Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que antes
parecia mal, agora parece bem.
Não me venham com essa conversa de que depois de mortos
todos foram bonzinhos. Anda para ai uma mania de branquear toda a maldade de um
indivíduo depois de morto.
Isto de não dizer mal dos mortos, por respeito, é treta. Se
eles vivos não respeitaram os outros merecem esta consideração depois de
mortos?
Pequenas causas podem fazer grandes efeitos, assim como
grandes actos podem não resultar em nada.
Estranho este mundo em que quem rouba um pão é ladrão, quem
rouba o estado é absolvido de qualquer culpa.
Envergonho-me desta sociedade onde o roubo descarado é
estimulado, consentido e desculpado.
Mas que mundo louco eu sou obrigado a viver…
Falamos demais no que temos, de do que fazemos. Alimentamos
a nossa vaidade com o que possuímos, e falta o essencial, possuir um cérebro funcional
e um carácter forte e recto.
São os bens que possuem e não o bem que podem fazer aos
outros, são egocêntricos e acham que eles é que estão certos, os outros que se
preocupam e agem contra as injustiças, são parvos.
Vivem o dia como se não tivesse havido o ontem e não
houvesse o amanhã. Pensam-se imortais e imunes á desgraça, á doença, á pobreza,
ao sofrimento.
Claro que quando caem querem a simpatia e a ajuda do outro,
aliás exigem-nas, e armam-se em vítimas. Arranjando culpas em tudo menos neles
próprios.
O que serei amanhã é uma ideia que me preocupa sempre. É o
futuro que me interessa, o que já fiz, o que já vivi, está feito e vivido. Aprendi
com tudo (ou quase tudo), mas avancei em frente. Só posso ter medo do que não conheço, e o
incerto é o futuro, não o passado.
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