, o que não é bem visto pela família.
Ainda em miúdo foge de casa para se juntar aos rebeldes de Fidel e Che Guevara, que lutam contra o ditador Batista em Havana.

Em 1964 é descoberto pelos serviços do regime e posto na Biblioteca Nacional a trabalhar.
Conhece Pepe o seu primeiro homem que lhe dá uma máquina de escrever avariada, que arranja, e começa a escrever. Começa a ganhar prémios pelos seus livros e a dar nas vistas. Publica o seu primeiro livro “Celestino Antes de Alba” e é acarinhado pelas elites literárias cubanas.
A liberdade conquistada pela revolução, incluindo a sexual, transforma-se aos poucos em repressão cada vez mais dura. A irreverência dos jovens começa a incomodar o regime, e a homossexualidade começa a ser vista como um mal do capitalismo, que corrompe a revolução. Os julgamentos e as denúncias começam, tal como os campos de concentração para homossexuais.

Reynaldo esconde os seus manuscritos. Consegue fazer sair um dos seus romances através de um casal francês seu admirador.
É preso acusado de molestar uns rapazes que lhe roubaram as coisas na praia (incluindo a própria roupa), mas consegue fugir da prisão, tornando-se um clandestino e foragido do regime, tentando sair de Cuba mas falha, vivendo no mato com a ajuda dos amigos, mas é denunciado e preso. È acusado de violador, assassino e espião da CIA.
Na prisão escreve carta para os familiares dos presos que eram na sua maioria analfabetos.
Consegue fazer sair um romance, mas assim que é publicado no estrangeiro é encarcerado na solitária. Libertam-no mas obrigam-no a retractar-se, voltando á clandestinidade. Pepe rouba o balão que constrói com mais alguns dissidentes para fugir para Miami.

Fidel expulsa os indesejados em Maio de 1980, abrindo uma “porta” para a saída de dissidentes, assassinos, homossexuais e doentes mentais. Reynaldo tenta a saída. Nem todos é permitida a fuga, o regime tem uma lista dos proibidos de sair. Reynaldo não está nessa lista.
Vai para Nova Iorque e continua a escrever, mas os sintomas da doença começam a atormentá-lo. Tinha SIDA. A doença vai-o enfraquecendo e debilitando fisicamente, e ele vai definhando. O amigo Lázaro vai cuidando dele até á sua morte, em 1990 com 47 anos.


3 anos depois é publicado “Antes Que Anoiteça”.  

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