domingo, setembro 30



Somos um país conservador, moralista, pobre, que vive da censura moral e económica.

Somos tradicionais, adoramos estar próximo dos poderosos e ricos, admiramos os que parecem rectos e estáveis, e controladores. Não somos independentes.

Temos pouca cultura de liberdade e responsabilidade, somos devotos e gostamos de dar a responsabilidade dos nossos actos a outros. Gostamos de dividir para reinar.

Dão uma imagem casta, apesar de serem exactamente o oposto.

Não há nada como umas idas á missinha que não se resolva tudo.

Tomamos a sina de coitadinhos e lamuriamo-nos de tudo e de nada. Somos sempre as vítimas.



Os êxitos que se alcançam na vida não dependem só dos outros, mas da atitude que temos parente a vida. Ninguém ama, nem protege, aquilo que não conhece, por vezes as oportunidades acontecem, e nós distraídos não damos por elas. Mas nada acontece por acaso. Destruir a diversidade no ser humano é aniquilar a humanidade na sua maior grandeza.

sexta-feira, setembro 28


Rigor, coragem, honestidade são valores cada vez mais raros neste mundo. Hoje cultiva-se a arrogância, o individualismo e o materialismo.
Sempre soube que antes de ter direitos, tenho deveres. E isso fez de mim um homem.
Sempre respeitei e admirei aqueles que servem os outros, e desprezo pelos que se servem deles.
Aprendi com 3 mulheres maravilhosas, tudo o que de carácter norteou a minha vida, e o que tornou a minha vida especial foram os meus amigos, eles são o meu refúgio feliz.

Nunca vivi numa redoma, por isso sempre deixei as pessoas entrarem na minha vida. Em mim podem encontrar sempre a verdade. Defendo quem amo com unhas e dentes (e pontapés se for preciso).
Não compreendo, nem aceito (porque não as tenho) atitudes ou posições dúbias. Agora posso sempre mudar de opinião, se os argumentos forem suficientemente fortes para me convencer.
Tive grandes amigos na vida que hoje nem me telefonam, e não respondem aos meus telefonemas, é assim a vida. Para muitos os amigos só servem para os seus propósitos e intenções, são para as ocasiões, são dispensáveis.
Eu por mim não dispenso os meus.
Aos outros não lhes tenho ódio ou rancor, tenho pena deles, não por me considerar “especial de corrida”, mas por ver que eles não são aquilo que eu amei neles.

Eu adoro abraçar os meus amigos porque os quero ter só para mim, protege-los de todo o mal que lhes possa acontecer. Sei que não posso, mas tenho sempre tanto medo de os perder.
Os meus amigos são o meu porto de abrigo, o meu porto seguro, onde eu gosto de me atracar.

quarta-feira, setembro 26


No meu modesto entendimento, não há nada melhor do que recuar e observar.
Acho que tenho um filtro que me faz ver o que me convêm, e aquilo que devo rejeitar.
Faço isto não por batota, mas por defesa pessoal. Se há uma coisa interdita no meu coração, é a raiva, a maldade, o rancor. São coisas repugnantes para mim.
Não tenho ódios de estimação. Geralmente tenho pena das pessoas que me odeiam, e que me detestam, por eu ser quem sou e como sou. Não é insolência o facto de pensar assim, não me iludo, há gente mais bonita do que eu (a maioria), mais inteligente e mais bondosa.
Mas tantas vezes me sinto sozinho, e a solidão dói, dói muito, a mim faz-me chorar.

Vivi a minha infância e adolescência na dor e solidão, isso fez de mim um ser atento aos outros, frágil mas ao mesmo tempo com uma força que vem de quem sabe olhar a vida de frente, e que luta para se salvar.
Passei de uma noite chuvosa de trovoada, para um céu limpo e solarengo. Foi uma viagem difícil, mas fi-la pelo meu pé, e encontrei gente que me quis acompanhar.
Os meus amigos.

segunda-feira, setembro 24


Consigo conversar durante horas, adoro conversar, trocar ideias.
Mas também gosto de ouvir pois é ai que aprendo.
Nada melhor do que participar numa discussão de ideias. Abre a mente.

