quinta-feira, setembro 20


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que antes parecia mal, agora parece bem.
Não me venham com essa conversa de que depois de mortos todos foram bonzinhos. Anda para ai uma mania de branquear toda a maldade de um indivíduo depois de morto.
Isto de não dizer mal dos mortos, por respeito, é treta. Se eles vivos não respeitaram os outros merecem esta consideração depois de mortos?

Pequenas causas podem fazer grandes efeitos, assim como grandes actos podem não resultar em nada.
Estranho este mundo em que quem rouba um pão é ladrão, quem rouba o estado é absolvido de qualquer culpa.
Envergonho-me desta sociedade onde o roubo descarado é estimulado, consentido e desculpado.
Mas que mundo louco eu sou obrigado a viver…
Falamos demais no que temos, de do que fazemos. Alimentamos a nossa vaidade com o que possuímos, e falta o essencial, possuir um cérebro funcional e um carácter forte e recto.
São os bens que possuem e não o bem que podem fazer aos outros, são egocêntricos e acham que eles é que estão certos, os outros que se preocupam e agem contra as injustiças, são parvos.
Vivem o dia como se não tivesse havido o ontem e não houvesse o amanhã. Pensam-se imortais e imunes á desgraça, á doença, á pobreza, ao sofrimento.
Claro que quando caem querem a simpatia e a ajuda do outro, aliás exigem-nas, e armam-se em vítimas. Arranjando culpas em tudo menos neles próprios.

O que serei amanhã é uma ideia que me preocupa sempre. É o futuro que me interessa, o que já fiz, o que já vivi, está feito e vivido. Aprendi com tudo (ou quase tudo), mas avancei em frente. Só posso ter medo do que não conheço, e o incerto é o futuro, não o passado.

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