segunda-feira, janeiro 28


Cada vez tenho mais receio de conduzir na estrada, não por mim, mas pelos outros.
Há gente que fica completamente descontrolada ao volante, até com filhos na viatura. Tento sempre reagir contra a raiva, a alheia e a minha.
Ainda hoje uma besta num posto de gasolina me espetou o dedo na cara, rude e grosseiro com todos os que se encontravam lá.
Optei por me controlar e não lhe partir o dito, respondendo á altura com ironia, que desconfio que não entendeu, pela ira que lhe provoquei.
A mim admira-me como este país não está pior com este tipo de gente que temos de aturar.

Todos tentamos ser felizes é o objectivo mais humano, mas temos de ser felizes com o que temos. Sonhar demasiado alto pode trazer muita frustração.
Sei que faço parte duma minoria, mas a historia repete vezes sem conta, que minorias fizeram mudar o mundo.
Sei que ser aceite pelo que sou é uma permanente guerra, comigo e com os outros.
Julgo que em momentos de grande crise, como os que vivemos actualmente, existe uma tendência para ostracizar o que é diferente.
Por isso temos de estar muito mais unidos.

Sempre tive muito respeito e admiração pelos animais. Tive a sorte de ter como companheiro um fiel amigo, que preencheu a minha vida por 16 anos, de muitas brincadeiras e lambidelas, abanos de cauda, dentadas amorosas e muito mimo e ternura.
Quando me atacou e me levou ao hospital para me tratarem da mão, não o julguei, nem o condenei. Estava num estado de sofrimento tal, que me levou a ter de o abater, e doeu muito vê-lo partir. Perdi o meu companheiro, o meu Farrusco, que me deu 16 anos de alegrias e felicidade, problemas e preocupações.
Aprendi a amar os animais porque tive o privilégio de passar as minhas férias de Verão da minha infância e adolescência, entre a serra do Açor e da Lousã. Cheguei a ir guardar as cabras para a serra.

Os animais têm sentimentos, já o senti e vivi.
Sei que a carne que como é fruto de uma morte de um animal, mas sou incapaz de ser cruel para com eles.
É muito cómodo tirar as emoções aos animais, o que permite torná-los inferiores a nós.
Não o são, são diferentes. São para ser respeitados.
Sempre.

Nunca fui fanfarrão!
Não o fui por sempre achar que não era superior a ninguém. Ter essa noção de mim nunca me encheu o ego, nem me trouxe conforto.
Também nunca fui muito competitivo. Quero dizer, sou, mas não nos padrões ditos normais. Sou competitivo comigo mesmo, tento superar-me a mim mesmo, e isso implica da minha parte a noção de que tenho de ser sempre honesto e justo, em tudo o que faço e digo. Conformista, nunca.

Não me vendam bolhas protectoras, não as quero, não as desejo. Sempre fugi das minhas zonas de conforto.
Para me porem mal disposto cometam uma injustiça, ou faltem-me ao respeito. Eu mordo, literalmente.
Não sou cínico, nem gosto de cinismo. Tenho um enorme desprezo por essa gentalha.
O meu domínio é o amor, os afectos. Ai, eu sou grande.

Claro que tenho sonhos, quem não os tem? E tenho fragilidades. Mas não as escondo, nem tenho medo delas. E ai reside a minha força.
Não sou inferior, nem superior, sou diferente.

terça-feira, janeiro 22


Não tenho medo do que sou.
Recusar as emoções nunca foi uma hipótese na minha vida.
Já me bastou reprimi-las na minha infância. Felizmente alguém me as ensinou, e não foram os meus pais, nem o meu irmão, nem os meus avós. Foram os estranhos.

Não fiquei refém do meu passado de dor, Não o esqueço, pois senti-o na pele, e tive sofrimento que dava para varias vidas, mas guardei-o no passado, e é lá que deve estar, eu sou presente e futuro.
E depois nasci para pensar, tenho este terrível hábito. E questiono tudo, a começar por mim próprio. E o maior desafio é mesmo segurar as rédeas da minha vida.
Sonhos demasiado altos dão frustrações enormes.
O meu maior desafio foi o de olhar para o espelho e não ter vergonha de mim. Claro que gostava de ter um aspecto melhor, mais atraente, mas será que seria a mesma pessoa?

Existe por vezes uma grande diferença em como nos vemos, e como nos vêem. Eu geralmente imagino-me pior do que os outros me julgam.
E os meus amigos são tão bondosos…

segunda-feira, janeiro 14


Baixar os braços.
Não sei o que é…
Nunca desisti de ser boa pessoa, nem do bom humor.