Já chorei muito, por causa das agressões e violência de minha mãe, por causa de discriminação a que me sujeitaram, por não me sentir bem na minha pele.
Não sei como os outros me vêem, mas aflige-me o sofrimento alheio, e quando expresso em lágrimas ainda me magoa mais.
Não perco o respeito, nem a admiração por quem chora, perco por aqueles que provocam as lágrimas nos outros.
Se não viro a cara ao sofrimento alheio, muito menos ao dos meus amigos, porque os amo, e o sofrimento deles é também o meu, e eu quero ser feliz.
Claro que corro sempre o risco de ser considerado intrusivo, um metediço que gosta de se meter na vida dos outros (já me rotularam assim). Mas é porque não me conhecem, se não entendem as minhas intenções eu estou sempre disponível para vos elucidar.
Se já tem uma ideia fixa sobre mim, então não vale a pena perder o meu tempo a explicar-vos.

No fundo sou um bom sujeito com algumas fraquezas.
Procuro que a minha vida seja o menos desconfortável possível, mas confesso que vivo sempre com um amargo de boca, por não poder ser mais, fazer mais.
O desrespeito é tanto, a má educação grande, a justiça tão vaga, que me irrita até á medula. Apesar desta minha maneira de ser, tolerante e assertiva, ferve dentro de mim uma revolta por este mundo não ser melhor, mais agradável de ser vivido.
Quantas vezes acho este mundo parecido ao inferno, e nessas alturas fico danado, revoltado, irado, espumo pela boca.
Às vezes parece que sou eu sozinho contra o mundo.

Tenho medo desta gente que ataca quando estamos distraídos…

sábado, setembro 22


Ingenuidade das simples criaturas que nós somos.
Muitas vezes olho em volta e só vejo o mesmo desânimo, a mesma apatia, a mesma tristeza.
Também a tenho, mas bolas, não deixo que ela me domine.
Tristes criaturas que se limitam a ter mentalidade de criados, e que muitas vezes o são. Servem os ricos e poderosos como se tivessem nascido com a sina de fazê-lo.
Esta mentalidade provinciana de muitos que se querem fazer passar por cosmopolitas, faz-me rir.

Eu devia trazer no peito um cartaz “ RESERVADO O DIREITO DE ADMISSÃO”, se calhar está-me mesmo gravado no peito.
Ainda ontem alguém me disse que tenho jeito para as palavras, puro engano dele. Se as minhas palavras, ditas ou escritas, fazem sentido é porque são ditas com sinceridade, do coração, são autênticas, porque são sentidas.
Também um amigo me disse ontem, “fostes o único que reparastes, que estavas atento”. Como posso não estar atento ás pessoas que amo?
Sim porque amo os meus amigos, com aquele amor que não tem factura, nem recibo, simples, honesto e incorruptível.
Também me doeu saber os defeitos de carácter de outro por quem tinha estima. Aquela confirmação de que há ali uma falha de carácter, doeu-me.

Não sou de atirar pedras aos outros, mas continuo a não compreender e muito menos aceitar a maldade do homem.
Respeito a opinião diferente da minha, sempre ganhei no diálogo, e sempre perdi no confronto. Mesmo quando os ganhei. O confronto nunca me trouxe nada de bom, o diálogo sempre. Nem sempre vencer me traz alegria.
As pessoas vão infligindo mágoa e dor aos outros, e algumas com prazer.
A paz é possível, tenha o homem sabedoria para isso.

Pois é, de vez em quando vem-me estas ingenuidades…

quinta-feira, setembro 20


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. O que antes parecia mal, agora parece bem.
Não me venham com essa conversa de que depois de mortos todos foram bonzinhos. Anda para ai uma mania de branquear toda a maldade de um indivíduo depois de morto.
Isto de não dizer mal dos mortos, por respeito, é treta. Se eles vivos não respeitaram os outros merecem esta consideração depois de mortos?

