Ingenuidade das simples criaturas que nós somos.
Muitas vezes olho em volta e só vejo o mesmo desânimo, a
mesma apatia, a mesma tristeza.
Também a tenho, mas bolas, não deixo que ela me domine.
Tristes criaturas que se limitam a ter mentalidade de
criados, e que muitas vezes o são. Servem os ricos e poderosos como se tivessem
nascido com a sina de fazê-lo.
Esta mentalidade provinciana de muitos que se querem fazer
passar por cosmopolitas, faz-me rir.
Eu devia trazer no peito um cartaz “ RESERVADO O DIREITO DE
ADMISSÃO”, se calhar está-me mesmo gravado no peito.
Ainda ontem alguém me disse que tenho jeito para as
palavras, puro engano dele. Se as minhas palavras, ditas ou escritas, fazem
sentido é porque são ditas com sinceridade, do coração, são autênticas, porque
são sentidas.
Também um amigo me disse ontem, “fostes o único que
reparastes, que estavas atento”. Como posso não estar atento ás pessoas que amo?
Sim porque amo os meus amigos, com aquele amor que não tem
factura, nem recibo, simples, honesto e incorruptível.
Também me doeu saber os defeitos de carácter de outro por
quem tinha estima. Aquela confirmação de que há ali uma falha de carácter,
doeu-me.
Não sou de atirar pedras aos outros, mas continuo a não
compreender e muito menos aceitar a maldade do homem.
Respeito a opinião diferente da minha, sempre ganhei no
diálogo, e sempre perdi no confronto. Mesmo quando os ganhei. O confronto nunca
me trouxe nada de bom, o diálogo sempre. Nem sempre vencer me traz alegria.
As pessoas vão infligindo mágoa e dor aos outros, e algumas
com prazer.
A paz é possível, tenha o homem sabedoria para isso.
Pois é, de vez em quando vem-me estas ingenuidades…
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