Ser honesto não é fácil, e deve começar por nós mesmos. A mentira mata, até a confiança em nós.
O peso da minha consciência tem-me norteado a vida. E sei que a mentira por vezes é necessária, mas existe uma linha entre a mentira e a maldade. Podes mentir por bondade.
A presunção de superioridade é o maior erro que um ser humano cometer. Passei a minha infância a pagara os erros que os meus pais cometeram. Era acusado pela minha mãe da sua própria infelicidade, e pelo falhanço do seu casamento com o meu pai. E o mais cruel foi o de ter acreditado nisto durante muito tempo.

Pessoas vivem em permanente mentira e negação da realidade, minam as suas relações com os outros, auto-boicotam-se.
Quem tem sempre razão não ouve os outros, não experimentam outras realidades, não aproveitam o crescimento que a diversidade traz.
E por mais estranho que pareça, a maioria das pessoas mais bonitas fisicamente que conheci, são as mais inseguras…

sábado, janeiro 12


Passei a minha vida a combater as minhas inseguranças, e continuo a fazê-lo.
O bom disto tudo é que não estou sozinho.
Aprendi que somos todos iguais nisto.

O facto de expor as minhas fragilidades não me assusta, ou diminui, bem pelo contrário. É essa a minha força. Alguns se espantam com a minha crueza a falar de tudo, a abertura que coloco nas discussões, as palavras que acho certas nas alturas certas, mesmo que isso choque os outros, mas para mim não há assuntos tabus, há assuntos agradáveis e outros que não o são.
E isso afronta as pessoas, assusta-as.
Numa altura em que se tenta parecer e não ser, sou uma pessoa estranha, difícil, convencida e arrogante. Quem me conhece sabe que não sou nada disto.

Pois, eu sou aquele gajo que beija os amigos na boca, os abraça em publico. Gosto, dá-me prazer mimar os que amo.
É estranho? Pois sou estranho…
Mas sou autêntico. Se vos assusta a minha maneira de ser tem dois caminhos, ou afrontam-me ou afastem-se, que eu sou muito boa pessoa, mas até as boas pessoas tem limites. Não me desrespeitem que vão ver. Cuidado com a ira das boas pessoas.

Hoje ser herói é ter coragem e frontalidade. Ser livre é poder ser aquilo que somos.
É difícil, dói. Pois dói, mas bolas, vale a pena. Vale muito a pena!
Ser íntegro não evita sofrimento, nem conflitos, mas permite-me ser justo.
Por vezes pôr o dedo na ferida é preciso, e mesmo que seja a nossa própria ferida.
A verdadeira coragem é saber escolher. 

quinta-feira, janeiro 10


Para que serve a vida?
Quem nos criou?
O mundo pode acabar?

Para mim a vida serve para ser vivida, e ela deve ser vivida a amar, principalmente os outros. Para as outras questões não tenho repostas.
Nunca fui muito esotérico, nem espiritualista, e sinceramente não me interessa muito de onde venho. Sou muito terra-a-terra, se cá estou não foi por escolha minha, mas já que cá estou, que faça o melhor que posso e sei.
Se estamos a prazo neste mundo, claro que sim, somos todos mortais.
Pouca observação e muito raciocínio levam inevitavelmente ao erro.
Desisti da religião por me chocar a justificação da morte em nome de Deus.

Não me sinto menos preparado para a morte por não acreditar em Deus. Se ele existe vai-me julgar por eu não acreditar nele, ou pelo meu percurso de vida?
E depois fanatismos assustam-me.
Matar em nome de Deus?
Deus nos ajude.
Deus nos livre!

terça-feira, janeiro 1


Toda a gente sabe, pelo menos devia saber, que a criança é toda emoção, e que os actos que se tem com elas, vão definir a sua inteligência emocional para o resto da vida.
Por isso devem imaginar a luta daqueles que sobrevivem a famílias disfuncionais.
Toda a criança tem necessidade de se sentir em família, é uma forma de se sentir segura, ganhar confiança, aqueles que não tem essa sorte, ficam órfãos, sem o ser.
E a luta é muito grande, pois nem sequer tem a oportunidade de serem adoptados por uma família que os ame. É um beco sem saída, em que voltar para trás é impossível.

Existe uma tendência para se educar uma criança a ser adulto demasiado cedo, ou então negligenciar a criança de todo. Tanto um como outro comportamento são perniciosos.
Tantos egos são destruídos na infância, que fazem adultos inseguros e infelizes.
Sentirmo-nos desconfortáveis com o mundo e conosco é uma vitória pessoal, difícil. Quem ouve toda a sua infância e adolescência de que não presta vive sempre com dúvidas de si mesmo, das suas capacidades, do seu valor.
E tudo o que faça vai sempre parecer-lhe pouco, insuficiente, banal, e viverá sempre amargurado e insatisfeito