Pequenas causas podem fazer grandes efeitos, assim como grandes actos podem não resultar em nada.
Estranho este mundo em que quem rouba um pão é ladrão, quem rouba o estado é absolvido de qualquer culpa.
Envergonho-me desta sociedade onde o roubo descarado é estimulado, consentido e desculpado.
Mas que mundo louco eu sou obrigado a viver…
Falamos demais no que temos, de do que fazemos. Alimentamos a nossa vaidade com o que possuímos, e falta o essencial, possuir um cérebro funcional e um carácter forte e recto.
São os bens que possuem e não o bem que podem fazer aos outros, são egocêntricos e acham que eles é que estão certos, os outros que se preocupam e agem contra as injustiças, são parvos.
Vivem o dia como se não tivesse havido o ontem e não houvesse o amanhã. Pensam-se imortais e imunes á desgraça, á doença, á pobreza, ao sofrimento.
Claro que quando caem querem a simpatia e a ajuda do outro, aliás exigem-nas, e armam-se em vítimas. Arranjando culpas em tudo menos neles próprios.

O que serei amanhã é uma ideia que me preocupa sempre. É o futuro que me interessa, o que já fiz, o que já vivi, está feito e vivido. Aprendi com tudo (ou quase tudo), mas avancei em frente. Só posso ter medo do que não conheço, e o incerto é o futuro, não o passado.

sábado, setembro 1


Demasiadas vezes esquecemos que os homens são feitos de carne e osso, e sofrem…
Mas para meu (talvez vosso) desconforto, tal acontece.

Isto tudo acontece numa cultura de mártires, em que o sofrimento é apreciado como forma de salvação, uma espécie de penitência e heroísmo. Mas eles gritam e nós não ouvimos?
E continuam a gritar, meus amigos. E não pensem que não chegará a vossa vez.
Nunca me senti maior parente o sofrimento dos outros, sempre me senti maior fazendo os outros felizes, O meu poder está na liberdade do meu pensamento, e no bem que possa fazer ao outro.
Sou atento, especialmente aos que amo, se por vezes não intervenho mais é porque respeito o espaço de liberdade do meu amigo. Se me conhecem bem sabem que estou disponível para eles.

Choca-me as pessoas que esquecem aqueles que lhes foram úteis. Essas criaturas são ignóbeis, reles. Tenho-os tido na minha vida, deixei-os ir, alguns com dor (minha claro), mas não merecem a minha atenção, muito menos a minha amizade. Até a bondade tem limites.
Sempre optei por estimar quem merece a minha estima, nunca dei afectos por dever, nem aos meus pais (que também nunca mos deram), nem ao meu irmão (que não os merecia). Não me move o dinheiro, nem o poder, não faço as coisas por obrigação, e os afectos, coisa tão íntima e pessoal, muito menos.

Aqueles que me fizeram sofrer apaguei-os da minha vida, foi o melhor que fiz. Não foi por bondade, foi para sobreviver, para manter a minha integridade.
Aprendi a não ter pena de mim (o que aconteceu demasiado tempo). As pessoas maravilhosas que me estimas e mimam são a prova de que afinal sou um tipo decente.
Nunca fui adepto da escuridão, apresento-me como sou, de maneira clara e franca, de cabeça levantada, não me calo, tenho ideias claras, falo do que penso saber, e pergunto o que não sei nem entendo, tento ser aquilo que digo.
Nem conseguiria ser de outra forma, não quero ser uma fraude, não quero…
Não sou obediente, nem ignorante, não gosto da dor, nem física, nem mental, tenho medo da morte, não por ser um fim, mas por me impedir de ser maior, de ser mais, de fazer mais.

Não me vejo como uma pessoa de carácter forte, mas não tenho medo de presságios, nem cedo ás desgraças, não acredito no destino mas na vontade.
Por isso sou atento aos outros, tento atrair para mim aqueles que me parecem de qualidade, tento mantê-los perto, porque sei que são uma mais valia na minha vida, um tesouro que quero possuir, de que não posso, nem quero, prescindir.
No homem interessa-me o coração e a cabeça, os sentimentos e a inteligência.
Já disse mais de mil vezes que para me conquistar baste serem bondosos e generosos (e um sorriso conquista-me).
Mantenho-me firme nesta convicção.